O mistério do Serval. escrita por YounieSambream


Capítulo 3
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/682212/chapter/3

Uma silhueta negra e  pequena se aproximava. Sua face não demonstrava nenhuma expressão, Pata de Serval percebeu. O gato negro tocou o focinho em sua testa, e de súbito, o aprendiz se viu cercado de dor e de gatos brilhantes, felizes. Porém, lá no fundo dos olhos dos felinos, ele percebeu uma única coisa; Traição.

                – Pata de Serval? Você está bem? – Uma voz suave e baixa soprou no ouvido de Pata de Serval, o acordando. O gato olhou para o lado e viu uma preocupada Pata de Neve. – Estava fazendo barulho enquanto dormia. Sorte que Pata de Carvão ainda dorme. – Disse.

— Está tudo bem, Pata de Neve. Foi só um sonho. Desculpe por acordá-la. – Disse um pouco envergonhado. Olhando para fora da toca, viu que ainda estava amanhecendo; o frio da manhã o indicava que a estação sem folhas estava por vir. O céu arroxeado começava lentamente a ficar alaranjado. Ele se esticou em sua cama de musgo e balançou o pêlo, tirando a poeira e pedaços de planta e terra. A aprendiz do seu lado ainda o olhava.

                Pata de Serval saiu da toca dos aprendizes. Sentia-se disposto. Seu pelo cinza e branco estava brilhante por causa do sol da manhã. Como um baque, o aprendiz se lembrou da noite passada; Dente Manchado recebera uma profecia! Porém, ele não sabia como ela era, pois o curandeiro foi correndo para a toca do líder. Estava cansado de mais para ouvir a conversa – Como tinha pensado em fazer – e deixou a presa na toca e foi embora. Subitamente curioso, o gato levou o olhar para a toca do curandeiro. O gato não estava visível, mas provavelmente estava lá. O que Estrela do Anoitecer tinha pensado sobre isso? Será que seria mau presságio? Ele estava mais curioso do que sempre. Seus pelos se arrepiaram quando ele sentiu algo tocar--lhe o flanco. Ele se virou e viu Pata Branca.

                – D-Desculpe. – Gaguejou com a timidez de sempre. – Só queria saber se você está bem. – Ela parecia estar falando sério. Seus olhos azuis gélidos e hipnóticos pareciam olhar para a alma do aprendiz.

                – Estou bem. Foi só um sonho – Suspirou Pata de Serval.

                – Os pombinhos aí podem falar mais baixo? – A voz rabugenta e ao mesmo tempo brincalhona de Pata de Carvão fez os dois aprendizes olharem para a toca. – Tem um gato tentando dormir! – Ele ergueu a cabeça e olhou para os dois, em seguida se levantou e se esticou.

                – Não é o que você está pensa... – Pata de Serval foi interrompido pela voz de Presa de Falcão, o guerreiro veterano do clã. O gatão malhado com peito e patas brancas tinha os olhos zombeteiros.

                – Bolinhas de pelos como vocês deveriam fazer menos barulho. – Bufou. – Neve Selvagem disse esperava vocês dois no vale de treinamento. É bom se apressarem, se não quiserem ter as caudas arrancadas – Ele mexeu os bigodes, zombando dos dois, e se foi. Pata de Carvão e Pata de Serval se entreolharam.

                – Vou procurar Dente Manchado – Suspirou Pata de Neve, que foi trotando até a rocha partida onde ficava o curandeiro.

                – Está feliz em saber que o próximo gato a cuidar de suas feridas será Pata de Neve? – Provocou Pata de Carvão para Pata de Serval, que o bateu no flanco. Ambos ficaram rodando no chão, até se lembrarem de ter um encontro com a representante.

Os dois aprendizes esperavam sentados a representante aparecer. O aprendiz branco e cinza mexia a ponta da cauda, entediado. Pensava no que iriam aprender hoje – Provavelmente seria um treino – e por que Pluma Manchada não viria.

                De súbito, Pata de Carvão miou:

                – Ontem Pluma Manchada caiu no rio! – Ele tinha um olhar divertido. – Quando saiu, parecia mais um peixe com pelos! – Ele começou a rir. Pata de Serval não achou graça, pois a guerreira poderia ter se afogado ou pego um resfriado, mas não evitou um pequeno mrriau de riso.

                – Ela é uma gata distraída, devo admitir. –

                O som do farfalhar de folhas interrompeu os dois, e uma gata elegante e branca surgiu. Os olhos azuis de Neve Selvagem olhavam sério para eles.

                – Vocês chegaram cedo. Presa de Falcão disse que vocês estavam apressados para vir. Bom, vamos começar o treino de hoje. – Neve Selvagem se esticou na grama, rasgando a terra com suas garras.

                Que mentiroso! Pensou Pata de Serval, indignado. Ele nos mandou vir e ainda mentiu. O aprendiz bufou nos pensamentos e prestou atenção na mentora. Pata de Carvão também estava aborrecido, mas continuava sério e em uma postura que Pata de Serval nunca tinha visto. Ele realmente queria impressionar a representante!

                – Primeiro, para caçar uma presa, esteja sempre silencioso. Um camundongo sente seus passos antes de seu cheiro, e um coelho sente seu cheiro antes. Por isso... –

                – Pise leve para caçar camundongos. Já os coelhos é melhor estar a favor do vento – Pata de Carvão interrompeu a representante, que deu um sorrisinho surpreso.

                – Exato. Mostrem-me o que sabem –

                Pata de Serval se agachou na vegetação, olhando fixamente para uma folha. Ele deu alguns passos para frente, e ouviu a risada baixa de Pata de Carvão.

                – Ora! Seu pato! – Pata de Carvão, olhou para a postura do amigo, zombeteiro. Realmente, o aprendiz cinza e branco tinha o traseiro erguido demais, assim como sua cauda. Neve Selvagem observava com atenção, movendo a ponta da cauda.

                – É com você ficar quieto. Uma coisa pequena como você vão acabar confundindo com uma ratazana! – Pata de Serval se defendeu, mexendo os bigodes.

                – Parem os dois. Ou vão ir caçar o dia todo esquilos azuis! – A gata os silenciou com um silvo. Pata de Carvão ficou abruptamente sério, e voltou a fazer sua postura de caça. Quando concentrado, o gato pequeno era realmente hábil. Pegara o jeito antes de Pata de Serval. Seus passos estavam silenciosos, mas lentos demais.

                 – Pata de Carvão, tente ser um pouco mais rápido. Desse jeito, as presas vão fugir em baixo de seus bigodes! – A mentora corrigiu o gato, fazendo ela mesma a postura. Durou pouco para ambos os aprendizes acertarem.

                – Vocês dois – Chamou Neve Selvagem, e os dois aprendizes olharam imediatamente. – Deve ter algo perto dos pinheiros altos. Quero que os dois passem por lá, e aproveitem e deixem suas marcar de cheiro. – Ela bufou, e chicoteou a ponta da cauda. Seus olhos azuis estavam angustiados e raivosos. – Ultimamente gatos de mais tem passado por nossas fronteiras, e caçado. – Pata de Serval empinou as orelhas, curioso.

                – Gatos de outros clãs? – Pata de Carvão se irritou rapidamente. O aprendiz cinza e branco percebeu que o amigo não gostava de intrusos.

                – Não. Pelo cheiro, isolados e até mesmo gatinhos de gente. Não hesitem em atacar – Pelo tom da representante, ela estava falando sério. Ambos os aprendizes ficaram agitados, empolgados e nervosos em ter uma primeira batalha.

                                                               ***

— Acha que seremos páreo para alguns... Gatos? – Pata de Serval arriscou perguntar, depois de um tempo em silêncio. Os dois gatos estavam indo rumo aos pinheiros, onde ficavam os jardins dos gatinhos de gente e ninhos dos duas-pernas.

                – Claro! – Pata de Carvão franziu o cenho. – Uma vez, quando eu era pequeno, uma rainha comentou sobre meu tamanho. Neve Selvagem falou “Está duvidando dele? Não faça isso*”

Pata de Serval olhou para o aprendiz, que fitava o horizonte.

                – Por isso que gosta tanto dela? – Perguntou curioso. Porém, Pata de Carvão apenas deu de ombros.

                                                                              ***

Pata de Serval estava agachado na vegetação rasteira. Um camundongo pequeno roia uma semente entre as raízes da árvore. O gato tinha sua concentração toca voltada para sua futura presa. Rastejando-se silenciosamente, o aprendiz deu um poderoso salto e agarrou a presa, e a mordeu tão rapidamente que ela não soltou seu guincho de alerta. Triunfante, o aprendiz a enterrou junto com um esquilo caçado agora a pouco.

                Pata de Serval ergueu a cabeça viu a cerca que dividia o mundo dos gatos domésticos e a vida difícil na floresta. Ele ouvia gatos do clã falando sobre eles. São gatos roliços e simpáticos, que só querem saber de carinho e de sua vida fácil e egoísta. Porém, até mesmo o aprendiz sempre quis ter uma vida fácil como a deles. Com tal pensamento, ele se censurou de imediato, lembrando-se do código dos guerreiros.

                Olhando em volta, a floresta estava silenciosa. Apenas algum latido á distancia cobria o silêncio. O aprendiz de súbito se sentiu vigiado. Alerta, ele se agachou na vegetação, olhando ao redor. Seu pêlo estava eriçado, e seu olho azul e o outra laranja varriam a vegetação ao redor. Pata de Serval viu um rápido risco em sua direção, e em seguida garras pontiagudas penetrarem na pele. Ele uivou e se agitou, rolando na grama, dando um contra-ataque. Pata de Serval ergueu a pata e bateu contra o ombro do gato, fazendo pingar sangue. Ao entrarem na luz, ele imediatamente reconheceu o gato; Pata de Carvão!

                Pata de Carvão pulou para trás, se safando das garras do amigo, bom-humorado.

                – Desculpe! Confundi-te com um gatinho de gente! – Zombou, brincando.

                – Ah, é? Eu achei que... Que... –

                – Há! Sou tão ótimo em uma luta que nem tem comentários. – O felino cinza escuro inchou o peito, orgulhoso, e depois de alguns tique-taques de coração o mesmo empinou o focinho. – Ei. Sinto cheiro de... –

                – Lixo dos duas-pernas! – Pata de Serval completou, franzindo o focinho.

Os dois gatos olharam ao redor, e um movimento no galho chamou a atenção dos dois. Surpresos, perceberam o que era; Um isolado!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O mistério do Serval." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.