Agentes da CIC - INTERATIVA escrita por OrigamiBR


Capítulo 5
Nada é simples


Notas iniciais do capítulo

Olha aí, tô até conseguindo manter o ritmo de postagem. Bem, só deixando avisado que talvez o próximo capítulo demore mais a sair, mas ainda sim dentro do prazo que deixei.
Há coisas para organizar da universidade ainda...
Mas já basta de mim: aproveitem o capítulo!



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— Como assim? – disse a mulher. Sua voz era uma incógnita. Parecia ao mesmo tempo suave e aveludada, mas carregava uma sutil ironia que não sabiam de onde vinha.

“Hm, pelo tom de voz ela está testando vocês. Cuidado e não se deixem distrair”, disse Rachel pela escuta de ambos. Ethan acenou com a cabeça, e o sinal foi transmitido para ela.

— Fazemos parte de uma organização – disse Ethan, cruzando os dedos e apoiando o pé no joelho – Que precisa de suas habilidades...

— Pra quem trabalham?

— Para a CIC. Acho que já ouviu falar.

— É, já ouvi – disse, enfezada – E o governo tá tão desesperado a ponto de contratar uma ladra, assassina e traficante de carros?

— Tsc, tsc, tsc – desdenhou Ricky, balançando um dedo em negação – A gente sabe que você não fez nada disso. Bem, tirando a parte de ladra...

— Nosso ponto – atropelou Ethan – É que precisamos de você.

— Sei... – respondeu a mulher, desconfiada – Por causa da polícia eu vim parar aqui, e por algo que nem cometi. Se forem capazes de me tirar daqui sem nenhuma acusação, então irei com vocês.

— Ora, porque não disse logo? – disse Ricky empolgado e se levantou, andando até um dos guardas. Pediu para que trouxesse o administrador da ala feminina. Ele acenou e partiu para o escritório. Enquanto isso, os outros guardas ficaram de olho nos três, como se fossem uma bomba a explodir a qualquer momento.

Aguardaram por 10 minutos, 20 minutos, meia hora e nada de aparecer o administrador. Impaciente, Ricky pediu para outro guarda, mas este negou o pedido, dizendo apenas para esperar mais. Porém, Ricky percebera, e Ethan também, que eles estavam sendo observados com olhares de predador. Rachel havia confirmado também pelo fone, pela forma como os guardas mantinham as mãos e mexiam os olhos.

Foi aí que tudo aconteceu muito rápido: um barulho de sirene, as luzes falhando e o movimento de saque dos guardas para acertar os três. O piscar continuou por alguns segundos, seguidos de sons de balas e gritos excitados das detentas. Assim que a luz voltou ao normal, Helena viu que os dois agentes que pareciam brincalhões estavam sérios, de armas sacadas e fumaçando, com os corpos dos guardas caídos no chão. A sirene ainda ecoava, e pelo barulho, achou que as grades das prisioneiras estavam abertas.

— Por que nada pode ser fácil? – reclamou Ricky, puxando a caixa de sua submetralhadora de 9mm e checando se não havia cartuchos presos lá dentro.

— Vocês não brincam em serviço, não é? – comentou a mulher mais para si do que para eles.

— Bem, não esperava que fossem nos atacar. Nossa especialista confirmou que não eram guardas de verdade – disse Ethan, segurando sua pistola .40.

— Então quem são? – perguntou Helena – Pessoal do DiMarco?

— Provavelmente. Tu sabe melhor do que a gente como ele age.

Helena ficou em silêncio. Se fosse realmente o pessoal de sua antiga “máfia”, então eles não sairiam dali com vida. Ele sempre mobilizava vários assassinos de aluguel e caso estivesse num local fechado, tanto melhor que facilitava colocar explosivos nas saídas. Ela ia falar, mas Ricky chamou-a antes.

— Ei, tu tá bem? – perguntou o homem, olhando para as portas de passagem para a sala de visitas.

— Tô, mas vou logo avisando que se forem do DiMarco mesmo – respondeu ela, enquanto revirava os bolsos dos guardas atrás da chave – Nós tamos mortos.

— Besteira, a gente dá um jeito – disse Ricky, dispensando como se não fosse nada de mais.

— Você sabe atirar? – perguntou Ethan, chacando o pente da arma. Assim que ela confirmou, o rapaz sacou uma das armas do guarda morto a seus pés e atirou para ela. Ela segurou assustada, mas viu que a pistola de 9mm estava com a trava de segurança. Soltou as algemas e testou o peso da pistola. Não era de combate, mas tinha boa pontaria, aprendida com o mafioso.

— Sei me virar. Agora, o que os “bonzões” têm pra sair daqui?

“Vocês têm que atravessar três salas, fora o corredor, apinhada de guardas e mafiosos. Evitem tiros fatais a partir de agora: se a gente conter essa invasão sem matar ninguém, a CIC ficará em bons panos.”

Os dois rapazes se olharam estranhamente, e a mulher também observou em confusão, pois também escutou essa voz, apesar de não entender muito do que disse.

— Tu sabe quem é? – gesticulou Ethan, confuso.

— Faço nem ideia – disse Ricky – Mas vamos aproveitar a ajuda. Seguinte, belezinha: três salas, uma porrada de gente querendo matar. Vamos evitar deitar eles de vez, ok?

— Se não tem jeito – deu de ombros, mas Helena queria mesmo vingança contra os capangas. Poderia não machucar diretamente Carlo, mas com certeza iria descontar a frustração e raiva que sentia. Mas achou melhor não. Desobedecer a CIC agora, quando a queriam, não seria nada inteligente. E de qualquer forma, gostaria sim de fazer a coisa certa pra variar, mesmo que não recebesse todo aquele dinheiro do seu tempo na máfia.

“No corredor adiante há três guardas indo verificar a situação na sala de visitas, armados com submetralhadoras .45. Cuidado.”, disse a voz misteriosa.

“Um deles tá bem nervoso: acho que é o guarda da entrada. Os outros dois estão mais contidos, mas impassíveis demais. Devem ser os mafiosos”, falou Rachel logo depois.

— Vai ser diferente trabalhar com essas vozinhas na cabeça – brincou Ethan.

— Pelo menos sei que não tô ficando doido – comentou Ricky – Vamos lá!

O grupo esperou na entrada do corredor, escutando as vozes bem baixas.

— Tenho uma ideia – disse Helena subitamente – Só se preocupem em cuidar dos guardas. Eu vou distraí-los.

— Ei, pera aí! – chamou Ethan, mas a mulher já entrou no corredor.

Enquanto andava, ela tratou de folgar os botões de seu macacão de prisioneira, deixando seus atributos mais à mostra. Soltou o cabelo dourado, deixando esvoaçar enquanto prosseguia. Deixou a arma na parte de trás da calça e adotou uma expressão assustada, começando a correr até chegar onde via os guardas e mafiosos. Como havia escutado, haviam três: dois do DiMarco e um do presídio. Se jogou no chão e disse, com a voz o mais assustada possível.

— M-Me ajudem... – como esperado, os três pararam e miraram as armas nela, mas ela sabia que não iriam atirar. Apesar de ser conhecida e o braço direito do chefe, sabia como eram os homens do grupo.

— Olha, Jason: aquela detenta – disse um deles, baixando a arma e olhando direito para ela. Helena tratou de expor seu decote de forma sutil, enquanto mantinha a mão preparada para sacar a arma caso algo desse errado – Mas você é uma beleza mesmo – mencionou o homem de rosto suado e sujo, pondo a mão grossa em sua face.

— Cuidado, senhor – disse o guarda, que era o jovem meio nervoso, o mesmo que conduziu Ethan e Ricky. – Essa daí é a “Hell”.

— E daí? Essa piranha vai me servir antes de matá-la.

— M-mas, senhor...

— “Mas” nada! Agora, pode abrindo essa boquinha que voc--

Não conseguiu concluir sua fala, pois Ethan entrou subitamente e disparou com velocidade, acertando as armas deles. Sem saber que foram desarmados, Ricky os incapacitou com tiros nos membros, mirando perfeitamente nos antebraços.

— Por que não esperou, cara? – perguntou Ricky indignado, enquanto checava os arredores.

— Foi mal, parceiro – desculpou-se Ethan, ajudando ele na tarefa – Quando ele a chamou de “piranha”, não consegui me conter...

— Não preciso que me defenda – retrucou Helena logo. Em sua mão, se via a pistola de 9mm prestes a ser sacada.

— Eu sei! Caramba, eu sei – respondeu o homem, e bagunçou seus cabelos, irritado consigo mesmo – É só meu senso falando mais alto. Mal consigo me controlar quando vejo alguém desrespeitando outra pessoa, seja homem ou mulher.

Helena arregalou os olhos em surpresa. Não esperava que existisse ainda pessoas tão idealistas no mundo. Seu espanto foi dando lugar à admiração, pois mesmo essa saraivada de balas que os dois agentes soltaram não teve nenhum erro. Principalmente Ricky, que estava usando uma arma automática.

— Certo, certo. Só me dá um aviso antes, beleza? Sei que treinei você e tudo, mas tu é mais ligeiro que eu.

— Beleza, eu aviso.

O grupo continuou pelo corredor, antes tirando as armas dos mafiosos e os algemando nas grades. Deixaram o guarda com uma pequena porção de sais de cheiro, para que acordasse mais rápido. Não encontraram nenhuma resistência, até chegarem na grande grade de separação das alas. Sem que fizessem nada, os portões foram destravados e puderam passar.

“Consegui hackear os protocolos da grade e desviar a atenção de alguns deles de vocês, mas precisam se apressar em sair. Só tem dois na porta de entrada, segurando qualquer um que venha passar.”, disse a voz.

Eles correram, passando pelo vazio corredor que levava à entrada. A bancada de recepção estava vazia e nas cadeiras só se viam papéis de jornal e revistas. Do canto onde estavam, tinham visão para a fuga. Só precisavam de discrição.

— Ethan, é contigo: acerta neles dois que eu cuido caso chamem mais um – disse Ricky.

— Beleza!

O homem se posicionou de joelhos e apoiou a mão embaixo da arma, como se estivesse usando um rifle de precisão. Helena estranhou o fato, e mais ainda quando ele fechou os olhos. Se esgueirou um pouco de lado, visando diretamente o rosto de Ethan, e foi aí que ele os abriu. Não parecia nada demais, mas ela sentiu que a atmosfera ao redor do rapaz havia mudado. Ele estava concentrado como nunca, e nos olhos dele, tudo se passava na maior lentidão. Captava o movimento dos olhos dos inimigos à distância, os músculos dos braços se retesando quando mudavam de posição e as passadas, procurando quem deveriam matar.

Apontou a arma para a submetralhadora de 9mm de um deles e atirou com o silenciador, mirando exatamente no gatilho. A bala voou e arrancou o dispositivo junto com o dedo do homem. Imediatamente ele gritou de dor, largando a mão. O outro virou assustado para o parceiro, mas foi alvo de outra bala que inutilizou o sistema de mola do rifle de assalto 7,82mm. Quando Ricky surgiu para derrubá-lo, ele tentou atirar, mas a arma não respondia. Sem ter como fazer nada, foi alvejado com tiros nos membros e caindo.

Depois dos dois disparos, Ethan piscou rapidamente e estava banhado de suor. Ajoelhou no chão respirando fundo, mas ergueu o olhar para ver se o serviço estava feito. Ao notar o sorriso descontraído de Ricky, abriu um no seu rosto também. Helena não deixou de conter sua admiração, e o respeito dos dois aumentava a cada ação que faziam.

— Realmente... Vocês são bons no que fazem – comentou baixinho, ajudando Ethan a se levantar. O rapaz aceitou de bom grado a ajuda, com os três se encaminhando para a saída.

De repente o alarme disparou. Esqueceram a lentidão e aceleraram dali, com alguns tiros em seu encalço.

“Droga! Eles reativaram o alarme e viram que vocês tão saindo. Peguem as motos e vazem logo! A CIC mandou uma equipe para conter a invasão, então fujam!”, gritou a voz, agoniada.

Os três viram rapidamente as motos estacionadas. Sem perder tempo, Ethan saltou na sua e Ricky da dele, com Helena se segurando no primeiro. Mal as haviam ligado e aceleraram com tudo, rasgando o chão e deixando uma nuvem de borracha e asfalto queimado. Partiram ziguezagueando pela rodovia, vendo se não havia nenhum inimigo em seu encalço. Foi quando desaceleraram que escutaram a voz no rádio.

“Muito bem! A Equipe Delta está no momento contendo os mafiosos, mas por causa de vocês, a Equipe Silver, o trabalho ficou mais fácil. Nem se preocupem que vão receber o crédito de vocês. Parabéns!”, disse a voz, agradecida.

— Quem será que é que tá falando? – disse Ethan pelo rádio.

— Rapaz, se não falou até agora, só a gente se achegando pra saber – respondeu Ricky e acelerou mais rápido, dizendo – Só não desvia do caminho porque tá com uma mulher, safado!

— Ei, seu peste! – gritou Ethan, tentando parecer indignado, mas dando uma risada. Helena ficou sem entender, mas vendo como estava à vontade nessa situação, resolveu deixar para lá.


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Notas finais do capítulo

Então, desculpa se o estilo do capítulo ficou parecido com o que aconteceu no recrutamento anterior: foi mais em relação ao tipo de abordagem. Prometo melhorar nos próximos!



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