Para Ter Você (Divergente) escrita por Giovannabrigidofic


Capítulo 9
Capítulo 8: Idiota


Notas iniciais do capítulo

Oie meus amores, peço desculpas pela demora, mas finalmente tem capítulo.
Preciso deixar avisado que faço parte daquela parcela de autores que tem outras coisas a fazer além do Nyah, então fica meio impossível me dedicar somente a ele.
Mas isso não significa que eu vá demorar séculos parar postar, ok?
Agradeço os comentários da Joney, DM, Cainne e da Myh ^^ Muito obrigada, meninas!
Boa Leitura



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— Prior? 

Era uma voz distante. 

Forcei meus olhos a ficarem fechados, encontrando algum meio de voltar ao mundo dos sonhos. 

— Prior. 

Alguém tocou meu ombro e o chacoalhou de leve.  

— Você precisa acordar, agora. 

Tia Joh estava bem, estávamos reunidas na sala de estar comendo biscoitos e ela estava contando que Christina estava de volta. E Caleb também. 

— Ei, prometo deixá-la em paz depois. 

Senti-me ser tragada para a realidade e meus olhos se abriram, acostumando-se com a claridade que emanava luz do jardim e da porta aberta para o meu quarto. Ao meu lado, sentado na cama, Tobias segurava um copo e uma caixinha de comprimidos.   

Bocejei e esfreguei os olhos, alinhei os fios que eu sabia estar bagunçados sobre a cabeça e o fitei sonolenta. 

Era um fato diário, todos os começos de noite Tobias vinha até meu quarto trazendo consigo minhas vitaminas, esperava que eu as engolisse e as vezes, falávamos alguma coisa sobre a empresa. Quando ele podia, trazia algum relatório para eu lesse, apenas para lembrar da sensação de me sentir útil. Ele devia ter percebido, tanto quanto os empregados que traziam minhas refeições quando eu sentia-me indisposta para sequer caminhar pelo vasto jardim, que eu estava sentindo-me escusada. 

— Tome - estendeu o copo e um comprimido. 

Sentei-me ereta e engoli as vitaminas sob seu olhar atento. Ainda não estava acostumada nem confortável com cada movimento sendo monitorado por ele. 

— O jantar será servido daqui meia hora - levantou segurando o copo. - Se precisar de alguma coisa, estarei no escritório. 

Ele se apressou em sair. Fiquei confusa com aquele ato túrbido e encarei a porta fechada por intermináveis segundos até tomar as rédeas dos meus pensamentos e resolver tomar um banho. 

Percebi o quão estava faminta quando levei a primeira garfada de uma porção de frango á boca. Sorvi um gole de suco, praticamente absorta para prestar atenção no silêncio que a sala de jantar tinha adquirindo assim que Zoe, colocara uma vasilha de salada verde sobre a mesa cheia e voltado para a cozinha. 

Mas eu percebi, instantes depois de degustar do suco, que não era apenas eu quem parecia flutuar em pensamentos. 

Tobias comia quieto, hesitando algumas garfadas para fitar algo invisível enquanto pensava. Um punhado de probabilidades cruzou minha curiosidade, no entanto, nada parecia plausível para fazê-lo se fechar. Sua expressão não o mostrava zangado nem iroso, mas eu sabia que algo o incomodava e isso me fazia mal, por poder ser uma das causas de sua preocupação. Quem iria querer uma intrusa em sua casa? 

— Algum problema? - soltei. Ele levantou os olhos azul-escuros e negou com a cabeça. - Tudo bem, então. 

Mas eu queria uma resposta. Apertei o talher envolta dos dedos, para que, de alguma, aquilo me fizesse travar a língua. Ele terminou sua refeição e com um aceno pediu licença e com passos ágeis saiu como se não tivesse deixado rastro algum senão o prato e copo sujo. 

Incomodada, dei de ombros e escolhi permanecer no andar de baixo. Diminui o volume da tevê e passei horas passando de canal em canal, deitada no sofá de estofado macio, realizando uma maratona de programas diversos que eu me esqueceria do conteúdo assim que fechasse os olhos. 

 

Apertando os botões do controle, uma coisa chamou-me a atenção na telona. Voltei os canais, curiosa. Era um programa sobre bebês, eu não tinha entendido a temática dele, porém aquilo despertou tão assustadoramente a conversa que tivera com Eric que precisei respirar fundo e tentar esquecer. Minutos depois, supus, minha cabeça se tornara uma bomba de palavras desconexas, pronta á explodir. Ainda dava tempo. Não dava. Eu não podia. Tia Joh precisava. Mas era meu filho. Não, ele não era.

Por que minhas decisões pareciam nunca ser as certas? Porque não eram.

Aquela gravidez era um erro e a partir dali, comecei a me arrepender por não ter contato á Shaunna antes, por não ter colocado meu orgulho de lado e dito á Will que tínhamos de encontrar alguma solução para tia Joh. Aquele período da minha vida ficaria marcado em minha vida; aquele bebê não era meu, jamais seria. E eu sentiria o amargo das minhas escolhas pesarem na boca quando o tivesse de entregar.

Num ímpeto, joguei o controle no chão. Virei-me de costas para a tevê, ainda podendo ouvir o choro baixo e as gargalhadas das crianças vindos dela. Eu me sentia tão criança, tão imatura. Como uma adulta como eu podia ser tão precipitada?

Minhas pálpebras estavam pesadas quando arrastei meu corpo pelo corredor e parei com um ruído vindo do escritório. Retrocedi passos e coloquei minha mão na maçaneta da porta entreaberta. Bati levemente duas vezes, porém, não obtive resposta. Empurrei a porta devagar e me deparei com Tobias com a cabeça apoiada sobre as mãos, debaixo uma pilha de pastas e os braços descobertos pelas mangas da camisa estarem arregaçadas até os cotovelos. Um liquido cor de âmbar estava quase no fim dentro do copo ao lado do gancho do telefone. 

— Aconteceu alguma coisa? 

Soltou um suspiro que deduzi ser de cansaço, no entanto sua voz seca e grave ecoou. 

— Não deveria entrar sem bater. 

Eu realmente não deveria, no entanto, senti que era o momento de pôr um ponto final naquela palhaçada. Eu não entregaria o bebê. Eu só pensava nas consequências, no quanto eu estaria ferrada se proferisse o que realmente queria.

 

— Queria falar com você, mas você ficou fora o dia inteiro - e no jantar você me deixou sozinha, completei em pensamento. 

— Amanhã conversamos. 

— È importante - informei. 

Já que ele estava ali, talvez fosse uma boa hora para conversar. A expressão zangada dele disse totalmente o contrário. 

— Não me importo. 

Pendi a cabeça para o lado. 

— Como é que é? 

Ele sorveu o resto da bebida. 

— Eu disse que não me importo. 

— E eu ouvi! - exaltei-me. - Porque está se comportando dessa maneira? Imaginei que já tivéssemos resolvido nossas desavenças. 

— Volte para o seu quarto. 

— Preciso falar com você. 

Aquela ligação valia tanto esforço assim?

— Eu mandei você voltar. 

— Será que pode parar de ser tão infantil? 

— Está tarde para que uma grávida esteja acordada. Vá para a cama, Beatrice. 

— Você está me tirando do sério. Se acontecer alguma coisa com o seu filho, eu não me responsabilizarei. 

— E sabemos nitidamente quem mais sairá perdendo, Prior. Imagino que a razão de aceitar ser a barriga de aluguel seja por não ter dinheiro. 

— Estúpido! - falei, caminhando até sua mesa. 

Ele revirou os olhos e levantou da cadeira. 

— Cansei de você. Se quiser ficar, que fique, eu não me importo. Mas saiba que meus tímpanos estão totalmente fechados para o que quer que fale. 

Bati o pé. Podia sentir minhas bochechas fervendo. O desejo de cuspir todos os xingamentos possíveis  deram de encontro comigo e um misto de raiva e cólera começou a se espalhar. Num piscar de olhos, lembrei que aquilo poderia me levar á ruína. Eu não era impulsiva, lembrei a mim mesma, eu pensava antes de agir. Então precisava manter a calma. 

Sem dizer uma palavra, dei-lhe as costas. Minhas pernas pesavam chumbo naquela noite e por isso tomei a liberdade de voltar á sala e dormir abraçada á uma das almofadas envolta de mim. 

(...) 

Abracei o almofada com força. Estava inquieta, quando uma brisa gélida atingiu meus braços descobertos então me retrai, de maneira que aquele travesseiro tremendamente confortável fosse meu porto seguro e tudo ao meu redor fosse a lava borbulhante e meu único jeito de escapar fosse me refugiando nele. Com a cabeça recostada foi inevitável que o perfume suave mas embriagador cruzasse meus sentidos, os paralisando e trazendo-me paz. Eu estava sendo carregada por alguém, senti, balançando levemente meus pés e comprovando minha teoria. 

Eu não possuía mais controle dos meus atos, queria apenas que aquela sensação tão... Boa jamais tivesse fim. 

O chocar dos meus pés com a superfície plana e fofa, e meu corpo sendo acolhido pelo que imaginei, embora inconsciente, ser uma coberta, me embalou tão suave como penas. 

(...) 

Inclinei meu corpo com a respiração irregular. Um gosto ácido e amargo subiu minha garganta e automaticamente, levantei. Trôpega e com a mão cobrindo a boca, corri na direção do banheiro, vomitando no vaso. Não precisei me preocupar com o cabelo, ele estava um pouco desprendido, ainda que eu jurasse tê-los amarrado antes do jantar. 

No momento em que tentei, fraca, erguer-me, braços fortes fizeram isso por mim. 

— Isso acontece com muita frequência? 

Balancei a cabeça em afirmativa. Tudo ainda era um borrão então não me dei ao trabalho de me certificar se Tobias teria visto a resposta. 

Estava tonta quando ele ajudou a me recompor e aquilo ficou na minha memória até o instante em que acordei. 

Fiquei um bom tempo sentada, olhando para o quarto vazio. Em algum momento Tobias saíra da poltrona desconfortável e se trancara no escritório, como era de seu feitio; embora fosse domingo. Eu me lembrava de acordar as vezes na madrugada, quando não estava jogando as tripas para fora, e vê-lo torto e desajeitado na cadeira. Os olhos estavam fechados e seu peito subia e descia devagar.  

Se estivesse lúcida, teria vergonha de olhá-lo daquela maneira, procurando algum defeito ou imperfeição visível, qualquer coisa que desmanchasse sua beleza.  

Eu nunca tinha ficado tanto tempo encarando alguém. E não queria de forma alguma que isso voltasse a se repetir, já que se machucar era minha especialidade. 

— Senhorita, Prior? 

— Pode entrar - coloquei as mãos na cama e com um impulso, reclinei-me para trás. 

Uma moça uniformizada adentrou trazendo consigo lençóis. 

— O senhor Tobias disse que a senhorita não podia ficar muito tempo dormindo, uma vez que já passam das dez e, preciso trocar sua roupa de cama. 

Soltei o ar dos meus pulmões. 

— Tudo bem. Eu vou tomar um banho. 

Levantei e peguei uma muda de roupas. Ao voltar vestida da ducha, encontrei-a fungando enquanto passava pano na mesa de vime, onde eu fazia minhas refeições quando não estava disposta á descer. 

— Algum problema? - inquiri, amarrando meu cabelo molhado com um elástico. 

Ela se apoiou na mesa e por um segundo, pensei que seria ignorada, no entanto, ela se virou e me fitou. Seus olhos estavam brilhantes e sua boca fina permanecia numa linha reta. 

— Nenhum. 

Dei de ombros, não convencida de que ela estava sendo honesta. Calcei as sandálias baixas que tinha deixado ao lado da cama. 

— Tem certeza? 

Ela moveu sua cabeça para cima e para baixo e me deu as costas. Aquela foi a minha deixa para descer para o café. 

Passei o resto da manhã caminhando pelo jardim, conversei pelo telefone com Shaunna com uma vontade enorme de contar-lhe da gravidez, do que eu tinha me metido. Mas falar exigia grande sacrifício e pior que ele, consequências. Seria egoísta fazê-la se preocupar comigo agora. Talvez, quando ela voltasse daqui uns meses e eu estivesse perto de ter o bebê, ela me perdoasse. Porque Shaunna tinha um coração gigantesco debaixo dos seus fortes traços árabes e de seu corpo fitness. Ela me perdoaria, tinha fé nisso. 

Ao entardecer, fiquei na cozinha. Zoe tinha ido fazer as compras com outras duas empregadas e eu tinha a impressão da casa estar totalmente vazia. 

Aproveitei a deixa e coloquei a mão na massa. Resgatei na memória uma porção de receitas e no final, uma fôrma de macarons estava pronta. Despejei boa parte deles num recipiente de vidro com estampa florida e o coloquei no balcão. O que eu tinha separado para mim no prato levei comigo para a sala de tevê. Ao abrir a porta, fiquei surpresa em encontrar Tobias sentado no sofá, fitando a tevê desligada. Ele estava de costas para mim mas não se virou ao ouvir o ruído feito pela porta de correr.  

— Pode ficar – ele disse, quando dei meu primeiro passo para trás. 

— Não sabia que estaria aqui. 

Segurei o prato e o copo com mais força e suspirei. Fui até o sofá menor e sentei na posição de índio. Estendi os macarons á Tobias, que estava com a cabeça apoiada entre as mãos. 

— Você quer? 

Ele ergueu a cabeça e ponderou uns segundos e pegou do prato. Ele o mordeu, engoliu e sorriu minimamente. 

— Precisa seguir o seu próprio conselho. Sabia que trabalhar demais acaba com os nervos? 

Eu ainda estava chateada, mas nem por isso seria rude com ele, já que parecia péssimo.

— E é. Mas também é a melhor forma de me esconder dos problemas. 

Sorvi um gole do suco. Aquela sensação esdrúxula estava atrapalhando meu raciocínio.  

— Todos eles tem solução. 

— Parei de crer nisso há muito tempo – ele se recostou no sofá, fechando os olhos. 

Foi inevitável não me recordar dele na última madrugada, desalinhando na poltrona. 

— Se-se você quiser, posso te ouvir – falei, dando de ombros. 

— Não vai querer perder seu tempo me ouvindo. 

Revirei os olhos. 

— O meu tempo não está ocupado com muita coisa, se é que me entende – sorri. 

Sem abrir os olhos, Tobias pigarreou e começou a falar. 

— Eu tenho um irmão mais novo, Oliver, de quinze anos. Ele mora com nossos pais, você já os viu algumas vezes, imagino. - assenti. - Bem, alguns anos atrás tive um desentendimento com meu pai e sei que as consequências dele recaem sobre meu irmão. Preciso tirá-lo de lá, só eu sei o que ele está passando, embora não estejamos sob o mesmo teto. 

Quando abriu, os olhos de Tobias expressavam toda a dor possível que aquelas palavras duras, ditas em alta voz, causavam em si. Sentei ao lado dele e segurei sua mão, certa de estar fazendo o que me coração mandava. 

— Oliver não pode pagar por um erro meu – Tobias murmurou, olhando-me fixamente. 

Sem pestanejar, disse confiante: 

— Então iremos fazer tudo para que ele não sofra. Acho que não será simples, mas ele estará aqui em breve. Eu vou te ajudar.


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Notas finais do capítulo

Tobias carregando a Tris no colo, ontwwwwww ♥
Espero que vocês tenham gostado, beijos e até o próximo capítulo!
Obs: Não esqueçam de dizer o que acham, ok? ^^



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