Lucy estava em seu apartamento animada. Estava arrumando tudo para o seu primeiro Natal com as fadas. Em sua antiga casa, quando sua mãe era viva, as festividades natalinas eram comemoradas com alegria, porém... depois que sua mãe se foi, a data passou a ser esquecida. Os empregados faziam alguma coisa ou outra para que a data não passasse em branco para a menina, pois seu pai não queria que o mesmo fosse comemorado.

Aqueles tempos tristes e solitários estavam para trás. Desde que se tornou uma fada, nunca mais tinha se sentido solitária ou triste. Era certo que uma vez ou outra uma briga acontecia, na maioria das vezes com Natsu e Happy, mas nunca ficavam muito tempo brigados. Logo as risadas e piadas ressoavam novamente.

Também teve momento difíceis e tristes, e lágrimas foram derramadas. No entanto, todos permaneciam unidos, amparando uns aos outros e dando força, e um soco para incentivar se fosse preciso.

Então naquele ano, Lucy queria agradecer a tudo o que tinha lhe acontecido. Pelos amigos que tinha, pelas aventuras que tinham vivido e por tudo o que ainda iria vir.

E uma das coisas que tinha lhe acontecido naquele ano, foi descobrir seu sentimento real pelo mago de madeixas róseas.

Ficou confusa e assustada de início. Nunca aqueles sentimentos a tinham atingido, e ficou tomada em verdadeiro pânico, quando descobriu-se realmente apaixonada por Natsu. Não sabia ao certo quando sua amizade começou a mudar para algo a mais. Só tinha certeza daquele forte sentimento, que batia freneticamente em seu coração.

Deu um suspiro. Sabia o quão lerdo seu companheiro de time poderia ser, e além disso... sabia que Natsu não compartilhava de seus sentimentos.

Lucy em resignação balançou a cabeça em negação. Não poderia ficar triste, não naquele dia. Sua família a estava esperando na guilda, e tinha que mostrar-lhes um sorriso genuíno de felicidade, por poderem compartilhar aquele momento tão especial.

Lucy terminou de decorar sua arvore de Natal. Decorou-a como fazia com sua mãe. Sorriu vendo o resultado excelente que teve.

Terminou de guarda a bagunça que tinha ficado e foi tomar um banho, para poder trocar de roupa e ir a guilda.

Invocou Plue, para lhe fazer companhia, encheu a banheira com seus sais e convidou seu espírito para desfrutar do banho quentinho.

Alguns minutos depois saía de casa com Plue ao seu encalço. Fazia muito frio, já que estava na época de neve, então se agasalhou bem, pois a última coisa que queria era ficar doente. No caminho para a guilda pode ver crianças com suas famílias brincando de guerras de neve e fazendo bonecos, sorriu com suas lembranças infantis.

Chegou a guilda em pouco tempo, e foi cumprimentada por todos que ali estavam. Plue foi ajudar Charlie e Lily a terminarem de montar a arvore de natal, a loira foi ajudar Mirajane a servir chocolate quente e vinho aos outros.

Lucy observava a todos. Cana em cima da mesa bebendo seu sagrado barril de vinho, Gajeel e Levy discutindo por qualquer coisa e sua amiga baixinha ficando rubra com a aproximação do Dragão de Ferro, Wendy e Romeo conversando animados, Laxus observando seu time conversando animado, e sorrindo discretamente olhando Mirajane, Mestre Makarov bebendo ao lado do neto, e Mestra Mavis sentada no balcão observando a tudo sorrindo.

Observava toda a guilda, procurando secretamente o dono de seu coração. Não o viu em parte alguma, e num rompante tinha se lembrado que o mesmo tinha saído em missão com Lisanna e Happy. O mesmo tinha saído escondido da loira, e tinha deixado um bilhete em cima de sua escrivaninha que só voltaria no dia do natal.

A loira suspirou discretamente, terminou de servir a todos e voltou ao balcão onde Mira limpava alguns copos sorridente.

— Aconteceu alguma coisa Lucy? – perguntava a albina.

— Bem... é que... estou gostando de uma pessoa da guilda – fala a loira envergonhada, mal saindo a voz.

— É o Natsu certo? – fala Mira, ficando mais perto da loira, sorrindo gentilmente.

— Co...co...como sabe?! – fala loira esganiçada e ficando escarlate como os cabelos da Titânia.

 - Lu-chan, só um cego não veria que você o ama. Eu sabia que isso ia acontecer desde que você entrou nessa guilda ao lado dele – fala a albina saindo detrás do balcão e se sentando ao lado da loira.

 - Mas... mais alguém sabe? – pergunta a loira, um tanto temerosa.

— Creio que não, mas desconfiam – fala a albina, colocando a mão no ombro da loira.

— Eu demorei muito tempo pra assumir e aceitar. É difícil não ser correspondida – desabafa a loira – sabe... eu venho a guilda todos os dias, observo o Natsu, e vejo que o meu amor só cresce, e duvido muito que isso mude com o tempo, mas sei que ele não sente o mesmo por mim, é difícil vê-lo junto a Lisanna, mas não guardo nenhum rancor dela, ela é gentil e com toda certeza será feliz com ele.

— Lucy... sabe eu acho que você não deveria se entregar ao desanimo tão fácil. Não se esqueça, de que estamos no natal, e nessa época milagres acontecem – fala a albina otimista – estarei torcendo para vocês!

 Lucy apenas olha sua amiga de modo interrogativo, a albina se levanta e volta ao seu posto, pegando canecas para colocar vinho, e de forma discreta sinalizou para que a loira direcionasse seu olhar a entrada da guilda.

Nesse momento parecia que o coração da pobre loira iria parar a qualquer momento. Natsu tinha acabado de adentrar a guilda, o mesmo estava sorridente por ter conseguido cumprir sua missão com êxito. Era seguido por seu inseparável amigo Happy e Lisanna.

Natsu estava procurando sua parceira de time, estava alheio aos outros barulhos, seus ouvidos concentravam em escutar onde a loira estava. Quando a achou, sorriu abertamente, mostrando seus dentes afiados e brancos. Caminhou em direção a ela confiante como sempre.

— Luce! Feliz Natal! – fala o rosado colocando o braço ao redor dos ombros dela e a puxando – Mira, Luce e eu vamos lá fora, já entramos – avisa com seu modo estrondoso.

— Será que agora vai Mira-nee? – pergunta Lisanna ajudando sua irmã.

— Tomara que sim, estamos no natal! – fala a albina com estrelas apaixonadas em seus olhos anis.

Natsu e Lucy estavam já fora da guilda, embaixo de uma estrondosa árvore de natal, totalmente decorada, já tinha parado de nevar, porém boa parte do chão ainda era coberto pelos pequenos flocos brancos.

— Te chamei aqui pra poder te dar o seu presente – fala o rosado, ficando frente a frente com a loira. Estavam muito perto.

— E precisava ser aqui fora? Está frio – fala a loira tremendo.

— Sim. O que tenho para te dar é em particular – fala o rosado um tanto corado, não se importando com o frio.

— Bem... eu agradeço o presente. O que é? – pergunta a loira curiosa, o rubor em sua face querendo dar as caras.

— Feche os olhos – pediu o rosado sorridente.

Luce estranhou um pouco, mas como não desconfiou de nada, logo já tinha fechado os olhos. Então após poucos segundos de espera sentiu a aproximação do rosado, e sentiu os lábios quente e gentis colados aos seus. A loira ficou parada e assustada. Não imaginava, nem em seus melhores sonhos que aquilo aconteceria, não sabia ao certo como deveria reagir, então resolveu seguir seus instintos.

Começou de forma devagar e tímida a mover seus lábios, juntos aos de Dragneel, uma de suas mãos foi segurando o rosto do rosado, a outra foi em seus cabelos bagunçados, os apertando gentilmente. O Dragão de Fogo vendo que a loira o estava aceitando bem, a enlaçou pela cintura com firmeza a puxando para colar a si. O beijo que começou gentil e tímido, se transformou num sôfrego e ardente gesto de paixão. Ficaram unidos até ficarem quase sem ar, se separaram, mas seus corpos estavam colados de tal forma que um podia sentir as respirações sôfregas um do outro.

— Esse era o seu presente? – perguntou a loira, após recuperar um pouco o folego. 

— Um deles. O outro está no seu dedo – respondeu o rosado sorrido abertamente.

A loira ficou um tanto surpresa, olhou suas mãos e de forma aturdida constatou um anel em sua mão esquerda!

— Co...co...como surgiu? – conseguiu falar.

— Eu saí em missão com a Lisanna, porque queria o dinheiro pra comprar esse anel, e queria uma opinião dela... sabe que não entendo essas coisas de mulher – responde o rosado um tanto corado, então ele toma folego e continua – sabe Lucy, desde o dia que te conheci, sempre a achei estranha, porque meu coração ficava louco quando te via, demorei muito tempo pra entender o que realmente era. Então me lembrei de uma das minhas conversas com Igneel, ele me disse para escolher como parceira a mais estranha, aquela que me fizesse sentir estranho, mas que eu iria gostar de me sentir assim... e bem... aquela que me faz sentir assim... é você Luce!

A loira ficou estática, de olhos arregalados e a boca entreaberta, tamanha foi sua surpresa com a declaração inusitada.

— Luce, diga alguma coisa, pelo amor de Kami! – pede o rosado, um tanto desesperando, não sabendo como agir naquela situação.

   Lucy ficou mais alguns poucos minutos, digerindo a noticia e tudo o que tinha acontecido. Quando caiu a ficha, a loira abraçou o rosado fortemente, e tomou a iniciativa do beijo, o rosado mal acreditou e logo correspondeu.

Ficaram bons minutos entre beijos, caricias e juras de amor, até que se assustaram com uma risada.

— Natsu e Luce se goxxxxxxtam! - falava o gato azul voando em círculos.

O mesmo entrou na guilda voando e gritou a noticia para quem quisesse ouvir, alguns ergueram suas canecas num brinde, outros quase engasgaram com suas bebidas. O casal entrou na guilda, recebendo palmas e gritos de alegria.

— Parabéns a vocês. E Natsu se você não cuidar bem da Lucy eu te mato, entendeu? - ameaça a Titânia.

— Pode deixar, cuidarei bem da minha parceira - fala o rosado, puxando sua loira pela cintura, o que foi muito bem vindo pelas amigas de Luce.

— Até que enfim, o esquentadinho virou homem! Gehe  - fala Gajeel.

— É verdade, achei que esse baka nunca ia tomar coragem - fala Gray ao lado de Juvia.

— Calem a boca seus idiotas, vocês demoraram tanto quanto eu! - grita o rosado puto.

E assim se inicia uma discussão entre os três, mas ninguém falou nada, afinal já era rotina.

As garotas riram, e puxaram a loira para terem uma conversa, e pediram (nota da autora: exigiram) para que ela falasse como tinha sido a declaração o significado do anel. A loira rubra contou tudo, e as garotas suspiraram apaixonadas.

Mais a tarde quando os fogos estavam sendo soltos, Natsu tinha puxado a loira para o telhado da guilda para verem melhor. E por sorte o céu noturno estava limpo de nuvens e enfestado de estrelas.

— Luce gostou do seu presente? - perguntou o rosado.

— Claro que sim! Foi o que eu sempre quis! - fala a loira.

— Ótimo. Porque... esse anel não é meramente um presente de Natal. Não sei se sabe, mas dragões tem apenas uma parceira por toda a vida, e nós dragon slayers compartilhamos a mesma coisa, por isso, estou... te pedindo para ser minha companheira para o resto de nossas vidas. 

— Natsu! É claro que eu aceito! - fala a loira, chorando de felicidade.

O rosado a puxou, para se sentar em suas pernas, e a beijou, com as estrelas, a lua e os fogos para completarem o quadro.

As outras fadas que estavam no chão apenas, observavam o novo casal de pombinhos.

— Esses pirralhos cresceram rápido - fala Makarov se servindo de mais uma caneca generosa de cerveja.

— O Natsu me disse na volta que se Lucy aceitasse, eles iriam morar juntos! Na casa dele! - fala Lisanna animada para a irmã mais velha.

— Ele também disse que teriam 40 filhos! - fala Happy comendo seu amado peixe.

— Estou com dó da Bunny Girl - fala Gajeel, puxando sua baixinha.

— Eu disse que milagres aconteciam no natal! - fala Mira sorrindo, em saber que estava certa.

Assim era a época natalina, com sua magia natural, aquecendo os corações de todos.