Apenas mais uma de amor escrita por PostModernGirl


Capítulo 5
Sutilezas




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O chaveiro de Chiara fazia barulho enquanto ela girava as chaves. L e o Sr. Yagami estavam atrás dela, esperando que ela abrisse a porta. Assim que ela o fez, ouviu-se o miado de um gato, que veio correndo e se esfregou nas pernas dela. O gato tinha o pelo rajado, em uma mistura irregular de branco, preto e laranja.

— Por favor, sentem-se. Não reparem a bagunça. Estou arrumando-as coisas do Sam para doação. – Ela disse isso sem demonstrar emoção – Jezebel está com fome, vou alimentá-la e volto trazendo o quadro com as informações que organizei.

Os dois homens entraram e sentaram-se nos sofás que estavam perpendiculares um em relação ao outro. L observou o ambiente. O apartamento era pequeno, mas bem organizado. A decoração era alegre e carregada. Havia um piano preto atrás de um dos sofás, com um jarro de flores em cima. Em uma parede próxima, um violão estava pendurado por um suporte. Haviam quadros espalhados por toda a sala. Alguns tinham frases em português que L não conseguia entender, assim como imagens de pessoas provavelmente famosas que ele não conhecia. Pôde reconhecer um quadro com capas de discos dos Beatles e outro com uma foto clássica do Elvis Presley. “Ela deve gostar desses artistas”, pensou. Havia também um mapa-múndi colado em uma parede. Próximo a ele, havia uma escrivaninha repleta de miniaturas de monumentos: Torre Eiffel, Estátua da Liberdade, Big Ben, Cristo Redentor, entre outros. L imaginou que ele deveria gostar de viajar. Outro móvel próximo estava repleto de porta-retratos, e no mural acima dele havia fotos, muitas fotos. L prestou bastante atenção para ver se descobria mais coisas sobre ela. Tinham fotos dela sozinha, com diferentes cortes de cabelo. Pôde notar que não havia fotos dela com aquela tatuagem no braço, o que o fez deduzir que era recente. Haviam fotos em montanhas, praias, barzinhos, festas, algumas fotos de shows. Tinha a foto da formatura. “A vida dela deve ser bem movimentada. Ela parece ter muitos amigos”. Haviam muitas pessoas diferentes nas fotos, mas L percebeu que 5 delas se repetiam com bastante frequência. “Devem ser os melhores amigos”. Em algumas fotos, Chiara estava com um homem alto, de queixo pronunciado e barba rala. Seu cabelo era comprido, na altura dos ombros e os olhos claros. Usava diferentes tipos de jaquetas e também sorria nas fotos. “Esse deve ser o Sam”.

L também notou algumas garrafas vazias. Duas pareciam ser de vinho e três garrafas menores de cerveja. Uma delas ainda tinha um pouco de líquido dentro. Por fim, L dedicou atenção ao detalhe mais chamativo do apartamento. Largadas em cima dos móveis, cadeiras e piano haviam pilhas de roupas masculinas, algumas dobradas e outras jogadas de qualquer jeito. No sofá em que o Sr. Yagami estava, havia uma jaqueta azul escuro. As almofadas daquele lado estavam levemente amassadas, o que fez L deduzir que ela dormira ali essa noite. Apesar das roupas espalhadas, tudo estava limpo. Ele entendeu o que estava acontecendo.

— Aqui está – Chiara veio puxando um painel – Organizei tudo aqui em uma linha de tempo.

No painel, haviam papéis colados com datas e o evento correspondente escrito logo abaixo. Haviam também desenhos. Um caderno preto comum escrito “Caderno de Shinigami” e a figura de um monstro branco que L deduziu ser o próprio Shinigami. Haviam também fotos. L reconheceu Naomi Misora e toda a equipe da força tarefa. No lugar da foto dele, havia um L.

A foto de Light aparecia destacada, o que incomodou o Sr. Yagami. “Não é possível que ela também suspeite do meu filho”, pensou receoso.

— Bom, como roubei os arquivos da polícia, sei de tudo o que vocês investigaram antes de o grupo de investigadores diminuir drasticamente – Ela estava em pé ao lado do painel – Montei uma linha de tempo indicando os fatos apurados, desde a morte da primeira vítima de Kira, passando pela suspeita de que ele é um estudante e que tem conexões com a polícia. Das informações que eu consegui com os policias com quem saí, as mais importantes são: você colocou agentes do FBI pra investigar parentes de policiais, que foram mortos por Kira todos de uma vez e a ida de Naomi Misora ao quartel general da força tarefa. Procurei por Naomi para tentar descobrir o que ela sabia. Foi quando eu soube do seu sumiço. Há um detalhe importante. O filho do Sr. Yagami, Light Yagami, se encontrou com Naomi Misora naquele mesmo dia na sede da polícia.

— O quê! – Exclamou o Sr. Yagami surpreso – O que ele foi fazer lá?

— Disse que tinha ido levar roupas para o senhor. E saiu conversando com Naomi.

L estava impressionado. Ele não dera muita importância para a investigação do sumiço de Naomi Misora, o que percebeu ter sido uma falha grave. Chiara não só arrancou as informações dos policiais como as verificou pessoalmente. Ela não estava de brincadeira.

— Além dessa atitude suspeita, Light se encaixa no perfil traçado por você, detetive. É estudante e tem ligações com a polícia. Imagino que ele tenha sido uma das pessoas investigadas pelos agentes do FBI, correto? E ele estava com vocês ontem, ou seja ele tem acesso direto às informações do caso e a você, detetive. É o esconderijo perfeito.

— Está afirmando que o meu filho é o Kira? Nós já o vigiamos e não vimos nenhuma atitude suspeita! – o Sr. Yagami tinha ares de ofendido, mas no fundo, estava angustiado.

— Eu não estou afirmando que ele é o Kira, mas sim que é suspeito. São coisas diferentes – Voltando-se para L – Então você também suspeitou de Light Yagami?

— Devo dizer que estou impressionado com você, Chiara.

Na verdade, ele estava fascinado, mas não deixou que sua expressão o entregasse. Chiara, entretanto, pode perceber a sutileza da expressão de L, algo como um deslumbre em seus olhos, o que a fez ter vontade de sorrir, mas se controlou.

— Em relação ao poder de matar as pessoas – Chiara apontou para o desenho do caderno – Eu suponho que o Kira original recebeu o caderno primeiro, e o segundo Kira ao recebê-lo, buscou chamar a atenção do primeiro para se aliarem. Tirando o nome do jornalista que eu citei, que tinha a hora da morte especificada, haviam apenas nomes de pessoas no caderno que eu peguei. Eu imagino que só o fato de escrever os nomes das pessoas no caderno já seja o suficiente para matá-las de ataque cardíaco, mas poder escrever detalhes da morte faz com que Kira possa controlar a hora da morte e as ações da vítima antes de morrer. Mas não dá pra saber se ele pode especificar outra morte que não seja parada cardíaca. Também não sei por que o Kira original precisa do nome e do rosto enquanto o segundo precisa apenas do rosto da vítima.

— Você não deixou passar nada – Foi apenas o que L se restringiu a dizer.

— Não vai me dizer que acredita nessa teoria maluca de Shinigami, Ryuzaki! – Bradou o Sr. Yagami.

— Eu considero a teoria da Chiara como uma possibilidade...- Ele disse sem parecer prestar atenção nas próprias palavras - Dirigiu-se à ruiva – Perdoe-me a indiscrição, mas há quanto tempo está arrumando as coisas do seu noivo?

Chiara ficou vermelha. Os olhos verdes se moveram de um lado para o outro como que para evitar encará-lo. “Ele percebeu. É muito observador”, pensou, enquanto suspirava.

— Não é fácil, tá bom? – Disse por fim, justificando-se.

— Do que vocês estão falando? – O Sr. Yagami sobrara na conversa. Na verdade, ele parecia sobrar desde que L e Chiara se encontraram.

— De acordo com o trabalho que a Chiara disse que teve para me encontrar, ela não teria tempo para separar tudo isso, ou seja, faz tempo que essas roupas estão espalhadas pela casa. A julgar pelo fato de que o apartamento está limpo, ela o limpou e depois colocou todas a bagunça de volta. Não consegue doar as coisas dele, não é mesmo? – L parecia sentir muito por ela.

— Não quero falar disso – Ela estava engolindo seco para evitar que a voz ficasse embargada. O choro quis vir, mas ela impediu que saísse.

— Me desculpe – L respondeu lentamente enquanto olhava pra ela. Percebeu que a deixou triste, então mudou o rumo da conversa – Por acaso gostaria de se juntar à força tarefa e nos ajudar a pegar Kira?

— Ryuzaki, quer que ela ajude na investigação?

— Sim. Chiara provou ser qualificada. Você ficará por dentro de tudo o que foi descoberto até agora e ajudará nas investigações. Poderá trabalhar de acordo com as suas teorias, desde que não trabalhe independentemente da equipe. O que acha? – Havia um resquício de expectativa nos olhos dele.

— Acho que... - Fez uma passa dramática – Juntos podemos trabalhar melhor!

Ela sorriu novamente.

— Estou transferindo o centro de investigações para um novo prédio, para podermos ter mais recursos na investigação. Lá tem vários apartamentos e você pode ficar em um deles. Assim pode se dedicar ao caso em tempo integral.

Chiara parou para pensar. Sentiu-se empolgada com a possibilidade de trabalhar com aquele detetive misterioso e de ajudar a pegar Kira. Mas não queria deixar o apartamento, não queria deixar as coisas do Sam para trás... Chiara sentia um vazio intenso só de pensar nisso. Mas ela sabia que esse momento iria chegar, e que ela não poderia fugir disso. Tinha que ser corajosa. Talvez as investigações a distraíssem tanto que ela não teria tempo de lembrar da dor. Além do mais, estranhamente ela se sentia melhor perto do detetive.

— Eu aceito, detetive – Disse por fim – Mas só se eu puder levar a Jezebel.

L não estava esperando por isso. Ele adorava quando ela era imprevisível.

— Então, seja bem vinda à força tarefa!


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Notas finais do capítulo

L e Chiara agora trabalhando juntos
Cenas para os próximos capítulos...



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