Apenas mais uma de amor escrita por PostModernGirl


Capítulo 28
Stalemate


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Como eu já tinha comentado antes, a fic tá no final. Eu achava que faltava só um capítulo, mas achei melhor dividi-lo em dois, então oficialmente, esse não é o último, mas é como se fosse.
Eu gostaria de agradecer todos os leitores que acompanharam a história, àqueles que deixaram as suas impressões aqui nos comentários e os que também as guardaram para si: muito obrigada! Estou muito feliz que a minha história tenha lhes tocado de alguma forma.
Vu sentir muita falta de escrever a fic, mas como toda história, ela tem começo, meio e fim.
Enjoy



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— É, L. Parece que eu venci!

A face de Light refletia uma expressão jamais vista pelo detetive. Seu sorriso sádico em conjunto com seus olhos cerrados conferiam-lhe uma aparência de psicopata.

Encurralado, L apenas ficou em silêncio. Virou-se por um momento para fitar a arma que lhe era apontada e depois encarou novamente o seu oponente.

— Eu não pensei que vencer você fosse acabar sendo tão fácil, L. Seus atos foram tão previsíveis que cheguei a sentir desprezo pela sua incapacidade de se igualar ao meu nível. Cadê aquele homem que me desafiou na transmissão de TV? Que foi perspicaz ao prender Misa Amane antes que ela pudesse te matar? Você pode até ter me ameaçado no começo, L, mas agora no final está claro que você nunca foi páreo pra mim!

O detetive apenas o olhava com seus olhos foscos.

— Você foi burro, Ryuzaki, burro! – continuou Light - Apesar de ter certeza de que eu era Kira no momento em que Chiara foi sequestrada, você me subestimou e achou que eu não seria capaz de prever seus atos. Você sabia que eu iria arranjar uma forma de reunir todos os que sabem da existência do caderno e que traria alguém para matar você. Acontece que você tentou ganhar de uma forma nobre demais. Eu sabia que você iria mandar alguém falsificar o Death Note de Misa, para que nesse momento, ninguém da força tarefa morresse e ela pudesse ser pega antes de matar você. Acontece que o caderno que Misa estava portando já era uma falsificação que eu mesmo encomendei! Ela percebeu que você alterou o caderno através de um perfume que apenas ela possuía e que havia borrifado no caderno. Misa escrevia nomes de criminosos nele todos os dias, mas na verdade, ela também escrevia os mesmos nomes em uma folha do Death Note original que ela carregava sempre consigo. Assim, não foi difícil fazer você acreditar que aquele caderno era o real. Como não havia tempo, você não poderia testá-lo. O verdadeiro Death Note estava muito bem escondido, e é com ele que Misa está agora!

Light soltou outra gargalhada estrondosa.

— Você foi capaz de matar o seu próprio pai em nome do seu plano de decidir quem vive e quem morre – comentou L, ainda sem emoção aparente, apesar da situação em que estava.

— Isso foi sua culpa! Por causa de pessoas como você, que não se curvam à grandeza de Kira, inocentes como o meu pai tiveram que morrer! – gritou o adolescente, deixando evidente toda a instabilidade emocional que o dominara naquele momento – Quando eu recebi esse caderno, eu sabia que tinha uma missão, a missão de usá-lo para tornar o mundo um lugar melhor, livrando-o de toda a escória. Mas aí você apareceu no meu caminho. E devo dizer, foi excitante, por um tempo, o nosso jogo para ver quem pegava o outro primeiro. Mas estou decepcionado com a facilidade de foi pegar você, Ryuzaki. Você começou bem e foi um bom oponente, mas foi só começar aquele romancezinho ridículo e seu nível baixou consideravelmente. Inclusive, ela já está morta a uma hora dessas.

O detetive não esboçou reação, o que irritou Light.

— Vamos lá, L! – Vociferou o adolescente – Admita a minha superioridade! Eu venci! Kira venceu! Agora eu sou a justiça e serei o deus do novo mundo!!!

As palavras de Light ecoaram por todo o galpão. Depois de um breve silêncio, L se pronunciou:

— Isso é o suficiente.

Light não entendeu o que L quis dizer, afinal, ele estava derrotado e prestes a morrer.

Foi então que, um a um, os policiais que Light acreditava estarem mortos começaram a se levantar. Mogi, Roger, Matsuda e especialmente o Sr. Yagami prostraram-se de pé e olharam para Light com uma decepção visível em seus olhos.

— O que está acontecendo?? – questionou o adolescente com os olhos arregalados. Sua voz instável e respiração ofegante só tornavam sua aparência ainda mais medonha.

— Você comemorou sua vitória cedo demais, Light! – afirmou o detetive decididamente - Me vencer não seria tão fácil como você pensou. Pelo que você pode ver eu ainda estou no jogo.

— Como isso pode ter acontecido? Eles estavam mortos!

— Você me subestimou, Light. Eu fui capaz de prever que o caderno que Misa Amane portava poderia ser falsificado, mas resolvi trocá-lo mesmo assim para você cair na isca. Meu plano era escrever o nome de Misa Amane no Death Note um pouco antes de chegarmos aqui e programar a morte dela para depois da sua confissão. Como uma pessoa cujo nome foi escrito no caderno não pode ferir outra, estaríamos seguros. Essa etapa do plano eu não contei pra ninguém.

Ouviu-se um burburinho entre os policiais.

 - Então – continuou o detetive - conversei secretamente com o restante da equipe para que fingissem a própria morte. Assim, ficaríamos só eu e você, e com certeza, você faria questão de me dizer que era Kira antes de me matar. Você pegou a Chiara, e eu, a Misa. Seria olho por olho, dente por dente. Mas escrever o nome de Misa Amane no Death Note não foi necessário.

— O quê? Como assim? – Questionaram os policiais entre si.

Light apenas ouvia tudo estupefato.

— Eu tive certeza de que ganharia o jogo assim que recebi a mensagem de Kira marcando o local de encontro.

— Do que você está falando? – Questionou Light, já beirando o desespero.

— Estou falando da ajuda que recebi – respondeu o detetive, voltando-se para a silhueta escondida nas sombras.

Todos os homens, inclusive Light, acompanharam o olhar do detetive e voltaram-se para a silhueta, cujo rosto estava encoberto pelas sombras. Vagarosamente, o corpo feminino moveu-se em direção à luz, com passos trôpegos que permitiam notar que estava mancando. Ao mesmo tempo em que caminhava, a mulher desfez o nó que prendia-lhe a capa e deixou revelar o seu rosto na luz. Os cabelos ruivos caídos nos ombros cobriam algumas das muitas marcas pelo corpo. A arma, antes erguida em direção ao detetive foi baixada, ao mesmo tempo em que ela deixou escapar um suspiro de alívio por não ter que manter o braço dolorido erguido por tanto tempo. O vestido de Misa Amane ficava um pouco curto demais nela, e as botas apertadas lhe machucavam ainda mais o corte no pé. Apesar de todas as dores, o momento era tão tenso que as suas mazelas ficaram em segundo plano. Com o olhar sério, Chiara encarou a todos no recinto. Seu olhar descansou por um momento nos olhos do detetive, que lhe retribuiu o olhar. Apesar de não dizerem verbalmente, eles entenderam que um estava feliz em ver o outro.

— Chiara!! – Gritaram todos quase em uníssono.

Light estava estarrecido. Ele mal pôde reagir à imagem da ruiva que se apresentava agora na sua frente. O que havia acontecido com Misa? Ele havia dado instruções bem claras para que ela matasse Chiara e Aizawa... O que ele iria fazer agora? O adolescente não estava preparado para agir em caso de derrota. Ele tinha certeza que ganharia o jogo.

— A mensagem enviada a poucos minutos atrás não foi enviada por Kira, mas sim por Chiara. – revelou L- Ela incluiu na mensagem pequenos detalhes que somente eu entenderia. Dessa forma, pude saber que ela estava vida e que estaria aqui.

Estupefato, Ljght não poderia entender como, em uma mensagem simples e clara como aquela, poderiam haver detalhes secretos. Essa deveria, então, ser a razão para o sorriso do detetive logo após ouvir a mensagem.

L não teve dificuldades em entender a mensagem subliminar de Chiara. Além de tê-lo chamado de detetive, forma que só Chiara o chamava, ainda haviam fragmentos de diálogos que eles tiveram.

Olá detetive. Como havíamos combinado, estou enviando-lhe o endereço do local onde ocorrerá a entrega do caderno. O Local escolhido foi um galpão abandonado em uma região um pouco afastada da cidade. Fica próximo a um campo aberto e a um rio de águas claras, dessa forma, será fácil para vocês verificar que não haverá outras pessoas senão as envolvidas na troca. O galpão onde ocorrerá o encontro estará completamente vazio, exceto pela pessoa que enviarei para receber o caderno. Há apenas uma entrada para o galpão, dessa forma, ninguém entrará sem ser visto. Como combinado, quero que leve todos os seus homens. Quando encontrar o meu enviado, vá em frente, não tenha medo. Apenas entregue-lhe o Death Note e vá embora. Quando chegar ao seu quartel general, seus prisioneiros já estarão libertados. Caso você tente utilizar qualquer truque, como já lhe falei anteriormente, eles morrerão. Até logo.”

— E o que aconteceu com Aizawa? – questionou Matsuda angustiado.

— Eu estou aqui -. A voz do policial pôde ser ouvida enquanto ele vinha de fora e caminhava ofegante em direção ao interior do galpão. Seus passos eram arrastados e com uma mão, ele segurava o braço esquerdo, de onde era possível ver uma mancha de sangue coberta por um curativo improvisado, feito por cima da blusa. Na cintura, uma arma presa ao cós da calça. Seu olhar para Light foi cortante. Ao chegar na porta, escorou-se nela para descansar.

— Kira programou a morte dos sequestradores para algumas horas antes das 13 horas de hoje – falou Chiara, chamando a atenção de todos de volta para si – quando eles morreram, eu e Aizawa conseguimos nos soltar das correntes. Mas antes mesmo que pudéssemos fugir do cativeiro, fomos interceptados por Misa Amane. Ela atirou em mim, mas fui salva por Aizawa, que levou o tiro no meu lugar. Graças a falta de habilidade de Amane com armas, não foi difícil capturá-la. Foi quando eu e Aizawa decidimos mandar a mensagem para L e eu vesti as roupas de Misa Amane e vim para o encontro.

— Nós só conseguimos fugir graças à boa audição de Chiara – comentou Aizawa.

O desespero de Light se tornou evidente. Sua aparência agora era de um louco.

— Isso é um truque! Ryuzaki bolou toda essa história para me incriminar! Não acreditem no que essa vadia diz!

— É muito tarde para isso Light. Você já confessou tudo – disse o Sr. Yagami, corroído pela decepção.

— E tem mais – continuou Chiara. A expressão séria da ruiva revelava sua determinação em revelar tudo – Nós conseguimos descobrir algumas lacunas que ainda estavam obscuras em relação ao uso do Death Note. Quando pegamos Misa Amane, ela disse algo como ‘eu renuncio à posse desse caderno’ e desmaiou. Quando acordou, parecia que sua memória havia sido apagada, e ela sequer sabia do que se tratava do caderno. Ou seja, você provavelmente usou esse truque para ser inocentado quando foi preso por L.

Light se lembrou de ter instruído Misa Amane a abrir mão da posse do caderno caso estivesse em perigo.

— Como o caderno estava em minhas mãos quando Misa renunciou à posse, isso significa que eu sou a nova dona.

Enquanto falava, Chiara colocou as mãos por baixo do vestido curto e subiu-a até as costas, levantando o vestido na parte de trás, de onde tirou o caderno, que estava preso entre o vestido e a sua própria pele.

— Aqui está – disse ela segurando o Death Note.

Os olhos de Light arregalaram-se ainda mais.

— É uma situação curiosa - Chiara folheou o caderno, como que procurando por algo - porque eu sou a portadora de um caderno mas também tenho o meu nome escrito nele.

Ela virou o caderno aberto para os homens para que eles pudessem ver uma das folhas escritas. Em seguida, arrancou essa mesma folha e amassou-a.

— Eu também pude ter a certeza de que este caderno era o verdadeiro quando vi o Shinigami.

Chiara arremessou a bolinha da página do Death Note para L. Ele pegou-a e depois repassou-a para os outros policiais, que um a um, também tocaram na bolinha. Foi quando surgiu Ryuk, ao lado de Chiara.

— Olá, Ryuk – disse Chiara.

— Olá Chiara – respondeu Ryuk, com uma pequena gargalhada no final.

Light, que estava em silêncio, manifestou-se.

— É uma cilada! Ela vai nos matar com o Death Note! – Berrou Light enquanto corria em direção à Chiara.

— Fique onde está Light, senão eu atiro em você! – Gritou Aizawa, de onde estava, tirando a arma da cintura e apontando-a para o adolescente.

Light parou no meio do caminho. O suor descia-lhe sobre a testa e molhava os seus cabelos desgrenhados. Sua respiração ofegante agora havia se tornado mais forte e percebeu-se que ele começou a tremer.

— Acabou, Light – disse L – Você encontrou o fim daqueles que desafiam a justiça. Dentre todos os que você julgava, você era o pior deles.

— Meu filho... – O Sr. Yagami, apesar de sério, tinha os olhos úmidos – meu filho é o Kira. Como você foi capaz de fazer todas essas barbaridades? Você seria capaz de matar o seu próprio pai em nome dessa loucura?!

— O mundo está podre, pai! Vocês não percebem isso? Eu fui o escolhido para salvar o mundo da sujeira em que ele estava afundado! Vocês estavam no meio caminho, eu tinha que detê-los!

Enquanto falava, Light deu algumas voltas em torno de si próprio. Era uma forma de distrair todos enquanto tirava o pedaço de Death Note que carregava em seu relógio.

— Está feliz pelo estrago que fez, vadia? – Questionou o adolescente, dirigindo-se a Chiara.

— Eu pareço estar feliz? – respondeu a ruiva contraindo os olhos – eu não entendo. Todos perderam nesse “jogo”. Não é mais uma questão de ganhar ou perder. É uma questão de você pagar pelo que fez.

Light conseguiu retirar a pequena agulha do seu relógio e furou o dedo. Antes mesmo que começasse a escrever, Aizawa atirou em sua mão.

— Ele tem um pedaço do Death Note! – gritou o policial.

— Que droga, Aizawa! Não me sacaneia!- Light segurou a mão ferida com a outra mão e caminhou em direção à porta, mas tropeçou e caiu no chão.

A imagem do adolescente desalinhado, ferido e beirando a loucura, enquanto estava jogado no chão era deplorável.

— Até um tempo atrás, eu odiava você com todas as forças - disse Chiara, enquanto pegava algo que trazia preso ao vestido – mas agora que eu tenho o Death Note em minhas mãos, eu entendi que o problema é esse caderno. Tê-lo é uma maldição, que desperta nas pessoas o pior que há nelas. Eu tenho pena de você. E se você quer saber, eu não tenho certeza de que não usaria esse caderno caso recebesse um.

De dentro do decote, Chiara tirou um isqueiro, que acendeu. Pegou o caderno por uma das extremidades e encostou-o na chama, até que pegasse fogo. As chamas azuis logo aumentaram e a ruiva arremessou o caderno no chão. O Sr. Yagami, então, pegou o caderno que estava com ele e a bolinha de papel do Death Note e também jogou-os na chama.

— Não! Não façam isso! – Berrou Light arrastando-se pelo chão - Ryuk, quer ver algo interessante? Mate todos eles, inclusive Ryuzaki e Chiara. Você pode matar todos eles!

O Shinigami não respondeu. Apenas pegou o seu Death Note e escreveu algo. Em seguida, mostrou-o a todos. Estava escrito ‘Light Yagami’.

— Acabou Light. Quando nos conhecemos, eu disse que quando chegasse a sua hora, eu mesmo escreveria o seu nome no meu Death Note. Não tem como você escapar dessa e os cadernos já foram destruídos. Não há razão para prolongar isso.

Light se descontrolou completamente e começou a gritar palavras desconexas. Entre os gritos, um se repetia sempre: ‘Misa’. Até que enfim, o último sopro de vida lhe foi tirado. Estava morto.

— Acabou – disse L, olhando para o corpo de Light no chão.

O detetive lamentou não tê-lo conhecido de outra forma. Ele e Light poderiam ter sido de fato, muito amigos. Chiara estava certa, Light havia sido amaldiçoado pelo Death Note.

A ruiva continha os olhos úmidos. Não que lamentasse a morte de Light, mas pela cena deplorável que havia acabado de presenciar. Kira não poderia ter sido derrotado em uma cena mais decadente. Mas ela agora estava aliviada. Finalmente tudo tinha acabado.

De repente, como se todo o cansaço e dor acumulados até agora se manifestassem todos de uma vez, a ruiva sentiu seu corpo sair de seu controle e ficar mais pesado do que ela conseguiria sustentar. As imagens de repente começaram a ficar desfocadas, e as chamas na frente dela foram se tornando cada vez mais distantes, até que a ruiva perdeu completamente a consciência.


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Notas finais do capítulo

É isso.
Será que ainda há cenas para os próximos capítulos?



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