Apenas mais uma de amor escrita por PostModernGirl


Capítulo 17
Vazio


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez, peço desculpas caso a escrita tenha ficado um pouco confusa, mas algumas cenas são difíceis de se transcrever para o papel.
Afora isso, have fun!



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Estavam todos reunidos novamente na sala de controle. O susto inicial causado pela presença do Shinigami dissolvia-se vagarosamente, junto à adrenalina de toda a operação realizada há pouco. Todos já haviam tocado no caderno e podiam ver a figura de Rem. Light estava sentado em frente a um computador e ao lado de L, que empilhava embalagens de gelatina enquanto mantinha um olhar distante. Mogi, Matsuda e o Sr. Yagami trabalhavam e, próximo a eles, o Shinigami, uma figura branca e ossuda, estava parada no meio da sala, completamente imóvel. Chiara estava de pé na frente de Rem, observando-a como se ela fosse uma obra de arte surrealista. A expressão da ruiva era um misto de mágoa e raiva. Seu olhar era distante, como se olhar para Rem fizesse passar na sua cabeça um filme de tudo o que aconteceu na primeira vez em que se encontraram. Ela permaneceu assim por um bom tempo. Aizawa tinha em suas mãos o caderno, o qual abriu e observou o interior.

— Modo de usar: o humano cujo nome for escrito nesse caderno, morrerá. Este caderno não surtirá efeito a menos que se tenha o nome e o rosto daquele cujo nome está sendo escrito, portanto, outra pessoa com o mesmo nome não será afetada.

Chiara, que estava imersa em seus próprios pensamentos, retornou ao mundo real.

— Espere – disse a ruiva dirigindo-se a Aizawa e pegando o caderno. Ela observou a capa e o analisou por dentro. – Não foi esse o caderno que eu peguei – afirmou, estreitando os olhos.

— Como assim, não é o caderno que você pegou? – bradou o Sr. Yagami.

— Não é, tenho certeza. O caderno que eu peguei era parecido com esse, mas as inscrições na capa eram diferentes. Neste está escrito “Death Note”, mas no que eu peguei haviam apenas umas letras esquisitas. E não haviam essas inscrições na capa e contracapa.

— Mas isso não é possível! – Replicou Aizawa.

— Na verdade é possível sim. – L entrou na conversa. – Rem, né? É esse o seu nome, essa coisa branca aí?

— Ryuzaki, não é meio grosseiro chamar um deus da morte de coisa branca? – perguntou Matsuda.

— Não é um deus, Matsuda. É só um monstro... – Chiara voltou à sua posição anterior, de pé em frente à Rem, que permanecia imóvel.

— Há mais de um caderno no mundo dos humanos, não é? – L dirigiu a pergunta à Shinigami.

— Bem, pode haver e pode não haver. – A resposta dela foi furtiva.

— Se há outros cadernos como esse aqui ou no seu mundo, ele tem as mesmas regras que este?

— É, elas são as mesmas. Há vários cadernos no mundo dos Shinigamis, mas eles tem as mesmas regras – respondeu ela.

“Pode tentar, Ryuzaki, mas Rem não irá dizer nada”, pensou Light. Ele estava seguro de que a Shinigami não daria informações que pudessem levar L a resolver o caso.

— Eu tenho uma pergunta – interrompeu Chiara, olhando para cima, diretamente nos olhos de Rem – Você se lembra de quando nos encontramos há um tempo atrás?

Rem demorou um pouco para responder, como se estivesse avaliando o que poderia falar.

— Sim. Lembro-me de você acompanhada de um rapaz.

— Meu noivo. Eu saí por um tempo e ele ficou com você. Quando eu voltei ele estava morto. – O tom da pianista era acusatório. Enquanto falava, ela segurou na ponta dos dedos o pingente em forma de cilindro do colar que nunca tirava do pescoço. Girou-o algumas vezes, como um parafuso, e para surpresa de todos, ele se dividiu em dois. Do interior do pequeno cilindro dourado, Chiara tirou um pequeno pedaço de papel amassado, que desdobrou cuidadosamente e mostrou à Shinigami.

— Sabe o que isso significa?

— Todos se viraram para olhar o pequeno pedaço de papel, até mesmo Light. Nele havia o nome dela escrito quatro vezes de forma incorreta.

“Então ela tinha o tempo todo um pedaço do Death Note”, pensou Light, surpreso.

— Sam... Esse era o nome dele. Eu tenho certeza de que ele morreu pra me proteger, pois por algum motivo o segundo Kira não me matou, mesmo vendo o meu rosto e você deve ter alguma coisa a ver com isso, pois só você poderia ter explicado pra ele como me poupar. O que você ganhou em troca disso? A alma dele? – os olhos de Chiara estavam úmidos, mas nenhuma lágrima se atreveu a aparecer. Ela tinha que se manter calma para esclarecer o que havia acontecido.

— O que é isso, algum tipo de fantasia humana? – estranhou a Shinigami. – Nós não nos interessamos em almas humanas.

— Então almas realmente existem? – replicou a ruiva.

— Sim, mas para nós Shinigamis, as almas humanas não tem nenhum valor. Quando os seres humanos morrem, suas almas são transportadas para o mesmo lugar, independente da vida que viveram. Esse lugar é o vazio.

Light estava estarrecido pela quantidade de informações dadas por Rem. Apesar disso, ele não se preocupava, pois nada dito por ela daria qualquer pista para incriminar ele ou Misa.

Os outros na sala apenas acompanhavam o diálogo com atenção.

— Todas as almas vão para o mesmo lugar... – repetiu Chiara, estreitando os olhos como sempre faz quando reflete sobre algo. – Mas isso não explica esse pedaço de papel com meu nome!

— Existem muitas regras que regem o uso do Death Note. Uma delas é de que se o nome de uma pessoa é escrito de forma errada quatro vezes, essa pessoa ficará imune ao caderno, mas a pessoa que escreveu morrerá.

Chiara arregalou os olhos. Agora ela havia compreendido tudo. Como ela imaginava, Sam havia morrido para salvá-la e ela realmente havia se tornado imune. Uma nuvem de culpa encheu o coração dela naquele momento. Sentia-se responsável pela morte de Sam.

Light ficou apreensivo com o que acabara de ouvir. “Que droga, ela é realmente imune ao caderno... Mesmo que eu mate Ryuzaki, vai ser mais difícil me livrar dela!”.

Chiara engoliu o choro e levantou a cabeça para olhar novamente para Rem.

— Se eu sou imune ao caderno, então eu posso imunizar a todos escrevendo os nomes deles de forma incorreta quatro vezes no caderno?

— Não. Não é assim que funciona. Você está livre de ser morta caso alguém escreva o seu nome no caderno, mas caso você tente imunizar alguém, morrerá.

— Mas isso não faz o menor sentido! – reagiu Chiara.

— Não fui eu quem criou as regras, elas simplesmente existem. A propósito, não vou responder mais nenhuma pergunta.

Rem abriu suas asas e voou para fora do edifício, atravessando a parede.

A equipe estava atônita com a enxurrada de informações.

— Então você é mesmo imune, Chiara. Deve estar feliz por não poder ser morta por Kira – comentou Matsuda, tentando preencher o silêncio que havia tomado conta da sala.

— Cala a boca, Matsuda! – repreendeu Aizawa, percebendo a inconveniência do comentário. Chiara não respondeu. Apenas sentou-se em cima de uma mesa e ficou com o olhar distante. Aizawa prosseguiu a leitura das regras.

— Tem mais duas regras na contracapa. A primeira delas diz: se o Death Note for inutilizado de alguma forma, rasgado ou queimado, todos os humanos que tiverem tocado nele morrerão. E tem a última regra: de acordo com as instruções na contracapa do caderno, uma vez que um humano escreve o nome de alguém nesse caderno, ele terá de continuar com os assassinatos, tendo de escrever o nome da próxima vítima em até treze dias, senão ele próprio morrerá.

— Espera aí – gritou Matsuda, empolgado. – Isso significa que Light e Misa Misa estão livres de suspeitas!

— É, você lembrou bem – concordou Aizawa. - Light e Misa ficaram mais de 50 dias sob vigilância. Se algum deles fosse Kira, não haveria como estarem vivos ainda. Ryuzaki, Misa Amane e Light foram tirados de suspeitas. Ele não devem mais ficar sob vigilância!

— Eu acho que você tem razão... – respondeu L.

O detetive em nenhum momento deixou de acreditar que Light e Misa eram os culpados, mas nessa ocasião se viu obrigado a libertá-los. Para ele, faltava apenas verificar essa questão da regra dos treze dias. Esse era o único empecilho para a resolução do caso. O detetive sabia que precisava de um tempo até verificar se aquela regra era realmente verdadeira, mas tinha noção de que talvez não dispusesse de todo esse tempo.

— Por favor, aceitem minhas desculpas por todo o incômodo – disse, por fim.

Light comemorou sua vitória com um sorriso discreto.

—_____________________________

Light despediu-se de Misa, que agora caminhava arrastando uma mala em direção ao carro. Ele sabia que ela iria cumprir o que ele havia lhe solicitado exatamente como havia planejado. Em pouco tempo, Misa recuperaria seu caderno e sua memória e faria o acordo dos olhos novamente. Assim, bastava que ele trouxesse Misa até o prédio para que ela visse Ryuzaki e pronto, estava feito. Mas havia uma pedra no caminho de Light. Chiara estava imune ao caderno e era esperta demais pra permanecer viva. Ela continuaria a investigá-lo mesmo que acontecesse alguma coisa a Ryuzaki. Mas o adolecente já havia elaborado um plano para livrar-se dela também.

Ao chegar no seu quarto, agora livre de vigilância, Light encontra-se com Rem. Alguns minutos antes, ele havia feito um discreto sinal para a Shinigami para que ela o encontrasse sem que ninguém visse.

— Rem, você é capaz de tudo para proteger a Misa, não é mesmo?

— Sim Light, já conversamos sobre isso.

— Pois bem, já tenho planos para me livrar da última pessoa que ameaça me incriminar e incriminar a Misa. Mas aquela mulher que você viu mais cedo, a Chiara, está imune ao Death Note e não posso matá- la. Ela não vai sossegar enquanto não incriminar Misa, pois pretende se vingar da morte do noivo.

— O que está querendo que eu faça, Light Yagami? Como eu falei, não posso matá-la com o meu caderno, até porque eu morreria se o fizesse.

— Você é um Shinigami e tem habilidades que seres humanos não tem. Você não precisa usar o seu caderno para se livrar dela. Basta provocar algum pequeno acidente.

Rem hesitou um pouco.

— Vou pensar a respeito, Light Yagami. Só tomarei qualquer atitude se tiver certeza que Misa está ameaçada.

— Isso já é o suficiente pra mim – respondeu o adolescente, com seu sorriso maquiavélico.

—_____________________________

Algumas horas depois da revelação de Rem, Chiara estava sentada no sofá de sua sala, sozinha. Ela sabia que não haveria tempo naquela noite para que ela e L se encontrassem e achou melhor assim, pois precisava pensar. O dia fora cheio de novas informações e ela precisava organizar aquele turbilhão de emoções que estava sentindo para decidir o que fazer. Primeiro, a questão da morte de Sam fora toda esclarecida. Ele morreu realmente para salvá-la, ela não tinha dúvidas de que ele seria capaz de algo assim. Entretanto, Chiara acreditava que descobrir o que ocorreu iria fazê-la se sentir melhor, mas o que estava acontecendo era o contrário, ela só se sentia mais culpada. Havia também a questão de Light. A ruiva tinha certeza de que ele era Kira. Tudo fazia sentido pra ela agora, principalmente pela informação que só ela tinha: a renúncia à posse do caderno faz a pessoa em questão perder a memória. Isso fecha toda a questão. “Light é o Kira e Misa Amane, que é apaixonada por ele é o segundo Kira. Quando Misa foi presa, entregou de alguma forma o caderno ao Shinigami e perdeu a memória, por isso o comportamento dela mudou. Light, para provar inocência, decidiu se oferecer para ser preso, e também mudou de comportamento na prisão. Ele pode ter arranjado uma forma de dizer ao Shinigami que não queria mais ter a posse do caderno de uma maneira que ninguém mais entendesse. Assim, seria inocentado. O fato de o caderno ter ido parar nas mãos de Light novamente e de ele ter tido uma mudança sutil de temperamento pode evidenciar que ele recobrou a memória. É o plano perfeito. Se livrar da posse, ser inocentado e ter o caderno nas mãos novamente. Considerando-se que há dois Kiras, também há dois cadernos. Light deve conseguir ter acesso ao outro caderno, que deve ser o da Misa. Isso significa que todos estão em perigo, principalmente L, pois se Misa era o segundo Kira, ela pode matar apenas vendo o rosto da pessoa. O plano de Light é fazer Misa recuperar o caderno e matar L! Não vou deixar isso acontecer...”

Chiara já sabia o que deveria ser feito, mas não era uma decisão fácil de ser tomada. Ela caminhou de um lado pro outro pela sala, encorajando-se. Pegou Jezebel em seus braços e chorou um pouco, enquanto alisava a gata. Depois de alguns minutos, enxugou as lágrimas. Precisava ser forte e deveria fazer o que era necessário. Colocou a gata no sofá e saiu. Caminhou com determinação até a sala de Watari, que estava sozinho.

— Watari – disse, enquanto adentrava a sala. – Precisamos conversar.


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Notas finais do capítulo

O fim está chegando perto.
Cenas para os próximos capítulos...



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