Dias de Verão em Tempos de Inverno escrita por MiddyMoon


Capítulo 10
Frio


Notas iniciais do capítulo

Olá honeys! Tudo bem? Aqui está mais um capitulo da fanfic! Acabou de sair do forno então aproveitem que está quentinho!.Boa leitura a todos! Espero que gostem! ( ´ ▽ ` )/



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Naquela noite o sentimento curioso e os batimentos cardíacos aceleravam a cada vez que me aproximava de minha casa, queria saber o motivo que ele estaria parado em frente a minha casa no frio por algo que ainda não sabia. Fora o que me fez entrar em um turbilhão de pensamentos sobre a causa.

Passava pelas esquinas e ruas em passos ligeiros ainda com receio, pensando que a cada som que ouvia a minhas costas àquela hora da noite da qual quase estava em sua metade, algo podia simplesmente acontecer.

Cheguei apressado a minha casa para não deixá-lo em a meio a neve que ainda caia lenta, mas em uma quantidade significativa naquele inverno intenso. Observei a figura loira da qual os pequenos flocos de neve enfeitavam seu cabelo, o casaco azul marinho com um cachecol quadriculado alternando para azul, cinza e branco que por acaso, o deixavam mais atraente enquanto ele segurava sua mochila preta. Parei de admirá-lo, o que fora uma reação instintiva após ver suas botas e joelhos revestidos por uma calça jeans escura fazendo um leve movimento de corrida para esquentar seu corpo, assim como tentara aquecer suas mãos as colocando no bolso do casaco.

Seu nariz estava avermelhado e logo em seguida um espirro me fizera voltar à realidade aproximando-me.

— Yo! — O cumprimentei sem jeito e pela sua reação surpresa soube que estava distraído o bastante para não me ouvir chegando.

— Ah! Olá — Respondeu envergonhado levantando o olhar para meu rosto. Ficamos em meio a um silêncio estranho esperando algum de nós decidirmos, então, dizer algo.

— Então... — Dissemos em uníssono, e por algum motivo nos deixou mais constrangidos do que já estávamos.

— Primeiro as damas — Falei sarcástico, e vi pelo rosto avermelhado do representante que estava com raiva.

— Fale você! — Tentou retrucar.

— Bem, quem está em frente a minha casa às duas horas da manhã, por um motivo que ainda não sei, é você, senhor representante — Aproximei-me do seu rosto com um sorriso de lado. O mais baixo respirou fundo antes de se pronunciar.

— Eu... — Ele hesitou por um momento, seus olhos se perderam dos meus olhando para algo aleatório — Eu fiquei preocupado de algo acontecer novamente com você — Engoliu seco e seu rosto corou de uma forma fantástica — Então eu me convidei a dormir hoje em sua casa — Seus olhos se fecharam forte, talvez estivesse esperando que eu o mandasse embora. Fiquei surpreso, principalmente em ele ficar sozinho com um cara como eu, com esse meu jeito.

— Seus pais vão ficar preocupados — Nem ao menos um minuto meus olhos se desviaram da cabeleira loira cabisbaixa, a fumaça quente de sua respiração saía pela brecha entre sua boca e o cachecol.

— Eu fuji — Meus olhos se arregalaram e senti que fazia agora, parte de uma fuga.

— Vamos falar sobre isso lá dentro, não quero que morra de frio, apenas eu posso matá-lo — Peguei as chaves enquanto sentia seu olhar sobre meus ombros. Abri o pequeno portão da frente da casa, mas não entramos sem antes eu avisá-lo. — Talvez Dragon não te reconheça por causa do tempo que não te viu — Assim que atravessamos uma pequena passarela de pedra em meio ao pequeno jardim, subimos um degrau e paramos em frente à porta de madeira escura, logo destranquei a entrada assim que a abri acendi as luzes e Dragon viera correndo, abaixei-me para abraçá-lo, porém pra minha surpresa ele havia me ignorado e passado por mim, então me virei e me deparei com a cena de meu cão lambendo o rosto de Nathaniel que estava sorrindo acariciando o animal — Fui traído — Disse perplexo.

— Parece que ele se lembra de mim — Sorriu debochando da minha cena de braços abertos para o nada.

— Só feche a porta, vou pegar algo quente para beber, fique a vontade — Emburrei meu rosto e retirei os sapatos e os coloquei na sapateira ao lado da entrada, logo em seguida peguei dois pares de chinelos e coloquei um deles na cor branca em frente ao loiro que ainda acariciava o cachorro.

Retirei o casaco o jogando no encosto do sofá e caminhei até a cozinha iniciando minha busca por biscoitos pelos armários de madeira da casa, não poderia arriscar um incêndio fazendo um jantar. Assim que achei o pacote coloquei os biscoitos em um prato de porcelana branco, não antes de pegar duas xícaras de café enfeitadas, bem, minha mãe tinha certo amor por coisas assim. Chegando à sala posicionei os biscoitos em uma pequena mesa de centro feita de vidro.

— Beba, se ficar resfriado a culpa vai ser minha — Ele olhou para a caneca florida da qual o vapor subia e a pegou, levou-a a boca que por acaso queimou-se de primeira, mas dera um gole digno após soprar e suspirou sorrindo — Eu não sei cozinhar, espero que isso ajude — Apanhei a almofada e coloquei entre minhas pernas cruzadas a cima do sofá. — Já que serei cúmplice de um fugitivo, poderia me explicar o motivo? — Comecei, percebendo a situação, Nathaniel colocou a bebida em cima da mesinha.

— Não estou sendo tão bem recebido em casa depois do que aconteceu — Sorriu nervoso. — Parece que estão com tanto ódio de mim, fazia tempo que eu não me sentia menosprezado assim — Segurou a caneca com as mãos para esquentá-las.

— Então procurou refugio aqui? — Ele ainda evitava o contato visual fitando o liquido escuro entre suas mãos.

— Eu não tenho mais ninguém que possa ficar agora — Seu olhar entristecido tentava se esconder entre um rosto do qual estava estampado um sorriso que tentava amenizar sua tristeza. Ele estava a ponto de chorar, só faltava apenas um pouco para a pessoa em minha frente desmoronar, as lagrimas saiam em meio a um sorriso que tentava ainda permanecer. — Desculpe — Disse limpando suas lagrimas que teimavam contra as tentativas de pará-las da pessoa a minha frente e mesmo assim ele ria teimoso enquanto se desculpava.

Levantei-me do sofá, fora um ato impensável assim como todos os que eu fazia. O abracei e fora questão de tempo até ele desabar em choro, naquele momento ele era tudo que eu queria proteger, pensei em tudo em que ele veio suportando até agora, o quanto ele não chorou para se mostrar forte para todos ao seu redor, como se nada estivesse acontecendo. Posicionei meu queixo acima de sua cabeça que estava aconchegada em meu tórax, senti minha camiseta umedecer pelo tempo que estávamos ali. Aproximei nossas testas de um jeito que eu conseguiria olhar para ele.

— Olhe para mim — Disse sério, por um momento os olhos amarelos se assustaram, mas era o único jeito de ter sua atenção — Eu vou ficar com você agora, não pense que sempre está sozinho, é o mesmo que me ignorar em sua vida — Seus lábios queriam dizer algo, no mesmo momento eu queria beijá-lo, mas não o fiz, pois Nathaniel simplesmente quebrou hoje, e eu tentava agora colar os pedaços.

Afastei-me do representante dando um peteleco em sua testa, logo ele reclamou botando suas mãos no lugar onde foi desferido.

— Por que fez isso?! — Disse zangado com os olhos inchados.

— Você não combina entristecido, é mais fofo irritado — Falei indiferente enquanto ele me olhava confuso. — O que tem na mochila? — Perguntei curioso.

— Eu trouxe livros e meus cadernos — Proferiu pegando a mochila e sorrindo agora mais calmo.

— Espera, você fugiu de casa, e invés de roupa e dinheiro, você pegou seus cadernos? — Eu não podia acreditar nisso — Você precisa de algumas aulas de como fugir de casa, senhor representante.

— Realmente... Estou ficando enferrujado nisso — Sorriu amarelo.

— Bem, eu vou subir e arrumar a cama para você, só tem três quartos, afinal eu não moro em uma mansão, mas o terceiro virou um escritório, espero que não tenha problema em dormir na minha cama, eu posso dormir na sala — Bem, eu não podia ficar tão próximo dele de qualquer forma.

— Não, sem problemas, não é como se fossemos casados — Brincou, mas parecia um pouco envergonhado.

— Vou te emprestar algumas roupas, na próxima vez eu te dou uma lista do que levar caso for fugir de casa — Debochei, antes peguei o controle e liguei a televisão procurando algum filme que estivesse passando. — Pode assistir o que quiser, o banheiro fica no segundo andar — Ele estava tão vidrado na TV em pouco tempo que apenas assentiu com a cabeça, parecia que eu estava cuidando de uma criança.

Subi as escadas, não antes de vê-lo sorrindo bobo por causa do filme de comédia que passava naquele horário. Adentrei meu quarto, acendi as luzes e logo comecei a arrumar a cama colocando um lençol cinza com um edredom da mesma coloração, porém mais escuro. Comecei a colocar todas as roupas jogadas no chão em baixo da cama e endireitar alguns objetos na estante onde ficava meu notebook junto a algumas prateleiras à cima com um cacto e algumas revistas, que uma delas também havia escondido debaixo da cama junto a bagunça, e por fim, estava ‘arrumado’, talvez os pôsteres de filmes de terror e bandas de rock fosse um pouco agressivo para o representante, mas estava tudo endireitado, ao menos. Quase havia saído do quarto antes de colocar os travesseiros da mesma cor do lençol em cima da cama. Dando uma ultima olhada no local, apenas uma caixa fora do lugar estava ali, porém por preguiça a deixei e percebi que eu era um idiota me preocupando tanto assim em apresentar o meu quarto.

Peguei algumas toalhas e uma calça de moletom que tinha, junto com uma blusa comprida preta no armário e desci as escadas jogando uma toalha branca junto com a muda de roupas na cabeça de Nathaniel que por um instante ficou com elas, antes de tirá-las e voltar à realidade olhando para mim zangado. Acho que a cada dia que passa, não estará completo se eu não irritá-lo e hoje eu tenho a noite inteira para fazê-lo.

— Tome um banho — Disse e ele assentiu com a cabeça, o que me fez estranhar sua obediência.

— Obrigado — Falou fitando as vestimentas e logo voltou a assistir a comédia. Joguei minha toalha no ombro e subi para tomar banho, fora um dia cheio, muita coisa estranha havia acontecido, e com Nathaniel aqui, eu não sabia como me comportar naturalmente.

Adentrei o banheiro encostando a porta e retirando as roupas. Em frente ao espelho observei meu rosto e coloquei a cabeleira vermelha não tão longa um pouco para trás com a mão, podendo ver mais nitidamente alguns arranhões do acontecido, expirei pesadamente colocando as mãos na pia. Ri, era incrível a arte de conseguir me meter em coisas assim.

Abri a porta de correr do boxe e liguei o chuveiro deixando escorrer a água quente pelo meu corpo, era uma sensação relaxante que dava vontade de ficar ali para sempre, depois de um tempo peguei a toalha e enxuguei o corpo, parei em frente ao espelho o desembaçando-o. O sabonete novamente tinha odor de flores, e eu não me conformava com essa obsessão da minha mãe por coisas floridas, me sentia saindo do banho como uma princesa da Disney.

Coloquei a toalha no pescoço e então, o que eu não esperava que acontecesse, apenas mostrava o quanto azar eu tinha quando me deparei com Nathaniel que havia aberto a porta.

— Ah... — Eu não tinha nada contra alguém me ver nu, mas o rosto incrivelmente vermelho de Nathaniel dizia ao contrario sobre ele. Apesar de ser culpa minha já que como era emancipado, não me preocupava com a porta.

— Me desculpa, e-eu, juro que foi sem querer, é que eu subi e vi a-a luz acesa no quarto e pensei que você estava lá, e-então eu vim tomar banho — Ele parecia desesperado em achar um outro lugar para olhar, enquanto dizia coisas na mesma velocidade que em uma leitura da bula de remédio em uma propaganda. Suspirei e o peguei pelo braço o colocando debaixo do chuveiro do boxe, girei a maçaneta e a água caía molhando a camisa branca do mais baixo que confuso olhava para meu rosto enquanto seus fios dourados começaram a pingar. Coloquei meu antebraço a cima de sua cabeça.

— Você viu... — Disse sério e observei do loiro encharcado antes de falar algo.

— Eu já pedi desculpas! — Levantou a voz. Ergui um pouco seu queixo com a dobra de meu dedo indicador. — Por favor, vista suas roupas — Redirecionou sua visão. Eu sabia que não conseguiria agüentar tanto tempo próximo dele.

Posicionei minha perna entre as suas, levantei levemente o joelho e por um momento o ouvi gemer. Nathaniel colocou a mão na própria boca, aproximei meu rosto de seu ouvido.

— Sou tão fraco perto de você, sabe disso — Era a reaçodade, não conseguia mais mentir sobre isso, tentar esconder quem esteve em meus pensamentos todo esse tempo, mas era impossível. Ele tentava não fazer sons, mas sua voz insistia em sair, ri abafado. — Será que eu também causo outro sentimento em você, além de raiva? — Senti algo no local onde coloquei minha perna pulsar e então soube que conseguia uma reação a mais que aversão que às vezes se mostrava sobre mim. Afastei-me do loiro que ainda escondia sua boca e me olhava com raiva mesmo corado. Realmente, ele me odiava, não conseguia decifrar nenhum de seus sentimentos, até no hospital, parece que ele mudara de opinião mesmo após o beijo, penso que fora apenas o calor do momento.

Retirei meu antebraço e passei a mão pelos meus cabelos, logo me confessei.

— Eu nunca me senti assim por um cara antes — Disse desligando o chuveiro. – Pode me xingar, me chamar do que quiser, mas esse é o idiota que sou, não consigo mudar, mesmo tentando todo esse tempo – Saí do boxe do chuveiro enrolando a toalha na cintura. — Me desculpe — Agora sim acabou, eu sou um imbecil, não conseguia me segurar até amanhecer?

— Eu... Não estou bravo com você — Me virei para observar a figura ainda com o rosto avermelhado. — Estou bravo comigo mesmo, por me sentir tão bem com o toque de uma pessoa que pensava que odiava depois do que aconteceu com a Debrah — Desaproximou sua mão da boca — Eu nunca te odiei, eu apenas pegava no seu pé por ser o representante de turma, mas... Ficava magoado por saber que tinha raiva de mim – Mordeu seu lábio inferior — Por que... — Olhou para mim — Eu gostava de você.

O silêncio, os últimos pingos de água do chuveiro caíam e eram ouvidos precisamente com a falta de dialogo ocasionada após aquela pequena frase. Gostava? Confesso que no começo o odiava, mas a quantidade de raiva, com o tempo tornou-se algo mais destrutivo, amor.

— Constelações — Ele disse.

— Do que está falando? — Foi uma palavra que para mim fora sem sentido, o que isso tem haver com tudo que ele dizia?

— Quando nos conhecemos... Você me mostrou as constelações em uma noite de verão na colina da cidade, depois que me achou no parque chorando — Ele sorriu entristecido por uma lembrança que não fazia idéia que havia acontecido — Você disse que era o lugar aonde ia quando estava triste, nos conversamos e em poucas frases nos tornamos grandes amigos, como se nada nos separasse, a não ser... — Respirou fundo — Um acidente.

— Me disseram que eu apenas bati com a cabeça, mas nada antes disso —Estranhei a situação, tudo que ele falava, parecia distante de minha mente, mas algo tentava forçar-me a lembrar. Vi o sorriso do mais baixo abrir-se melancólico.

— Depois de algum tempo havia me achado no hotel quando minha mãe fora rude com a sua, pensei que estava com ódio de mim... Corremos por todo o local tentando despistar os seguranças, foi o momento que mais divertido depois que parei para pensar — Colocou as mãos em sua nuca. — Você não havia largado minha mão durante todo o percurso, eu admirei sua coragem de estar ali, comigo... Nós subimos as pedras onde a água do mar batia e ficamos um tempo por lá — Seus olhos dourados encontraram os meus depois de um bom tempo, eram intensos e verdadeiros — Naquele fim de tarde você havia prometido uma coisa — Seus olhos começaram a querer marejar, mas mesmo desse modo emitia um sorriso tímido escondido por olhos tristes — Que quem iria proteger-me daquele dia em diante, era você.

Foi como um choque, como se ao menos esse pedaço do passado preenchesse meus pensamentos.

— Eu me sinto frustrado —  Estava com raiva de mim mesmo — Eu queria não ter esquecido, sou tão patético... Todos os seus machucados, talvez eu pudesse ao menos ter impedido — Sentia culpa, por todo esse tempo, o deixei desprotegido das coisas que ele tivera que passar. Soquei a parede ao lado. Senti suas mãos geladas sobre tocando meu rosto, seus cabelos molhados ainda pingavam gotas frias.

— Não fale isso de você mesmo, foi tudo culpa minha — Afastou suas mãos — Se eu não tivesse fugido, se eu não tivesse pisado em falso no lodo quando me assustei com meu pai, se eu não tivesse... — Suas lágrimas formavam linhas finas sobre seu rosto pálido — Feito você amortecer-me com seu corpo quando batemos nas rochas, você estaria bem, você... Eu não tinha que ter saído de casa no primeiro dia que nos conhecemos, eu não tinha que ter me apaixonado — Segurei seu pulso, ele se lamentava tanto assim termos nos conhecido? Observou-me assustado com os olhos chorosos.

— Por quê?... Foi por isso que se afastou de mim? Por isso que foi embora da minha vida? Você acha que seria melhor se você tivesse apenas ignorado o fato de nos conhecermos? — Estava incrédulo e com raiva.

— Você quase morreu por minha causa — Suas lagrimas caíam incessantes, como se nada fosse ajudá-las a parar.

— Seria pior se não fosse por causa nenhuma — Parecia que o tempo havia parado, seus olhos arregalados e o caos dentro de sua cabeça pareciam imóveis. — Eu posso ter esquecido dessa promessa, das coisas que antes vivemos, mas por algum motivo quando olhava para o céu, tentava me lembrar de algo perdido, que tentava de todas as formas, dar sinais que eu tinha esquecido algo importante.

Minha mente havia se tornado uma bagunça, não tanto quanto as últimas semanas. Isso tudo significava que estávamos nos correspondendo todo esse tempo, mas algum muro de acontecimentos e sentimentos escondidos a força apenas fazia tudo ficar mais difícil. Quase impossível.

Após a declaração um tanto redimida por seus pesares, fora a primeira vez que via Nathaniel tão vulnerável, era como se a qualquer momento fosse desmanchar e eu era o único que o segurava, que o mantinha em pé.

Eu queria tanto senti-lo, queria ver suas memórias que apenas ele as mantinha. Ver o que vivemos juntos.

— Depois do acidente, eu tinha voltado à aula, e você foi o primeiro a ter conversado comigo, porque se afastou? — Eu tomei sua tristeza — O que fez se apaixonar por um cara tão errado como eu? — Eu havia sentido o calor de suas palavras quando disse que estava apaixonado, mas qual o motivo disto tudo?

— Tive medo — Disse – Me afastei para evitar o que aconteceu nos últimos tempos, mas foi como não tivesse valido de nada, você se feriu novamente, teria sido mais conveniente se eu tivesse mudado de cidade, ou simplesmente, tivesse caído sozinho nas rochas — Assim que ouvi sua ultima frase o prensei sobre a parede debilitando sua saída.

— Nunca mais diga isso — Proferi sério, como ele pôde falar algo desse tipo? Totalmente impensável? Ele tremia por baixo do meu corpo despido por causa das suas vestes encharcadas — Vá tomar banho — Ordenei, nunca fiquei tão irritado desse modo. O deixei no banheiro, imóvel e pela raiva momentânea, bati a porta me direcionando ao meu quarto.

Estava frio, mas eu não me importava, as últimas falas que ouvi de Nathaniel me deixara furioso, mas eu entendia que ele estava sofrendo, mas aquilo havia me deixado puto.

Peguei algumas roupas no armário, e vesti uma camiseta preta e uma calça de moletom escura, a casa por sorte era quente o bastante, apaguei as luzes e fui finalmente me deitar, mas não antes de observar pela janela, a neve que caía tão suave e lenta, respirei fundo e deitei naquela cama da qual gastei meu talento de arrumação, cobrindo-me apenas da cintura para baixo. Coloquei minhas mãos atrás da cabeça e olhando para o teto, pensamentos sobre o dia invadiam minha mente.

Estava quase pegando no sono quando ouvi a porta do quarto sendo aberta, deduzi que Nathaniel havia entrado.

— Me desculpe por aquela hora, eu fiquei meio, você sabe... — Ele não havia respondido. — Não tem problema, pode me ignorar se estiver chateado — Levantei-me e quando o observei, não era o loiro. Uma pessoa encapuzada que vestia uma roupa na cor preta estava de pé a alguns passos de distancia, ele fizera um sinal de silencio com seu dedo indicador.

— O que você quer? — Perguntei irritado.

— Seu namoradinho está no banho, mas se você fizer alguma coisa, eu acabo com vocês dois — A voz grossa me relembrava alguém, mas eu não conseguia distinguir a quem pertencia. — Não vou machucá-los por enquanto, só vim fazer uma visitinha.  

— Você ainda não me respondeu, como entrou?

— Você realmente gosta dele não é mesmo? — Ele começou a caminhar pelo quarto, meus olhos tentavam não tira-lo de vista em todo seu percurso. — Como pode dois adolescentes e seus amigos simplesmente acabar com os planos de gente grande — Riu, mas logo se mostrou sério novamente.

— O que você esta fazendo aqui? — Com certeza era algum dos homens de Francis, sua persistência me irritava.

— Eu só quero fazer um acordo com você — Por dentro daquela mascara preta parecia que havia um sorriso, malicioso, rude e com uma realeza incomum, o achava mais reconhecível, mas, quem era?

Tentei dar um passo cauteloso à frente, ele estava distraído, talvez eu pudesse nocauteá-lo. Ouvimos o som do chuveiro sendo desligado e se Nathaniel o visse causaria mais estrago ainda. O desconhecido pegou o cacto na prateleira e pude ver uma tatuagem em seu pulso que parecia que havia sido feita pouco tempo, algo que parecia um ideograma chinês.

— É melhor não dar nem mais um passo, ruivinho — Sua percepção era notável.

— Diga logo o que você quer e vá embora, odeio essa sua embolação — Mais apreensivo eu estava, tentava reconhecer sem êxito a pessoa que escondia seu rosto.

— Você sempre foi grosso assim, tem que mudar seus modos — Suspirou — Enfim, vamos direto ao assunto — Ele sentou-se na cadeira perto da mesa onde ficava o notebook e cruzou as pernas. — Quero que você quebre o coração de Nathaniel, simples assim.

— O que?! — Perguntei incrédulo e um pouco alto, do que esse cara estava falando?

— Você ouviu, pense nisso Castiel, eu tenho uma ordem para fazer o que for preciso, até matá-lo se me der vontade e tenho a capacidade de fazer parecer apenas um suicídio adolescente — Posicionou a planta em sua mão de volta a mesa – Parta o coração dele e suma — Falou sério, vou monitorá-lo, assim que o fizer, está tudo acabado.

Assim que eu ouvi a maçaneta do quarto girar me virei novamente para a cadeira e não o vi mais nela, porém, a janela estava aberta e o frio era sentido como nunca antes, a janela da quais as cortinas balançavam me dera calafrios, uma dor desconhecida.  

Partir o coração de Nathaniel, se desse modo tudo fosse voltar ao normal, talvez, apenas talvez, ele estaria finalmente seguro, estaria sem duvidas, seguro.

— Castiel?... — Evitei olhar em seus olhos dourados, para evitar sentir qualquer coisa, até pelo motivo minha reação não está das melhores também. — Me desculpe por ter falado aquilo, não sabia que você ia ficar irritado...

— Seu pulso está melhor? — O fitei de recanto e seu pulso estava um pouco avermelhado, quando o representante percebeu, escondeu sua mão atrás de si rapidamente. 

— Não, está bem melhor, eu luto boxe, estou um pouco mais acostumado com essa dor — Então Nathaniel lutava boxe, interessante, seu corpo sempre estava escondido por aquelas roupas nada confortáveis de menino burguês quando ia para a escola.

— Na próxima vez me ensine — Seu rosto parecia com o de quem havia acabado de ter um dejavu. — Aconteceu alguma coisa?

— Nada, é que eu já ouvi isso antes quando éramos crianças, mas não tive a oportunidade de ensiná-lo a você.

— Então me ensine agora, o que acha? — Dei a idéia, talvez pudesse se tornar um hobbie diferente.

— Tem certeza disso? — Ele colocou a mão na cintura e eu apenas assenti com a cabeça. — Esta bem então — O loiro fechou a porta do quarto e foi em direção a sua mochila, onde pegou luvas vermelhas — Irei ensiná-lo o básico — Em um espaço que havia no local, se posicionou de modo que ficasse de frente para mim e jogou-me as luvas.

— Pensei que apenas trouxe livros — Debochei da aparição não esperada do objeto.

— A postura é fundamental no boxe — Ele me ignorou, bem, não era novidade — Se você tiver uma postura confortável seus socos serão bem mais fortes e poderá desviar com mais facilidade — Eu fiz a pose que sempre via nos filmes e o olhar de desaprovação de Nathaniel me fez entender que eu estava errado. Aproximou-se de mim ‘concertando’ a postura errônea que fiz. Suas mãos levantaram um pouco meus punhos posicionando a esquerda abaixo da bochecha e a direita debaixo do queixo. — Mantenha o queixo abaixado o tempo todo — Mirou meu rosto, parecia o analisar e se afastou voltando para sua posição inicial — Como estamos entre amigos não precisa desferir socos fortes, e você não poderá ficar parado — Então ele começou a mover-se e eu apenas o imitei, não estávamos muito distantes um do outro, mas a luz apagada dava uma sensação diferente e uma coloração mais azul aos seus olhos do qual apenas a luz da lua que adentrava a janela dava a ele. Com minha falta de atenção, tropecei na caixa que estava ali mais cedo, era como se fosse um tipo de karma contra mim. Por um minuto senti algo um tanto macio  a baixo de mim e tentei tocar para saber o que era, já que meu rosto estava no chão, e era um tanto definido.

— Fala sério — Levantei-me com a força de um dos braços e deparei-me com Nathaniel olhando diretamente para mim, um pouco vermelho e logo desviou o olhar.

— Você sempre tem que bagunçar as coisas, não é mesmo? — Colocou seu antebraço a frente de sua boca.

— Entretanto, algumas pessoas comportadas tendem a se sentirem atraídas por uma bagunça — Ele levantou sua sobrancelha direita.

— Você é inacreditável, como pode uma pessoa ser tão abusada — Expirou desacreditando nas minhas falas.

Deparei-me com minhas mãos acima de seu abdômen, e percebi que o treino o fazia bem. Suas mãos retiraram algumas mechas do meu cabelo da frente do meu rosto as posicionando atrás de minha orelha.

— Isso vai ficar horrível de manhã, é tão desastrado, como não viu uma caixa daquele tamanho? — Inconformado, ele analisava o local onde havia batido, porém eu não conseguia tirar meus olhos dele, era impossível desviar meu olhar dele, os cabelos dourados bagunçados pelo tapete vinho, a luz branca da lua, tudo prendia minha atenção.

Não conseguia, aproximei-me de seu rosto, agora com mais delicadeza do que mais cedo no chuveiro, não sentia mais aquele olhar de reprovação vindo da parte dele, apenas ternura, conformação de nossos sentimentos, sozinhos naquele quarto como se nada nos impedisse de nada.

 — Não pode fazer isso comigo, fala que sou o vilão, mas é tão malvado quanto eu — Seus olhos dourados brilhavam mais que o normal, seu rosto avermelhado desejava algo — É como se eu estivesse preso, mas não precisa me soltar, se for para ficar acorrentado a você, eu não vou relutar — Retirei seu antebraço de seu rosto. — Eu fico.

Nossos lábios se tocaram sem esforço, como se fossem atraídos por si só, o que começara lento gradativamente se tornou feroz, minhas mãos adentraram o moletom do loiro, pude sentir seus batimentos rápidos por baixo da roupa, o vento frio que vinha da janela não influenciavam nossos corpos que praticamente se tornaram calorosos. Retirei sua camisa e prendi suas mãos acima da cabeça com a mesma, estava vulnerável, mas nem sequer relutava contra meu toque. Sua respiração ofegante apenas me fazia querer tocá-lo ainda mais, ele mordia seus lábios o limitando de gemer.

— Não esconda sua voz — Disse ao lado de seu ouvido — Mostre-me o que sente — Minha mão deslizava para dentro de sua calça cinza por cima de sua boxer, não demorou muito até não agüentar e soltar seu segundo gemido da noite, mais alto, iria retirar toda a sua roupa, ver sua pele, mas meu corpo parou, eu apenas me afastei de Nathaniel, que me olhou indagando-se talvez o que fizera de errado. Mas eu que estava fazendo tudo errado, eu teria que sumir de sua vida, era errado transar com ele e no outro dia simplesmente, quebrar seu coração. Ele rapidamente observou seu corpo despido, avermelhado pelas minhas mãos um pouco fortes e olhou para baixo ainda amarrado, talvez tenha caído à ficha, que talvez fosse isso que eu deveria fazer.

Segurei suas mãos para desamarrá-las, mas ele as afastou e me perguntei quanto tempo ficamos acordados, até que o dia agora clareava e lentamente iluminava o quarto. — Admita que fora só curiosidade de sua parte se apaixonar por um cara — Levantei-me, se fosse para protegê-lo, eu teria que fazer isso. — Você nunca esteve apaixonado por mim, Nathaniel, foi só uma brincadeira — O loiro se levantou e sua face ainda não fora mostrada por causa do seu cabelo que a tampava. — Apenas vamos fingir que nada aconteceu, vamos voltar a ser o delinqüente e o certinho – Disse sério.

— Você realmente acha isso? — Seus punhos cerravam — Que tudo é apenas curiosidade de adolescente?

— Não é como se não fosse, representante, você sabe que nós dois somos diferentes, sempre fomos, podíamos até ser amigos no passado, mas isso mudou, nós mudamos, acho que já podemos parar de fingir — Não conseguia mais olhá-lo, naquele momento estava me sentindo um grande filho da puta.

— Então... Você quer que eu esqueça tudo, do que você prometeu — Sua voz estava um pouco alterada, tremida.

— Eu fiz aquilo quando éramos crianças, já crescemos Nathaniel — Depois disso, pude sentir meu rosto esquentar e meu corpo se chocar com o armário, eu sabia que tinha merecido aquilo, mas agora sabia que estava feito.

Seus olhos marejavam, seu rosto mostrava decepção, logo depois sorriu entristecido e amarelo novamente, do jeito que o encontrei do que agora lembrava, no balanço do parque, como se eu tivesse voltado e sentido toda sua tristeza, guardando-me junto a todos os que o decepcionara e fora o que me causou mais dor do que sentia.

— Eu me sinto tão envergonhado, enfrentei tudo porque eu sabia que poderia confiar em você — Seu rosto escureceu — Talvez fosse mesmo curiosidade de adolescente, como disse — Respirou fundo e soltou o ar logo após — Eu... quase me entreguei a você – Botou sua mão na testa como se estivesse julgando a si mesmo — Acho que sou o mais burro daqui, por ter gostado, por ter... — Relutou por um momento em dizer — Eu...

Seria preferível se ele tivesse me xingado, ficado com raiva, mas ele acreditou em mim e eu quebrei sua confiança, porém ele não disse uma palavra depois. Pegou sua mochila e saiu do quarto abrindo a porta e saiu fechando a mesma. Senti o gosto de sangue em minha boca, porque me sentia assim? Eu o estava protegendo, era como se eu quisesse que alguém me espancasse por falar tudo aquilo para ele. Soube que Nathaniel fora embora quando ouvi a porta do primeiro andar se fechar.

— Castiel, você é um completo imbecil — Pensei alto. Encostei minha cabeça no guarda-roupa e respirei fundo, o dia ainda não havia acabado. Pelo pouco tempo parado naquela mesma posição, senti algo escorrer dos meus olhos, quente, rapidamente limpei as lagrimas que caíram ali, fazia tempo que não chorava por alguém.

Levantei passando a mão no local onde fui atingido e me direcionei ao banheiro a passos lentos e vi o machucado merecido em meu rosto, o toquei e senti arder. Neguei pensamentos com a cabeça, afinal, tinha que aturar mais coisas naquele dia, sem duvida.

Tomei um banho quente o bastante para o vapor ser denso, limpei o espelho com a mão e peguei curativos no armário sentindo a dor fisgar quando o coloquei. Ele realmente batia forte.

Voltei para meu quarto e não me preocupei com o frio que sentia, observei a camisa branca do loiro pelo chão e a coloquei em cima da cama para depois devolve-la. Abri o guarda-roupa um pouco rachado pelo impacto e vesti uma blusa de manga longa de uma banda qualquer e coloquei uma calça jeans cinza escura junto com uma botina preta, por fim, apenas peguei o casaco preto e um cachecol cinza. Procurei minha touca escura bagunçando todas as gavetas até achá-la, quando consegui, apanhei minha mochila e me preparei para mais um dos dias em que eu estava praticamente, perdido.

Observei pela janela do quarto seus passos pela neve, o céu cinza deixava o dia mais triste do que havia se tornado. Eu o pedi perdão mentalmente, o pedi perdão por esse amor tão mal aceito, e que me perdoasse por amá-lo tanto, que se talvez ele encontrasse alguém melhor que um idiota que não liga para quase nada, que é visto como perdedor pela maioria das pessoas, e talvez eu esquecer o desejo de tê-lo para mim.

— Como está indo?

— De acordo com o seu pedido, está praticamente acabado agora.

— Você fez um ótimo trabalho.

— Eu sei disso.


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Notas finais do capítulo

Olha eu aqui de novo! O/ Esse foi mais um capitulo da fanfic, espero que tenham gostado!
Muito obrigada por ler e até o próximo!
Beijos rosados com glitter dourados! ( ̄▽ ̄)/



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