— Onde você está indo? – perguntei vendo Lydia abrir a porta de seu carro, já estacionado na frente da minha casa.

— Vou dormir aqui. – disse como se fosse obvio.

— Não, você não vai – falei. – Amo você e agradeço por tudo o que fez hoje, mas preciso descansar. Sozinha.

Ela ia abrir a boca para contestar mas não deixei que dissesse nada, apenas sai do carro pegando o meu celular. Sabia que meu pai estava em casa, as luzes da acessas da sala de estar denunciavam isso. Seria a primeira vez que nos falaríamos depois da descoberta, e eu não acho que já esteja pronta para contar, mas também não sei como agir em uma situação dessas.

Adentrei na sala de estar vendo algumas maletas em cima da mesa, e conhecia bastante aquelas maletas. Procurei por ele, não encontrando-o no cômodo e pude suspirar aliviada, mas não por muito tempo. Os passos se tornaram cada vez mas próximos e tive que fechar os olhos para controlar a respiração.

— Allison – meu pai chamou. – Você está bem?

Abri os olhos assentindo.

— Estou – olhei para as maletas em cima da mesa. – Vai sair?

— Vou – disse. – Se estiver tudo bem pra você. Onde esteve o dia inteiro?

— Com Lydia – respondi, brevemente. – O que está acontecendo?

— Tivemos umas transformações suspeitas.

Minha cabeça voou para o garoto deitado no consultório de Deaton. Eu sei que prometemos ficar longe do mundo sobrenatural, mas eu quebrei a promessa no dia em que voltei para Beacon Hills e não julgaria o meu pai por isso.

— Peter? – perguntei.

— Ele diz que não.

— E você acredita? - negou.

— Vou me encontrar com Scott e Derek agora, para vermos se descobrimos algo.

— Com todas essas armas? – perguntei engolindo seco.

— Vamos procurar também.

Assenti.

— Filha, está tudo bem? Parece pálida.

Sentei-me no sofá olhando apenas para minhas mãos.

— Posso pedir que não vá? – perguntei.

Não queria ficar sozinha, mas também não queria que corressem perigo, nenhum dos três, e algo me dizia que isso aconteceria a partir do momento que se encontrassem.

— Você não está bem. – deduziu.

Pensei em contar tudo para ele e tirar de uma vez esse peso das costas, que parecia cada vez maior. Ele sentou ao meu lado com as sobrancelhas franzidas. Senti meus olhos marejarem e me controlei para não chorar ali, não era o momento.

— Pai, lembra quando disse que teríamos que ficar juntos? – perguntei. – E que sempre ficaríamos juntos?

Ele assentiu confuso.

— Foi quando a sua mãe morreu – disse. – Não sabia o que fazer.

— Eu não sei o que fazer. – sussurrei.

— Allison, do que você está falando?

Engoli o choro, deixando que as lagrimas escapassem.

— Estou gravida, pai— limpei as lagrimas com as costas da mão. – Gravida do Derek.