— Sua mãe está por ai?— Annabeth escutou pelo celular.

— Ela está— a loira respondeu respirando fundo. Ela estava nervosa.

— Relaxa sim?— a voz de Percy ecoou pela segunda vez – Eu estou só terminando de me arranjar e vou logo voando para aí.

— Percy eu não sei— ela respirou profundamente de novo – Estou com medo.

— Não precisa ficar, vai dar tudo certo— Ela quase podia ver ele sorrindo do outro lado da linha. Era sábado de manhã e Annabeth andava de um lado para o outro imaginando como seria a reação de Athena quando visse Percy Jackson, seu colega e namorado secreto da sua filha, entrar pela porta e falar tudo o que tinha para falar.

E por falar significa revelar a verdade toda. Todinha mesmo.

A loira penteou os cabelos de novo, mordendo o lábio receosa.

— Dá para sentir seu nervosismo daqui Annabeth— Percy falou dando uma risada nervosa.

Ele não estava melhor pelos vistos — Amor, calma tá bom? Eu já disse que vai dar tudo certo.

— Eu sei que você disse que ia dar tudo certo, mas é minha mãe Percy!— ela falou mais alto – Se vai dar tudo certo ou não depende dela.

— Você quer adiar?— ele suspirou um tanto frustrado. Ele estava tão farto de mentiras quanto ela. Annabeth sabia que ele queria se livrar desse peso, e por muito que lhe assustasse, era também desejo seu. Mais que tudo. – Annabeth se quis-

— Não Percy… tem razão vai correr tudo certo — mais uma respiração profunda proviu dos seus pulmões – Chega de adiar… só vem sim?

— Eu prometo— ele sussurrou – agora me deixe vestir sim? Estou de toalha à meia hora.

— Vestir?— um sorriso de lado percorreu a boca da loira – Você tomou banho?

— Claro— o tom obvio saiu no mesmo momento – vou me apresentar formalmente à sua mãe Annabeth.

— Como queria — ela conteu o sorriso se deitando sobre a cama – não demora sim?

— Me dê 10 minutos — ele prometeu. Annabeth pôde ouvir o abrir e fechar das gavetas do armário. Ele estava realmente se esforçando – Por falar nisso, e seu pai?

— Eu tentei chamar ele, telefonei mas adivinha?— Annabeth fez uma cara de nojo – foi a namoradinha oxigenada dele que me atendeu.

— Então ele não vai aparecer né?

— Ela disse que ele tava muito ocupado – a loira revirou os olhos e bufou frustrada – acho que com “ocupado” ela quis dizer com a cara enfiada nos peitos dela.

— Annabeth não fale assim – o moreno não conseguiu evitar sorrir – vai que eles até se gostam.

— Por favor Percy – ela arqueou a sobrancelha olhando para o teto de madeira do seu quarto – Meu pai deve tar com a crise de meia idade que só quer é estar com garotas novas e ela… bem, meu pai não é rico então ela só deve querer diversão mesmo.

—Seu pai não é assim tão velho.

— Mas também não é novo, acredite em mim daquela garota nada de bom vem dela. Mas enfim, minha mãe está refazendo a vida dela com o George então nada proíbe meu pai de refazer a dele.

— Viu?  Deixe os dois serem felizes, ou… bem, lá o que seu pai é com ela, agora meu amor, vai me deixar vestir ou não?

— Longe de mim interromper você – ela riu – vai lá.

— Me espera que logo vou aí, beijo.

— Beijo.

E desligou.

Annabeth suspirou ainda com os olhos fixos no teto. Ela sentia o coração batendo cada vez mais rápido e os pulmões se contraído cada vez mais.

Nervos e mais nervos.

— Annabeth? – sua mãe a chamou do andar de baixo – Annabeth querida pode chegar aqui por favor?

A loira se levantou da cama, penteando os próprios cabelos. Caminhou pelo corredor e desceu as escadas enquanto sua mãe esperava em frente à porta.

— Mãe? Onde a senhora vai?

— A querida eu combinei uma coisas você se importa de ficar sozinha? – Athena sorriu vestindo o casaco que estava pendurado no cabide.

— Mãe, a senhora não lembra que eu tinha combinado tratar de um assunto com você?

— Não pode ficar para depois? George me convidou para-

— Mãe telefona para ele e fala que espere uma hora vai ver que – Annabeth respirou fundo. Ela não podia ir embora. Isso precisava de acabar hoje. – Por favor mãe só desmarca.

— Querida eu não posso – A Chase mais velha arqueou a sobrancelha – Annabeth, querida, você está bem? Você está muito estranha hoje.

— Mãe, por favor – a loira agarrou em sua mão a fitando – só espere tá bom? Eu preciso falar com você sobre uma coisa.

— Mas pode falar agora – a mãe sorriu inocentemente – querida você pode falar comigo sobre tudo.

— Sim, mas não pode ser agora, quer dizer pode, mas – Annabeth gaguejava ainda mais nervosa.

Porque ele está demorando?

— Annabeth – Athena a olhou preocupada, a puxando a sua mão em direção ao sofá – Annabeth me diz o que se passa, você está me assustando.

— Mãe por favor confie em mim e fique aqui.

— Annabeth o que se pas- Antes que Athena pudesse terminar, o som da campainha ecoou pela sala. Annabeth se levantou rapidamente indo até à porta

Ela sussurrou, abrindo a porta.

— Ainda bem que você chegou P-

Mas não era Percy. George sorriu cordialmente olhando para a loira. Ela o analisou de alto a baixo. Vestia um terno bonito, possivelmente do trabalho, e um ramo de flores estava segurado em suas mãos.

— Ah não. – ela suspirou.

— Você está bem Annabeth? – George sorriu – Desculpe eu ia levar sua mãe pra almoçar.

— Sim ela está lá dentro – ela suspirou olhando para a rua procurando algum sinal do Audio Cinzento de Percy. Mas nada. Nem sinal dele. George a encarou confuso.

— Está tudo bem Annabeth? – a voz suave do mais velho perguntou – você parece estar nervosa.

— Desculpe George, bem…pode entrar – ela deu um sorriso fraco cedendo passagem afim de o loiro entrar. Athena já esperava sorridente.

— George! – ela sorriu. O homem devolveu o sorriso beijando a sua testa. Annabeth notou as bochechas da mãe corarem ao ver as flores em suas mãos – Desculpe, eu ia agora sair.

— Eu me adiantei e comprei flores para você – Athena sorriu pegando no buquê.

— Não era preciso George, acho que já passámos essa fase. – a mulher pousou o ramo sobre a mesa olhando para Annabeth que espreitava agora pela janela.

— Annabeth, querida, o que se passa? – ela questionou num tom preocupado enquanto George a olhava atentamente num silêncio confuso – Querida, você está estranha hoje.

— Mãe por favor, só espera um pouco sim? Isso é importante – ela justificou – Eu só preciso que ele chegue.

— Filha, você não está fazendo qualquer sentido. “Ele” quem?

A campainha tocou pela segunda vez.

— Ele – ela suspirou caminhando até à porta. Tal como prometido Percy estava ali. Limpo e arrumado. Vestia as suas habituais jeans e uma camisa social branca. Os seus cabelos estavam perfeitamente penteados e um sorriso bonito delineava os seus lábios. Ela nunca tinha sentido tanto alívio como naquele momento.

— Você demorou – ela sussurrou um tanto irritada – estou empatando a minha mãe há uns 10 minutos.

— 10 minutos que eu falei que demoraria – ele sorriu de lado respirando fundo – pronta?

— Entra – ela segurou em sua mão o puxando para o interior. Ele sorria nervosamente enquanto as respirações pareciam querer parar a qualquer segundo. Percy continuou segurando a sua mão enquanto fitava a loira receoso. – Vamos?

Annabeth assentiu o guiando até à sala, onde Athena e George conversavam animados sem notar a quarta presença ali. A cada passo que Percy dava, era como se os seus pulmões apertassem cada vez mais. Ele sentia a pulsação subindo e um frio gélido percorrer-lhe cada centímetro do seu corpo.

— Mãe? – Annabeth chamou num tom trémulo – O P-

— Perseu? – Athena o olhou confusa – O que está fazendo aqui?

— Bom dia senhora Chase – Percy respirou fundo, era como se, a qualquer momento ele tivesse um infarto – desculpe incomodar.

— Não incomoda, mas… Annabeth o que se passa? – os olhos cinza se desviaram para a loira que estava tão nervosa quanto Percy.

— Mãe… - ela começou – eu preciso que você escute com atenção sim? Por favor.

— Querida, o que se passa? Percy o que está acontecendo?

— Eu queria… na verdade nós queríamos, mãe por favor não surta sim? – ela a olhou novamente. O seu corpo tremia e voz parecia perder-se pelo meio das palavras. – A verdade é que, eu-nós, bem, nós es-

— Nós estamos juntos – Percy se apressou, segurando a mão da loira – E se a senhora me deixar explicar eu prometo que-

— Annabeth? – Athena a olhou fixamente. Os seus olhos correram o moreno de cima a baixo tentando assimilar  o que estava acontecendo naquele mesmo momento – O que… o que raio se-

— Athena, amor, se acalme sim? – George segurou a sua cintura – Respire fundo.

— Annabeth – ela repetiu novamente mas desta vez, cada palavra parecia uma faca de dois gumes cortando o silêncio – O que raio você está fazendo?

— Mãe – uma respiração profunda tomou conta dos eus pulmões por leves segundos – e eu Percy… a gente namora.

— Como assim vocês namoram? – os olhos se desviaram para Percy que se mantinha imóvel – O que raio você fez com a mina filha?!

— Athena por favor, me deixe explicar e-

— Explicar o quê? Você está namorando a minha filha Perseu! A minha filha que é, quantos? 10 anos mais nova que você! – Athena gritou olhando lascivamente para Percy que se mantinha preso a Annabeth.

— Querida se acalme sim? Você n-

— George, é a minha filha! Annabeth, o que raio passou pela sua cabela, ele te obrigou a-

— Ele não me obrigou a nada mãe juro – ela se pôs em frente de Percy deslargando a sua mão. – Mãe ninguém me obrigou a nada, eu estou bem. Me escuta, eu estou bem.

— Filha, você não está bem, você está namor- Athena pausou a voz sentindo o quão nojento era para si, pronunciar tais palavras – Annabeth ele tem 27 anos.

— Eu sei mãe, eu sei disso tudo. Mas por favor confia em mim! Ouve a gente por favor.

— Eu não quero ouvir nada Annabeth – ela pronunciou olhando fixamente para o Jackson na sua frente – Agradeço que você saia.

— Athena por favor – Percy suplicou – apenas me escute e-

— Saia por favor.

— Mãe!

— Annabeth – A Chase mais velha fechou os olhos repetindo pausadamente – leve ele daqui, e vá para o seu quarto.

— Athena – George chamou baixinho – não seria melhor você escutar a-

— George por favor, - ela resmungou – é a minha filha sim? Por favor não se intrometa. Eu só quero que ele – o seu dedo apontou para Percy que a olhou atento – saia daqui.

— Annabeth – Percy a chamou baixinho – é melhor eu ir.

— Não, você não vai a lado nenhum!

— Por favor Annabeth – ele pediu – a sua mãe está agindo de cabeça quente, é melhor eu ir e tentamos depois num-

— Saia daqui! – disparou a Chase – Saia por favor!

— A gente se fala depois – o moreno segurou a sua cintura – tudo bem?

—  Mas…

— É o melhor – ele sussurrou convicto, desviando os olhos para a Athena que o encarava com toda a raiva que possuía – Eu estou disposto a falar com a senhora, e eu não vou desistir de o fazer.

— Saia!

— Eu vou junto – George pegou no casaco que havia largado sobre a alcofa do sofá, caminhando até Percy silenciosamente enquanto encarava a loira do seu lado – Boa sorte… para a as duas.

— Obrigada George, lamento muito – Annabeth o olhou com carinho vendo os dois se afastarem.  George segurou os ombros de Percy que, em conjunto, saiu pela porta mergulhando a sala num silêncio angustiante.

— Agora nós mãe…

— Eu não tenho nada para falar com você Annabeth – Athena ameaçou relutante.

— Tem! Tem si! – a loira persistiu avançado pesadamente até à mãe – por favor mãe me escuta!

— Há quanto tempo?

— Oque?

 - Há quanto tempo? – repetiu Athena frustrada – quanto tempo você está com aquele… quanto tempo Annabeth?

— Quase 5 meses… - respondeu sincera. 

Athena arregalou os olhos a encarando. Era como se estivesse rebobinando todas as semanas dos dias que decorreram.

— 5 meses?... 5 Meses Annabeth? Ele… ele era seu professor!

— Não – A Chase rispostou – foi antes das aulas começaram… mãe por favor me escuta!

— Vai para o seu quarto! – a mulher ordenou virando as costas.

— Mãe por-

— Por favor digo eu Annabeth – ela fechou os olhos respirando profundamente – suba, e vá para o quarto.

Annabeth a observou.

Naquele momento ela se arrependeu da decisão que havia tomado.

Talvez contar não tivesse sido tão boa ideia assim.

— Mãe – ela chamou. Athena se manteve imóvel a ignorando – eu amo ele.

Dito isto a loira subiu, enquanto Athena Chase se sentava sobre o sofá completamente chocada.