Natasha observou James se aproximando do carro que ela tinha horas antes alugado. Ela o esperava na entrada do aeroporto de Moscou. Havia chegado mais cedo num avião fornecido pela SHIELD.

James deu um sorriso de lado ao perceber que ela o observava. Os cabelos deles estavam curtos agora, tais como eram quando ela o havia conhecido. Ela o odiou por isso.

Ele se aproximou, pendurando o braço no carro, colocando o rosto dentro do carro sorrindo.

— Então, já parou de se esquivar de mim?- disse irônico. Natasha queria muito bater na cara dele pela provocação. Mas apenas suspirou e respondeu:

— Buck, apenas entre no carro.

— Só quero saber se podemos parar com esse fingimento e conversamos. Eu me lembro de tudo, Natalia. - Ele disse enquanto entrava no carro.

Natasha arrancou com o carro, furiosa. Tudo o que ela não queria era ficar de conversinha com ele. Ela estava lá somente por Ivan, o resto era passado e ela preferiria esquecer que havia acontecido.

Ele tinha tantas lembranças que ainda estavam perdidas, e outras que talvez nunca mais fosse recordar. Por que então tinha que lembrar justo dela? Havia pouquíssimas pessoas que sabiam sobre eles. Fury, Clint e provavelmente Maria Hill, e para ela estava perfeito assim.

— Vai ser assim, Natalia? Você não nem ao menos conversar comigo? - James insistiu. Ele parecia um pouco triste, mas isso não a comovia.

— Não temos nada a conversar, James. A não ser sobre Ivan, e este ainda não é o momento para conversamos sobre isso.

— Ok, mas quando será o momento?

— Você saberá. Descanse será uma longa viagem.

—X-

Ela subia sorrateiramente às escadas, envolta na escuridão noturna. Mesmo sua presença já sendo esperada, ela preferia deslizar pelos cantos discretamente.

É claro que para ela ser discreta era uma missão difícil. Seus longos cabelos negros e lisos, sua pele clara, suas feições orientais e, principalmente, o kimono que estava vestindo, chamavam a atenção de qualquer homem e de várias mulheres também.

Chegou ao último andar, se aproximando do apartamento onde ele a aguardava. E quem era ele? Poderia haver várias respostas para essa pergunta, mas nenhuma delas importava a ela. Ele não importava para ela.

Entrou. Como seus olhos já estavam acostumados com a escuridão, rapidamente o localizou sentado numa poltrona, com um copo de bebida na mão.

— Tire o kimono. Quero ver pelo o que estou pagando. - A voz dele era grossa.

Silenciosamente, ela se despiu. Embaixo do kimono, ela vestia uma lingerie sexy preta: espartilho, uma pequena calcinha e meias até o meio da coxa. Ele sorriu, demonstrando que havia gostado do que viu. Ela tomou o sorriso dele como permissão para se aproximar. O homem tocou em sua coxa, brincando com a meia preta transparente que ela vestia.

— Gosto disso. - Ele elogiou.

Ela provocantemente passou as mãos pela virilha dele. Ele gemeu aprovando. Postou-se atrás da poltrona, massageando seus ombros. Suavemente, deslizou sua wakizashi que estava escondida, presa na parte de trás da meia que ele tanto havia gostado. Com toda a experiência de alguém que já estava acostumada a matar, ela topou-lhe a boca e cortou-lhe a garganta em um rápido movimento, quase mecânico. Ele nem teve tempo de tentar de defender. Tentou se mexer, mas o máximo que conseguiu foi tombar o corpo para frente, caindo no chão.

Calmamente, observou enquanto o sangue deixava o corpo do homem. Após, pegou o celular, tirando uma foto do morto, mandando-a para o cliente que a havia contratado para matá-lo.

Tsuki guardou sua lâmina, ainda suja de sangue, vestiu novamente seu kimono e saiu. Seu trabalho já estava feito.

— x -

Tsuki dirigiu tranquilamente até sua casa. Era só mais um dia, pensou, só mais um serviço. Houvera vários outros antes e ainda haveria muito outros. Já tinha trocado de roupa, tirou o kimono e o espartilho, trocando-os por um vestido preto curto. Calçou suas botas de cano alto, mas parte da meia ainda aparecia. Pôs também um grosso casaco, afinal ali era a Rússia. Não se brincava com inverno da Rússia.

Viu um carro parado em frente a sua casa. Sorriu. Ninguém a visitava normalmente, então só ser uma pessoa. Guardou o carro, entrou em casa, e subiu as escadas saltitando, indo direto para primeiro quarto à esquerda.

Abriu e se deparou com Natasha, já completamente instalada, deitada lendo um livro.

— Achei que você tinha dito que vinha para o Natal. Pelos meus cálculos, você já está atrasada dez meses. - Tsuki falou, chamando a atenção da ruiva que parecia perdida no livro.

Ainda sem desviar os olhos do livro, Natasha respondeu:

— Ou talvez eu esteja adiantada em dois meses para o Natal desse ano. Tudo depende do ponto de vista. - Ela largou o livro e se levantou para abraçá-la.

— Você sempre tenta se safar...

— Humm, verdade. Mas acho que você vai me perdoar quando eu te der seu presente de Natal. - Disse a ruiva, logo pegando algo que estava escondido atrás da mala.

E Tsuki realmente a perdoou após ver seu presente: uma katana. Não que ela mesma já não possuía outras katanas mais aquela era diferente. Era especial. Era forjada em ouro, e mesmo sendo antiga, ainda reluzia. Mas o que mais lhe chamou a atenção foi o símbolo gravado nela...

— Isso significa mesmo o que estou pensando? - Tsuki perguntou um pouco emocionada, mas tentando manter a compostura.

— Sim, essa espada pertencia a sua família. Estava perdida por aí... Mas acho que já estava mais que na hora de voltar para alguém que carrega o mesmo sangue da dinastia que ela serviu.

— Merda, Natalia. Agora estou sentindo que o presente que comprei para você é idiota. - Tsuki abriu uma das portas do armário que havia no quarto, tirando de lá uma garrafa de vodka. Natasha riu. - Só para você saber, me disseram que era de Stalin.

— Oww, e nós sabemos que russos nunca mentem. - As duas gargalharam. - Sendo de Stalin ou não, parece ser muito boa. Tio Mikhail vai morrer de inveja.

— Aquele velhote já bebe demais... - Tsuki interrompeu o que estava dizendo ao ouvir um barulho em algum outro lugar da casa. - Nat, você trouxe mais alguém com você?

Natasha respirou fundou se preparando. Aquilo não seria nada fácil.

—Trouxe - Tsuki se mexeu, se dirigindo para a porta. - Espera! Primeiro preciso que você me prometa que não vai pirar e nem tentar matá-lo...

A morena saiu como um furacão, já se deparando de cara com James, que estava na porta do quarto que havia em frente. Rapidamente e sem parar para pensar pegou sua adaga e atirou nele. Ouviu Natasha gritando:- Suki, não!

Com reflexos rápidos, James desviou, mas mesmo assim a adaga passou raspando em seu braço de metal, indo parar fincada na parede.

— Estou feliz em te ver também, pirralha. – ele disse irônico, enquanto arrancava a adaga.

— Nat, o que ele está fazendo aqui? Você o trouxe como presente de Natal. – virou-se para Natasha furiosa. Voltou-se novamente para James:

— Чертов предатель свинья! Я возьму вашу голову и пить вашу кровь! (Seu maldito porco traidor! Vou arrancar sua cabeça e beber seu sangue!)

— Não, não vai. Suki, Buck está aqui para me ajudar em algo.  – Natasha disse com a voz cansada. – E já faz muitos anos, isso não importa mais.

— Como pode dizer isso? Então você o perdoa pelo o que ele fez?

Os dois olhavam para Natasha, ansiosos pela resposta. Cada um desejava uma resposta diferente. Natasha o perdoava? Ela não sabia, ela achava mesmo que aquilo não importava mais. E também ela mesma já havia feito tantas coisas terríveis... Quem era ela para julgá-lo? Não queria ter nenhum tipo de relação com ele, nem mesmo amizade. Mas também não tinha vontade de matá-lo... Mesmo? Na verdade, muito do fato dela não querer que nada acontecesse a ela se devia a Steve. A ruiva sabia o quão importante James era para ele, e mesmo que agora ele a odiasse, não queria feri-lo daquela maneira. Buck era o melhor amigo dele, a única pessoa do passado que havia sobrado para ele.

— Suki, apenas vamos deixar isso de lado, ok? Temos coisas mais importantes para lidarmos no momento. – Natasha disse tentando amansá-la. Ela considerava Tsuki como uma irmãzinha mais nova, e as duas se pareciam muito em vários aspectos. Tanto, que Natasha se perguntava, às vezes, se havia influenciado ela para o mal. Mas diferentemente dela, Tsuki era como vulcão prestes a entrar em erupção, pelo menos no que se relacionava a vida pessoal. Natasha sabia que ela trabalhava como uma assassina de aluguel, e que era a melhor da Rússia. Para isso, ela tinha que ser cuidadosa e paciente. Entretanto, ela também tinha um gênio terrível e era leal a Natasha. Não seria nada fácil convencê-la a deixar Buck em paz. Porém, havia alguém que Suki odiava mais do que James – Ivan está vivo. É por isso que ele está aqui. Ivan está escondido em algum lugar da Rússia e precisamos localizá-lo o mais rápido James disse que ele está colocando de volta em prática o projeto Viúva Negra.

— E você acredita nele? – Suki perguntou incrédula.

— Eu não estou mentido. Tenho muitas fontes na Rússia, vocês sabem disso. Não sei como, mas Ivan esteve escondido todos esses anos. Ele é esperto e ninguém consegue rastreá-lo. Mas até ele erra, e uma pessoa o viu raptando uma menina.

— Suki, estou cansada, e preciso estar descansada para caçar Ivan. Podemos conversar mais sobre isso amanhã. Será que você poderia dormir no meu quarto? Podemos tomar um pouco daquela vodka antes de dormir? – Natasha perguntou brincalhona. O que ela queria mesmo era manter Tsuki por perto para garantir que ela não fosse tentar atacar James durante a noite.

— É claro, Nat. – ela sorriu parecendo calma. Natasha entrou no quarto esperando que ela a seguisse. Em movimento rápido, a oriental se aproximou de James e disse:

— Он даже может простить вас, но я этого не делают. Ты уже мертв, просто не знает об этом. (Ela pode até te perdoar, mas eu não. Você já está morto, apenas ainda não sabe disso.)

A wakizashi: http://vignette1.wikia.nocookie.net/tmnt/images/f/fc/Wakizashi.jpg/revision/latest?cb=20141101122235

A katana: http://i01.i.aliimg.com/wsphoto/v0/32277083721_1/Clay-Tempered-Steel-Blade-Japanese-Samurai-Golden-Phoenix-Katana-Sword-Handmade.jpg