O passeio de limusine foi tranquilo e agradável, e logo Haruhi se viu de pé em frente a enorme e bela mansão onde os gêmeos Hitachiin moravam. Era branca e tinha um jardim que parecia não ter fim de tão extenso que era. Haruhi estava admirada com a beleza do lugar, e ela tentava imaginar como era ter dinheiro para comprar tantas coisas e viver em uma casa como aquela.

“Esses bastardos ricos. . .” Ela pensou.

Kaoru sorriu quando percebeu que os olhos de Haruhi praticamente brilhavam, repletos de admiração.

— Bonita, não é?

Haruhi parou de olhar por um momento e se virou para ele.

— Sim. —  Disse ela,  tendo que concordar.

Eles andaram até a grande porta de entrada, feita de marfim e entalhada em ouro coberta por desenhos extravagantes dourados. Kaoru abriu e segurou a porta para que ela entrasse.

— Fico feliz de saber que nossa morada te agrada. — Ele disse.

Haruhi entrou: a casa era ainda mais bela por dentro, incomparável. Havia uma grande escadaria central forrada com luxuosos tapetes vermelhos, a escada em si era feita com corrimões de puro ouro, e o piso da casa, de mármore impecável. Haviam quadros nas paredes com pinturas bonitas, outros com retratos da família Hitachiin. As paredes eram altas, pareciam ter três metros ou mais, e havia o maior lustre que Haruhi já tinha visto na vida pendurado no teto, sem dúvida, feito de diamantes, foi o que ela pensou. A casa toda era uma visão de luxo, poder, riqueza e beleza. . .

Haruhi deu uma olhada em Kaoru, e então começou a pensar: Era engraçado como ele era tão igual e ao mesmo tempo, tão diferente de Hikaru. Apesar de agirem sempre muito parecidos, tinham personalidades completamente opostas e incríveis a sua maneira. O único problema era que Hikaru era arrogante e orgulhoso, ele era quem gostava de se gabar e de reclamar do  estilo de vida plebeu para ela. Ele era inteligente, forte, engraçado, brincalhão, e, Haruhi sabia, tinha um lado gentil e compreensivo. Seu irmão, Kaoru, era alguém mais simples, gentil, generoso, bondoso, doce, carinhoso e atencioso. . . E era como se, sendo rico ou não, aquilo tudo não tivesse grande importância para ele. Ele só se importava somente com sua felicidade e a de seu irmão, colocando- a em primeiro lugar antes da dele, e felicidade é algo que não se compra nem se consegue com dinheiro. Isso era uma das coisas nele que mais agradavam a Haruhi, e era por esse motivo que os dois se davam tão bem e até se entendiam mais fácilmente, mesmo pertencendo a mundos e realidades diferentes. Haruhi piscou. O que Kaoru significava para ela, afinal? Droga, ela tinha que manter seu foco nos estudos.

. . . . .

 Estavam sentados em uma mesa comprida de mogno, dentro da biblioteca que havia na mansão. Quatro horas já haviam se passado. Hikaru chegaria em breve.  Kaoru olhava para seu livro, pensativo, mas ele realmente não estava lendo o que estava escrito. Ele gostava muito de História, no entanto, gostava mais ainda de quem estava ali, sentada ao seu lado, sua paixão secreta desde que a viu pela primeira vez ( pode-se dizer que foi quase um amor a primeira vista). Sentados assim, lado a lado, ele quase podia ouvir a respiração dela enquanto ela lia; Além disso, nesse exato momento, sua companheira lhe falava sobre uma parte importante da matéria que não poderia ser deixada de lado.  Ele olhava para ela, contemplando-a, porém sem prestar muita atenção no que esta dizia. Seu foco principal estava em seus lábios, que se moviam constantemente enquanto a morena falava. Ele se perguntou que gosto será que eles teriam, e corou um pouco com o simples pensamento. Haruhi pareceu não notar a mudança de coloração em seu rosto, alheia como sempre a esse tipo de coisa. Kaoru não sabia se conseguiria controlar seus sentimentos agora que eles estavam tão próximos e sozinhos. Ele os havia escondido  de tudo e de todos por meses, esperando que os outros anfitriões, sua concorrência, que também eram apaixonados por ela, fizessem um movimento. O gêmeo não era impulsivo, não agia sem pensar ou apenas de acordo com suas emoções como seu irmão. Ele continuou corando, e então apoiou a cabeça no ombro de Haruhi, escondendo o rosto e descansando um pouco ali. Esperou uma reação da garota, obviamente, enquanto  tentava expandir os limites de sua liberdade.

— … E então, você entende agora a importância da Revolução Francesa na história da França e como ela revolucionou seu país e o resto do mundo? Err . . .  —  Haruhi ficou meio sem jeito. Finalmente uma reação! - Kaoru, o que você está fazendo?

— Estou cansado, Haruhi. Acho que nós já estudamos o suficiente por hoje.

— Mas… você tem certeza? - Ela questionou, levemente desconfiada se ele tinha realmente entendido alguma coisa.

— É claro. O que acha se nós estudássemos juntos mais uma vez?- Ele levantou a cabeça do ombro dela ao fazer essa pergunta e a olhou, esperando sua resposta.

— Se isso for eficiente, por mim tudo bem. — Ela respondeu, dando- lhe um sorriso.

— Obrigada, Haruhi.

Ele ficou olhando em seus olhos por um longo tempo. Haruhi também olhou, e por um momento, não conseguiu desviar o olhar, como se estivesse paralisada ou presa nos olhos dourados hipnotizantes de Kaoru. No momento seguinte, o garoto não soube o que deu nele. Não sabia direito o que estava fazendo, porém, por um impulso, um desejo há muito tempo guardado no fundo de seu coração, ele se inclinou na direção dela rápidamente e a beijou. Ele realmente sempre sentira vontade de fazer isso! Sua curiosidade foi saciada quando  finalmente pôde sentir os lábios macios, leves e adoçicados como o mel nos seus, era algo diferente de tudo o que ele já havia provado antes. Segurou com uma mão o rosto dela e a outra envolveu em torno de sua cintura, puxando - a para mais perto dele. Em uma confusão de sentimentos e uma porção de pequenas faíscas de eletricidade que pareciam correr por todo seu corpo, aprofundou ainda mais o beijo, ousado e determinado a não pensar muito sobre isso, ou daria pra trás e desistiria.

Haruhi estava assustada, com os olhos arregalados como  os de uma coruja. Permaneceu estática, sem poder sair do lugar, estática. Ela parecia congelada e não conseguia se mover ou fazer qualquer coisa. Com certeza não esperava por isso: Kaoru estava beijando ela?!? Isso só podia significar que ele gostava dela! Seu beijo era calmo, suave, gentil e apaixonado, e a forma como sua língua abria caminho para a dela como se pedisse permissão era simplesmente um gesto sutil e gracioso. . . A garota queria afastá-lo, porém, seu corpo queria o contrário. Parecia que seus membros não iriam obedecer a seus comandos, e logo, ao invés disso, ela estava enlaçando os braços em torno do pescoço dele, puxando-o para mais perto de si. Ela não sabia bem o que estava fazendo também, ou porque estava fazendo isso, porém devolveu o beijo, fazendo isso de maneira desajeitada, tímida e incerta. Ela já havia beijado antes em uma festa que o Host Club havia dado uma certa vez. Porém, tinha sido um mero e completo acidente, além de que a pessoa que Haruhi tinha beijado fora uma menina. Nesse momento era diferente, era um beijo real.