Confusões na Clareira escrita por Nati Sangster 17


Capítulo 10
Capítulo 10




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Dany

Eu ainda não acredito no que o Minho fez. Tô furiosa com esse mértila. Graças a ele, vou ter que passar o dia correndo com a Allana porque sou temporariamente encarregada dos corredores.

Depois de levantar da cama fui tomar um banho, pra ver se me acalmava um pouco. Depois de me vestir, fui para a cozinha do Caçarola pegar alguns sanduíches e algumas garrafas de água, e então ela apareceu.

— Pra que essa mochila? – Allana disse.

Já mencionei que não a suporto?

— Oi pra você também. A mochila faz parte do equipamento – joguei o equipamento para ela – na mochila você leva comida e água. Não sei se você sabe, mas passamos o dia todo lá.

— Você pode levar isso pra mim? Não gosto de carregar peso.

Eu tento. Não bati nela. Ainda.

— Não. Você leva – digo seca.

Depois de ela empacotar suas coisas, fomos para o Labirinto.

Eu tentava ensinar a ela – a contragosto – o que fazemos no Labirinto. Ela ficava me encarando com cara de desentendida. Ela não fazia nada. Eu fazia todo o trabalho sozinha.

Depois de dez minutos de corrida, ela diz:

— Vamos parar para comer.

— Não – digo – se ficarmos parando toda hora, não vai dar tempo de terminar o trajeto.

— Eu não ligo.

Respiro fundo.

— Mas eu ligo. Eu sou a encarregada aqui, e você é a aprendiz. Eu mando. Você obedece. Entendeu?

Ela fungou irritada.

Este seria um longo, longo dia.

********

Nunca um dia passou tão devagar como hoje. Allana reclamava durante todo o caminho. Graças aos céus já estávamos à metade do caminho de volta para a Clareira. De repente, Allana resmunga:

— Só isso? Então é isso que os Corredores fazem? Não tem nada de divertido. Que inútil.

Meu sangue ferve. Não me controlo. Agarro ela pela camiseta e jogo contra a parede.

— Inútil é você seu monte de plong, não fez nada a não ser reclamar o dia todo. Quer diversão? Vá trabalhar em um circo – digo largando a camiseta da garota.

Assim que lhe dou as costas sinto uma mão puxando meu cabelo. Ergo o cotovelo e giro acertando Allana na cabeça. Por um instante ela fica atordoada, mas logo se recupera. Pula em minha direção me arranhando, e caímos no chão. Rolamos acertando estômago, canela, cabeça, qualquer coisa que causasse dor. Allana rasgou boa parte da minha blusa, e eu já havia arrancado alguns tufos de seu cabelo. Fiquei por cima e acertei um soco nela. Me levantei e disse:

— Adoraria continuar. Mas se não quisermos passar a noite com os verdugos temos que ir.

Não esperei resposta. Começei a correr.

********

Chegamos na Clareira. Não demorou para que os olhares dos garotos recaíssem sobre nós. Nem imagino porque. Estávamos descabeladas, arranhadas, com alguns hematomas roxos e pequenos cortes. E minha blusa estava rasgada, deixando partes de meu sutiã e seios de fora. Difícil saber quem levou a pior na briga. Newt se aproxima espantado com Teresa e Brenda em seu encalço. Ele diz:

— Que diabos aconteceu com vocês?

— A gente brigou – digo.

— Isto eu percebi! Vocês esqueceram as regras? É proibido brigar na Clareira! – grita.

— Tecnicamente não estávamos na Clareira. Estávamos no Labirinto. Então, não quebramos nenhuma regra.

Brenda segura o riso. Newt fala:

— Dany, isso é sério! Vocês...

— Para de me dar sermão Newt, sou a encarregarda dos corredores aqui – o corto.

— Você é TEMPORARIAMENTE a encarregada dos corredores – diz dando ênfase ao “temporariamente”.

— Então estou TEMPORARIAMENTE com razão – rebato, imitando seu tom de voz.

Dessa vez Brenda não conseguiu segurar o riso. Newt a olha de solsaio. Sem esperar resposta, saio andando para o meu quarto. Pego uma roupa e vou para o banheiro. Quando tiro o que sobrou de minhas roupas, vejo os hematomas aqui e ali. Entrei embaixo do chuveiro, a água aliviava as dores do meu corpo. Estava me ensaboando quando de repente Minho abre a porta de olhos fechados e grita:

— Surpresa!

Solto um grito de susto e atiro o sabonete nele. Bem na cara. Ele não esperava por essa. Fechou a porta rapidamente.

Depois de me vestir saí do banheiro. Minho estava lá parado me esperando.

— Eu acho que isso é seu – diz me entregando o sabonete.

Pego o sabonete e jogo nele de novo.

— Dane-se! – grito.

— Ei! – ele diz – o que aconteceu? Que raiva é essa? E por que você está cheia de hematomas?

— Eu e a Allana brigamos, e saiba que a culpa é toda sua!

— O que eu fiz? – ele diz.

— Tornou aquela fedelha idiota uma corredora, já não basta? Quer que eu ponha a invasão do banheiro na lista?

— Mas você é a encarregada dos corredores e...

— TEMPORARIAMENTE, droga! – digo quase gritando e começo a bater nele e xingá-lo – Trolho de mértila, idiota, monte de plong...

Ele segura meus braços e me encosta na parede, com força. Eu digo:

— Você tem que parar de fazer isso sempre que eu fico com raiva.

— Desculpa – ele diz – você tem razão, não deveria ter deixado a Allana ser corredora, eu só queria que ela parasse de falar e fosse embora. Agora não tem mais volta...

— Eu sei. Agora vou ter que suportar aquele plong enquanto você não melhora.

— Posso deixar outro responsável por ela. E segundo os socorristas estou bem, mais um dia de repouso e posso voltar a correr.

— Aleluia! – digo. Percebo que ele ainda está me segurando – Ahn... Minho? Você poderia me soltar? Isso já está ficando estranho... – fico corada.

— Eu sei que você gosta – diz ele me soltando.

Fico mais vermelha ainda. Era verdade. Mas não iria admitir.

— Cala a boca, convencido – digo rindo, dou um leve empurrão nele – vamos jantar, já estamos atrasados.

********

Caçarola havia feito torradas para o jantar. Eu e Minho sentamos em uma mesa mais afastada. Logo Newt se junta a nós parecendo aborrecido.

— O que foi, cara? – Minho pergunta.

— Esses trolhos de mértila, acham que aqui é a casa da mãe Joana – diz – sabem aonde encontrei o sabonete? Atirado no meio da grama! Vou ter que bater um papo com estes idiotas.

— Claro – digo. Eu e Minho nos entreolhamos, segurando o riso. – Boa noite, trolhos, vou para a cama, foi um longo dia....

— Dany, espera... – Newt diz – Você vai passar a noite no Amansador.

— O quê? Tá brincando né?

— Não, não estou. Você e a Allana quebraram as regras, e precisam ser punidas, senão daqui a alguns dias todo mundo vai bater em todo mundo e isto aqui vai virar um plong...

— Ok, ok, já entendi... – digo, derrotada.

********

Allana reagiu muito pior. Está berrando e reclamando a plenos pulmões. Não consigo dormir. Queria jogá-la aos Verdugos. Essa noite vai ser terrível.

********

Um mês na Clareira. Quem diria? Hoje chega mais uma novata. Tomara que ela não seja como a Allana.

De repente, soa o alarme.

A garota está por vir.


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