— As recomendações foram bem claras, Lydia – Peter repetiu por mais uma vez – Espero que tenha escutado cada palavra que o Deaton disse.

Concordei acenando com a cabeça.

Depois de passar um pouco mal e Malia me arrastar para a clinica veterinária junto com o seu pai, ouvimos o que já era esperado. Repouso absoluto, o mal-estar era apenas consequência da gravides, mas os sinais eram claros de que em pouco tempo eu estaria com Alisson nos meus braços. Então, se antes já era ruim, agora seria ainda pior. Peter fazia a linha jogo duro e eu tinha certeza absoluta que tanto Alisson, quanto Malia precisariam muito de mim.

— Eu ouvi – sussurrei.

Ainda não estava completamente recuperada, por isso minha voz estava mais fraca do que o normal e minha pele ainda mais branca. Pela primeira vez na vida, não liguei por estar horrível. Haviam coisas mais importantes naquele momento.

— Então trate de cumprir – disse.

— Não fala assim comigo – resmunguei, fechando a cara – Eu só preciso de carinho.

Ele riu.

— Você está mesmo se sentindo mal – brincou, se acomodando ao meu lado na cama, com todo o cuidado do mundo.

Rolei os olhos.

— Peter, você pode se mexer, eu não vou quebrar!

— Eu sei – deu de ombros.

Puxei bastante ar para os meus pulmões.

— Quero que entenda, o meu principal desejo para Alisson é que sua chegada seja especial. E se for de sua vontade que aconteça agora, não podem ficar tensos como estão. Isso não está fazendo bem para nenhum de nós.

— Não estamos tensos, ruiva – defendeu-se.

— Meus amigos estão no andar de baixo! – me sentei na cama, de modo que pudesse vê-lo melhor – Todos eles mataram aula pra ver. Não é necessário, entende? Foi algo comum, toda gravida tem enjoos, estava começando a estranhar que eu não tivesse nada até então. E além do mais, você nem deixa-os me ver!

— As recomendações do Deaton foram claras, Lydia.

— Eu sei que foram, Peter! – falei um pouco mais alto do que devida.

Resolvi que não era o melhor momento para discutir sobre aquilo, até porque, de nada adiantaria. Já havíamos tido a mesma conversa inúmeras vezes e, o que me preocupava era quantas vezes ainda precisaria para que ele entendesse que sua proteção era extremamente exagerada. Fechei os olhos me acomodando melhor em seu abraço. Pelo seu semblante, conseguia ver a pura confusão estampada. Estávamos prestes a discutir, e eu simplesmente dei o ultimo grito e resolvi dormir. Mas para a nossa sanidade mental, ele decidiu não contrariar, abraçando-me ainda mais.

Cai em um sono profundo, mas dessa vez sem sonhos. Apenas o sentimento de ansiedade de conhecer o pequeno grande motivo de tudo na minha vida, com o homem responsável ao meu lado, de uma forma que eu jamais imaginei que estivesse.