POV Hanna Mellark

Quatro meses...quatro longos meses desde que eu e meus irmãos aceitamos a missão, quatro longos meses que nada de interessante acontece, e quatro longos meses desde que o pesadelo da minha vida brotou em Panem High; Madge Undersee.

Essa garota me persegue pra tudo que é lado, e claro, como eu não fui nem um pouco com a cara de sonsa daquela loira de farmácia, ela acabou fazendo amizade com Katniss, Gale, Peeta e o resto do pessoal, ATÉ A DELLY, aquela traidora.

Essa garota não me desse, tem algo muito estranho com ela, eu ainda não sei dizer exatamente o que tem de errado com ela, mas sabe quando alguém é tão perfeito que chega a ser estranho? Pois é, essa é Madge.. Qual é, ninguém além do Peeta é tão perfeito assim.

Ela e Gale andam juntos o tempo inteiro, não que eu me importe ou coisa parecida, porque sejamos honestos, eu não me importo com nada que venha do Gay ou da loira azeda, mas só estou deixando registrado que nem Peeta e Delly são tão grudados assim, e eles são gêmeos.

Bem, sobre a missão...nada aconteceu, essa foi a missão mais fácil que meu pai já nos deu na vida, isso estava tão parado que a dengue estava fazendo a festa. Não tínhamos sinal nenhum de Snow, tudo o que sabemos é que ele ainda está na Rússia, assim como o Sr. Everdeen, que apareceu a uns dois meses atrás e logo voltou para resolver seus “negócios” por lá, Kat ficou bem mal, ela sente a falta do pai, mal sabe ela que tudo o que ele faz é pra mantê-la segura e bem longe daquele velho barrigudo que se autodenomina meu pai.

Com a missão parada, tivemos tempo pra parar um pouco e conhecer melhor Katniss e seus amigos, digamos que Peeta levou o “conhecer melhor” muito a sério, já que ele e Katniss andam de um lado pro outro grudados o tempo inteiro, mas não se iluda, nada acontece entre os dois, sério, chega a ser decepcionante. Tipo, decepcionante mesmo, já que nada acontece por que meu irmão é um lerdo. Kat esta caidinha por ele desde o primeiro dia, inclusive, Johanna, Clove e eu conseguimos uma confissão dela a base de muita tortura e chantagem emocional, mas meu irmão é tapado de mais pra perceber e pior, ele disse que ela é como uma “melhor amiga”. ALERTA DE FRIENDZONE. Eu quase bati nele nesse dia, ele finalmente conhece uma garota que Delly e eu gostamos, e não uma como aquelas biscates de antigamente, e ele coloca a garota na friendzone.

Nessas horas eu fico feliz em saber que eu e Peeta somos apenas irmãos adotivos, pois eu me recuso a acreditar que um tapado desses tenha meu sangue correndo nas veias, não sou obrigada.

Mas sendo uma irmã, adotiva que fique muito claro, maravilhosa, eu, Delly, Finnick, Annie, Cato e Johanna decidimos que vamos juntar esses dois até o final do ano, que é quando a missão termina e Peeta finalmente vai estar livre para ter uma vida própria.

Um relacionamento com uma protegida vai contra tudo o que nosso pai nos ensinou, mas, quem liga mesmo? Eu não!

—Bom dia!—sou obrigada a sair dos meus pensamentos, quando Katniss pula na minha frente sorrindo, acompanhada de Finnick.

—Bom dia KitKat, bom dia sereio.—sorri para os dois. De todos os amigos da Katniss, que agora eram meus também, mesmo que por pouco tempo, eu fiquei mais próxima dela, Johanna, Cato e Finnick, e bem, eu amo dar apelidos as pessoas, Finnick ama praia, então ele é o sereio.

—Bom dia louca.—os dois responderam juntos, fazendo um high five logo em seguida, pois é, o apelido que o Gay me deu no primeiro dia de aula, pegou.

—Alguém viu um dos meus irmãos por ai?—perguntei jogando meus livros meio desarrumados dentro do meu armário.

—Vi Delly e Annie sentadas na frente da escola, mas Peeta eu não faço ideia.—Katniss deu de ombros.

—Vi ele conversando com a Cash e a Fox mais cedo.—e foi tudo o que precisou, para Katniss Everdeen fechar a cara e ficar emburrada.—Você fica uma graça emburrada lindinha.

—Eu não estou emburrada.—Kat respondeu irritada, revirando os olhos.

—Claro que não amiga, essa cara de escorrida ai é charme, né?—ri e Finn logo me acompanhou nas risadas.

—Vocês dois são horríveis.

—E você é uma tonta.—Finnick respondeu e ela o encarou com uma sobrancelha arqueada.—A qual é Kat, você devia contar pra ele que está afim dele. Eu cancelo minha viagem pra florida se ele não for afim de você também.

—Claro que não Finnick, eu sou como uma “melhor amiga”.—Kat fez aspas e imitou a voz de retardado do meu irmão quando ele disse aquilo pra ela.

—Eu acho, que o Finn está certo.—dei de ombros e ela se virou como um furacão, me encarando com olhos de cachorrinho sem dono e olhos brilhando...ah o amor.

—Sério?

—Sim, meu irmão é meio lerdo, só isso, qual é Katniss, pelo que eu sei, você nunca precisou da atitude de uma garoto, e convenhamos que se for depender do Peeta, nunca na sua vida que alguma coisa vai acontecer entre vocês dois, sério.

—Então, eu deveria falar com ele?

—Sim.—Finnick e eu respondemos juntos.

Não precisamos de mais nada, Katniss já estava correndo a procura de Peeta pela escola, Finnick foi procurar por Annie por ai, esses ai são dois que daqui a pouco estão juntos também. E eu fiquei aqui, procurando meu livro de química no armário.

Assim que o encontro bem no fundo, o pego, percebo que tem algo azul entre algumas páginas e puxo, é um envelope azul claro, com um enorme “Hanna”, escrito com letra cursiva, eu já vi aquela letra antes, eu tenho certeza disso, eu apenas não me lembro aonde.

Abri o envelope, puxando um pedaço de papel do mesmo tom de azul, com algo escrito com a mesma letra cursiva, meu sangue gelou, comecei a respirar mais pesadamente, eu encarava aquela bilhete e ainda tentava assimilar tudo o que eu li, estava muito calmo para ser real.

Havia uma foto, era eu e Katniss a dois dias atrás, estávamos na frente da escola, ela estava sorrindo e eu estava com a blusa suja de sorvete, culpa do Gale. E no bilhete:

“Eu devia saber que Charles mandaria você e aqueles espiões fajutos tomarem conta da garota. Adivinhe quem está de volta? Você tem algo que eu quero docinho e eu quero a garota, você sabe o certo a se fazer, certo?

Com amor, papai.”

Snow. Ele estava em Chicago, ele estava aqui, e ele queria Katniss, mas deixe-me ver se ele foi claro no bilhete? Ele acha que eu sou burra ao ponto de entregar a garota? Deus! Bem, eu queria emoção, não queria? Aqui está a emoção, as coisas vão ficar feias, e eu tenho que avisar meus irmãos.

A única coisa estranha é, aquela letra não era nem de longe a do velho gordo, a letra dele chora de tão horrível, é quase ilegível, mas ainda sim, eu conheço aquela letra, eu tenho certeza que já a vi em algum lugar.

Dou de ombros e guardo o bilhete dentro da minha bolsa, agarro meu livro e saio correndo pra aula da química, eu contaria sobre o bilhete aos meus irmãos mais tarde, já que tirar o Peeta e a Delly da aula agora chamaria muita atenção.

Entrei e para a minha alegria(sintam a ironia aqui), o único lugar vago era ao lado da loira de farmácia, esse dia começou tão lindo e decaiu em níveis catastróficos, Deus dai-me paciência.

Madge sorriu ao me ver, e eu, claro, lancei o sorriso mais falso (e mais lindo) do mundo pra ela, que acho que acreditou que eu realmente estava feliz em vê-la, vamos deixar a garota viver com essa ilusão.

Sentei-me ao seu lado e a aula pareceu levar uma eternidade, Gale não apareceu hoje, o que me fez considerar o porque, não se enganem, eu não estou preocupada com ele nem nada, com o fato de que o desgraçado do Snow pode ter feito algo pra me convencer a entregar Katniss, que ele esteja machucado, gravemente ferido ou até morto, CALA A BOCA CONCIÊNCIA, pare de pensar besteiras Hanna. Não estou preocupada mesmo, é só curiosidade.

Assim que a aula acabou, juntei minhas coisas apressada, tinha muito o que conversar com os outros dois Mellarks, me levantei rapidamente, obviamente com a minha sorte, eu esbarrei em alguém, Madge, fazendo os cadernos da mesma caírem.

—Desculpa.—qual é gente, eu não gosto da garota, mas eu tenho educação.

—Tudo bem.—ela sorriu se abaixando para juntar suas coisas.

Eu fiz menção de sair, mas voltei logo em seguida para ajuda-la, vai ver Peeta está certo, eu estou sendo implicante, a garota nunca me fez nada e ela é sempre tão legal, mesmo quando eu a encho de patadas e piadinhas e...VADIA.

Quando peguei seu caderno, a realidade me atingiu como um tapa na cara, a letra cursiva do bilhete era idêntica a letra no caderno dessa loira de farmácia, tipo, igualzinha, sem tirar e nem por nada. EU SABIA QUE ESSA LOIRA NÃO PRESTAVA.

Mantive a calme e o sorriso no rosto e, fechei o caderno e entreguei a Madge.

—Desculpa mesmo Mad.—usei os talentos de atriz que Deus me deu, e a minha facilidade enorme de mentir na mesma intensidade que eu respiro, e sorri pra ela.

Madge me olhou estranho, abrindo um enorme sorriso logo em seguida (cof, cof, FALSA, cof, cof)

Sai correndo da sala de aula, eu precisava contar aquilo pra um dos meus irmãos, e não os achei em lugar nenhum, esbarrei com Marvel e ele me disse que Delly havia ido pra casa de Katniss e que ele não havia visto Peeta em lugar nenhum depois das aulas, merda, vai ter que ser Delly mesmo.

Corri até meu carro, jogando minha bolsa dentro e acelerando até a casa de Katniss. Passei o caminho todo tentando ligar e nada de Peeta ou Delly atenderem a merda do telefone, sério, pra que telefone se você não atende?

Assim que cheguei na frente da casa dos Everdeen, entrei sem bater mesmo, os pais dela nunca estão em casa e Katniss já se acostumou com isso mesmo, corri pro andar de cima, desacelerando quando cheguei na porta do quarto de Kat, que estava aberta, revelando uma Katniss aos prantos em cima da cama, enquanto Delly tentava acalma-la e as outras a enchiam de perguntas, ótimo, ser uma boa amiga, ou ser uma boa espiã? Eis a questão.

—Kat, fica calma, respira pelo amor de Deus.—foi Clove, que estava sentada ao pé da cama com Johanna que disse, olhando preocupada para Katniss.

—Eu nunca vi você chorar desmiolada, o que aconteceu?—Johanna perguntou com o mesmo olhar preocupado que as outras tinham.

—E-eu...—Katniss tentou falar alguma coisa, mas seu chora a impedia. Ok, ser uma boa amiga ganhou.

—Ok, agora eu fiquei preocupada.—as meninas se viraram, me notaram ali apenas agora. Me aproximei devagar, sentando ao lado dela e a encarando.—O que aconteceu?

—Eu sou uma idiota, Han.

—Disso a gente sabe, mas porque é um problema agora?—Glimmer perguntou claramente confusa, o que resultou em vários olhares de fúria lançados sobre ela, assim como a almofada que Annie atirou em sua cara.—Que foi gente?—ela continuava confusa, o que fez Kat dar um risinho de lado.

—Para de chorar, eu odeio te ver assim.—Annie falou apertando a mão de Katniss.

—Limpa essa cara, respira fundo e conta pra gente quem a gente precisa matar pra resolver isso.—obviamente essa frase saiu de Johanna.

Katniss deu uma risadinha, antes de respirar fundo e começar a falar.

—Vocês estavam certas, eu gosto do Peeta, eu não sei quando, nem como isso aconteceu, mas eu gosto dele, e hoje eu ia contar isso pra ele, mas parece que ele já arrumou uma namorada.

Delly e eu pulamos pra fora da cama ao mesmo tempo, nos encaramos por alguns segundos, nós duas com olhares incrédulos.—ELE O QUE?

—Quando eu fui procurar ele, o achei dentro de uma das salas no maior amasso com a FoxFace, ele nem me notou lá.—Katniss deu uma fungada.

Eu estava oficialmente revoltada, o dia não podia ser pior, tenho certeza de que Madge trabalha para o Snow, mas como esse drama do meu irmão com a Katniss eles só vão me ouvir amanhã, Snow está em Chicago, mas só podemos fazer algo caso ele ataque, e meu irmão é oficialmente o cara mais tapado que eu já conheci na vida, e hoje, só tem um desses problemas que eu posso resolver, e eu vou.

De: Irmão Cupcake

“Acabei de chegar em casa, eu fiquei sem bateria e vi que me ligou agora, o que aconteceu?”

—Aonde você vai Hanna?—Clove me olhou curiosa assim que me direcionei a porta.

—Castrar meu irmão.—respondi e elas, menos Delly, me olharam com olhos arregalados.—Relaxem, e só vou xingar um pouquinho, talvez eu jogue meu salto na cabeça dele pra ver se o cérebro volta pro lugar.

(. . .)

Entrei quase derrubando a porta, não que eu me importe, eu estava com raiva, eu estava com muita raiva, é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, já sinto saudades de quando tudo estava parado e calmo até de mais.

Assim que fecho a porta, vejo meu irmão apagado no sofá, ah essa carinha de sonso...Peguei uma almofada e joguei em sua cara, fazendo-o acordar no susto e me encarar um tanto confuso.

—Você é idiota mesmo ou seu cérebro parou de funcionar?—o encarei, cruzando os braços a cima do meu peito e batendo o salto do meu sapato esquerdo no chão, fazendo estalinhos repetidos.

—Do que você está falando?—ele me olhou ainda sonolento, e muito mais confuso do que antes.

Peguei outra almofada e comecei a bater nele com ela.

—FoxFace? Sério? FoxFace? Garoto eu vou te bater tanto, que quando a gente acabar aqui, você não vai nem lembrar como se chama.—continuei o acertando com a almofada e ele apenas murmurava uns “Ai”.

—Uou, que violência, mas pra que isso? Foi só um beijo e em minha defesa, aquela maluca me pegou de surpresa, eu a empurrei logo em seguida...Mas como você soube do beijo?

—Eu trabalho pra CIA gênio, eu sei te tudo. Mas excepcionalmente dessa vez meu querido irmão, você teve telespectadores, ninguém menos que sua querida Katniss.

—Ela viu aquilo? Me diz que ela viu até a parte que eu empurrei aquela louca de cima de mim. Mas porque isso importa, de qualquer maneira.

—PORQUE ELA GOSTA DE VOCÊ SEU TAPADO.—gritei.

Ele simplesmente parou de se defender contra minhas almofadas, e se sentou no sofá me encarando meio perdido.

—G-gosta de mim?—Peeta me encarou como se a qualquer momento eu fosse começar a rir e gritar “BRINCADEIRINHA TROUXA”. Mas continuei séria e apenas acenei com a cabeça.

—Err, sim, e nesse exato momento, ela está em um quarto chorando igual a uma condenada, e conhecendo Annie e Delly, já devem estar enchendo a coitada de sorvete, então vê se fal algo útil da vida e vai falar com ela, antes que eu resolva cumprir o que eu disse as meninas e te castre garoto.

Ele arregalou os olhos e riu.

—Não precisa mandar duas vezes...Gale está certo, você é louca.—Ele saiu correndo para porta.

—Repita isso, e eu faço você entrar em coma pelos próximos seis anos.—lancei um sorriso falso a ele que sorriu me mandando um beijo.

Revirei os olhos assim que ele fechou a porta e me joguei no sofá com aquela sensação legal de dever cumprido, pelo menos cumprido nessa questão porque eu ainda não faço ideia do que fazer em relação a Madge e Snow, e eu ainda tenho que contar a Delly e Peeta, mas eu conheço meu “pai”, eu sei que ele joga pesado, eu já joguei pesado com ele uma vez, e eu sei que ele vai fazer de tudo pra conseguir o que quer que ele queira, então decido por contar amanhã, vou deixar que Peeta se resolva com Katniss e Delly fique feliz pelos dois, porque algo me diz que hoje foi nosso último dia de paz.

A campainha toda, me fazendo revirar os olhos, Peeta não tem jeito mesmo, ele SEMPRE, esqueça as chaves do carro, é um tonto mesmo. Sorrio a destranco a porta a abrindo, e eu desejei que não tivesse aberto, pois meu sorriso se desfez no mesmo segundo.

—Olá Docinho.—e lá estava ele, com seu usual terno preto, adornado com uma rosa branca no bolso lateral, com um sorriso assustador formado nos lábios.

—Snow.—eu ainda estava pasma, não conseguia ter reação nenhuma ao ver aquele homem parado na minha frente.

—Eu prefiro, papai.—ele sorri.—Não vai me convidar para entrar?