— O que ele está fazendo aqui, Violetta? — Ele perguntou sério e duro e eu franzi as sobrancelhas tentando entender o porquê do quase escândalo dele.

— Alex só veio me trazer na porta do apê, León! Foi só isso! — Respondi indignada — Vai querer comandar até se ele pode ou não me levar em casa?

— Acho que está na hora de eu ir embora, Violetta... — Alex disse no meu ouvido e eu segurei sua mão para que ele não saísse dali. Esse era o momento em que eu contaria toda a verdade a ele, e eu não estava nem aí se León estaria ou não nos ouvindo. 

— Não, fique... Quero falar com você. — Não sussurrei porque queria que León escutasse e se tocasse que a ceninha de ciúmes dele já tinha dado.

— E eu quero entender tudo o que está acontecendo. — Ele respondeu e vi León se aproximar de nós.

— O que está acontecendo? — Ele perguntou sarcástico — O que está acontecendo é que você está saindo com uma mulher grávida de outro! E se você ainda não entendeu, o felizardo da história sou eu.

Eu não acredito que ele fez isso! Por que diabos ele estava fazendo essas coisas comigo? Qual era a desculpa da vez? Alex não servia para mim porque me fazia feliz?

— O... O quê? — Alex perguntou atordoado e eu tentei agarrar seu braço mas ele se desvencilhou — Isso é verdade, Violetta?

— Alex, eu... eu posso explicar! — Foi a única coisa que consegui dizer. Meu corpo estava travado e minhas mãos tremendo e suando.

— Quer saber? Eu não me importo com isso e não quero suas explicações. Passar bem, com licença. — Ele saiu andando e eu tentei alcançá-lo.

— Me ouça, por favor! Isso não é nada do que você está imaginando! — Esforcei para que minha voz não saísse alta demais.

— Tarde demais, Violetta. Passou pela sua cabeça em algum momento me contar sobre isso?

— Claro que sim, milhares de vezes durante nosso encontro! Eu tentei...

— Eu não estou com cabeça para discutir isso agora, deixe-me ir embora. — Ele respondeu seco, entrando no elevador e apertando o botão para a porta fechar.

Eu estava tão perdida, tão cansada das atitudes de León... O que ele ganhava expondo minha vida e ainda fazendo com que o cara que eu estava me encontrando entendesse tudo errado sobre o meu trabalho? Por que ele fez isso comigo?

— Ele não era para você... — Ouvi a voz de León atrás de mim quando entrei no apartamento.

Virei-me imediatamente para encará-lo nos olhos. Sentia meu sangue ferver como fogo passando pelas minhas veias. Minha raiva era tanta que minha cabeça parecia estar prestes a explodir a qualquer piscar dos meus olhos.

Sem perceber já estava indo em direção a ele e o estapeando e socando da forma que me era mais conveniente.

— Seu imbecil, idiota! — Senti lágrimas de raiva escorrerem  pela minha bochecha  —Por que fez aquilo? Sente prazer em arruinar a vida das pessoas à sua volta? É isso?

Só parei de socá-lo quando suas ágeis mãos seguraram meus braços para que eu não me movesse mais. Tentei me esquivar mas não consegui, ele era muito mais forte que eu.

— Me solte! — Gritei mas ele fez pouco caso.

— Estava te ajudando a... — Ele começou a falar mas não deixei que ele terminasse.

— Me ajudando? Me ajudando em quê, Leonard? Nem quando estou feliz você me deixa em paz! — Suas mãos foram se separando dos meus pulsos conforme minhas palavras de ódio saíam quase que cuspidas em sua direção — Se não gostou do cara, era só falar comigo. Eu estava pensando em uma forma de dizer a ele a minha situação! — Sequei algumas lágrimas — Mas como sempre, você tinha que aparecer e transformar tudo em um inferno!

— Inferno? Situação? — Ele me encarou sério e nervoso — Você está grávida, Violetta! Não esconderia isso dele por muito tempo! Eu fiz um favor para você, garota!

— Você estragou minhas chances de finalmente ser feliz com alguém! Isso não é favor! Eu... Eu... — Senti minha cabeça latejar e então sentei no sofá à minha frente, sem conseguir raciocinar direito.

— Violetta, você está bem? — Ele perguntou preocupado. Segurou meu rosto mas usei minhas forças restantes para me desvencilhar de suas mãos.

— Não toque em mim! — Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava mas não me abalei, tentei me recompor e me levantei cuidadosamente do sofá. Virei-me para ele e respirei fundo antes de recomeçar a falar — A partir de hoje, estou aqui apenas como sua empregada. Apenas empregada, entendeu? Cansei de sofrer por sua causa, porque você quer ou porque você achou melhor que tal coisa acontecesse. Estou aqui para gerar o seu filho apenas, então o que acontece na minha vida pessoal cuido eu. Não somos mais amigos, somos muito menos que isso agora e foi você que quem proporcionou que toda essa desavença acontecesse. Estou farta de suas atitudes imaturas e ridículas!

— Você não está dizendo coisa com coisa, Vilu! — Ouvir meu apelido soar tão naturalmente de sua boca me fez sentir náuseas. Cheguei mais perto dele apenas para me fazer entender melhor no que eu viria falar a seguir.

— Para você é Violetta ou Srta. Castillo, está entendido?

Não ouvi respostas. Virei-me para a direção da escadaria e segui o caminho que me levaria ao meu quarto, de onde eu pretendia ficar para o resto da minha vergonhosa vida.


LEONARD VARGAS
Dia seguinte...


— ... Mas por favor, Alex! Não tire conclusões precipitadas. Não dá pra falar sobre isso por telefone, preciso conversar com você pessoalmente e explicar tudo direitinho. Por favor, não ignore minhas ligações! — Estava perto da porta de seu quarto, ouvindo pela milionésima vez Violetta tentar falar com aquele babaca da noite anterior. Não é possível que ela ainda não tenha desistido de ligar para ele!

Eu realmente não consigo entender o quê de tão errado eu fiz ontem à noite. Eu simplesmente disse a verdade para o cara, isso ela teria que fazer de qualquer forma e eu só facilitei e disse tudo logo de uma vez.

Eu não sei mesmo explicar a imensa necessidade que senti de fazer qualquer coisa para que ele sumisse da vida dela. Violetta não merece um cara como ele. Ela merece mais, muito mais! E eu como patrão e amigo (agora ex-amigo) deveria zelar por sua felicidade. Por que ela não consegue entender isso? Por que eu sempre tenho que ser o errado da história? Eu só queria o seu bem...

Ouvi passos vindo em direção à porta e corri para fingir estar indo para a sala de música, logo após seu quarto. A porta rangeu ao abrir mais e então me virei, fingindo não fazer ideia de quem era. Violetta apenas me encarou séria. Suas olheiras eram bem visíveis até de longe e seu olhar estava vazio, melancólico. Senti-me imensamente destruído com isso. Eu tinha causado toda aquela dor nela, eu era o culpado de trazer tanta infelicidade a ela.

Eu me transformei em um monstro!

Fui em direção a ela mas Violetta foi mais rápida e correu para o quarto e trancou a porta. O silêncio se estendeu até eu conseguir ouvir ao fundo seus soluços. Ela estava chorando por uma burrada que eu fiz. Eu sou a pessoa mais imbecil desse mundo!

— Violetta, por favor, abra essa porta! — Pedi entre murros na madeira branca à minha frente — Deixa eu entrar e podemos resolver isso! — Mais um momento de silêncio. Se ela continuava a chorar eu já não conseguia mais escutar.

— Me deixe em paz, pelo menos um momento! Já não basta destruir todas as minhas chances de ter alguém ao meu lado que realmente se importa comigo? — O quê? Eu não sou nada para ela?!

— Eu me importo com você, Violetta! — Respondi sentindo minha veia da testa já pulsar forte — Aquele babaca já deve estar jogando seu charminho para outras dez garotas sem nem pensar em você!

— Ele não é você, Leonard! — Ela gritou com a voz embargada — Me deixe quieta aqui... Faça pelo menos isso por mim.

Suas poucas palavras me calaram e me fizeram pensar em todas as minhas ações relacionadas à ela. Eu sempre estive disposto a tudo por Violetta e ela sabia disso. Mudei meu comportamento diante a compromissos para agradá-la e ela me retribui assim? Fazendo eu me sentir o cara mais idiota do mundo?

Resolvi não discutir mais. Eu estava perdendo a paciência e não queria mágoa-la novamente de jeito nenhum. A raiva que eu sentia era colossal mas não deixei me abalar por aquilo, não podia fazer ela sofrer com coisas que eu estava sentindo. O estresse que ela estava tendo por minha causa poderia fazer mal ao bebê e pensar naquilo me dava vontade de esmurrar algo. Eu não teria vergonha de chorar, só não queria que ela se preocupasse mais com o desnecessário.

Eu realmente precisava de um momento sozinho, então tranquei-me no meu escritório e tratei de colocar todo o o trabalho acumulado em dia.

Depois de mais ou menos três horas, Dona Olga bateu à porta para avisar-me que a janta estava na mesa. Como já havia terminado meus afazeres da empresa e estava apenas lendo um livro, tratei de me levantar e ir logo para a sala de jantar. A fome já esmagava meu estômago.

Chegando lá, me deparei com Violetta sentada em uma das cadeiras do centro, já jantando, quieta e séria. Sentei-me à sua frente esperando que ela pelo menos me encarasse por um segundo, mas ela nem sequer mexeu a cabeça. Continuou a encarar seu prato de comida, mórbida.

— Não faça isso comigo, Violetta! — Comecei a falar com ela, mas Vilu fingia não me escutar — Eu...

— Eu estou indo embora amanhã de manhã, Leonard.