Do outro lado da linha escrita por LcsMestre


Capítulo 73
Atendimento #073: Radiação


Notas iniciais do capítulo

Quem nunca comprou um produto e se deparou com uma indicação "livre de radiação"?
Aproveite e ria um pouco deste atendimento.
PS: Atendimentos adicionados todos os dias as 14:00(ou no caso 14:05 sei lá..)



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Atendimento #073: Radiação

Quem trabalha com produtos perigosos tem a tendência a receber mais e a se aposentar mais cedo. O atendentes deveriam ser tratados desse jeito, podem não trabalhar em grandes alturas, perto do fogo, ou sujeitos a doenças, mas têm de lidar com feras selvagens que salivam com vontade de devorá-los a todo instante.

Ligar para um cliente é como entrar em uma jaula de leões com um bife amarrado no pescoço, ou seja, é pedir para se lascar. Mas como esse é o trabalho deles,e é para isso que são pagos, os atendentes tem apenas de sorrir para os leões e rezar para que eles não mordam suas carótidas.

— Poderia falar com o senhor Felizardo? — Irritado, o atendente ajustava as mangas.

— Só um momento por gentileza eu vou transferir a ligação para ele, você falou com a secretária dele, Ziziane.

— Que nome é esse cara...

Ezequiel tinha sangue em seus olhos, não no sentido literal da palavra, mas estava quase arrancando os globos oculares. A razão para tamanha fúria era o fato que aquele dia era uma sexta feira, o dia anterior fora feriado e metade da equipe tinha ganhado o dia de folga. Ele fora um dos infelizes que ficaram para trás chorando abraçados aos próprios joelhos na grande estrada do descanso. Amanda deveria estar ao seu lado naquele dia chato, mas ela mesmo não ganhando o dia fora ao médico fazer alguns exames.

O cliente entendeu.

— Você fala com o Felizardo, mas felizardo seja você por escutar minha voz. — o cliente falara sorrindo, chegava a ser irritante, mas ao menos ele estava tranquilo.

— Tá, senhor vou ser direto, sei que você têm muito o que fazer, pessoas para roubar. — O atendente vira que  o cliente em questão era um vereador de uma cidadezinha pequena. — Eu estou ligando por que o senhor pediu por auxilio em seu notebook.

— Exatamente meu queridíssimo eu,

— Senhor eu vou pedir por favor, se possível, pare de falar que nem um cantor de dingles, está bem?

O cliente ficara em silêncio.

— Pode continuar de onde você parou infeliz. — Ezequiel deu liberdade para o cliente se pronunciar.

— Bom eu nunca passei por isso, acho até que é um perigo muito grande continuar usando esse computador. Para se ter noção eu tenho de usar um óculo escuro quando estou frente a ele. Só um momento. — Felizardo colocou o telefone no mudo, sim alguns clientes são inteligentes e usam o botão mute de seus celulares! O cliente demorou um minuto e retornou. — Então, quero saber como é que vai ficar esse problema.

— Tá...— Ezequiel registrava tudo no sistema. — Mas por que o senhor fica usando óculos? O brilho está muito forte?

— Não, é radiação mesmo…

Na mente de Ezequiel soou o ruido de um disco arranhado, não fazia sentido o que o senhor Felizardo dizia. imaginou o cliente ficando verde e transformando-se em um homem de três metros. Verificou o modelo do produto.

— Radiação? — indagou ele curioso. — Como o senhor tirou essa conclusão?

— É... ele tá emitindo radiação em mim, não me aguento de calor e tenho que usar um óculos escuro.

— E os tumores vão bem? — O cliente ficara quieto. Ezequiel queria enfiar um quilo de pó de césio 137 goela a baixo do cliente pra ele saber o que era realmente radiação.

— Como assim tumores? Eu não tenho tumor nenhum.

— Pelo que você está me falando descobrimos um notebook inovador aqui. Podemos usar ele para várias funções, vamos fazer o seguinte. — sua maneira de falar tornou-se tosca. — Pega uma abelhinha e põe ela na frente do seu produto. Se depois de meia hora ela não ficar grande o suficiente para o senhor montar nela e sair voando por ai não, é radiação.

— E o que tem haver tumores com isso?

— Senhor use a cabeça, se fosse mesmo radiação o senhor seria o felizardo de receber um caixão de chumbo. — Colocou a chamada no mudo. — Eu quero saber da onde esse jegue tirou que a tela do notebook gera radiação. Voltou a chamada. — Senhor Felizardo faça um exercício para mim. — O cliente esperou. — olhe a sua volta e me diga se têm mais pessoas se abanando.

O cliente acatou de maneira sutil o pedido do atendente.

— Têm sim.

— A...— A conclusão óbvia lhe veio. — O problema não é radiação, é só seu ar condicionado que está quebrado. Mande o pessoal interno verificar está bem? Agora me deixa em paz. — Encerrou a chamada. — Mano, da onde vem esse povo que liga em um dia pós feriado pra falar de radiação?

Outra chamada caiu no headphone de Ezequiel.

— Ezequiel bom dia com quem eu falo?

— Oi eu to com um notebook que ele está esfriando demais…

Nosso herói levou a mão a testa lamentando por mais um cliente maluco.


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Notas finais do capítulo

Eu não sei o que é pior, um produto que queima os olhos com radiação, ou um que congela seus dedos só de tocar nele...
Vou sempre repetir isso:
SOU MOVIDO A COMENTÁRIOS SIM! GOSTO DE SABER SE ESTÃO GOSTANDO OU NÃO U.U
Se você riu com esse amontoado de palavras eu fico feliz, esse era meu objetivo bjs e até amanhã :D



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