Chegamos em casa, eu estava um tanto cansado por tudo o que tinha acontecido na noite passada. Essa foi uma das melhores noites da minha vida. Sophy é claro, estava mais disposta do que nunca.

Mal pisou na sala e já foi correndo a procura de nosso neném. Ele estava com Esme, que cuidava dele com esmero. Ela seria uma boa mãe, pena que não tinha a mesma sorte que Sophy.

Sophy o pegou no colo e o balançou algumas vezes, ele sorriu de felicidade. Caminhei até eles para ver meu filhinho, e ele sorriu para mim também, me fazendo derreter.

Estávamos perto da janela, que estava aberta com uma cortina fina na frente. Um vendo forte passou por ali, movimentando a cortina e deixando o sol entrar.

O sol chegou primeiro em Sophy, como já era de costume, ela brilhou intensamente. Por mais que eu já tinha visto ela assim, não me cansava de observar.

A surpresa que tivemos foi quando o sol atingiu nosso Ian.

A princípio meus olhos não se ajustaram, mas quando consegui ver, foi a coisa mais linda que já vi na vida. Tão lindo quanto o brilho de Sophy, mas mais intenso.

O brilho formava um prateado, junto com uma cor que eu não sabia o nome, mas que de sua pele ela vinha. Um turbilhão de cores passava ali, mas esta destacava. Era um tom que não víamos no arco-íris.

- Nós vampiros vemos essa cor o tempo todo. – Sophy murmurou baixinho. – Essa é a oitava cor.

- Surpreendente.

- Mais do que surpreendente é vê-la com tanta intensidade na pele do nosso filho. – Ela sorriu. – Parece que tem gente que não pode sair no sol.

- Melhor não. – Murmurei. – Hey, isso é um bom sinal garoto, nada de escola.

Dei umas risadinhas, mas Sophy não gostou. Independente disso, ainda tínhamos muito tempo para decidir essas coisas, muitos anos, mais do que imaginávamos.

- Parece que Ian é mais vampiro do que lobo. – Sophy murmurou um pouco chateada.

- Um lindo vampirinho. – Assenti.

Passaram dois meses de seu nascimento, muito rápido, nem tínhamos notado a velocidade que o relógio se movimentou. Um bebê normal já estaria grande, Ian não, ele tinha praticamente o mesmo tamanho.

Estávamos preocupados dele ser uma criança imortal, ele não crescia. Carlisle, o pai dos burros como eu, achava que para ele era normal, afinal, demorou 12 meses para ele nascer.

Outro problema que ocorreu durante esse período, foi que estavam precisando de Carlisle no hospital, fazia tempo que ele não trabalhava. Os outros já tinham voltado para não levantar suspeitas.

Sabíamos que Carlisle queria ir, mas ele não se dobrava e admitia, queria continuar e ver a “nova espécie”.

Hoje estávamos no nosso sofá, como sempre, Sophy com Ian no colo, e eu com o controle na mão, procurando algum programa.

Sophy me cutucou algumas vezes com o braço. Olhei para ver o que ela queria, parecia estar surpresa com algo.

- Ian...

- O que foi? – Perguntei assustado.

- Ian! Ele está quente!

- Como assim quente amor?

- Quente como você, quente como fogo!

Ele começou a tremer no colo se Sophy, eu arregalei meus olhos com medo do que estava por vir.

- O que está acontecendo com ele? – Ela murmurou assustada.

- Não sei... ele parece...

- Parece? – Ela insistiu.

- Parece que está virando lobo!

- O que? – Ela me olhou incrédula. – Isso é impossível, ele é muito novo!

- Eu sei mas... Isso aconteceu comigo, da mesma maneira... Provavelmente está se repetindo com ele certo?

- Calma. – Sophy colocou a mão no meu braço. – Está parando agora... Ops, será que ele ainda vai virar lobo?

Lembrei do que aconteceu comigo no passado. Quando eu fiquei quente assim, depois comecei a tremer, logo eu explodi em lobo, não tinha tempo nem de fugir.

- Não, se ele fosse virar, explodiria nesse momento.

- O que será que ele tem?

- Nem imagino. – Eu sabia que lobo não era. – Vamos esperar Carlisle chegar e nos ajudar.

- Ok. – Sophy assentiu, com a expressão preocupada.

O que será que Ian tinha para ter acontecido esses sintomas de lobo? Ficar quente dessa maneira não era normal, ainda mais por que ele era como um humano.

Não demorou muito para que Carlisle e Esme chegassem, mas para nós aquele tempo foi como a eternidade. Estávamos ansiosos demais, queríamos saber o que ele tinha.

Quando ambos entraram na sala, olharam para Ian de uma forma diferente, a expressão assustada. Olhamos para eles ainda mais assustados, o que eles estavam vendo de diferente?

- O que aconteceu com Ian? – Carlisle perguntou.

Olhamos para Ian desconfiados, ele não tinha nada de diferente visualmente e não tinha como Carlisle saber sobre sua temperatura... ainda não tínhamos contado nada e ele não podia ler mentes.

- Ele... Ele... – Esme se esforçava para falar. – Ele... Cresceu!

Não compreendi o que ela estava dizendo. Estávamos com Ian até esse momento, não tinha como ele crescer sem percebemos tinha?

Sophy também pareceu não entender. Ela me olhou abismada, mudando seu olhar para Ian várias vezes.

- Como assim cresceu? – Eu e Sophy perguntamos juntos.

- Sim, ele cresceu, está bem maior! Parece uma criança de 6 meses. – Carlisle explicou, tudo estava se esclarecendo.

- Vocês não notaram a diferença? – Perguntou Esme.

- Não, para mim ele não cresceu. – Respondi, ainda fitando-o.

- Para mim também não. – Sophy respondeu pensativa. – A não ser que não percebemos por estar com ele.

Tudo começou a se encaixar, era exatamente por isso que não notamos. Como estávamos com ele, não tinha como medir seu tamanho, estávamos acostumados.

- Agora eu entendo. – Murmurei montando o quebra cabeça na minha mente. – Foi como eu, cresci muito e rápido, depois teve a tremedeira seguida pela explosão que ainda não ocorreu...

- Que tremedeira? – Carlisle perguntou intrigado.

- Hoje ele tremeu muito em meu colo, estava na temperatura do Seth, achamos até que ele iria virar lobo! – Sophy respondeu sorrindo essa ultima parte.

- Hey, parece que Ian não é uma criança imortal. – Carlisle respondeu extasiado.

- Isso é ótimo. – Murmurou Esme.

- É sim, acho que vou adiar meus planos de voltar. – Carlisle se dirigia a Esme.

Não gostei muito disso, ele não precisava ficar mais. Estávamos habitados com nosso filho, não poderíamos alugar ele para sempre...

- Não Carlisle, isso não é justo. – Murmurei e Sophy assentiu. – Agora que sabemos o que vai acontecer com ele, não precisamos mais de sua ajuda.

- Tem razão Seth! – Sophy me apoiou. – E você largou sua família para ficar com agente! Pode ir em paz...

- Não. – Carlisle balançou as mãos como se tivesse afastando a discussão. – Eu fico para ajudar vocês.

Eu sabia bem por que Carlisle insistia tanto em ficar. Lembrava claramente que ele ficou eternamente grato quando eu e a alcatéia o ajudou, em todas as vezes. Mas isso já passou, ele fez muito para nós depois disso.

- Vá. – Murmurei sério. – Sua dívida comigo já foi paga faz tempo! Eu sei que é isso que te prende.

Carlisle não se deixou levar tão fácil, mas depois de muita insistência ele acabou cedendo. Sabia que ele não estava inteiramente feliz aqui, com sua família dividida.

Nós também não estávamos, queríamos ser uma família, nós três. Eu, Sophy e Ian...