Hero Highschool escrita por Cahxx


Capítulo 6
Capítulo 6




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Stella começou a pegar o jeito logo no segundo dia, já fazia tudo automático. Molly era um poço de alegria por precisar apenas ficar sentada e ainda tinha companhia para conversar. Stella só se ausentava da lanchonete durante as aulas e o almoço, quando dizia ser “sua pequena folga”.

Quem parecia mais automático do que a garota era Brandon, que começou a ir todos os dias comer lá. Sempre pedia a mesma coisa e às vezes se quer comia, o que fazia Stella achar que tinha preparado errado.

— É claro que ele não come, Stella. Ele não tá lá pra comer! – Raquel explicou impaciente.

— Como assim?

— Deixa de ser ingênua! Ele só ta indo pra te ver!

— Que?! C-claro que não!

— Ah, tem outra explicação?

Ela bem que tentou, mas não conseguiu. Sem querer abriu um sorriso tímido ao pensar que isso poderia ser verdade.

— Gente, será que Will, Matt e Theo morreram? – Harley perguntou desconfiada.

— Ainda bem que você só diz da boca pra fora, porque se todo mundo morresse quando você diz, o planeta estaria deserto! – a castanha ironizou.

— Mas isso é verdade – Stella pareceu preocupada – Eles não apareceram nem no café, nem na primeira aula e muito menos agora. O que pode ter acontecido?

— Eu não sei, mas vou até o quarto deles descobrir! – decidiu-se Harley.

— O que?! – todas perguntaram espantadas.

— Se alguém te pega lá você pode ser expulsa!

— Eu sei gente, mas vou na hora da segunda aula. Não vai ter ninguém por lá e vou “de quatro”.

— Ainda sim é arriscado, você corre risco de ser EXPULSA Harley! Expulsa! – apavorou-se Stella. A morena levantou-se e deu um tapinha da testa da loirinha.

— Paranoica.

Apreensivas as garotas desejaram sorte a amiga e seguiram para a próxima aula que seria Laboratório de Mecânica, onde aprendiam a criar armas, utensílios elétricos e qualquer tipo de aparelho útil a alguém sem poderes. Harley logo mudou sua forma para a do gigante lobo e saiu farejando o caminho.

Raquel, Keira e Stella foram as primeiras a chegar na sala, onde o professor Hilário já esperava sentado em sua mesa:

— Atrasadas – ele disse assim que entraram. Raquel revirou os olhos; já estavam acostumadas com o professor que chegava duas horas antes do início da aula e passava o horário inteiro tentando arrumar algo para brigar com os alunos. Hilário tinha uma inteligência absurda, percebida por sua cabeça que era muito mais alongada do que o normal.

A sala era repleta de mesas compridas para dois alunos e diversos aparelhos esquisitos espalhados pelo lugar. Essa era mais uma das poucas aulas em que os alunos mudavam de sala.

— Bem, hoje iremos aprender a criar um raio detector de mentiras. Apesar de parecer algo extremamente avançado, acreditem, não é tão difícil detectar uma mentira em uma pessoa, até mesmo sem um raio desse tipo.

— Professor – Stella ergueu a mão – Achei que Raios da Mentira só fossem trabalhados no terceiro ano.

— Ah, sim. Claro. Mas este nosso aqui será o princípio de um detector. Apenas para pequenas mentiras. E vocês irão perceber, ao longo do ano, que da mesma forma que construirmos este raio, construiremos qualquer outro tipo de detector, porque todos possuem a mesma estrutura básica. Abram seus livros na página 182 e comecem o trabalho.

Stella fizera par com Lollita e enquanto a morena lia as instruções com cuidado, a loirinha ia tentando identificar as peças e separá-las a um canto. Raquel virava pra lá e pra cá as páginas do livro e apoiava a cabeça na mão, de forma entediada.

— Isso tá escrito em grego... – ela reclamou e Keira se quer importou; a garota das asas brilhantes preferiu ajeitar suas unhas que tinham se entortado ao tentar pegar um dos aparelhos.

Uma dupla de garotos acabou queimando um fusível e fumaça se espalhou pela sala, arrancando risos de todos e raiva do professor cabeçudo:

— Ah, ainda bem que minha aposentadoria está perto – gemeu Hilário.

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Harley continuava farejando o caminho e ignorando os protestos de susto dos alunos que lhe avistavam. Muitos garotos eram empurrados por seu corpo grande e muitas garotas tinham suas saias levantadas por causa do rabo balançante da menina-lobo.

O cheiro característico de seus amigos foi se aproximando. Harley não gostava muito disso, mas sabia decorado o cheiro de cada um de seus amigos e Will cheirava a salgadinho, Matt a roupa que nunca vê o sol e Theo a chiclete cor de rosa.

Finalmente chegou à porta do 415. Olhou ao redor para ver se ninguém via e entrou. Assim que fechou a porta com seu rabo, ela voltou a sua forma humana totalmente desacreditada:

— Mas que porra é essa...

Os garotos estavam caídos no chão, sujos de comida e com doces até no cabelo. Uma bagunça total indicava que um tornado passara ali. Irritada, a garota puxou o cobertor de um deles e gritou a plenos pulmões:

— ACORDA SEUS IMBECIS!

O menino que estava na sua frente pulou quase até o teto e Harley começou a rir. Mas seu riso logo cessou de forma sem graça quando ela percebeu que não era nenhum de seus amigos:

— Que cê ta fazendo aqui, Harley?! – Will perguntou com cara de sono.

A menina não conseguia responder de vergonha; encarava o garoto na sua frente que ao passar o susto, ficou esfregando os olhos com preguiça:

— Quem é essa maluca? – Leigh perguntou confuso.

— É nossa amiga. E é maluca mesmo!

— Hei, eu conheço você – e ele sorriu como sempre – Você é a bonitinha do corredor.

Harley sentiu seu rosto esquentar e num ato de desespero pegou um travesseiro no chão e bateu com tudo na cabeça do rapaz:

— Ei, não fale assim comigo!!!

— Ai!! Caramba! Foi mal...

— Enfim – Will juntou as pontas dos dedos como se fosse discursar – O que cê ta fazendo aqui?!

— Ah, bem... Vocês sumiram o dia inteiro aí eu tive que vir conferir se não tinham morrido.

— Tá, agora que viu que estamos vivos – Matt foi acordando – É melhor dar no pé antes que alguém te veja aqui.

— Hunf, tá, tá.

Harley foi dando meia volta, mas Leigh a chamou:

— Ei, espera! Turminha, ela não pode sair assim. É perigoso demais.

— Ela chegou aqui! Por sair do mesmo jeito!

— Não – e o rapaz levantou da cama dando a perceber que tinha uns três metros a mais que a menina – eu te levo.

— Como assim? – ela perguntou nervosa.

— Esqueceu que atravesso coisas? Posso te levar tranquilo até lá sem problemas. Pode ser?

— Tá...

— Vem – e ficaram de frente pra parede do quarto – Segura minha mão.

— Heim?!

— Segura minha mão – ele riu – Se não, não tem como você passar comigo.

— Ah... Tá.

Harley a segurou nervosa; sua mão começava a suar.

— Vou avisar que pode ser um pouco estranho e que você pode se sentir enjoada com isso. Acontece com todos na primeira vez. Pronta?

E ela fez que sim. O garoto deu um passo pra frente e sem se quer notar, já estavam do outro lado. Leigh olhou para os lados e começaram a correr por entre as paredes da escola: atravessaram quartos, salas de aula vazia, uma das secretarias, um banheiro que por sorte estava vazio e quando o rapaz parou de correr, Harley viu que estavam no corredor dos armários.

— Nossa... – ela exclamou tonta – Isso foi esquisito.

— É, eu sei – ele riu.

— Mas valeu. Melhor eu ir indo nessa – e ela saiu andando meio desnorteada como uma barata tonta. Num de seus passos ela perdeu o equilíbrio e caiu. Leigh correu até ela e riu.

— Melhor você tomar alguma coisa.

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— Meus parabéns garotas – Hilário comentou inspecionando o raio de Stella e Lollita – Está eficaz. Claro, não está perfeito. Mas é o que temos pra hoje.

As meninas sentiram-se tristes, pois esperavam um elogio melhor. No entanto sabiam que não podiam esperar mais daquele professor tão exigente:

— Pena que não posso dizer o mesmo de outras meninas – ele disse olhando sério para Raquel e Keira, sendo que a castanha lhe mostrou a língua quando ele deu as costas.

— Gente, estou apavorada por causa da Harley! – Stella comentou – Ela tá demorando demais!

— Consegue procurar ela com seus poderes? – Raquel perguntou a loira.

— Não... Na última vez que tentei fazer isso meu nariz sangrou.

— Vamos procura-la.

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— E agora? – Leigh perguntou ansioso.

— Estou bem melhor – ela respondeu arregalando os olhos para a bebida deliciosa que tomava. Estavam num dos quiosques da piscina e como o dia estava escurecendo, começava a esfriar no lugar.

— Eu sou especialista em recuperar os sentidos. Já tive que me virar com isso muitas vezes – ele riu.

— Tipo na prisão? – Harley perguntou com cuidado e curiosidade. Leigh parou de sorrir instantaneamente.

— O que está dizendo?

— Foi mal... Mas é que eu vi você sendo solto naquele dia...

O garoto levantou do banco onde estava e deu as costas pra menina, começando a parecer aborrecido:

— Mas isso não me importa, se é o que está pensando... – ela tratou de dizer, para desculpar-se.

Ele virou-se com a expressão totalmente mudada. Estava sério como poucos já o viram alguma vez:

— Você está bem? – ele perguntou friamente.

— Sim, mas...

— Então é isso que importa. Té mais... – e ele saiu andando apressado e mal olhou pra trás.

— Olha ela ali! – Keira exclamou apontando pra garota, que vinha andando cabisbaixa e pensativa. As três correram até ela.

 - Como foi?

— O que aconteceu?

— Foi expulsa?!

Harley balançou a cabeça como se sentisse dor e suspirou antes de começar a contar um longo relato sobre os fatos:

— Você não deveria ter citado aquele dia. Com certeza ele ia ficar bravo.

— Bom, eu não pensei nisso. Além disso, fiquei curiosa pra saber...

— De qualquer jeito, o importante é que você descobriu que ele é um cara legal. E que os meninos estão amigos dele. Vai ser bem mais fácil pra você conhece-lo.

— Você fala isso como se eu quisesse conhece-lo! Eu não me importo, Raquel! Não ligo se ele existe ou não! Não ligo pra qualquer um nesta escola!

— Calma... Não tô dizendo nada disso. Só que qualquer um percebe que você está interessada nele...

— Bom, mas não estou! E vocês deveriam parar de pensar que a vida só se resume em achar garotos pra se apaixonar!

— Eu não penso assim! – reclamou Stella ofendida – Não estou procurando encontrar ninguém! Apenas aconteceu comigo!

— Assim como acontece com todo mundo. Menos a Keira, é claro.

— Ei!

— Ah, não quero mais falar disso – Harley irritou-se – Só quero tomar banho e ir jantar.

As demais se entreolharam com expressões significativas e seguiram a morena para o quarto.

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Todas se vestiram com roupas mais quentinhas, pois a noite esfriara sem aviso. O salão principal estava lotado de alunos famintos que por causa do frio não tiveram coragem de caminhar pelo jardim.

— Sorte que ainda temos nossa mesa – Harley comentou assim que se sentaram. Ela comia tortilhas quentinhas enquanto Keira se deliciava com um pudim. Raquel testava novos batons com Brook e Vick, que haviam trazido da França em sua última viagem. Stella preferira uma sopa ultra quente para aquecer seu corpo, mas parara a colher a meio caminho da boca quando ouvira Lollita suspirar ao seu lado.

— O que foi Lollita? – ela perguntou preocupada.

— Ah, nada não...

— Que isso. Pode me falar!

— Ah... É que... Ah, Stella. O Jimmy. Gosto dele desde que tínhamos onze anos! No começo eu não ligava pro fato dele não me dar bola porque éramos crianças e nessa época é normal que os meninos se interessem mais por brincadeiras. Mas agora... Tipo... A gente se conhece há oito anos e ele se quer sabe que eu existo! Poxa...

 - Não creio que seja verdade. Vai ver ele é um garoto tímido demais pra falar com você.

— Ou vai ver o tipo dele é outro – e ela apontou com a cabeça em uma direção. Stella avistou Jimmy e outros garotos babando por uma menina de saia curta que passava na frente deles.

— Garotos idiotas! São todos assim!

— Não, não somos – disse um rapaz que acabava de se sentar na mesa das garotas. Era Leigh, que parecia estar fazendo algo normal. Todas imediatamente pararam o que faziam e o encararam como se ele fosse uma espécie diferente e rara.

— Quem é você? – Raquel perguntou surpresa pela intromissão.

— Ah, o Will e o Theo me disseram que era pra sentar aqui. Desculpa, não sabia que a mesa era de vocês.

— Não – Stella tratou de dizer – É só que a gente não esperava que outras pessoas se sentassem aqui. Mas pode ficar.

Harley a fuzilou com o olhar e a loirinha deu de ombros, sem saber o que fazer. Logo os rapazes sentaram-se sem ligar:

— Cara, deixa de ser burro! É claro que Fúria de Braços é mil vezes melhor do que Saltando em Fúria!

— Ah, tem que ser muito idiota pra achar que esse jogo é melhor do que o primeiro jogo!

— Tô dizendo que é!

E os três se sentaram na mesa ainda comentando sobre os consoles. As meninas olhavam para eles esperando qualquer explicação, até que Will percebeu:

— Hum... Tem alguma coisa estranha nessa mesa... Um clima estranho...

— Será que é pelo fato de ter um ESTRANHO sentado nela? – Harley questionou irônica.

— Estranho? – ele perguntou confuso – Ah! Tá falando do Leigh? Nam! Ele não é estranho não. É nosso amigo.

— E colega de quarto – completou Theo como se aquilo significasse “status”.

— É, eu percebi – Harley continuou ironizando – Mas só porque ele peida do lado de vocês não quer dizer que possa ficar na nossa mesa!

— E muito menos fazer isso! – completou Raquel, desesperada.

— Olha gente – Leigh intrometeu-se e foi se levantando da mesa – Eu não costumo ser bem-vindo em muitos lugares. E já me acostumei com isso. Então, não se preocupem: estou saindo agora mesmo.

— Ninguém tá preocupado com você! – Harley comentou sem pensar. Estava sentindo-se nervosa com a presença do rapaz e isso a fazia perder o raciocínio. Acabou por trata-lo mal como se estivesse se esforçando para mostrar que não se importava com ele.

— Poxa Harley! – comentou Will aborrecido – Não precisava ser tão dura com o cara! Ele não fez nada de errado... – e foi saindo também, seguido por Theo.

— Ah, me deixa em paz, Will! E vocês também! – e ela olhou furiosa para as meninas que apenas abaixaram a cabeça. Estava arrependida do que fizera, mas em nenhum planeta seria capaz de admitir isso.

O resto do jantar seguiu de forma silenciosa. Harley comia de cabeça baixada e se quer respirava. Keira saiu com Raquel até a mesa de Vick e Brook para conferir os cosméticos. Stella apenas tomava sua sopa mudamente, com medo de ser assassinada.

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