Mesmo se não der certo escrita por prr


Capítulo 27
27 – Os amigos




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Denis foi na casa de Victor e Vitória nas duas tardes que se seguiram. Contudo, não passou tanto tempo por lá. Ele estado um pouco irritado com o que Vitória falou, ao mesmo tempo que considerava que ela estava certa. Denis ficou feliz que o irmão e os outros chegaram na manhã do terceiro dia. O clima entre ele e Vitória não estava dos melhores, e seria bom pensar em outras coisas que não nele.

— E então, você veio pra ficar Sabrina? – Denis perguntou ansioso ao ver que o carro do tio de consideração chegara.

— Sim. – Sabrina abriu um largo sorriso.

— E ai maninho?! Sentiu saudades? – Leonardo também estava com um largo sorriso no rosto.

— Não precisa mais chorar, estamos de volta Denis. – Pedro desceu do carro com o cabelo todo bagunçado e o rosto marcado de um lado. A cara de quem acabou de acordar de um cochilo dentro do carro.

Tava bem legal sem vocês aqui. Uma paz que vocês nem imaginam. – Denis brincou.

— Bom, se preferir, podemos voltar. – Leonardo pegou uma mochila dentro do carro e seguiu atrás do pai de Sabrina e Pedro, que carregava uma mala. Sabrina também pegou alguma coisa e entrou. A mãe de Pedro já tinha entrado e estava organizando um lugar provisório para deixar as coisas.

— Denis, viajar com esse povo é muito chato. Próxima vez, levo você nem que seja no porta malas. Aliás, posso colocar o Léo ou meu pai lá. – Pedro reclamava do lado do carro, sem demonstrar vontade de ajudar os outros a descarregar as malas. – É sério cara, viagem sem diversão nenhuma. Nem música podia ouvir direito.

— Sei bem como é. E imagino que o Léo ficou ainda pior, porque agora seu pai é o sogro dele. – Os garotos riram, até Leonardo aparecer e dar uma bronca neles para ajudarem a levar o resto das coisas.

Quando terminaram de tirar as coisas de dentro do carro, foram para a casa de Denis e Léo almoçar. A mãe deles tinha preparado uma refeição especial, com direito a duas sobremesas. Depois de se empanturrarem de comida, deitaram no sofá e ligaram a televisão. Os pais foram trabalhar e a mãe de Denis que não trabalhava mais para cuidar do filho, foi ao supermercado.

Como estavam cansados da viagem, todos acabaram cochilando, com exceção de Denis. Ele não estava cansado e tão pouco prestando atenção ao que passava na televisão, ainda mais porque ele não conseguia distinguir muita coisa. Ficou apenas lá, meio sentado, meio deitado, observando os outros três. O irmão que desde sempre cuidava dele, dava broncas e sermões, fazia raiva muitas vezes, mas era com quem viveu os melhores momentos e sempre podia contar. O melhor amigo com quem aprontou todas e mais um pouco. E por fim, a garota que encontraram no meio do caminho, e que veio a ser a irmã do melhor amigo e a namorada do irmão. Imaginou como seriam as coisas dali alguns anos. Provavelmente estariam ali, naquele mesmo lugar, com crianças correndo pela casa, e com os mesmos sorrisos e olhares mais cansados. O futuro parecia um lugar melhor do que o agora, mas Denis não teve tempo de se imaginar lá. A campainha de casa tocou. Eram Victor e Vitória.

— Todo mundo levantando que eu preciso sentar. – Victor entrou na sala onde os outros três acabavam de despertar com o barulho.

— Ficou legal o gesso na sua perna. Podia usar sempre. – Pedro falou, ajudando o amigo com as muletas.

— Muito engraçado você. – Victor se jogou no sofá. – Léo, arranja um pincel ai pra vocês assinarem meu gesso.

— Oi! Vocês já devem ter ouvido falar de mim, sou a Sabrina. – A garota se levantou e cumprimentou os que acabavam de chegar com um sorriso. – Você certamente é o Victor, o cara que quebrou a perna antes da viagem. E você, a Vitória, a namo...

— Cadê o pincel, Léo? – Denis interrompeu o que Sabrina falava. Ele sabia muito bem o que ela iria falar, e era melhor não falar.

— E então, você vai morar aqui agora? – Vitória ficou um pouco vermelha e queria logo mudar de assunto.

— Vou. Trouxemos minhas coisas da casa dos meus avós.

— Meu quarto de brinquedos agora vai ser o quarto da Sabrina. – Pedro reclamou. – Mas tudo bem, porque agora tenho alguém em quem botar a culpa quando algo de errado acontecer em casa. Sem contar que quando meus pais cismam em faxinar a casa, tem mais uma pessoa para colaborar.

— Mas você vai ver, o tanto que uma irmã pode ser chata. – Vitória fez uma careta para Victor. – É impressionante a capacidade que as irmãs tem de dar lição de moral, de brigar com você por qualquer coisa, de fazer você passar vergonha.

— E mesmo assim, você não viveria sem mim. – Vitória sorriu. Leonardo finalmente apareceu com o pincel e ele, Pedro e Sabrina, assinaram no gesso.

— Conta aí como foi a viagem. esperando desde a hora que chegaram e até agora não falaram o que os avôs da Sabrina fizeram.

— Brigaram com a Sabrina por ela ter ido viajar e deixado só um bilhete. E xingaram muito meu pai. – Pedro riu. – Nunca vi um povo tão bravo igual os avôs da Sabrina. E os tios dela também. Foi todo mundo pra lá, só pra brigar com meu pai.

— Caramba. E seu pai? – Victor falou com espanto.

— Ele só abaixou a cabeça. Igual quando a gente faz coisa errada e nossos pais vem dar bronca na gente.

— O tio Marcos errou, mesmo sem saber o tamanho do erro que cometeu. E os avôs da Sabrina estavam há dezoito anos com toda a raiva guardada dentro deles. – Leonardo explicou, vendo que se Pedro continuasse contando a história atingiria níveis de emoção e drama que não ocorreram e totalmente sem noção. – Mas depois, ouviram o lado dele e conversaram da melhor forma possível.

— Como minha mãe morreu, e agora eu tenho meu pai, concordaram que eu viesse morar com ele. Não que pudessem me impedir, porque já sou maior de idade. – Sabrina falou. – Mas ainda assim, fico feliz que tudo ficou resolvido.

— Com certeza, é melhor assim. – Vitória falou.

— E você vai voltar lá? – Denis perguntou. – Porque você tinha falado que não gostavam muito de você. E agora que não depende mais deles, não precisa voltar, né.

— É claro que vou voltar. São minha família. E eu sei que não me deram o carinho que eu desejava, mas depois de tudo isso, percebi que não fizeram isso por maldade. Queriam gostar de mim, mas a raiva que sentiam por tudo que aconteceu em decorrência do meu nascimento, os deixou cegos para qualquer outra coisa.

— Eu não sei se conseguiria voltar tão cedo. – Victor falou.

— Eu também não. Tipo, se eu fosse meio que excluído da minha família, na primeira oportunidade de ir embora, eu não voltava mais. – Denis falou, apoiando Victor.

— Concordo com vocês. Eu não conseguiria voltar e fingir morrer de amores pela família que me rejeitou. Mas minha sister é uma pessoa muito boa.

— Eu não vou voltar e fingir morrer de amores por eles. Eu sofri muito a vida toda por me sentir excluída da família. Mas se eu tenho a oportunidade de perdoá-los e dar a eles a oportunidade de se arrepender, então é o certo. E depois, não sei até quando vou ter eles.

— Tem toda razão, Sabrina. Não dá pra gente ficar chorando nossos problemas, sem fazer algo para mudar as coisas. – Vitória falou, olhando fixamente para Denis.

 

Ficaram o restante do dia conversando. Denis evitou conversar com Vitória, mas estava feliz em meio aos amigos. Talvez até mais feliz do que estivera antes da doença.


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