Polaroid escrita por Swimmer


Capítulo 1
The Little Brother


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!
Espero que gostem da fanfic, se sintam livres para perguntar qualquer coisa. Boa leitura.



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Annabeth


Desfazer as malas tinha sido irritante o suficiente, mas é claro que para Atena o quarto da filha deveria estar sempre arrumado. Annabeth chegara com a família na cidade há seis meses atrás, no meio do ano letivo.

Essa era segunda vez na semana em que ela brigava com a mãe por causa das roupas jogadas pelo quarto. As roupas em si não eram o problema mas sim o estresse de ambas, e quando brigavam eram orgulhosas demais para pedir desculpas.

A família Chase tivera uma empresa de segurança muitos anos atrás, quando a mãe de Annabeth ainda estava na faculdade. A empresa falira, mas Atena decidira trazê-la de volta das cinzas um ano antes. Como as coisas não funcionaram como ela esperava, decidiu se mudar e levar os dois filhos com ela para um lugar onde não conheciam ninguém.

Devido às despesas, Annabeth estava se esforçando ainda mais que o normal na escola para conseguir uma bolsa integral na faculdade no ano seguinte. A mãe lhe dissera que não seria necessário mas ela sabia que não era verdade.

Quando o celular começou a tocar ela colocou a pilha de roupas na cama e saltou até o outro lado do quarto para atender.

—Mamãe pediu pra eu te avisar que não vou poder de levar hoje, mas eu esqueci. Não vou poder te levar, Annie.

—Jake? – ela estranhou a voz do irmão. – Onde está?

—Tenho teste pro time em cinco minutos. Ainda está em casa?

—Sim, por quê?

—Está atrasada – Jake riu.

Ela checou a hora no celular e ele estava certo. Ela tentava ser sempre pontual, mas deveria estar no trabalho às seis. E eram seis e dez.

—Droga, Jake. Tchau – ela desligou e jogou o celular na bolsa.

Trocou o pijama pela primeira roupa que encontrou, da pilha que estava arrumando, uma calça jeans cinza e uma camiseta azul-marinho, colocou os tênis, jogou os cadernos e canetas na bolsa e saiu correndo de casa.

A casa dos Jackson não era tão longe, chegava lá de carro em cinco minutos, mas andando, ou correndo como estava, levou pelo menos o dobro. Tocou a campainha e esperou. Para seu azar, quem atendeu foi o ser humano mais detestável que conhecia.

—Olha se não é a Senhorita Perfeição? Atrasada, Chase? – disse Percy. Para melhorar seu dia, ele não tinha um senso de decência, só usava calças jeans, com os pés descalços.

—Onde está Alec? – ela abriu um sorriso irônico e irritado.

Alexander era o irmão mais novo de Percy, a quem deveria ensinar matemática e inglês, mas o garotinho passava mais tempo falando de jogos do que prestando atenção nela. Sally, no entanto, a tratava como se fosse a melhor professora do mundo, mesmo estando no ensino médio.

A única parte ruim da casa era Percy. Desde que se mudara, o garoto desenvolvera uma obsessão por ela. Não se lembrava de um dia em que ele não tivesse dado em cima dela ou algo do tipo.

—Lá em cima. Quer companhia? – ele sorriu e abriu espaço para que ela entrasse.

—Não, obrigada – ela entrou e foi direto para as escadas. Viu Rachel pelo canto do olho, sentada no enorme sofá.

As escadas eram de vidro, tão impecavelmente limpas que chegavam a dar vertigem. Annabeth sempre se perguntava sobre quem limpava aquilo, já sentia compaixão pela pessoa.

A porta de Alec era fácil de achar, era a única com um adesivo do Hotwheels colado. Ela bateu e abriu. Achou o garoto jogado no chão em frente à TV com um controle na mão.

O quarto era decorado em verde e branco, de um lado ficava a cama, do outro a sacada e a mesa de estudos e no centro um tapete enorme com brinquedos que o garoto não usaria nem se brincasse até os vinte anos. Só aquele cômodo era maior que o quarto dela e de Jake juntos. Como uma criança poderia precisar disso tudo?


Percy


—Ei, pirralho! – Percy gritou da porta. Annabeth, que estava na frente dele, pulou de susto. Ela era especialista em ignorá-lo.

—O que você quer? – Alec tirou os olhos da televisão para encará-lo.

—Você deveria tirar esse adesivo da porta, já está muito velho – ele fechou a porta e cruzou os braços.

—Ele tem dez anos, Jackson – Annabeth retrucou.

—Não estava me ignorando? – ele arqueou a sobrancelha, ela bufou e começou a tirar livros da mochila e pôr na mesa. – Preciso de um favor. Te pago uma caixa daquele doce que você gosta se for lá embaixo e disser que está muito mal e que preciso de levar no médico.

O garotinho juntou as mãos e o analisou.

—É muito pouco. Por três caixas eu vomito no sofá – respondeu ele.

Percy abriu a porta novamente. Não deveria ter ensinado o irmão a negociar.

—Aquela coisa custa trinta dólares, deixa que eu me viro. Fique inteligente por mim – falou para o irmão mas piscou para Annabeth.

Desceu as escadas de vidro quase correndo, mesmo descalço conhecia aquela casa muito bem. Rachel ainda estava sentada no sofá, agora com um livro na mão, rabiscando alguma coisa.

—Aquela era Annabeth Chase? – ela perguntou. O livro era na verdade um caderno de desenho, ela era muito boa.

—Sim. Hum... Rachel... será que podemos fazer o trabalho outra hora? Annabeth não gosta de esperar – fingiu um impecável sorriso de desculpas.

Ela o encarou. Era óbvio que eles não tinham ido até a casa dele para fazer o trabalho de matemática. Percy nem se lembrava do último trabalho escolar que realmente fizera. Mas ele percebera assim que se sentaram que a ruiva não era seu tipo. Era linda, sim, mas era mais fácil vê-la como alguém para conversar do que beijar.

Ah, sim. O grande Percy Jackson tinha um “tipo”, só não deixava os outros saberem. Se perguntasse, metade da escola provavelmente riria da ideia.

—Tá – ela deu de ombros e guardou o caderno na bolsa. – Mas preciso realmente do trabalho. O sr. McCown me odeia.

Alguns minutos depois que ela saiu, o celular dele tocou, era uma chamada de vídeo. Sintonizou na TV e atendeu. A enorme cara feia de Jason apareceu na tela.

—Fala, Aurora – ele se jogou no sofá.

—Meu pai está aí? – Jason perguntou.

Não era uma pergunta muito lógica. Os dois sabiam que Zeus não iria até ali nem se o pagassem.

—Não vejo seu pai desde o aniversário de Hera – respondeu.

—Droga. Vou dar uma festa no sábado e por algum motivo o meu cartão foi bloqueado. Diz oi, Nico – Jason virou a webcam.

Nico di Angelo estava jogado num dos pufes verdes do quarto de Jason mexendo no celular. Ele murmurou um “aham” sem se virar para a câmera. Nico e Jason eram primos de Percy. Ele via os dois mais do que via o próprio pai, era assim desde que tinha sete anos e os pais se separaram. Paul, o padrasto de Percy, cumprira bem melhor o papel de pai.

—Como assim “vou dar uma festa”? Como ousa dar uma festa e não me chamar? – Percy se sentou meio rindo.

—Você praticamente mora aqui no fim de semana, seu retardado. Não tenho a escolha de não te chamar. Aliás – Jason sorriu, malicioso – não deveria estar com a Rachel agora?

—Mandei ela embora – ele deu de ombros. – Falei que estava com a Annabeth.

Por algum motivo, os amigos pareciam ter levado um balde de água na cara. Até mesmo Nico, que nunca se mexia mais do que o necessário, se levantou e se aproximou da câmera.

—Você fez o que? – Nico quase gritou.

—Annabeth? Aquela loirinha que está sempre na sua casa e você não consegue pegar? Cara, ela vai te matar – Jason começou a rir.

—Ela nem vai ficar sabendo, seus babacas.

—Não? E vai manter sua mentirinha em segredo como mesmo, agora que falou pra Rachel? – o cabelo de Nico balançava enquanto ele falava. Ele deveria cortar aquela coisa de uma vez.

—Não podia mentir pra alguém que não controla o site da escola? – Jason aproximou a câmera, ridiculamente perto dos olhos.

—Relaxem, ela não vai falar nada. Tenho que ir – ele desligou.

Ficou mais um tempo deitado no sofá, pensando. Tinha se esquecido desse detalhe, mas Rachel tinha mais o que fazer com o site não-oficial do que comentar possíveis namoros de alunos.

Ele foi até a cozinha e pediu que Dorotheia lhe fizesse um sanduíche com sua melhor cara de cachorro abandonado.

—Você não tem jeito, menino – ela murmurou enquanto fazia o que ele pedira.

A mulher trabalhava na casa desde sempre, pelo que se lembrava. Devia ter uns cinquenta e poucos anos, alguns fios grisalhos apareciam entre os castanhos. Ela tratava Percy e Alec como se fossem os próprios filhos.

—Sabe que eu te amo, Dorot – ele disse mordendo o sanduíche, sentado na bancada.

—Desça daí, Percy – Sally, a mãe de Percy, entrou na cozinha e lhe deu um beijo na bochecha.

Ele esperava mais alguns dias pra pensar numa desculpa, mas ela tirou o pedaço de papel que ele menos queria ver da bolsa e deixou ao lado do prato.

—Eu posso explicar...

—Como se explica duas notas D e um E em matemática? – ela perguntou séria.

—Mãe, os professores me odeiam!

—Ganhou a estadual de natação no ano passado, o que significa que os professores te amam e deve ter sido realmente ruim pra conseguir essas notas. Se continuar assim vou ter que fazer alguma coisa. Na verdade vou fazer alguma coisa.

—Tipo? – Percy perguntou temendo a resposta.

Ela guardou o boletim na bolsa e se virou para subir.

—Faça a gentileza de levar Annabeth pra casa quando ela acabar. Amanhã vou perguntar a ela o que acha de ser sua professora particular.


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Notas finais do capítulo

E foi isso! Espero vocês nos comentários... Me contem o que acharam, o que pode melhorar...Ainda não sei com que frequência vou postar porque esse ano vou pra uma nova escola e tal, mas aviso vocês.Beijoss ♥ ♥