~Pov. Narradora

Após o incidente com a morena, Draco resolveu voltar ao salão comunal da Sonserina, para trocar-se. Repetiu a senha, a porta se abriu, e, para sua surpresa, na poltrona próxima a lareira estava uma garota bem familiar.

— Draquinho... - reconheceria aquela voz nojenta e irritante em qualquer lugar. - Onde esteve noite passada? Andei lhe procurando...

— Primeiramente, não lhe devo satisfação nenhuma, Pansy. Segundo, por que você não está na aula? - O loiro embraveceu-se.

— Ah, sabe como é... Pensei que poderíamos voltar como os velhos tempos. Não se lembra? Faltávamos aula, para, hum... - De repente, suas bochechas coraram, lembrando de momentos passados, quando suas mentes jovens e pervertidas eram a prioridade.

No caminho de seu dormitório, Malfoy não se deu o trabalho de responder à amiga. Passando reto, adentrou o quarto, onde, magicamente, suas vestes limpas apareceram, negras e verdes, louvando sua amada casa. Se vestiu, pronto para as aulas e, finalmente, se livrar de Parkinson.

*-*

Assim que acordou, Hermione Granger notou que seus amigos aguardavam, sentados e preocupados, seu despertar. Olhou ao redor, percebendo estar na Enfermaria, mas... Por quê?

— Gina? - Cutucou a amiga, que dormia na cadeira. Por quanto tempo a morena havia dormido, afinal? - Acorda, mulher!

— GENTE - Luna gritou, e logo foi repreendida. - Herms acordou! Até que enfim, né... - Essa última frase foi dita baixinho, porém alto o suficiente para a "paciente" ouvir.

Todos ficaram extasiados com a presença de Granger bem, de acordo com Madame Pomfrey. A senhora alegara que a garota já havia se recuperado e poderia voltar as aulas naquele instante.

Ao escutar isso, a, então, "Rata de Biblioteca" honrou seu apelido, abrindo um sorrisão e já se levantando da maca. Abraçou sua curandeira e amigos: Harry, Rony, Gina, Neville e Luna, os quais permaneceram a manhã toda lá com ela.

~Pov. Hermione

Conferi minha grade de horários mais uma vez, mesmo sabendo-a mentalmente. Próxima aula: Leões junto das Cobras. Ah, não...

Não conseguia me decidir se era bom ou ruim: uma oportunidade para agradecer Draco Malfoy por ter me salvado, entretanto, minhas companhias veriam e acabariam desconfiando. Além de, claro, Hogwarts inteira saberem que somos inimigos declarados. Até aquele momento.

Sem outra opção, segui até onde seria a aula de Poções: masmorras, é claro. Pelo menos, meu professor seria Horácio Slughorn, o velho que, desde o primeiro dia, babava por Harry Potter.

Juntei-me a Harry e Rony no caminho da aula, o que despertava o suspiro de vários colegas. O trio de ouro, sempre juntos. Motivo de inveja para qualquer um, em conclusão, salváramos o mundo bruxo diversas vezes com tamanha pouca idade.

— Mione, tu tens certeza que está tudo bem? - O menino de cabelos cor-de-fogo, também conhecido como um de meus melhores amigos, perguntou-me, apreensivo.

— Sim, Rony, você pode ficar tranquilo. - Assenti com a cabeça, meio cansada de tantos mimos, da parte de todos.

— Ora, ora, crianças, entrem logo, quase chegaram atrasados - Slughorn apressou-nos, enquanto toda turma sentava.

Procurei lugares estratégicos, onde poderia, com facilidade, comunicar-me com Draco. Em sua diagonal direita inferior havia um lugar vago, e, por sorte, dois ao seu lado. Eu deveria ter cuidado com Rony e Harry.

Iniciei com um simples bilhete:

Obrigada por salvar-me, do fundo de meu coração. Beijos, H.G.

~Pov. Draco

Recebi um bilhete vindo de trás. Seria muito arriscado e nada disfarçado olhar e descobrir quem o fez. Optei por o abrir.

Obrigada por salvar-me, do fundo de meu coração. Beijos, H.G.

Eu reconheceria aquelas iniciais e agradecimentos em qualquer lugar. Hermione Granger, a Grifinória, não era tão ingrata e orgulhosa quanto aparentava. Contudo, uma dúvida martelava minha cabeça: respondê-la?

Hahaha Granger, bela tentativa! Já entendi de seu amor platônico por mim. Tudo bem, não foi nada (ou melhor, me molhei todo, está me devendo uma!). D.M.

Ao escrever isso, notei o quão estava com saudades daquela menina de cabelos castanhos e volumosos (e de seu beijo também). Adicionei mais um pouco a resposta;

Hahaha Granger, bela tentativa! Já entendi de seu amor platônico por mim. Tudo bem, não foi nada (ou melhor, me molhei todo, está me devendo uma!). Enfim, encontre-me hoje, depois do jantar, próximo à biblioteca. Creio que deveríamos acertar algumas coisas. D.M.

Derrubei propositalmente minha varinha, agachando-me para juntá-la e aproveitando a oportunidade para soltar o pedaço de pergaminho. Bastava torcer, pelas Barbas de Merlim, para ele ser entregue corretamente. Por sorte, a Castanha o pegaria.

Discretamente, espiei na direção do trio, contemplando a jovem, cuja qual despertara em meu coração diversos sentimentos, afirmando-me com a cabeça. Por que me sentia tão bem apenas por vê-la rir? Emoções escassas, Draco Black Malfoy.

Subitamente, lembrei-me das vezes em que eu a ofendera e humilhara. Se pudesse, voltaria atrás e faria tudo diferente. Quer dizer, óbvio que não. Sou um Sonserino, certo? O que estou dizendo e fazendo? Confusão. Será que os insultos a magoavam? 

~Flashback On~

— Potter, meu pai vai ficar sabendo disso! - minha pessoa de 13 anos ameaçou.

— Malfoy, realmente acha que seu pai, como um comensal, poderia ter alguma influência aqui em Hogwarts? - A sabe-tudo interveio.

— Sujeitinha de sangue-ruim, cale essa boca suja! Como ousa insultar meu pai, sangue-puro, Malfoy? Não fale o que não sabe, sangue-ruim.

E, mais uma vez, naquele mesmo ano, levei um belo soco na cara da mesma pessoa.

~Flashback Off~ 

Planejava pedir desculpas, lamentar pelo tempo perdido. Jurar amor eterno, se necessário. Ficar a vida inteira ao seu lado...

Mas, naquele instante, quando minha Marca Negra queimara em meu braço, fazendo com que eu evitasse de gritar em plena classe, lembrei de todos os problemas a volta. Agora, sendo Comensal, como me apaixonaria por uma rival? 

Recordei-me do guarda-roupa. Precisava consertá-lo, de qualquer maneira. A vida de minha mãe estava em jogo e eu não permitiria que a tirassem, ainda mais por culpa de Lucius.

Acredito que cada um tem a sua prioridade e ambição na vida. É tão necessário para viver quanto oxigênio. O meu era salvar a vida de Narcisa. Até aquele inesperado causo, não tinha visto o quanto ela era importante para mim. E, pelo visto, teria que escolher entre Narcisa ou Hermione. Amor ou ódio? Minha família ou minha felicidade?