Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 28
Capítulo: O lar dos Uzumakis


Notas iniciais do capítulo

Capítulo alterado no dia 13 de junho de 2021



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O viajante prosseguiu uma caminhada de uma hora e vinte minutos, após sua parada para mijar. 

Naruto preencheu a primeira hora chorando, cheio de saudades do pai.

Refletiu em seus amigos, tentou chamar por eles. 

Ao tentar pronunciar o nome de sua amiga Hyuuga, o estado de sua mandíbula permitia que saísse somente “Hina-a.”

Sua garganta doía e seu nariz escorria. 

Cansado, restou-lhe um choro silencioso, seu corpo embalado pelo ritmo do andar do viajante. 

E suas lembranças vieram com peso, as palavras de Ibiki o atacavam. 

O povoado de Konoha jazia o vendo apenas como uma criatura, não como uma criança comum. 

As oferendas, todas para se livrarem de serem punidos. 

Se todos pensavam isso, então era verdade? 

— “Naruto é mal? Naruto seria capaz de puni-los? Naruto não quer matar ninguém.

Desconhecia sua própria natureza.  

Suas orelhas felpudas estavam abaixadas, e sua cauda não se movia desde quando acordou.

Fechou seus olhos, não querendo abri-los por que caso o fizesse, derramaria mais lágrimas.  

Uma música de flauta atraiu a audição do meio yokai. 

— São os komusos.

O viajante avisou, parando de andar. 

Volveu-se apontando o casulo aos flautistas a vestirem quimono, cesta na cabeça e sandálias amadeiradas. 

O hanyou assistiu os flautistas andarem em fila, sem parar de tocar a flauta. 

— São monges peregrinos, a música faz parte de uma prática meditativa deles. — O viajante acrescentou. — A cesta na cabeça significa “ausência do ego”, um elemento simbolizando a pureza da mente. 

O viajante permaneceu parado, e cerrou as pálpebras, apreciando o som dos instrumentos de sopro. 

O meio yokai aos poucos se deixou conduzir pela música, e retornou a fechar as pálpebras. 

Sua mente se acalmava.

E refletiu com mais calma sobre os problemas que o atordoavam. 

Precisava retornar para Konoha, pelo menos uma vez, para agradecer ao seu pai por ser amado.

Minato amava por dois. 

Era grato àquele amor, precisava agradecê-lo. 

E Hinata, ela não sentia medo, não sentia pena. Nunca esqueceria da menina que corajosa testemunhou a favor dele.

Kiba e Chouji, confiava na ausência de temor deles, eles compreenderam seu novo ritmo de rotina. 

Quando se encontrava com eles no tempo de sobra, ainda sentia a amizade que envolvia os três. 

O ancião Sarutobi, ele lhe pediu perdão. 

Quanto aos seus colegas, seus amigos da escola, os monges...

As pessoas de Konoha...

Independentemente, sobre como eles lhe enxergavam, não queria fazer mal a nenhum deles. 

Precisava retornar para Konoha, pelo menos uma vez, para se despedir.

Só não sabia o que fazer com Ibiki Morino, ele se mostrou tão perverso, entretanto, entendeu que ele atacava somente yokais. Ele não faria nada contra os aldeões da aldeia. Seria bom permitir que uma pessoa tão forte que servisse para proteger as pessoas, continuasse exercendo esse papel, mesmo tendo sido tão cruel com um hanyou?

E se ele se vingasse, caso revelasse aos anciões o que ele lhe fez?

 

~NH~

 

O casulo foi depositado no chão, situavam-se dentro de um caminho estreito da floresta. 

O hanyou capturava em sua audição a queda forte de água, a alguns metros dali.

O viajante se afastou.

Os azuis esféricos observavam somente um pouco do céu.

As folhagens densas, das arvores gigantescas, sombreavam quase todo o solo terroso.   

Momentos depois, o viajante se reaproximou do meio yokai, agachou-se na frente dele, segurando um recipiente de bambu enchido de água. 

Abriu um pouco do casulo, permitindo-se ver a boca destruída do hanyou.

Acostumado a ver ferimentos piores, o sujeito não se agoniou.

Cauteloso, fez o pequeno U. Namikaze beber água.

Naruto despercebera sua sede durante a viagem, mas satisfez-se de perde-la naquele instante.

O viajante cauteloso repousou a cabeça do hanyou no chão. Ao lado do casulo, colocou o recipiente cilíndrico e vazio.  

Recuando, o homem abriu o quimono, no lado interno do tecido existiam bolsos costurados e em cada um se guardava um objeto, a maioria era potes fechados.

Buscou o copo vazio e o guardou em um dos bolsos.

De outro bolso, retirou um pote cujo interior guardava uma substância pastosa.

Foi buscar mais água, e colocou um pouco dela dentro da pasta, amolecendo-a. 

Agachou-se na frente do casulo e ergueu a cabeça de Naruto, fez o pequeno ingerir a substância. 

A primeiro instante, o meio yokai tentou cuspir, mas o homem não permitiu. 

— Está tudo bem, vai se acostumar. — O homem tentou tranquilizá-lo. — São larvas de besouro misturadas com grãos de feijão. 

O hanyou tentou gritar, mas apenas gemeu, no passar dos minutos se adaptou ao sabor.

Após engolir tudo, ficou até aliviado, pois realmente jazia faminto. 

O homem colocou Naruto para arrotar. Apoiou o casulo contra seu ombro e ficou dando tapinhas na parte detrás.

Ao escutar o barulho, deixou o casulo de volta ao solo.

O viajante guardou o pote e o recipiente de água; retirou seu quimono e sua peça íntima.

De um dos bolsos retirou um bolo de corda. 

No quimono existiam dois furos, pelos quais passaria as pontas das cordas. 

Organizou o quimono em forma de bolota, antes enfiou dentro sua peça íntima.

Após dar nó em cada furo, suspendeu a corda, verificando se o quimono não desfaria a forma de bolota. 

Certo de que nenhum pote e sua peça íntima não cairia, pusera a corda em torno do pescoço.

Os rotundos azulados o observavam, curiosos.  

O corpo do viajante começou a crescer e a se encher de pelos. 

A forma de um canino se distinguiu nos primeiros cinco segundos de transformação. 

Ela se finalizou em uma raposa três vezes maior que o viajante. 

A única coisa que restava do homem, era a cor do cabelo na pelagem longa e os olhos violetas. 

O fuço do animal imenso se espremeu contra o narizinho do hanyou. 

Naruto sem medo se encontrava somente surpreso. 

A corda no pescoço da raposa ficou toda apertada.

O canino recuou o fuço do hanyou. 

Para carregar o casulo do hanyou, seus dentes longos e afiadíssimos apertaram as alças e o suspendeu. 

 

~NH~

 

O hanyou esquecera sua situação, apreciando a velocidade com a qual a raposa imensa se movia. 

As folhas das árvores se tornavam um borrão verde ao seu campo visual. 

Gostaria de colocar a mão pra fora do casulo, para receber o vento contra a palma. 

A viagem prosseguiu daquela forma, eles não passaram por nenhum caminho a céu aberto, sendo assim, a raposa não precisou utilizar sua forma de pessoa. 

O destino final veio no completar de quinze dias desde que o viajante encontrou o hanyou. 

Naruto se enchia da vontade de conhecer o nome de seu salvador.  

Assim que falasse normalmente, perguntaria.

O viajante se mostrava alguém legal, então se pedisse para voltar a Konoha, tinha certeza que ele o ajudaria a regressar.

Naruto mantinha sua decisão de se despedir de suas pessoas queridas.

Convenceria elas de que era o que queria.   

A imensa raposa abriu a boca, deixando o casulo no chão. 

Naruto visualizou uma entrada formada por duas imensas rochas. 

Em cada rocha se esculpia a forma de uma espiral.

O hanyou reconheceu o símbolo, seu pai costurava aquele desenho em alguns de seus quimonos. 

A raposa retornou a sua forma de homem pelado e retirou a corda de seu pescoço, desprendeu seu quimono dela e retornou a usá-lo como roupa. 

Esqueceu-se de usar sua roupa íntima, deu de ombros, embolou-a e tratou de enfiá-la em um dos bolsos. Parte dela ficou pra fora, mas não ligou, sendo no lado interno da vestimenta, ninguém veria. 

Colocou a faixa em torno da cintura.

Ele se abaixou para pegar o casulo e revelou ao hanyou que no topo da cabeça do envoltório, podia-se puxar uma pequena capa de folhas que acobertaria a parte visível do meio yokai. 

— Você será capaz de respirar, não se desespere. — Avisou o homem, pondo as alças do casulo sob cada braço. Andando, pediu-o: — Por favor, não faça barulho, e tente respirar o mais tranquilo possível. Nós entraremos na vila dos Uzumakis e lá não se é permitido humanos.

Os olhinhos do meio yokai se abriram mais.

Uzumakis! 

O anseio subiu ao peito do hanyou, ele pensou em sua mãe.  

Dentro da vila, Naruto escutou vozes e andares, passavam por uma rua. 

Uma voz abordou o viajante: 

— Será que não perde o hábito horrível de entrar na vila nessa forma?

— É tão horrível assim? — o timbre do viajante saiu indignado. — Eu a uso tanto que me acostumei.

— Sorte sua que é filho do chefe da vila, se fosse meu filho perderia esse costume na porrada. 

— Se você fosse meu pai eu nem voltaria.

O viajante soltou um fraco riso no final, e tentou seguir caminho, mas novamente foi detido pelo seu abordador. 

Naruto notou algo se pressionando contra o casulo, sua audição reconheceu o barulho de um farejar. 

Era um fuço que se afastou e seguidamente viera a voz: 

— Sinto cheiro humano.

— Claro que sente. — O viajante falou em tom de obviedade, elaborando no que diria a seguir. — Por que estou trazendo mais utensílios de humanos na minha bagagem. Queria que eles cheirassem a boi?

— Seria preferível um cheiro de boi. A cada vez que retorna, você cheira mais como humano.

A voz se distanciou, significando que o dono dela ia embora.  

— Aquele era o Kurama. — Em voz baixa, o viajante comentou, seguindo em frente. Fingia sofrer de coceira no nariz, assim ocultava sua boca se movendo. — Ele é um dos protetores da vila Uzumaki. Há trinta e cinco anos, foi um dos que votou a favor da proibição da entrada de humanos.  

O hanyou pouco assimilou a informação, no segundo seguinte, uma nova voz abordou o viajante:

— Pain!  

— Ah, olá okaa-san.

Naruto surpreso, sorriria se pudesse, gostou de conhecer o nome do viajante. 

— O seu pai também chegou hoje, ele havia ido ao rio, sabe que ele pegou um...

— Okaa-san, pode me contar mais tarde? Avise ao otou-san que depois vou pra casa, agora tenho que fazer uma entrega. 

— Entrega? Pain! 

O casulo balançava mais, Naruto reconheceu que o viajante quase corria. 

— Ainda bem que ela não veio atrás de mim. — Pain falou aliviado, e avisou ao hanyou: — Estamos em uma das ruas comerciais, ali está algumas tendas de curandeiros. Agora... em qual delas entrar... — Cobria sua boca com a palma esquerda deitada na horizontal. Seu olhar perdurou pensativo, até que chegou decidiu: — Vamos à tenda do Sr. Ashino.   

Em meio minuto, Naruto escutou:

— Quem é esse em suas costas, Pain?

— Uau, perspicaz como sempre, Sr. Ashino... — O viajante retirou o casulo das costas, e o colocou no chão. — É um hanyou. 

— Metade kitsune. 

— Mais um acerto. — Pain confirmou. — O encontrei péssimo estado e...

— E achou que eu fosse atende-lo por que você é o filho do chefe da vila. 

— Não, por que você é o mais difícil de convencer. Se eu conseguir chegar perto de fazê-lo dizer sim, então convencer qualquer outro curandeiro da vila será fácil.  

— Pensamento bom, Pain. Muito bom. Agora retire-se.

— Mas...

— Seus pais não deixarão você ir embora hoje. Acabou de chegar de viagem. E não poderá mantê-lo escondido por muito tempo, então não quero que descubram que ajudei a criatura. Ela não é simplesmente um hanyou, ela é “o” hanyou. 

— Eu assumo a responsabilidade, digo que o forcei, ou que o chantageei sei lá, qualquer coisa. — Pain implorou.

— Você não tem capacidade de me forçar a nada, nem tenho nada que me possa chantagear. Retire-se, antes que eu grite lá fora que trouxe o filho de Kushina para cá.

Naruto arregalou os olhos. 

E começou a gemer, tentando chamar “okaa-san”, mas saía “oà-san”. 

Queria muito escutar sobre sua mãe.

— A criatura está acordada. — O curandeiro comentou, algo que não adivinhou. 

Pain se abaixou e passou a mão no casulo, pedindo que o meio yokai se acalmasse. 

Quando o casulo parou de mexer, Pain se colocou de pé e se volveu ao curandeiro. 

— É por ele ser filho dela que resolvi trazê-lo, tive uma baixa esperança de que eu pudesse fazer algo por ele. 

— Você nem conheceu ela.  

Pain franziu o cenho, discursando:

— Não, mas cresci ouvindo a respeito de Kushina. Ela saía e conhecia o mundo humano, trazia muitas invenções boas deles para a vila, e escutar com frequencia sobre isso me fez ter esse mesmo sonho. É uma vida que gosto, e acho que devo a ela. 

Os rotundos azulados de Naruto cintilaram, sua cauda balançou o máximo que pôde naquele aperto de casulo. 

— Deverá a ela quando perder a vida por um humano?

As orelhas de Naruto se abaixaram. 

— Isso não acontecerá, sou cauteloso. 

— Espero que seja, agora vá embora. 

— Deve ter alguma coisa que o senhor queira. Eu farei o possível par...

— Saia! 

Pain cerrou os dentes, Ashina aumentara demais a voz, significava que da próxima vez ele perderia a paciência. 

Rápido, o viajante buscou seu casulo, e verbalizou ao hanyou:

— Eu sinto muito, acho que posso tentar conversar com ele em outro momento.

Pain se retirou da tenda de Ashina, e foi entrando nas outras.

Ouviu vinte e duas negativas diferentes. 

Nenhum deles queria se associar ao fato de ter ajudado a tratar de um hanyou.

Naruto sentiu muita dor, gostaria de um abraço. 

De seu pai, especificamente. 

O viajante retornava para casa.

Após alguns minutos silenciosos, parando na frente de seu lar, falou:

— Não se preocupe, hanyou. — Considerou que o meio yokai foi atingido pelas palavras de Ashina. — O problema não é você, embora pareça. É apenas… nossas espécies. Elas não conseguem conviver no mesmo lugar. É o medo. É o desentendimento. É muita coisa errada que acontece e as fazem achar que o melhor jeito é se separarem. Mas você me conheceu. Acha que odeio você? Que o temo? 

Naruto lagrimava, inicialmente, de tristeza.

Mas as palavras de Pain emocionaram seu coração.

Suas lágrimas se tornaram de alegria. 

Um calorzinho esperançoso abraçou Naruto. 

Pain avisou:

— Está na hora de conhecer meus pais. 

Os lacrimejantes azuis se arregalaram. Acreditou que seria mantido em segredo. 

Pain repassou o casulo para frente do corpo, abraçando-o pela barriga, retirou a capa de folhas, permitindo que o meio yokai enxergasse uma casa de modelo cujo topo era arredondado.

A construção se compunha de barro e pedra.  

Pain segurou o casulo somente com um braço, o outro usou para bater na porta. 

E a porta abriu no instante seguinte. 

E o que Naruto viu foi a forma de uma raposa antropomórfica. 

— Yokoso, filho! Sua mãe disse que o encontrou mais cedo na…

O raposo parou de falar quando percebeu o par de olhos dentro do casulo. 

Seriamente, Pain revelou: 

— Otou-san, ele é o hanyou da vila. Encontrei ele machucado dentro de um penhasco, nenhum curandeiro quis tratá-lo, tudo bem se ele descansar aqui por um tempo? 

O coração de Naruto se acelerou, o olhar do raposo estava ameaçador e logo a mão peluda de garras longas agarraram Pain pelo braço, puxando-o para dentro de casa, em seguida o raposo empurrou a porta com força, fechando-a em seguida.

Na parede oposta à parede da porta, por uma passagem circular, saiu uma raposa de pelagem laranja clara, ela saltou de quatro ao chão e se pusera de pé, exibindo seu formato antropomórfico.

Ela chegou ao momento que o raposão colocou uma tranca na porta.

Naruto percebeu que a passagem circular era a entrada de um corredor, interligando a outro cômodo.

A habitação era maior do que sua vista frontal captou.

O raposão se moveu, colocando-se na frente de Pain, um passo afastado, cruzando os braços rentes ao peito largo.

A outra raposa antropomórfica parou ao lado dele, repousando a mão no braço do raposão.

O olhar curioso da raposa se alternou entre o raposão e Pain. Interpretando erroneamente a situação, focou-se no filho:

— Será que não pode se transformar em kitsune, antes de entrar na vila? Que coisa, Pain.

Pela voz, o hanyou percebeu se tratar de uma fêmea.

— Não é por isso que estou bravo, querida. — O raposão corrigiu. — Não sentiu o cheiro mais forte de humano? Veja o que tem no casulo de Pain.

Reconhecendo olhos humanos, a raposa fêmea rosnou e usando as palmas cobriu seus olhos.

Sofrida, lamentou:

— Por que, Pain? Por que trazer um filhote de humano para casa? Nós confiamos em você, apoiamos o seu sonho de trabalhar fora da vila e quebrou com sua palavra, envolveu-se com pessoas. Ai meu coração!

— Eu não quebrei a confiança de vocês. — Pain desesperado, argumentou: — É por terem confiança em mim, que retribuo da mesma forma. Não quero esconder nada, por isso resolvi mostrá-los. — Abriu um pouco o casulo, revelando a cabeleira loira e as orelhas de raposa do U. Namikaze. — E ele não é humano, é um hanyou.

A mãe de Pain rosnou mais alto e abraçou o marido, escondendo sua cara chorosa contra a pelagem vermelha alaranjada dele.

Ele pusera uma mão nas costas da esposa e deu palminhas consoladoras.

— Ah não creio, ele se envolveu com uma humana. Ai nós somos avós de um hanyou! Ai minha nossa!

— Você idolatra tanto o nome de Kushina? — o raposão questionou o filho. — A ponto de imitá-la até nisso?

— Credo okaa-san, credo otou-san! Não sou pai desse hanyou. Esse é certamente o filho de Kushina Uzumaki. — Seus violetas rotundos chamejaram. — O primeiro e único filho entre um humano e uma Kitsune, do qual já se escutou. — Falou vangloriado por tê-lo encontrado. — Assim que reconheci as partes de raposa, não tive dúvidas.

O raposão trincou os dentes e Naruto percebeu o quanto eram longos.

— É proibido trazê-lo pra cá, filho. — A mãe retornou a falar, aliviada por não ser avó. Calma, prossegui: — A permanência dele é proibida, seu pai como chefe não pode dar péssimo exemplo permitindo só por q...

— Okaa-san, perdão interrompê-la. O hanyou não é humano e nem Kitsune. É uma classificação diferente e eu não me lembro da vila proibir a entrada de hanyou.

A raposa mãe olhou para o raposão que confirmou:

— Bem filho, você está certo. Somos extremamente claros com nossas regras. E se não há nenhuma proibindo hanyou, ele pode.

Ao mesmo tempo em que Naruto era meio Kitsune, tinha permissão para entrar na vila, mas sua metade humano o proibia.

Resultava em empate.

Somente uma nova regra para desempatar.

Por enquanto, ele estava livre para ir e vir.

— Nesse caso...

A raposa fêmea se pronunciou, aproximando-se do filho, pegou o casulo para si e abriu mais o envoltório, retirou todo hanyou.

Jogou o casulo no chão.

Carregando o hanyou sob os braços, entristeceu-se pela situação da boca dele, observou as mãos e pés tortinhos.

Sem tirar o pesaroso olhar do hanyou, a raposa mãe perguntou ao filho:

— Quem o fez isso?

— Eu passava pelo caminho do penhasco quando escutei um barulho, retornei e o encontrei. Assim que vi que era meio humano e meio kitsune, pensei em Kushina. — Ficou triste. — Pedi ajuda para todos os curandeiros da vila, mas infelizmente nenhum quis me atender.

A raposa fêmea carregou o hanyou, como os humanos seguram um bebê.

E preocupada comentou:

— Em breve os outros saberão.

— Não, creio que não. — O raposão mais tranquilo coçou o queixo. — Os curandeiros não falam sobre os casos que atendem, até mesmo quando rejeitam o caso. Só informam caso sejam perguntados.

— Que não façam exceção sobre meu caso. — Falou Pain observando o meio yokai.

Naruto babava, e a raposa mãe limpou usando seu dedo, cautelosa em não encostar a garra longa na pele do pequeno.

Um fedor se espargiu.

— Argh. — O raposão se afastou mais da esposa.

— Ele está vazando. Vou limpá-lo.

Ela se moveu, indo à passagem circular, levando o hanyou consigo.

— Até que você é uma gracinha. Aposto que sem esses machucados você é bonitão.

Naruto fechou os olhos, os pelos dela eram muito macios e não temia mais as raposas grandes, sentia-se seguro. 

 

~NH~

 

O U. Namikaze foi lavado dentro de uma bacia.

Confiante aos cuidados da mãe de Pain, o hanyou destemia as garras longas quando a raposa lhe limpava nas partes íntimas.

Após o banho, Pain emprestou ao hanyou um de seus quimonos.

Naruto queria usá-lo tanto para se cobrir, quanto para dormir.

O tamanho do quimono lhe servia de cama e travesseiro.

Os pais de Pain se desproviam de roupas.

Pela casa sem janelas, os únicos objetos encontrados eram recipientes de coletar água e guardar comida.

O hanyou supôs que todas as habitações da vila fossem do mesmo modelo.

Deitado no quimono de Pain, o hanyou soltava um som identificado como risos.

A raposa fêmea não parava de lambê-lo.

Ele sentia mais cócegas na barriga e no pescoço, ela fazia questão de lamber mais nessas áreas.

A raposa cessou as lambidas e se levantou, avisando-o:

— Mamãe Fusuo vai preparar algo fácil para você comer.

— Eu preparei uma nova dose de larvas de besouro e grãos de feijão. — Pain avisou, adentrando o espaço. — Tem propriedades curativas e ele já se acostumou com o sabor.

Sentou-se ao lado do meio yokai, colocou a cabeça do pequeno sobre sua coxa e o recipiente cilíndrico na boca torta do U. Namikaze.

— Olha, você já é um irmãozão. — Fusuo falou apaixonada.

— Não alimente essa ideia, okaa-san. Ele precisa retornar para o pai dele.

As orelhas de Naruto decaíram.

Pain notou.

— Humpf. Se você não se ausentasse tanto de casa eu não ficaria carente para ter outro filho.

— É só fazer outro com o otou-san. — Pain provocou.

— E acha que ele quer? Quando acasalamos, ele tem cuidado para não me engravidar.

Pain se embraveceu, engrossou a voz:

— Vamos parar por aqui, okaa-san, antes que eu escute detalhes desagradáveis.

— Me pouparei por causa do pequeno, mas passou da hora de nós termos essa conversa, mocinho. Na próxima primavera quem sabe você não encontre um par para... você sabe. — Ela se retirou do cômodo.

Pain assim que percebeu que o hanyou terminou, colocou-o em seu ombro e deu batidinhas nas costas.

Naruto arrotou após alguns minutos.

— Eu não tive tempo de dizê-lo, mas lamento pela sua mãe. Todo mundo da vila sabe que ela morreu. As raposas comuns, elas observam o que acontece no convívio humano e nos contam. Foi através de uma delas que soubemos que Kushina Uzumaki morreu ao dar a luz a um hanyou. Alguns meses depois, soubemos que você vivia com o pai humano, em um campo. Teve alguns dias que eu tive vontade de conhecê-lo, mas sabia que daria problema, se alguma raposa me visse andando para perto de Konoha...

Naruto abriu e fechou os dedinhos no quimono de Pain.

Seu olhar doce transmitia ao seu salvador que não o culpava.

— Há algo que você precisa saber sobre sua mãe. Os pais dela foram mortos por humanos. Antes de nos mudarmos para cá. Por isso, muita kitsune teve aversão pelo comportamento dela de ir conhecer os lugares onde vivem pessoas.

As lágrimas de Naruto desceram, serenamente.

Ele amava conhecer mais do ser bondoso que sua mãe foi.

E ela fez uma ótima escolha, juntando-se a Minato, por que ele era tão bom quanto ela.

O Namikaze se juntou a uma espécie que os humanos não gostavam.

E a Uzumaki, a uma espécie que as Kitsunes não gostavam.

Seus pais combinavam até nisso, ao amor deles inexistia barreira.

 

~NH~

 

A família dormiu no cômodo de entrada da casa.

A cabeça do hanyou foi descansada na barriga de Fusuo, e seu corpo embrulhado com o quimono de Pain.

O raposão dormia ao lado do filho, bem separado de Fusuo, para não correrem o risco de se virarem enquanto dormem, temiam machucar o hanyou.

A mamãe raposa pelo contrário, confiava em seu instinto materno que a alertaria caso ameaçasse passar por cima do hanyou.

No dia seguinte, após a refeição matinal, com Naruto bem alimentado, o chefe da vila consultou o curandeiro Ashina.

Era claro que outras Kitsunes perceberam.

Pain se irritou ao ver a presença de Ashina, sozinho não foi capaz de convencê-lo.

Detestava ter ajuda de seu pai para quase tudo.

O hanyou vislumbrou a imagem da raposa velha carregando uma bagagem pendurada em uma vara descansada no ombro.

O chefe da vila colocou a tranca na porta.

O curandeiro organizou seus materiais pelo piso.

Ashina fez Naruto ingerir uma substância que lhe isentasse de dor.

Aguardou um momento para iniciar o processo de recolocar a mandíbula na posição correta.

Pain fez uma careta ao escutar o som agonizante produzido.

Fusuo sentava no chão, na posição que todo canino senta. Ela receosa, assistia sem piscar cada etapa do tratamento.

O chefe da vila sentou ao lado da esposa, e observou inexpressivo aos cuidados que o meio yokai recebia.

Os ossos permaneciam em processo lento de recuperação. 

Ashina tratou de realocar algumas regiões das pernas e braços.

E fez o hanyou beber outra substância.

Pacientemente, explicou-os:

— Normalmente, é esse o remédio que se usa quando os Uzumakis sofrem de retardo de regeneração.

Era uma doença comum, acometia as Kitsunes filhotes quando desenvolviam seu sistema imunológico.

Em Kitsunes adultas, acontecia somente se sofresse um ferimento que deixasse o indivíduo perto da morte.

Guardando suas coisas no pano de sua bagagem, acrescentava:

— Como nunca tratei um hanyou antes, desconheço se será suficiente para recuperar seu ritmo normal, o lado humano pode atrapalhar.

— Muito obrigado, Sr. Ashina.

O curandeiro colocou a vara no ombro, o chefe da vila se apressou para retirar a tranca, e enquanto passava pelo dono da casa, a raposa mais velha, disse:

— Não por isso, contanto que cace minha parte para o inverno, como prometeu.

— Eu farei isso. — O pai de Pain assegurou, e após a partida de Ashina, colocou a tranca de volta.

— Querido. Não acredito que prometeu isso. Terá que caçar durante o dia também.

— Eu ficarei bem.

— Eu caço a parte do otou-san. — Pain falou. — E aí eu passo o inverno fora da vila, não precisarei contribuir com minha parte para a coleta de caça da vila.

— Nem pensar. — Fusuo discordou, imediatamente.

— Okaa-san, se o hanyou se recuperar antes do inverno, terei de levá-lo para o pai dele. Posso me arranjar em algum lugar do caminho.

— Nada disso, assim que você devolvê-lo terá que retornar pra casa. Você e seu pai vão dividir a quantidade de caça pela metade.

Pain cruzou os braços.

Enquanto isso, Naruto dormia, o remédio que o ingeriu ajudava-o a descansar.

 

~NH~

No segundo dia do oitavo mês do ano

~NH~

 

As primeiras estrelas da noite surgiram no céu.

Idate beliscou o braço de cada criança aprisionada no hipnotismo.

Leo se embravecia, teve sua pergunta ignorada. Cruzou os braços, aguardando receber atenção.

Kaede e Fuki gritaram ao perceber o ongokuki, elas se abraçaram no inicio, e de mãos dadas, correram.

O Morino as alcançou, explicando-as que a criatura jazia morta.

Elas se calaram, porém permaneceram com expressões assustadas.

Suas lágrimas saíam de modo fácil.

Enquanto isso, Chouji aterrorizado, observava a imagem da criatura a expelir gosma verde.

— Neji-niisan.

Hinata abraçou seu primo, enterrando seu rosto no peito dele, recusando-se a observar o monstro.

Kiba cerrou os dentes, encarando a criatura. Estava com medo, mas não queria demonstrar publicamente. Todo seu corpo se paralisava.

Idate aproveitou quando o silêncio retornou a todos e explicou, pacientemente, sobre os ongokukis.

Segurando a mão de seu primo, Hinata o perguntou:

— Neji-niisan, como soube onde estávamos?

— Encontrei algumas pegadas pequenas, em alguns locais do caminho elas sumiam, porém escutei a música, ela terminou antes que eu chegasse à caverna, fiquei procurando pelas redondezas até que escutei o barulho da criatura.

Curiosa, a Hyuuga fitou o Morino, questionando-o:

— Neji-niisan escutou a música, ele não tem treze anos, ele não deveria estar hipnotizado?

— Deveria. — Idate respondeu, exibindo a incógnita em sua face.

Neji se manteve silencioso, desconhecendo qualquer justificativa para tal caso.

O Morino se desprendeu daquela questão sem resposta e observou as outras faces presentes, determinou:

— Escutem, continuarei a procura pelo hanyou. Vocês precisam voltar pra casa, a essa hora suas famílias estão em pânico. Se continuarem nessa busca, posso não ser capaz de proteger a todos, quase morri momentos atrás.

— Acho melhor eu voltar pra casa, não servirei de ajuda se tremer o tempo todo. — Kaede falou, abraçada em Fuki.

— Peçam desculpas se encontrarem Naruto, eu... eu também não tenho coragem de passar a noite aqui. — Falou Fuki, mantendo seus olhos longe do ongokuki.

Tenten abraçando sua porquinha se negou.

— Eu vou apanhar com vara de bambu, eu já falei. Se for para eu levar uma surra, terá que valer a pena. Eu não volto sem o meio raposo e ponto final, humpf. E tem mais, Tonton só fica à vontade comigo e ela é muito útil nessa missão, novo ponto final.

A Hyuuga sorriu, gostando de ouvi-la.

— Vamos, Hinata-sama. — Neji segurou a mão dela, todavia a perolada se jogou pra trás, negando-se a ir com ele.

— Eu também não posso voltar sem o meio raposo, se acontecer algo perigoso, eu me escondo. — Falou chorosa.

Neji informou:

— Hinata-sama, Hana-sama está chorando sem parar, fará mal para ela. O estado dela faz Hanabi chorar mais.

A azulada tremulou os beiços, sofrida.

Doía imaginar sua mãe daquela forma.

E tadinha de sua irmã.

Causava dor em sua família.

Sentia-se tão incapaz.

— Hyuuga. — Idate seriamente, aproximou-se de Neji, pousando uma mão no ombro dele. — Eu preciso que você fique. Suas habilidades são muito úteis.

— Meu dever é apenas levar Hinata-sama de volta para casa.

— Neji-niisan. — Hinata esfregou as pálpebras e enviou um olhar severo ao primo. — Só volto pra casa se você ajudar o moço. Se ajudar o moço, não fujo mais. E mais, se não ajudar, vou pedir pro otou-san me pôr outro guarda particular.

As crianças observaram curiosas a reação do Hyuuga que sem alterar sua expressividade neutra, respondeu:

— Hai, Hinata-sama.

Ela sorriu, e seus olhos ainda marejavam quando abraçou Neji.

O medo de Kiba havia diminuído, e se abaixou acariciando Akamaru.

Carregou seu filhote e o entregou nas mãos do Akimichi:

— Ele é menos distraído que a porquinha. Ele os guiará mais depressa para casa.  

Estaria um breu antes de chegarem a Konoha, poderiam se perder.

Chouji achou uma boa ideia, e pegou o filhote de cachorro que quis retornar pro dono.

Kiba brigou com seu cão.

Akamaru abaixou as orelhas, aceitando a ordem.

O Inuzuka realizou um carinho no animal, evitando deixá-lo tão pra baixo.

— Tome muito cuidado, Kiba. — Chouji desejou, preocupado.

— Eu fico com os meninos. — Ashitaba decidiu.

— Até parece. — Leo o proibiu. — Eu fico. Você ajudará o... — Olhou para o Akimichi.

— Chouji. — Apresentou-se.

— Obrigado. — Retornou a fitar Ashitaba. — Você ajudará Chouji a escoltar as meninas para casa. Na minha ausência, você me substitui.

Ashitaba esfregou o queixo, gostava de substituí-lo como irmão mais velho, ainda sim queria ficar com a melhor parte da aventura.

Idate para convencê-lo, entregou a flauta na mão de Ashitaba, explicando-o:

— É a flauta do ongokuki. Nos primeiros segundos que escutar um som de flauta, você assopra, isso atrapalhará a tentativa de qualquer ongokuki de capturar crianças.

Os olhos de Ashitaba cintilaram, gostando de receber extrema responsabilidade.

— Mas precisa assoprar rápido mesmo, antes que fique hipnotizado. Você é rápido? — Idate o perguntou.

— Sou rápido sim, pode deixar. — Ashitaba girou a flauta em sua mão.

Com um abraço, Hinata se despediu de cada um que ficaria.

Leo e Idate se sentiram estranhos, nunca tiveram contato tão próximo com crianças do clã Hyuuga.

Tenten apertou Hinata, como se ela fosse sua amiga desde que nasceu.

A perolada se despediu de Tonton.

Quando o grupo de partida adentrava na floresta, a Hyuuga deu seu último olhar para trás.

Kiba, Idate, Neji, Leo e Tenten abraçando sua porquinha, ainda estavam parados assistindo as outras crianças partirem.

— Boa sorte a todos. — Hinata desejou, em voz baixa. E suas mãozinhas se apertaram em frente do peito, lacrimejou. — Eu sinto muito... meio raposo...

 

~NH~

 

O reencontro entre mãe e filha aconteceu antes mesmo de a menina passar pelos portões de sua casa.

Era madrugada.

Hana correu desesperada, e agachou-se, abraçando sua filha.

Não se importou de sujar seu quimono, só queria apertar sua menina e se assegurar de que não sonhava.

O nariz de Hinata escorria, ao tempo em que ela pedia desculpas para a mãe.

A mulher sentou no chão e ficou embalando sua filha, dois guardas se aproximaram, tentaram tirá-la dali e levá-la para dentro de casa, mas ela ralhou, negando-se.

Hana precisava passar um momento ali.

Quando finalmente resolveu entrar, deparou-se com Hiashi.

Hinata com seus olhos vermelhos de tanto chorar, observou seu pai, acreditou que ele entregaria suas broncas, porém o homem se aproximou da esposa e abraçou as duas.

Ele também queria ficar um tempo daquela forma. 


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Notas finais do capítulo

Alguém vivo? Antes de lerem esse capítulo, aconselho a darem uma olhada nas notas iniciais da fic.

A todos que liam a fic, torcendo aqui para que gostem das mudanças.

Para quem não lia, torço para que apreciem.



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