Tudo começou num dia como todos os outros. Um dia que tinha tudo para ser apenas mais um, até que o inesperado aconteceu…

  De um momento para o outro as pessoas começaram simplesmente a desintegrar-se deixando para trás apenas um pequeno monte de areia dourada acompanhada pelos gritos de desesperos dos espectadores que assistiam à horripilante cena. Gritos estes que acabavam por ser calados pelo mesmo fenómeno.

  Em poucos segundos o caos apoderou-se do planeta apenas para o transformar num completo deserto. Foram precisos apenas alguns momentos para que o que antes costumavam ser cidades cheias de pessoas a passear pelas ruas sempre apressadas darem lugar a praças cobertas de areia a ser lentamente arrastada pelo vento. Irónico não?

  No entanto, nem toda a humanidade havia sido dizimada no mesmo instante. Era como se o que quer que fosse que estivesse a provocar aquilo quisesse deixar um fiozinho de esperança naqueles que conseguiam escapar ao fenómeno para depois os aniquilar trazendo de volta o caos e o desespero.

  Alguns dos sobreviventes juntaram-se em grupos para tentar arranjar uma maneira de sobreviver. Enquanto uns tentavam arranjar uma cura para aquilo que achavam ser uma doença, outros rezavam achando que aquilo era um castigo divino para o qual arranjavam mil e uma explicações para Deus os estar a castigar de um jeito tão severo. Os mais loucos decidiam organizar motins tirando a própria vida e a daqueles que queriam “salvar” de ter uma morte tão agonizante de se ver.

  Era tudo um perfeito cenário pós apocalíptico digno de um filme de terror.

  Felizmente um desses grupos já havia conseguido arranjar uma maneira de conseguir sobreviver. Apenas o chefe do bando sabia de que era composto o líquido vermelho, quase negro, que se encontrava dentro das seringas que eram usadas para salvar vidas.

  Nesse mesmo grupo estavam duas raparigas, Cátia e Ana. As duas conheceram-se no colégio e criaram uma grande amizade desde aí. Antes de tudo isto acontecer ambas trabalhavam e tinham uma vida minimamente estável. Cátia é meses mais velha do que Ana e também um pouco mais alta.

  Agora sem ter uma razão para trabalhar ocupavam o seu tempo a treinar a sua pontaria com armas de fogo e as suas técnicas com todo o tipo de armas que tinham à sua disposição. Afinal nunca se sabia quando é que alguém de fora se lembraria de atacar a base em busca da cura milagrosa sem querer pagar o preço devido.

  Porém, isso não era tudo o que faziam com o tempo que tinham. Também gostavam de explorar edifícios abandonados ou simplesmente descansar em algum sítio onde sabiam que ninguém as iria incomodar sem terem uma boa razão para o fazer.

  Num desses dias em que estavam a treinar a sua pontaria disparando contra garrafas e latas vazias espalhadas pelo seu campo de tiro improvisado viram ao longe alguém que se aproximava sem medo do local. Não havia como não reparar na sua roupa, limpa e arranjada demais para quem estava a viver o apocalipse.

  Quando estava suficientemente perto era percetível um sorriso de superioridade no rosto seu rosto. Sorriso esse que causou arrepios na espinha da mais pequena. Ela conhecia bem aquela expressão e tinha a certeza de que aquela presença não a iria ajudar em nada.

  Por outro lado Cátia mantinha a sua arma em punho, pronta para disparar sobre o individuo.

  - Deixa estar senpai. – Disse a pequena baixando a arma da colega. - Não vale a pena gastares munições com ele.

  - Desde quando é que tu conheces um Chanel daqueles Ana-chi? – Questionou Cátia desconfiada.

  - Há quanto tempo Ana? – Num piscar de olhos o homem já estava ao lado delas.

  - Não o suficiente Astaroth!