Magia na Floresta escrita por Vlk Moura


Capítulo 7
Capítulo 7




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Tenho duas opções. A primeira: levantar e ir para a aula; a segunda: continuar dormindo e pegar mais um atestado. 

Olhei Peru, ele ainda dormia, Nyack não tinha acordado desde o evento com sua mão e o cara da perna estava roncando mais do que meu avô quando dorme de bruços. Levantei, peguei minha roupa e a vesti, senti algo escorrer do meu nariz, levei a mão e dessa vez não era sangue, pensei ser secreção ou algo assim, mas escorria mais do que qualquer coisa, peguei um pano e levei até o nariz para estancar, terminei de me vestir e percebi que a coisa parou de vazar de mim. Peguei Peru e saí da enfermaria, a enfermeira dorminha com a cabeça tombada para trás e a boca aberta, uma jiboia podia entrar ali que ela nem perceberia. 

Andei pelos corredores ainda meio escuros, parei no salão, o café ainda não era servido, subi para meu quarto, Carla dormia com Ogro em sua barriga. Peguei minhas coisas de banho, deixei a água cair em minhas costas, era relaxante. Me sequei e coloquei a roupa limpa. Meu estômago ainda parecia estranho, mas deve ser fome. Quando voltei para o quarto Obro já estava de pé e tentava acordar a dona antes de as Seriemas gritarem informando que temos de nos arrumar e tomar café. 

Carla o colocou de lado e se virou, ao me ver soltou um grito que me fez gritar junto, olhei em volta e percebi que tinha se assustado comigo. Ela me olhava com medo.

— O que foi? - olhei minhas mãos buscando por algo de errado.

— Você deveria estar de repouso - ela falou controlando a respiração - Perdeu muito sangue.

— Eu fiquei de repouso, ontem e a noite inteira - falei pegando meu material - Vamos, temos trabalho na primeira aula.

— Nem quando você quase morre, não pode parar de pensar em trabalho? - neguei.

Ela reclamou, foi tomar banho e voltou com o cabelo preso em um coque. Ogro se enrolou na bolinha de cabelo e dormiu, Peru fez o mesmo no meu cabelo. Descemos as duas conversando.

— Agnes? - olhei Leandro. - Você não deveria estar na enfermaria?

— Estou bem, não se preocupe.

— Certo... - ele massageou o pescoço - Perdeu um jogão.

— O jogo continuou mesmo depois do que aconteceu com o Nyack?

— Claro! É normal jogadores se ferirem durante o Quadribol.

— Ele quase morreu.

— Não seja tão dramática - Carla falou.

— Não estou sendo - falei e tentei pensar, eles não sabiam o que estava acontecendo com a gente, não é como se eu soubesse, mas - E a Mari?

— Recebi sua mensagem, pedi par ao Monitor do dormitório ficar de olho nela, deve estar tudo bem. - Carla se aproximou de mim - Por que você me mandou aquilo?

— Posso te conta ruma coisa louca? - ela confirmou - Nyack me mandou aquilo - ela franziu o cenho - Antes de apagar, como, eu não sei, mas aquilo estava no Peru quando acordei. Ca, eu não sei o que está acontecendo, mas acho que é algo muito sério.

— Não deviamos falar com a Diretora?

— E dizer o quê, que dois adolescentes estão desmaiando e pedindo para tomar conta de uma criança que é responsabilidade deles? Temos ótimos argumentos, não acha.

— Tem razão, ninguém acreditaria. - ela falou frustrada.

No salão comemos bem, meu estomago tinha parado de doer, devia ser fome mesmo. 

Na aula de Poções eu e Ca formamos uma dupla para o trabalho, eu não era boa naquilo, ela não era a melhor aluna, mas juntas nos entendiamos bem. 

Eu tinha varias anotações sobre a mesa com todas as dicas que a professor anos dera nas últimas aulas e eu tinha anotado tudo que encontrei na biblioteca sobre as poções do sorteio, era só prepararmos e torcer para não passar do ponto.

Eu cortava os ingredientes a serem cortados, Ca amassava os de serem amassados e na hora de misturar faziamos isso juntas, fomos umas das últimas a acabar, mas eu tinha quase certeza de que aquilo funcionaria. A professora se aproximou de nós e avaliou nosso teste, não a nós, porque estavamos todas sujas e se fosse avaliado nossa limpeza e organização seriamos reprovadas ali mesmo.

Ela nos entregou o papel que nenhuma quis ser a primeira a olhar, contamos juntas  e olhamos. E.E. Demos gritinhos comemorativos, pegamos nossas coisas e saimos alegres.

 - Ah! Ai está você! - olhei a enfermeira - Eu fui te acordar e quase fiquei maluca ao ver sua cama sozinha, o que você estava pensando quando saiu sem minha autorização? Vai voltar agora para ser avaliada.

— Não posso voltar depois das aulas? - perguntei fazendo bico.

— Não, mocinha. - ela me pegou pela orelha, Carla ria de mim, enquanto Peru voava nos seguindo.

Passei o dia na enfermaria.

Carla foi me visitar no final do dia.

— Pelo menos deu tempo de ganhar nosso E.E. - ela falou - Eu trouxe a materia, eu sei que você surtaria se perdesse. - agradeci.

— E como foram as aulas?

— Bem chatas - ela cruzou as pernas sentada na ponta da minha cama - Ah! - ela olhou Nyack e depois se debruçou para falar comigo - O professor Neville perguntou de você - revirei os olhos - Disse que viria aqui visitar vocês. - ela olhou o menino que dormia ao nosso lado - O dele deve ter sido feio, não acordou ainda.

Ela me ajudou a ir até ele. Nyack tinha os olhos balançando de um lado par ao outro, eu percebia pela movimentação das palpebras sua agitação, apoiei minha mão em seu braço e ele se acalmou. Carla percebeu isso também. Tirei a mão e aos poucos a agitação voltou, apoiei e se acalmou, eu a olhei sem entender o que poderia ser.

— Será que vocês têm alguma ligação? - ela sussurrou, dei de ombros.

A porta da enfermaria abriu, o professor Neville veio até nós e observou o corpo de Nyack, explicamos para ele o que tinhamos descoberto e então mostramos. Ele não entendeu de primeira, pediu para eu tirar minha mãos, quando apoiou as dele Nyack ficou ofegante e algo passou para mim, as vozes! Segurei a cabeça entre minhas mãos e fui me afastando, bati na mesinha que estava com os medicamentos e a água, tudo foi ao chão, eu errei sentar em minha cama e caí no chão, Peru voava a minha volta e as vozes em minha cabeça me torturavam sem pena. Carla me tocou e tudo pareceu, piorar, seu toque machucava, eu me afastei dela, ela se aproximou e eu só conseguia grunhir para que ficasse longe de mim, ela olhou o professor preocupada, senhor Longbottom soltou Nyack e veio até mim, as vozes foram sumindo, ele ia me tocar, desviei de seu toque. Eu estava banhada por lágrimas, no chão uma enorme bagunça, eu olhava para eles com medo, me sentia como um animal selvagem sendo caçado. Os dois trocaram olhares, se afastaram, eu respirei aliviada, olhei a bagunça e olhei Nyack, ele estava coma  respiração forte, mas estava bem.

— Vá ver a Mari - falei para Carla, ela confirmou e saiu da enfermaria.

O professor ficou ali agachado me esperando ter alguma reação, mas eu não conseguia, agora estou com medo, será que se eu tocar qualquer bruxo além de Nyack tudo vai voltar, será que tem algo de errado... Não, claro que tem algo de errado, o toque da minha melhor amiga não deveria me queimar como ferro em brasa. O toque do professor no aluno não deveria fazer dois sofrerem como se pessoas dessem marretadas em suas cabeças, algo de muito errado estava acontecendo. 

— Ag... Seu nariz. - Neville falou me esticando um pano, o peguei e levei até o nariz - Eu posso te ajud...

— Não! - eu me encolhi ainda mais, ele se afastou - Não... - peguei o pano e me limpei, escorria muito sangue. 

— Vim ver como estão... - olhei a enfermeira, ela nos olhou assustada - O que aconteceu aqui?

Ela ia tocar Nyack, eu a olhava com desespero, tudo voltou. A enfermeira ficou assustada, o professor a observou e nós dois, puxou a mulher para longe do menino que ainda dormia. Eu os olhei, ele me olhou parecendo surpreso, então era isso, o toque de um bruxo fazia isso com a gente. 

— Professor, eu preciso cuidar dos meus pacientes - ela falou.

— No caso, você só os está piorando - ele falou me observando - Deixa, eu assumo daqui.

— Sem querer ofender, professor, mas eu sou a enfermeira aqui.

— Eu sei, mas você não pode... - ele passou a mão pelo rosto - Chame a Diretora.

Ela confirmou e saiu com passos apressados. Eu me levantei e sentei na cama cansada, fitei o chão e olhei Nyack o que estava acontecendo coma gente?

Neville sentou ao meu lado, me afastei um pouco, ele me observou e ao menino dormindo.

— Vamos precisar de ajuda - ele falou - E de ajuda das boas - ele me olhou novamente.

A Diretora chegou com a enfermeira quase pisando em seus calcanhares, ela se aproximou de nós, eu me encolhi com o medo de seu toque, mas nada aconteceu. O professor ficou tão surpreso quanto eu.

— Não está acontecendo nada - ela nos olhou - Vocês estão fazendo piadinha comigo?

— Não, Diretora - Neville se aproximou, ele ia pegar na mulher e acabou me tocando, as vozes voltaram, olhei Nyack, ele se debatia novamente, eu prendi minha cabeça entre minhas mãos novamente, o professor se afastou.

Eu me afastei dele e da enfermeira, fiquei próxima de Nyack que aos poucos se acalmaram, apertei levemente seu ombro, ele forçou os olhos, pareceu querer abri-los.

— Isso... - a Diretora nos observou - Não é possível - ela veio até nós - Vocês são filhos de trouxas?

Confirmei, ela sorriu.

— Professor, já descobri o que está acontecendo aqui, só não sei o por quê. - ela sorriu - Na minha sala amanhã depois do almoço, vocês dois - ela apontou para mim e o professor - E caso ele tenha acordado, ele também. E você - ela apontou para a enfermeira - Não toque mais nessas crianças.

— Mas Diretora, eu preciso cuidar deles.

— Pode ter certeza de que estarão melhor sem a senhora.

A Diretora saiu seguida pela enfermeira que ainda tentava convencê-la d eque precisava cuidar de nós.

— E agora? - eu olhei o professor - O que faremos agora?

— Vocês precisam ficar sozinhos - Neville falou.

— Mas as provas estão para começar.

— Eu sei, mas são ordens da Diretora, vocês precisam ficar seguros, que ela acerte com os professores depois, amanhã as duas eu estarei aqui.

— Para quê?

— Você tem de fazer minha prova - ele sorriu - Boa-sorte, Agnes.

O professor saiu.

Peru pousou na cabeceira mais calmo, observei que o menino da perna tinha saído. Peguei as materias que Carla deixara comigo e comecei a estudar, eu estava com tédio e precisava fazer alguma coisa, depois de estudar joguei no celular, mandei mensagem para meus pais, eu gostava de ali ter sinal da internet, eu não costumava usar muito, mas devido as circunstâncias seria bom conversar com eles. Liguei para o meu avô. Ele me contou sobre o tanto de leite que as vacas estavam dando e como a horta estava crescendo bem, mas que ele se preocupava com a secura (palavra dele) que estava para chegar, pensei que ele gostaria de um Bezerro-Apaixonado, o ajudaria com as plantas, mas ele tinha medo dessas coisas mágicas, quem dirá de um animal mágico. 

Aos poucos fui caindo no sono, eu precisava ficar atenta e ter certeza de que ninguém tocaria em mim e no Nyack, mas minha mente não estava preparada para ficar acordada.


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