Tempo Ruim escrita por helenabenett, Lyra Parry


Capítulo 13
Por um minuto


Notas iniciais do capítulo

E todos os amantes já adormeceram,
e todas as palavras já se calaram
Já não vive o mundo em que se perderam
Nem as madrugadas em que se amaram



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Magali gostava de correr a noite. Principalmente quando a lua estava cheia, ou estivesse particularmente brilhante. Ela lhe dava força e confiança e renovava seu espirito. Ela saia sempre escondida, depois das dez ou pouco antes da meia–noite. O bairro do limoeiro não era nada perigoso, porém, seus pais com certeza não aprovariam esse hábito exótico e ligeiramente irresponsável. Ela colocava os fones, ouvia músicas pesadas e algumas vezes músicas celtas e ritualísticas. Dependia muito do seu humor e é claro, do estado da lua. Essa noite em particular a moça não estava no seu melhor estado de espirito. A resolução de lutar por Cassio a havia deixado tonta. Como ela o queria, não achava possível que viesse a amar de novo da mesma maneira, por isso, correndo àquela hora da noite tentava reunir forças para a luta que viria.

Ela precisaria lutar por Cascão e ter forças para romper definitivamente com Luke.  Ela sentia um pouco de pena do rapaz, porém ele não a via em sua totalidade, e para ela era tão difícil se revelar... Ele era um rapaz inteligente, ela esperava realmente que ele notasse que ela era mais do que uma garota durona. Mas ele fechava os olhos. Não haveria consolo da parte dele e por mais que ela não gostasse de admitir, ainda tinha necessidade de um homem forte e bondoso ao seu lado, alguém que a mimasse um pouco, que lambesse suas feridas. Por Deus, como ela queria ser diferente, mas não era. 

Cascão sentia–se cansado, porém não conseguia dormir. Preferiu dar um de seus passeios noturnos para acalmar os ânimos. Uma doce melancolia tomara conta de seu coração desde o término com Cascuda. Pensar na ex–namorada o deixava desnorteado, acreditava que no geral, não fora justo com a loira e que ela o deveria odiar. Mas ele não tinha culpa, ou tinha? Como ele poderia adivinhar que viria a se apaixonar? O relacionamento deles era baseado em um sentimento calmo, e o amor fora construído na comodidade. Não existia nada de intenso entre os dois, pelo menos não da parte dele. Não era nem de longe o mesmo que sentia com Maga. Como ele poderia ter sido tão cego? Ele não havia admitido pra si mesmo até então como gostava de abraça–la, sentir seu corpo macio junto de si, o cheiro de seus cabelos bem cuidados, sua respiração leve. Não gostava de admitir como lhe era agradável quando ela tocava seu braço para lhe acalmar, como sua voz doce lhe era cálida aos ouvidos e como era bom olhar para ela. Mas agora que reconhecera tudo isso e que seu relacionamento ruíra, as coisas seriam diferentes... Seus pensamentos foram interrompidos por alguém que se aproximava.

Magali se surpreendeu ao dar de cara com Cas. Ele parecia cansado e triste, com roupas esportivas, porém diferentemente dela não estava suado e arfante. Já eram mais de onze da noite o que ele poderia estar fazendo por ali?

—Cas, oi!

—Oi, Maga.

Ele imaginou que veria Luke saindo por entre as árvores logo, porém nada aconteceu. Estaria a moça andando sozinha uma hora dessas? E ainda por cima em um parque que tinha como iluminação só a luz da lua? Ele tinha que admitir que o fato de Luke não estar com ela o agradava até certo ponto, mas o fato dela estar sozinha o deixava muito assustado.

—Você está aqui sozinha?

—Sim, por quê?

—É perigoso, princesa. Você sabe disso.

—E não é pra você?– Disse ela sentando em um dos bancos da praça.

—Não tanto, você sabe que vivemos em um mundo machista. Uma moça bonita e sozinha é um alvo bem mais interessante do que um rapaz. – Ele sentou ao lado dela.

A moça estava suada e com o rosto vermelho, os olhos amarelos e vivos pareciam tristes e cansados, mas ela se esforçara para esboçar um sorriso meio tímido.

—Você não me parece muito bem, posso lhe ajudar?

—Eu estou ótima, como sempre.

—Mentirosa, como sempre. Acha que depois de todo esse tempo, não consigo ler em seus olhos quando há algo de errado?

Ela sorriu, seus olhos pareceram brilhar por um segundo.

—Só conto se me disser primeiro o que há contigo.

—A Maria terminou comigo.

—Meu Deus, Cas. Eu lamento muito. O que houve? – A Morena esperava que sua voz não expressasse a felicidade que sentia.

—Ela me acusou de estar apaixonado por outro alguém.

O coração da moça quase parou.

—E quem é essa moça?

Ele olhou para ela um pouco assustado. Depois sorriu condescendente.

—Vai me dizer que não sabe?

—Não tenho nem uma ideia.

—Você deve ser a única, pois pelo jeito, todos já notaram que estou apaixonado por você.

A moça estremeceu levemente. Ela não era tola, é óbvio que tinha notado a predileção do sujinho por ela, mas paixão? Só podia ser brincadeira.

—Não brinque comigo, Cassio. Não tem graça–Disse a moça encolhendo levemente.

—Eu não estou brincando. – Disse o rapaz com o semblante fechado – Nunca faria isso com você. Ou com qualquer outra pessoa. Não é do meu feitio. Eu estou apaixonado por você, Maga. Agora está em suas mãos nosso destino.

—Em minhas mãos? Você me diz algo aleatoriamente e todo o nosso destino está em minhas mãos? Seja homem o suficiente para encarar as consequências de seus próprios atos.

A moça se levantou, exaltada. Os olhos amarelos dela brilhavam de raiva e confusão. O que estava acontecendo? Ele não poderia estar falando sério, poderia? Ele havia realmente deixado a namorada por ela? Aquilo não lhe parecia cabível.  Mas a explosão da moça deixou o rapaz acuado e calado. Ela se virou para ele mais docemente:

—Perdoe–me. Diga–me o que deseja de mim.

—Eu desejo você, Magali. E não é de hoje. Seus olhos, sua boca, seu belo sorriso. Você é atraente... É muito. Tem ideia do que faz comigo?

—Não. Diga-me você.

O rapaz sorriu docemente. Ele não havia tirado os olhos da moça nem sequer um segundo. Havia sido difícil para Maga manter aquele olhar, não era como o de antes. Não havia apenas um profundo carinho e afeto, havia também desejo. Como um leve fogo na velha e cálida escuridão que ela estava habituada. Ele acariciou levemente seu rosto, e a puxou pela cintura fechando a distância entre ambos. Deu um leve beijo em sua boca, apenas um selinho.

—Se você quiser, eu paro. Quer que eu pare?

Ela apenas acenou uma negação e o puxou de volta para si.


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Notas finais do capítulo

Perdoem-me por favor. Trabalhar e estudar não é nada fácil, então... De qualquer modo queria agradecer muitíssimo a todos que ainda não desistiram da história. E fico MUITO grata por todos os comentários, apesar de já não ter tanto tempo de responde-los. Desculpa o capitulo ser pequeno, mas se eu não postasse acabaria no fim era sem postar mesmo. Agradeço a você, Kida. Prometo tentar postar capitulos maiores. A desconhecida e Vatrushka agradeço muitíssimo por não me abandonarem. Beijos e até logo.



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