Os Marotos e a Casa dos Gritos (HIATUS) escrita por Bianca Vivas


Capítulo 3
De volta à Hogwarts


Notas iniciais do capítulo

E aí, galerinha? Tudo bem? Após dois anos e meio, cá estou eu, na maior cara de pau, fingindo que nada acontece (e esperando que vocês também finjam que nada aconteceu, é claro).
Bem, depois de dois anos eu acredito que vocês esperam um capítulo muito emocionante, mas sinto decepcioná-los. É só um capítulo ponte mesmo, para matar a saudade desses personagens tão queridos.
Enfm, vou deixar vocês lerem. Nos vemos lá embaixo!



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O dia primeiro de setembro amanheceu cinzento. Nuvens cobriam o sol e um frio atípico cercava Londres. Ainda assim, a Estação King’s Cross estava quente e abarrotada de gente. A fumaça que saia dos trens rodeava os passageiros que corriam, apressados, para não perder o horário. No meio de toda aquela correria, encontravam-se dezenas de família procurando pela Plataforma 9 ³/4. Algumas, muito discretas. Outras, só faltavam acender luzinhas coloridas apontando para a plataforma mágica.

⸺ Esses sangues-ruins ainda vão nos expor para os trouxas ⸺ reclamou, em alto e bom som, Walburga Black.

A bruxa carregava o malão de seu filho mais novo, Régulo Arturo Black, através da Estação de trem rumo à plataforma que daria acesso ao Expresso de Hogwarts.

⸺ Cara Walburga, desse jeito será você que irá nos expor aos trouxas ⸺ disse Fleamont Potter, que aparecera atrás dela de repente ⸺, se continuar falando alto desse jeito.

Walburga olhou para Fleamont, torceu o nariz e puxou Régulo pelo braço sem dizer palavra. Antes de sair, entretanto, lançou um olhar de reprovação para Sirius. Seu filho, entretanto, nem percebeu. Estava muito mais preocupado em segurar o riso que teimava em sair de seus lábios. Sempre gostara do Sr. Potter, mas agora que ele praticamente ridicularizara sua mãe, Sirius havia se tornado seu fã.

⸺ Tratem de ficar sérios. ⸺ A Sr.ª Potter repreendeu tanto Sirius quanto Tiago. ⸺ Walburga ainda tem certa razão. Se continuarmos andando por aí com essa quantidade malões e corujas, logo os trouxas vão desconfiar de que há algo errado.

Euphemia Potter, então, empurrou os dois garotos rumo a parede mágica entre as plataformas 9 e 10. Os dois garotos não se chocaram contra a parede, no entanto. Eles a atravessaram, como sempre ocorria quando alguém passava através daqueles tijolos. Reapareceram do outro lado da parede, em um local totalmente diferente.

Bem, não totalmente. Ainda estava, numa estação de trem, mas só havia um trem parado ali: O Expresso de Hogwarts. Além do mais, apesar do lugar estar incrivelmente cheio, as pessoas eram um pouco peculiares, afinal, elas eram, em sua maioria, bruxos e bruxas. Por isso mesmo, grandes malões, sapos e corujas ocupavam grande parte da plataforma. O que permanecia exatamente igual era o barulho.

Como sempre, os bruxinhos de onze anos estavam tão animados que acabavam gritando ou fazendo alguma confusão. Os alunos mais velhos faziam o maior estrondo quando reencontravam os amigos que não viam há três meses. Os pais, por sua vez, se revezavam entre gritar ordens e declarações de amor. Nada de anormal para um primeiro de setembro.

⸺ Finalmente ⸺ disse Sirius, suspirando ⸺, vou voltar para casa.

⸺ Sua casa é onde sua família está, Sirius. ⸺ Advertiu Lupin, que havia aparecido do nada, carregando apenas um malão. ⸺ Até onde eu sei, sua família vive no Largo Grimmauld, não em Hogwarts.

⸺ Então a casa dela é em Grodic’s Hollow, Remo ⸺ rebateu Tiago ⸺, porque a minha família é a família dele também.

Sirius e Tiago deram um soquinho, enquanto Remo dava de ombros irritado. Seus amigos nunca ouviam seus conselhos. No fim, sempre se arrependiam.

Os três meninos esperaram fora do trem por Pedro mais um pouco. Quando ele finalmente apareceu, se despediram de suas famílias e embarcaram no Expresso de Hogwarts. Trataram de procurar uma cabine, mas, aparentemente, todas estavam cheias.

⸺ Tudo culpa sua ⸺ Tiago acusou Pedro ⸺, se não tivesse se atrasado tanto a gente teria entrado no trem bem mais rápido.

⸺ Desculpa se meus pais não têm um carro voador no quintal de casa ⸺ rebateu Pedro, dando um empurrão no amigo.

Os dois já iam começar a brigar não fosse Remo interrompê-los.

⸺ Pessoal, acho que achei uma cabine. ⸺ E abriu a porta de vidro, que estava fechada com uma cortina.

A cabine, no entanto, não estava vazia. Havia um rapaz de fios muito negros e pele muita branca sentado próximo a janela. O menino usava as vestes da Sonserina e em seu colo, jazia um livro todo surrado. Tiago Potter imediatamente reconheceu o exemplar de Quadribol Através dos Séculos que o garoto lia.

⸺ Olá, irmão ⸺ disse o garoto, quando levantou a cabeça para ver quem entrara em sua cabine. ⸺ Espero que tenha aproveitado bastante o verão.

⸺ Te digo o mesmo ⸺ respondeu Sirius Black, fechando a cara e empurrando seus amigos para entrar na cabine. ⸺ Agora, cai fora daqui.

Régulo Black encarou o irmão. Provavelmente estava pensando se deveria obedecê-lo ou não. Por fim, deve ter decidido que não vali a pena discutir com Sirius, porque fechou o livro, desceu da poltrona e saiu da cabine sem dizer uma palavra sequer. Os meninos, então, se instalaram na cabine que Régulo Black ocupara segundos antes.

⸺ Não deveria ter sido tão grosso com ele, Sirius ⸺ Remo disse, por fim.

⸺ Não é da sua conta ⸺ foi tudo o que Sirius respondeu antes de se amuar no canto com seu livro de transfiguração.

Remo deu um suspiro. Estava cansado de ver Sirius brigando com a própria família. Quanto mais tentava aconselhar o amigo a se aproximar do irmão, mais os dois pareciam se afastar. Ele só podia torcer para que, um dia, Sirius percebesse o quanto seu irmão desejava sua atenção e seu amor.

Régulo podia até ser muito parecido com os Black, seguindo princípios morais que Sirius desprezava, mas isso acontecia muito mais porque o irmão mais novo sentia falta de alguém para guiar-lhe. Era como Pedro Pettigrew, que sempre fora excluído por todos e, assim, poderia seguir um caminho cheio de trevas se não fosse acolhido pelos três.

⸺ Ei, vamos jogar Snap Explosivo? ⸺ chamou Pedro, interrompendo os pensamentos de Remo.

Seus amigos se animaram e começaram a procurar suas cartas mágicas. Aquele era um dos jogos favoritos deles, depois de quadribol. O Snap Explosivo era uma espécie de jogo da memória dos bruxos. As cartas mágicas se embaralhavam sozinhas e, vez ou outra, apareciam duas cartas iguais. Quando isso acontecia, o bruxo deveria colocar sua varinha em cima da carta, que ela explodiria. O primeiro bruxo que fizesse isso, ganhava um ponto. Vencia quem tinha mais pontos.

Os quatro meninos passaram toda a viagem revezando o tempo entre jogar Snap Explosivo e comer os doces que a bruxa do carrinho de guloseimas vendia. Nem perceberam a noite cair ou a aproximação dos terrenos de Hogwarts.

⸺ Alunos do primeiro ano ⸺ gritou um voz na porta do trem. ⸺ Alunos do primeiro ano! Por aqui!

Os meninos reconheceram a voz do meio gigante Hagrid. Todo ano, ele chamava os alunos novos e os levava até pequenos barcos no Lago Negro. Era dali que eles teriam a primeira visão de Hogwarts. Tiago, Sirius, Remo e Pedro ainda se lembravam de como o castelo surgia iluminado no horizonte escuro. Era a imagem mais linda que já haviam visto em toda a vida.

Os quatro bruxinhos desceram do trem para dar de cara com Hagrid, segurando um lampião. O meio gigante sorriu para eles.

⸺ Espero que vocês não criem confusão esse ano, hein? ⸺ Hagrid deu um tapinha nas costas de cada um e voltou a gritar: ⸺ Alunos do primeiro ano! Alunos do primeiro ano, por aqui!

⸺ Mas a gente nunca arranja confusão! ⸺ Tiago gritou para Hagrid, que já havia se afastado e não escutou o que ele disse.

Pedro revirou os olhos para o amigo e o puxou rumo a carruagem que andava sozinha. Os quatro subiram e esperaram que, qualquer que fosse a magia utilizada para fazê-la andar, ela os levasse até o castelo de Hogwarts. Não viam a hora de chegar aquele local acolhedor, onde podiam ser quem eles queriam ser.

Hogwarts, entretanto, estava diferente. Quando mais se aproximavam dos grandes portões, mais sentiam uma atmosfera diferente rodeando a escola. O ar estava mais pesado e frio. O Salgueiro Lutador se estendia, às margens da Floresta Proibida, solitário e ainda mais agressivo. Pirraça ⸺ o Poltergeister ⸺ ainda não havia aparecido para esconder os pertences dos alunos novos e causar confusão. Até mesmo Filch parecia ter perdido a vontade de castigar os alunos.

Os Marotos desceram da carruagem sentindo como se estivessem em outro lugar, não em Hogwarts. A julgar pelas faces dos outros bruxos, todos tinham essa impressão. A atmosfera sombria se tornava nítida até na forma como os alunos adentravam o Salão Principal: em fila e calados. Uma maneira de se portar um tanto quando não usual em Hogwarts.

⸺ Parece até que alguém morreu ⸺ murmurou Sirius para seus amigos.

⸺ Será que foi o Dumbledore? ⸺ brincou Tiago. ⸺ Ele é tão velho que já deve estar com o pé na cova.

Os quatro Marotos começaram a rir descontroladamente, causando dissonância com o comportamento de seus colegas.

⸺ Se eu fosse vocês, eu teria mais respeito ⸺ disse uma voz fina atrás deles.

Eles se viraram e deram de cara com um par de olhos verdes e uma cabeleira ruiva. Lílian Evans estava parada, com as mãos na cintura e a cara amarrada. Seus olhos soltavam faíscas de raiva, e ela as direcionava para Tiago Potter. Ao seu lado estavam, também com a cara fechada, Dorca Meadowes e Marlene McKinnon.

⸺ Cuidado com suas palavras, Potter ⸺ disse Marlene, para o melhor amigo. ⸺ Dumbledore pode ser o único capaz de nos salvar desses tempos sombrios. É melhor você torcer para ele continuar vivo.

As três meninas saíram andando e se sentaram na mesa da Grifinória, junto com os alunos que chegaram mais cedo.

⸺ Não sei qual é o problema em fazer uma piada ⸺ Tiago resmungou e seguiu as colegas rumo à mesa da Grifinória.

Após todos estarem sentados, a Professora Minerva McGonagall entrou no Salão Principal seguida por vários alunos do primeiro ano. Como sempre, eles olharam para o teto encantados com o céu brilhante. Passado o momento de espanto, entretanto, os meninos ficaram silenciosos ⸺ de alguma forma, eles perceberam o estranho silêncio que pairava sobre os professores.

O Chapéu Seletor foi posto num banquinho e começou a cantar o hino de Hogwarts. Dessa vez, ele não deu nenhum aviso ou conselho. O máximo que fez foi falar um pouco sobre cada Casa Comunal. Provavelmente, até o Chapéu Seletor percebera que Hogwarts não parecia muito Hogwarts e preferiu ficar calado, para não assustar os novos alunos.

Por sorte, um chapéu falante sempre chama a atenção. Quando ele se calou, portanto, as crianças estavam falantes e agitadas.

⸺ A-ham ⸺ pigarreou a Professora McGonagall, para se fazer ouvida. ⸺ Vou chamar cada um de vocês em ordem alfabética. Quando ouvirem seu nome, vocês devem colocar o Chapéu Seletor na cabeça e ele indicará qual será a sua Casa.

E assim foi por uma boa hora. Pedro já estava reclamando que estava com fome e que não aguentava mais. Sirius e Tiago brincavam com suas varinhas, fingindo que era baquetas de uma bateria. Remo, por sua vez, tentava conversar com Dorca Meadowes, uma amiga de Lílian Evans.

Quando, finalmente, a seleção terminou, todas as casas explodiram em palmas para parabenizar os novos bruxos. No fim das contas, saberem que mais uma geração de bruxos chegava à escola e os ensinamentos bruxos não se perderiam era um grande motivo para comemorar.

Só depois das palmas se acalmarem e as conversas cessarem, Dumbledore se levantou de sua cadeira, no centro da mesa. Devagar, ele foi para a frente do salão e fitou, muito sério, os seus alunos.

⸺ A gente não vai comer nunca desse jeito ⸺ Pedro resmungou para ninguém em especial.

⸺ Boa noite ⸺ começou Dumbledore, com a sua velha voz empoeirada. ⸺ Gostaria de dar as boas-vindas aos alunos do primeiro ano. Faço votos de que seus anos em Hogwarts sejam inesquecíveis e que suas Casas sejam como famílias para vocês. Aos velhos alunos, sejam bem-vindos de volta. Tenho certeza de que devem estar ansiosos para aprenderem coisas maravilhosas neste ano que se inicia. Devo lembrar a todos, entretanto, de que o acesso a Floresta Proibida é estritamente, como o nome já diz, proibido. E o Sr. Filch se encarregará das punições para aqueles que desobedecerem às regras. ⸺ O bruxo apontou para o fundo do Salão Principal, onde Argo Filch se encontrava, na presença de sua gata.

Dumbledore parou por um momento, então. Ele parecia pensar no que deveria falar. Abriu e fechou sua boca algumas vezes até que, finalmente, se decidiu.

⸺ Infelizmente, esse início de ano letivo não traz apenas boas notícias. Por mais ansiosos que todos estejam em adquirir conhecimento, devo adverti-los para tomar cuidado. Algumas vezes, o conhecimento é perigoso, especialmente nas mãos de quem ainda não está preparado para recebe-lo. Por isso que imploro a todos vocês, avaliem se estão preparados para os conhecimentos que podem extrair aqui em Hogwarts – dentro e fora da sala de aula.

“Nós estamos muito próximos de enfrentarmos uma era sombria. As forças das trevas sempre teimam em ressurgir, não importa o quanto se lute contra elas. Quando conseguem, sempre reaparecem ainda mais fortes. Elas parecem deter o poder de apagar a luz do mundo, mas não tem.

Nesse período de trevas que surge a nossa frente, eu os aconselho a lembrar que o poder de acender uma luz na escuridão está em nós. E nenhuma força das trevas, por mais poderosa que seja, não pode apagar a luz que cada um de vocês acende. ”

Dumbledore terminou seu discurso e voltou ao seu lugar. Quando fez isso, um banquete começou a surgir na mesa de todos. Porém, quase ninguém comia. Todos estavam estupefatos com o discurso do diretor. Parecia o prenúncio de algo muito ruim.

⸺ O que ele quis dizer com tudo isso? ⸺ Dorca Meadowes perguntou para seus colegas.

⸺ Nada  ⸺ Tiago respondeu. ⸺ Esse velho é doido, todo mundo sabe disso.

⸺ É claro que é alguma coisa, Tiago ⸺ Lílian se meteu na conversa, revirando os olhos. ⸺ Se eu fosse você, eu pararia de subestimar Dumbledore.

Tiago revirou os olhos e voltou a comer. Queria deixar aquele assunto pra lá, mas Marlene McKinnon se meteu na conversa:

⸺ Ah, Tiago você é tão burro. ⸺ Ela deu um tapa no braço do amigo. ⸺ É claro que Dumbledore estava falando desse novo bruxo das trevas que o Ministério está procurando. E, se Dumbledore está preocupado desse jeito, todos nós deveríamos nos preocupar.


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Notas finais do capítulo

Então, então, então: o que acharam? Me digam, por favor. Dêem sugestões, conselhos, criticas, tudo. Tem muito tempo que estou longe desse meio, talvez eu tenha perdido a mão, então preciso da ajuda de vocês.
Beijos e até semana que vem.



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