POV. Autora

—Olá! –Disse Paulina assim que Carlos Daniel saiu do carro.

—E aí?! –Ele respondeu abrindo a porta do carro para ela e em seguida, entrando também.

—Onde vamos? –Perguntou Lina, respirando fundo.

—Para minha casa. –Paulina ergueu uma sobrancelha, sem entende-lo. -Mandei meu motorista ir comprar uma roupa para você. Já estamos em cima da hora, mal dará tempo para você se arrumar e aprender pelo menos o básico de como se portar em um restaurante elegante. –Respondeu Carlos Daniel, dando de ombros.

—Precisamos dar um tempo. Tudo está muito em cima da hora. Nem sabemos se daremos certo juntos.

—Não temos tempo! E de qualquer forma isso não importa, dane-se se daremos certo ou não. Em um dia não vamos ter que trocar nem se quer 5 palavras direito, fique tranquila. Esse casamento é apenas um negócio Paulina, estritamente um arranjo.

—Está certo. –Paulina abaixou a cabeça.

“Apenas um negócio” “ estritamente um arranjo” essas palavras talvez tivessem afetado Paulina mais do que deveria.

Assim que chegaram no apartamento de Carlos Daniel, não perderam tempo, ensaiaram tudo que Paulina deveria dizer, a forma em que ela deveria comer, dentre outras coisas. E em seguida a cabelereira se aproximou, teriam que mudar muitas coisas visualmente em Paulina.

—Teremos que cortar seu cabelo... Você se importa? -Indagou a mulher.

—C-cortar meu cabelo? Mas... Err...-Paulina tentou achar alguma maneira de dizer que não poderia fazer isso.

—Podem sim! O cabelo dela cortado irá ficar bem melhor. -Afirmou Carlos Daniel.

—Está bem! O senhor tem razão... -Paulina respirou fundo, ela já tinha percebido que a partir dali, ela seria como um robô nas mãos de Carlos Daniel Bracho.

...

POV. Carlos Daniel

Uau... Eu não havia me enganado... A medida que iam a arrumando eu percebia mais que ela era perfeita, aquele rosto tão suave com um pequeno toque de ousadia me deixava louco, ela tinha tudo para ser e parecer com uma daquelas vadias ricas e nojentas...

—Você está perfeita! -Eu disse realmente impressionado, ela estava irreconhecível.

—Muito obrigada senhor! Admito que nem eu estou me reconhecendo... -Ela disse e sorriu.

—Eu entendo! Antes você era uma qualquer com uma aparência um tanto estranha... E agora tem tudo para ser confundida com uma rica, vai ser difícil se acostumar.

—Não exagere senhor, eu não era tão ruim assim.

—Pode até ser, mas está bem melhor agora. -Eu disse, dando de ombros.

—Pode ser... -Paulina sorriu e eu a fitei.

—Paulina, sente aqui. -Pedi e ela obedeceu, se aproximando e sentando-se ao meu lado.

—Não quero que entenda mal, mas, eu preciso que você assine esse contrato... -entreguei um papel a ela- Ai diz que você não pode contar nada disso a ninguém e que você tem que continuar fingindo ser minha esposa até meu pai morrer ou passar tudo em meu nome de vez, entende?

—Tudo bem... Mesmo achando desnecessário irei assinar, é normal que o senhor desconfie de mim... Afinal, sou apenas uma desconhecida... -Ela disse cabisbaixo.

Eu a encarei e ela me olhou também. O que essa mulher tinha?

...

POV. Paulina

Assim que chegamos no restaurante avistei tudo com bastante pudor... O lugar era muito elegante, tinha alguns arbustos na entrada e uma música muita boa sendo tocada. A medida que íamos entrando, Carlos Daniel cumprimenta todos que vi, já aproveitando para me apresentar, ele conhecia maioria das pessoas ali enquanto eu nunca nem se quer tinha ouvido falar... Eu estava muito nervosa, e cada vez meu desespero aumentava mais... Nunca tinha me imaginado em uma situação assim, entretanto, já está acontecendo então tenho que me dedicar ao máximo, não posso passar vergonha, não posso colocar tudo a perder.

—Fique tranquila, é só fazer tudo da forma em que treinamos! -Disse Carlos Daniel, percebendo meu desespero.

—Não sei se consigo.. -Sussurrei e ele me fuzilou.

—É claro que consegue! -Ele foi autoritário.

Esse nosso pequeno dialogo e todos meus pensamentos foram embora quando chegamos a mesa em que estavam os pais de Carlos Daniel... Eu os encarei com bastante atenção, tenho a impressão de já tê-los visto antes... Claro, a alguns meses atrás fui até a empresa deles para vender alguns doces, e eu nunca poderei me esquecer da forma tão rude em que eles me trataram... Eles não, apenas o pai de Carlos Daniel... Meu coração queria sair pela boca, será que eles iriam me reconhecer? Um frio percorreu por meu corpo indo em direção a menor espinha do meu corpo... Oh Céus, o que faço agora?

—C-carlos Daniel...-Sussurrei o cutucando.

—Olá mamãe, olá papai! -Ele disse me ignorando totalmente.

—Oi! -Disse o pai de Carlos Daniel.

—Olá filho! Essa é sua noiva? -Disse a mulher, sorridente.

—C-carlos Dan...-Tentei dizer novamente, porém ele voltou a me interromper.

—Sim, ela é minha futura esposa mamãe, Paulina Bittencourt. -Disse Carlos Daniel e eu engoli seco, deveríamos ter mudado não só meu segundo nome como o primeiro também, se eles se lembrarem de mim será a maior humilhação da minha vida.