Pov aut.

Após aquela cena horrível, Paulina não conseguiu fazer nada há não ser chorar e gritar muito e, assim logo já havia várias pessoas ali, era uma comunidade pequena, fatos assim se espalhavam em alguns instantes.

Ao ver todas aquelas pessoas ao redor do corpo pálido e morto de sua mãe, tudo que ela conseguiu fazer foi sair dali em disparada. Precisava ficar sozinha.

Uma grossa chuva começou a cair, obra do destino? Ela não sabia dizer, a única coisa que fez foi parar de correr e começar a caminhar. A noite já estava no seu apogeu àquela hora, a chuva continuava a cair forte sobre o seu corpo a deixando extremamente molhada, mas nem se importava.

Retirou os sapatos e ficando descalça, sentindo o gosto da calçada molhada sob seus pés. O cansaço estava dominando o seu corpo a fazendo diminuir o ritmo dos passos, caminhou por alguns minutos no meio fio antes de atravessar a rua. Quando já estava no meio dela viu um par de luzes vindo em sua direção, parou de caminhar imediatamente. O que seriam aquelas luzes? Sua mãe?

A escuridão, a chuva e a falta de razão a faziam não enxergar o que estava a sua frente. Ouviu um barulho de buzina e uma freada repentina, por centímetros não havia sido atropelada, por muito pouco.

— Paulina - Carlos Daniel saiu do carro - Fui te procurar na casa de sua mãe e então, fiquei sabendo... - Ele parou de falar assim que Paulina começou a chorar desesperadamente, então ele apenas calou-se aproximando-se, e então sem sequer se importar em molhar-se junto a ela abaixo daquela água fria ele a abraçou, dividindo toda sua dor. 

— O que acha de irmos para um lugar mais seco? - Carlos Daniel sugeriu, fitando-lhe nos olhos profundamente. 

Paulina que já estava começando sentir as consequências daquele "banho de chuva", o frio a consumia por inteiro e tudo que ela desejava era poder estar nos braços de Carlos Daniel novamente, entretanto, ao saber que ao certo não teria isso novamente, apenas balançou a cabeça em concordância. 

Então logo já estavam dentro do carro. Paulina foi todo o trajeto sem dizer absolutamente nada. Fitava as gotas de água caindo sobre o vidro e aquilo só dava mais forças para suas lágrimas, sentia-se horrível e com certeza tinha muitos motivos.

Alguns minutos depois já estavam no apartamento de Carlos Daniel. O mesmo, quando estacionou o carro, abriu a porta dela a protegendo com um guarda-chuva, uma gentileza um pouco inútil já que ela já estava completamente encharcada.

Quando entraram na casa, Paulina agradeceu aos céus por não ver nem vestígios de Paola ali. Não queria se encontrar com sua irmã que parecia ser tão duramente cruel em um momento tão delicado, mas isso não impedia sua decisão de conversar com a Paola depois, afinal, estava decidida a poder conviver com sua irmã e ter uma boa relação, como sua mãe havia pedido independente do que perdesse em troca disso. Entretanto, se preocuparia em resolver as coisas entre elas em outra hora.

— O que acha de tomar um banho? Você vai se resfriar assim – Carlos Daniel sugeriu, demonstrando preocupação, só então Paulina reparou o quanto estava molhada.

— Você tem razão – ela respirou fundo e logo subiu ás escadas, indo em direção ao toalete de seu quarto. 

Quando Paulina saiu do banheiro se sentia bem melhor, estava apenas de hobby por isso surpreendeu-se ao ver Carlos Daniel sentado em sua cama, segurando um copo com chocolate quente.

— Me desculpe entrar no seu quarto assim – ele disse, levantando-se sem jeito.

— Tudo bem, você é meu marido, não é? – brincou, rindo fraco.

Carlos Daniel retribuiu o sorriso e logo entregou o copo que segurava para Paulina que lançou-lhe um olhar de gratidão.

— Você não precisa se preocupar comigo…

— Paulina, sei que o que temos não passa de um contrato mas, me importo contigo – Carlos Daniel retrucou rapidamente.

— Vou sentir falta dela. - Paulina disse limpando o rosto com a mão livre.

— Eu sei que não devo saber o que você está sentindo, mas não vale a pena chorar por algo que já se foi. - Paulina surpreendeu-se ao ouvi-lo, esperava que ele dissesse algo acolhedor como: “chore o quanto quiser”, mas aquilo foi inédito. - Sabe, se pensar bem, ninguém gosta de ver outra pessoa chorando por causa de si mesmo.

— É! Isso é verdade. Mas não dá pra evitar, é mais forte do que eu. - Paulina respondeu, o encarando.

— Isso vai passar… Entretanto, enquanto não passa, estarei aqui para ajudá-la a curar cada espaço do seu coração, trazendo-lhe a felicidade novamente. - Disse sem deixar de fitá-la também.

— Você é tão doce, Carlos Daniel… Devia demonstrar esse lado mais vezes – Paulina falou, se aproximando mais dele, sentia-se protegida ao seu lado.

— Você gosta? - Carlos Daniel indagou em baixo som, e antes que Paulina tivesse tempo de responder, seus lábios já estavam unidos em um beijo calmo e carinhoso.

Não sabiam ao certo como haviam chegado naquele ponto, tinha sido tão rápido. Mas sabiam os fatos que haviam influenciado aquilo: Paulina sentindo tão desnorteada e precisando dos cuidados de seu amado, Carlos Daniel sem poder negar e reprimir mais toda a vontade de cuidar da mesma. A proximidade, os sentimentos, o calor, enfim, tudo. Apenas sabiam como precisavam um do outro.

E assim foi, sem motivos; sem obrigações; sem regras e totalmente fora das leis do contrato que haviam selado. Havia apenas acontecido.

— Eu quero ser tua… - Paulina sussurrou contra os lábios de Carlos Daniel.

— Tem certeza? - Carlos Daniel perguntou, já sentindo o desejo desesperado tomando conta de seu ser.

— Só sei o quanto preciso de você agora – Paulina retrucou ofegante.

Logo já estavam envolvidos em outro beijo, dessa vez um pouco mais desesperado e caloroso, em questão de segundos ambos já estavam possuídos por um desejo enorme, e uma vontade imensa de se fundirem em um só.

E em seguida a noite que tinha tudo para ser a pior da vida de Paulina, acabou se tornando uma das melhores.