Pov. Vick

 Essa noite foi simplesmente surreal. Chad estava um completo cavalheiro e eu não tava sabendo lidar com isso. Em alguns momentos eu queria ir embora e procurar Katy, saber se estava tudo bem com ela, estava me sentindo culpada por não estar do lado dela nesse momento, mas sentia que eu não tinha muito o que oferecer pra ela hoje.

 Resumindo essa noite, nós fomos jantar em um lugar muito bonito por sinal e a comida era ótima, conversamos a noite toda sobre todos os assuntos possíveis, ele estava sendo fofo e atencioso e eu estava muito surpresa. Ele não tinha tentado nenhuma gracinha a noite inteira, parecia um reencontro entre velhos amigos e eu percebi o quão ruim foi ter ficado afastada dele todo esse tempo, principalmente quando ele soltava suas piadas sujas e eu ria descontroladamente. Eu morava na mesma casa que ele, e só agora tinha percebido que estava sentindo saudades dele. Isso não era estranho?

 Eu fiquei tão vermelha quanto à cor do cabelo da Cassie quando ele me tirou pra dançar no meio daqueles italianos, ele fizeram uma roda e começaram a bater palmas e eu só sabia rir. Depois disso ele comprou uma flor pra mim daqueles caras que passam vendendo numa cestinha.

 Logo depois saímos e ficamos andando pelas ruas e conversando. Eu mal tinha percebido quando ele segurou minha mão e eu me sentia uma criança envergonhada. Parecia que eu tava conhecendo ele agora, parecia realmente um primeiro encontro e eu não tinha certeza se estava acordada ou dormindo agora.

—Deus do céu, olha a hora que é – disse assim que chegamos ao jardim de casa, eram 5 horas da manhã.

—Sabe que comigo é assim mesmo, você perde a noção do tempo – eu revirei os olhos pro jeito convencido dele.

—Ta, ta, convencido!- bocejei cansada – Acho que ta na hora da gente ir dormir.

—Eu não acho – ele deu de ombros – na verdade você ta me devendo uma coisa, esqueceu?

—O que? – encarei ele surpresa.

—O meu beijo.

 Sorri sem graça e encarei o chão tentando disfarçar. Ainda tava segurando a flor que ele me deu.

—Eu não me lembro de ter te prometido um beijo.

—Fazia parte da nossa aposta.

—Na verdade, eu não lembro dessa parte não – olhei pra ele desconfiada – Lembro de ter apostado sair com você caso ganhasse o jogo, não sair e beijar você.

—Ah mais isso tava nas entrelinhas da aposta.

—Eu sou míope, desculpa – dei de ombros e ele jogou a cabeça pra trás rindo.

 Parando pra analisar agora, em momento nenhum Chad tentou me beijar ou algo mais do que pegar minha mão a noite toda. Ele deveria estar em desespero. E não vou mentir, eu também.

—Vem aqui – ele chamou e eu neguei dando um passo pra trás. Ele cerrou os olhos na minha direção indignado. – Victoria!

—Não – ele deu mais uma passo na minha direção e eu recuei sorrindo maldosa – Você tem que aprender a correr dos seu objetivos Chad Drew.

 Ele mordeu os lábios me olhando em desafio e só depois percebei que ele levou a coisa no modo literal mesmo.

—Então ta bom! – disse sorrindo malicioso.

 Eu não tive tempo pra pensar, só agir. Ele correu na minha direção e eu voei pelo jardim rindo descontroladamente, até que ele me alcançou e me puxou. Caímos os dois na grama e ele não perdeu tempo em me beijar. Sua mão foi parar na minha cintura e a outra na base do meu rosto. Ele me beijou calmamente e sem pressa, como se tivéssemos todo o tempo do mundo, ou o mundo só pra nos dois. Eu também não consegui me controlar e minha mão afundou nos seus cabelos, eu estava em êxtase.

  Como eu senti falta disso, como eu precisava daquilo. Nossa!

  Quando as coisas começaram a ficar mais quentes e o ar foi necessário ele finalizou o nosso beijo com o selinho e caiu do meu lado ofegante. Ele sorria como uma criança e eu também. A sensação de tudo isso era estranha.

—Não sei se tenho forças pra levantar daqui – disse cansada. Minhas pálpebras já estavam pesando e eu não acreditava que daqui a pouco eu tinha que estar na faculdade.

 Chad me puxou mais pra perto e eu afundei o rosto no seu peito, sentindo o cheiro de perfume forte que ele tinha. Meu Deus quem diria que minha noite iria acabar assim.

—Também não tenho condição de sair daqui – ele murmurou no meu ouvido – Então... Boa noite? – ele disse mais em forma de pergunta e nos dois rimos. Pelo canto do olho pude ver o sol nascendo aos poucos e a cor do céu mudando pra coisa mais linda que eu já tinha visto. Sorri – Bom dia!

—Bom dia – disse.

 E então eu me perdi em sonhos. E sim deitada no gramado da minha casa, nos braços do meu ex-marido onde passei uma das melhores noites da minha vida.

[...]

Pov. Lucy

 Acordei de manhã com o barulho insuportável do despertador. Ontem foi uma noite complicada e hoje seria duas vezes pior. Não tinha conseguido ligar pra Nicolas ontem e quando chegamos á noite ele já estava dormindo. Logo de manha eu percebi que as coisas iam ser complicadas quando ele simplesmente me ignorou.

—Bom dia – disse ainda sentada na nossa cama, ele simplesmente andou até o banheiro e bateu a porta com força.

 Respirei fundo antes de levantar e ir atrás dele. Que droga! Ele não ia me ignorar, eu não ia admitir isso.

—Eu disse bom dia – invadi o banheiro com raiva, ele me olhou devolvendo esse olhar furioso.

—Ta, eu escutei. Agora me da licença – ele apontou pra porta pra eu sair.

 Aah como eu odiava quando ele ficava assim.

—Nicolas, não fica bravo comigo. Você viu quantas vezes eu te liguei ontem né? – perguntei desesperada.

 Ele revirou os olhos e cruzou os braços a cima do peito carrancudo. Lá vem!

—Onde você estava ontem á noite?

  Suspirei. Pronto agora vai dar merda.

—Eu... Eu estava em um bar – ele descruzou os braços cerrando os punhos e bufando igual um touro – Calma! – eu disse levantando as mãos como se fosse parar o transito – A Katy e a Cassie estavam lá. Não aconteceu nada.

—Aaaah! – ele soltou um riso nervoso – Então você foi curtir a noite com as suas amigas e não me avisou?! É isso eu que eu to ouvindo Luccia?!

Eu o fuzilei com o olhar. Depois que ele descobriu meu nome completo toda vez que ele fica bravo me chama assim. Eu odeio isso, puta que pariu!

—Para com essa merda de me chamar assim! – olhei pro teto tentando manter a calma. Se não ele surtaria – Me deixa explicar. Katy sumiu ontem por causa do que aconteceu, ai de noite ela me ligou me chamando pra sair com ela. Cassie foi comigo, ela estava mal por causa do Tyler e eu não podia abandona-la. Até acabamos encontrando Jason lá, pode perguntar pra ele. Não aconteceu nada além dela ficar bêbada e quebrar uma mesa e passar vergonha. Eu só fui pra cuidar dela. Ela é minha amiga eu não podia deixa-la. Me desculpa se você ficou preocupado. Só não desconfia de mim...

 Ele desfez a carranca que estava tomando conta do seu rosto e suspirou afundando as mãos no rosto.

—Eu só queria que você tivesse me avisado, você tem noção do que passou pela minha cabeça a noite toda? Ainda mais quando o Ryan disse que você saiu arrumada com a Cassie.

 Balancei a cabeça em negação, indignada.

—Você esta desconfiando de mim. – acusei desapontada.

—Não estou – ele deu um passo na minha direção

—Esta sim. Você esta exagerando...

—Lucy – ele apertou a ponta do nariz parecendo tentar se acalmar – Se ponha no meu lugar. Eu saindo com Ryan sem dar satisfação pra você, volto de madrugada cheirando a bebida e de manha te conto que passei a noite num bar com meus amigos, o que você ia pensar?

Loucuras!

—Eu ia levar numa boa – dei de ombros.

Ele abriu um sorriso enorme e depois gargalhou.

—Para de ser mentirosa garota!

 Eu rolei os olhos.

—Ta bom, eu ia atrás de você antes mesmo de você pensar em fazer alguma merda. Quando fulano falasse “Nicolas saiu com cicrano” eu já ia estar lá antes de você chegar, entendeu! – disse já passando aquele aviso por trás da mensagem.

—Você é terrível – ele disse rindo e eu não aguentei.

 Pulei em cima dele que me segurou no seu colo.

—Me... Desculpa... – disse enquanto distribuía beijos pelo seu rosto – Foi por um motivo maior. Eu não tava farreando, eu tava cuidando da Katy.

—Não gosto de você saindo por ai assim... Sem mim.

Bufei.

—Para com isso, to aqui agora! – o beijei de leve, dando um selinho apenas – Ta bravo ainda?

—Não sei, preciso pensar sobre isso – ele jogou a cabeça pra trás disfarçando um sorriso.

—Nicolas!

—Ta bom, mas só se você tomar banho comigo!

 Olhei pra ele desconfiada.

—Só banho né?

—Uhum, só banho – ele sorriu malicioso escorregando a mão pra minha coxa.

—Nicolas é serio, a gente não tem tempo pra isso. Vamos se atrasar pra faculdade.

—A gente sempre acha um 5 minutinhos ali pra uma rapidinha, para de ser chata! – ele revirou os olhos e invadiu o boxe com nos dois juntos e ligou o chuveiro molhando todo o meu pijama. Filho da puta.

 Santo Deus, mas que segunda-feira heim.

[...]

Pov. Jason

 Passei a noite toda pensando se deveria ou não tentar achar o numero da Natalie. Mas depois de muito debater comigo mesmo, cheguei á conclusão de... Se eu to pensando muito é porque eu quero. E se algo der errado, ok, não vai ser nada de novo pra mim.

 Acordei bem cedo naquela manha e pesquisei no Google o endereço daquele bar e peguei o telefone de lá e depois disquei o numero.

—Bom dia, eu estive ontem nesse estabelecimento e fui atendido por uma moça chamada Natalie, eu esqueci minha blusa com ela e me avisaram que ela guardou pra mim só que eu perdi o numero dela. Teria como vocês passarem pra mim? – e foi com essa ladainha medíocre que eu consegui o numero da Natalie e ganhei a minha manhã.

 Agora neste momento eu estava debruçado sobre a bancada da cozinha depois de tomar café encarando o papelzinho com o numero dela. O que eu faria agora? Ligaria pra ela e diria o que? Convidaria ela pra ir aonde?

 Vick abriu a porta e passou feito um furacão pro seu quarto e logo em seguida Chad apareceu também, com a cara amassada de sono, a roupa desalinhada e algumas folhas no cabelo. Ryan que estava descendo a escada parou no meio do caminho quando viu ele.

—Sexo selvagem? – perguntou brincalhão. Chad suspirou.

—Dormi na grama mesmo, acordei graças ao Vegas que foi lamber o meu rosto como um despertador!

—Eu quero saber todos os detalhes cara! – Ryan desceu as escadas e deu um tapinha nas costas dele o encorajando. – Saíram ontem de tarde e só voltou agora de manhã, o negocio deve ter sido bom.

—Mais tarde cara, mais tarde – disse cansado.

 Antes de Chad subir pro quarto ele parou do meu lado e me olhou curioso. Eu ainda encarava o papel em minhas mãos.

—Que foi? – perguntou ele.

—Sabe aquela garota do parque? Que você me viu conversando? – ele assentiu – Eu reencontrei ela ontem e consegui o numero dela hoje. – disse abanando o papel, os olhos dele brilharam.

—Serio? Mentira, liga pra ela agora. – ele tirou o celular do bolso

 – Que? Calma.

—Quem é ela e porque eu não to sabendo disso? – Ryan se jogou na cadeira ao meu lado se fazendo de ofendido. – E calma nada, quem quer que ela seja só por ter conversado com você por vontade própria já é uma coisa. Liga logo!

 Eu suspirei desesperado.

—Se quiser a gente te ajuda cara, ela era gatinha. – Chad sugeriu

 –A gente é mais experiente nesse ramo, são tantos conselhos que eu poderia te dar... Não teria como dar errado. – Ryan disse piscando pra mim

 Só por um minuto me passou pela cabeça Ryan e Chad me ajudando com Natalie. Sem condições, ela não era do tipo que eles já lidaram e eles eram extravagantes e da ultima vez que me incentivaram a fazer esse tipo de coisa, eu fiquei com uma moça que tinha namorado, depois fui sequestrado pelo namorado traficante dela.

Não, não. Sem condições.

—Ah não! – dei um pulo pra longe deles me afastando – Faço isso sozinho, valeu pela consideração. – peguei minhas coisas guardando o papel no bolso enquanto os dois me encaravam – Vejo vocês na faculdade.

 Eu lideraria sozinho com Natalie. Só ainda não sabia o que iria fazer e nem como. Ela era um tanto complicada e eu não sabia se ela ia ficar feliz ou não por eu ter conseguido seu numero.