“Harry Styles, eu pedi para você arrumar sua mala há dois dias. Qual parte você não entendeu?” eu berrei do andar de baixo.

        “Todas. Será que teria como você repetir, mas dessa vez com a boca colada na minha?” rolei os olhos, mas sem conseguir segurar uma risada quando ele se apressou em descer as escadas, usando somente uma cueca, e juntou nossos lábios.

        “O que falta para você terminar?” perguntei rindo contra sua boca.

        Ele se afastou.

        “Minha cueca.” rolei os olhos.

        “Harry, eu coloquei um pacote de cuecas dentro da sua mala, ontem.”

        Ele fez um biquinho.

        “Mas nenhuma delas é a que cai perfeitamente em mim, você sabe. A que faz meu traseiro parecer uma obra de arte.” não fui capaz de segurar a gargalhada enquanto ele voltava a subir as escadas fazendo pose de degrau em degrau. “Prometo que desço num instante.”

        “Acho bom, se não entro na Scarlett e vou sozinha.”

        Eu e Harry estávamos namorando há cinco meses e eu nunca imaginaria que ele era capaz de ser ainda mais maravilhoso como meu namorado oficial.

        Exceto, é claro, por sua falta de organização.

        Harry, com a fama que estava ganhando com a banda, tinha trancado a faculdade, enquanto eu estava conciliando o curso em New Hampshire —perto de papai e Anne— com a escrita e lançamento dos meus livros que, YAY, estavam sendo um sucesso.

        Geralmente, Harry sempre estava em turnê, mas sempre arranjava um jeito de me ver nas folgas ou me arrastar junto para os compromisso, o que tornava muito difícil não termos uma interação pública.

        Os primeiros meses com os boatos e as manchetes foram os mais complicados, embora tivéssemos conseguido resolver muito bem a situação. Começando com a demissão daquele idiota do Jake Trine e, finalmente contando toda a história ao meu pai.

        Pela primeira vez, ficamos sem se falar por alguns dias. O senhor Duchassel tinha ficado chateado, não por toda aquela situação complicada de meios-irmãos, mas por eu não ter contado nada a ele.

        Meu pai sempre fora meu melhor amigo e a pessoa para quem eu contava tudo. Sempre. Acho que ele se sentiu meio traído ao saber da história só depois que o drama tinha acabado e tudo tinha se resolvido.

        Porém, atualmente tudo estava  maravilhosamente bem entre Harry, meu pai e eu. Além disso, a interação dos dois sempre me causava boas risadas.

        O clima em casa estava muito bom já que a família iria crescer. Graças a Deus, não da minha parte. Anne e papai planejavam adotar um bebezinho e estavam terminando de entregar as papeladas, o que fez a vovó Duchassel pegar o primeiro voo para New Hampshire assim que recebeu a notícia.

        Então a casa dela ficou totalmente só para mim e Harry aproveitarmos. Falando nisso, aquela casa já tinha sido palco de muito “proveito”  da gente.

        Depois de nos encontrarmos na festa à fantasia, Harry me contou toda a sua armação. Como Thomas tinha ligado para ele e contado toda a verdade sobre o que eu sentia, sobre como ele havia implorado as fantasias para a avó de Aster, como Alice e Tom tinham o ajudado a se lembrar de tudo o que ele havia me dito na minha vez que nos vimos.

        Eu estava tão emocionada que nem ao menos me lembrava de como havíamos chegado no meu quarto na casa da minha avó. Mas lembro que fizemos amor. Uma, duas vezes. E que eu disse que lhe amava. Três, quatro vezes. E que ele disse que me amava. Cinco, seis vezes.

        E então tivemos que ir para casa de Thomas, porque Harry não tinha a intenção de acabar a noite tão cedo. É claro, ele havia combinado tudo com Tom mais uma vez.

        Era legal vê-los reconstruindo a amizade, mesmo à distância, dia após dia. Falando em amizade, para mim era muito estranho ver Alice e Thomas amigos. Mas amigos de verdade. Se duvidasse, eles falavam mais um com o outro do que comigo.

        Alice, quando voltou de Nova Iorque, deu um belo sermão em Harry e em mim também por termos, segundo ela, dificultado nosso próprio relacionamento. Ela estava fazendo muito sucesso com todo seu estilo entre os nova iorquinos, mas já estava pensando em apostar em uma carreira em Hollywood quando terminasse o curso.

        Hayley e Tom andavam bem devagar. Ela tinha aceitado a reaproximação dele, mas deixou claro que ele teria de se esforçar muito para reconquistá-la. Para falar a verdade, eu não queria soar pessimista, mas achava que não rolaria mais nada entre os dois. Quando pensei naquilo pela primeira vez, fiquei mal por imaginar o quão mal Tom ficaria. Entretanto, depois de um trabalho de férias que a universidade de Thomas promoveu em Nova Iorque, eu desconfiava que ele tinha  achado em outra pessoa — que eu conhecia bem —uma possibilidade de felicidade.  Era visível que o sentimento da pessoa em questão também estava ali querendo se libertar cada vez que eles estavam juntos. Bem, eu só esperava que eles não se matassem antes de admitir os sentimentos.

        “Vamos?” Harry abriu a porta do carona jogando a mala de qualquer jeito na parte de trás e dando um beijo na minha bochecha.

        Dei partida na minha velha Scarlett.

        Naquele fim de semana, eu e Harry comemoraríamos nosso aniversário de namoro na estrada. Faríamos o caminho inverso do que quando viemos para Lakeport e a primeira parada seria bem perto da divisa entre Utah e o Colorado.

        Neil Hoggett já nos esperava de portas abertas no seu pub. Ele parecia ainda mais alto do que da última vez. O local não tinha mudado muito da última vez, mas estava sendo arrumado para a reunião musical que aconteceria à noite.

        Nós ajudamos com o que pudemos até Hoggett gritar conosco para que parassemos e fôssemos descansar em um dos quartos nos fundos.

        Não preciso nem dizer que o que menos fizemos foi descansar, mas valeu o esforço dele.

        Era raro passarmos tempo juntos sem a família por perto e, como na primeira vez,  o sentimento de estar viajando com Harry era maravilhoso.

        “Eu te amo, Aster Duchassel. Te amei desde a primeira vez que te vi e te amarei até a última.” Ele disse sobre mim enquanto me enchia de beijos. “E é por isso que eu vou dedicar uma música para você na reunião de hoje.”

        “Você não ouse…” eu tentei tirá-lo de cima de mim mas Harry apelou para as cócegas. Ele sabia o quanto eu ficava envergonhada com demonstrações públicas, mas dizia que queria que o mundo todo soubesse quem era a garota que ele amava.

        Então ele não dedicou apenas uma, mas todas as músicas que  se voluntariou para cantar naquela noite enquanto eu observava com um sorriso no rosto.

        Quando Harry fazia aquilo e me olhava daquele jeito, eu sabia que não tinha nada no mundo tão bom que pudesse ser comparado ao nosso amor. E que não havia nenhuma adversidade do mundo que pudesse nos impedir de sermos felizes.

        Cantarolei baixinho uma canção que eu havia dedicado silenciosamente a Harry da última vez que estivemos ali:

        “That's the way, that it feels when love comes around..."

T H E  E N D

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