Uma nova escolha escrita por A Alice


Capítulo 3
A saída


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Quando saí do palácio, era como acordar de um sonho demorado. Os meses que passei naquele lugar representavam uma espécie de realidade alternativa, onde eu vivi uma vida diferente da que eu levava em Carolina e fiz coisas que nunca pensara em realizar. Dei-me o luxo de olhar para trás. O palácio ainda estava imponente e a maioria dos danos foi concerta e ele ainda parecia ter aquele brilho especial igual à primeira vez que o vi. Sob a luz do sol da tarde, as janelas pareciam feitas de diamantes e as paredes de um mármore delicado. Eu iria sentir falta daquele lugar, não por causa das criadas ou mesmo por causa do luxo, mas porque me acostumei com os corredores, com o cheiro e com as pessoas. Aquele foi meu lar durante muito tempo... E agora eu tinha de deixa-lo.

Eu sei que parece um delírio, mas juro que vi Maxon na sacada de seu quarto observando minha partida. Mais uma vez, não sei dizer se aquilo realmente aconteceu ou se minha imaginação criativa colocou a figura imponente e linda dele por perto, só para que eu não me sentisse tão mal por ele não ter ido fazer as cortesias finais que acompanhavam minha partida.

—Está pronta, senhorita América? –perguntou Sílvia com um sorriso forçado no rosto, até ela parecia querer que eu ficasse.

—Estou. –afirmei com a voz um pouco fraca. –Mas pode me chamar apenas de “América”, não há necessidade de manter as formalidades.

—Obrigada, América. –Ela ainda parecia querer dizer mais alguma coisa, mas preferiu ficar calada e fez um gesto com a mão para que entrasse no carro que me levaria até o aeroporto. –Espero que faça uma boa viagem.

—Obrigada, Sílvia. Você foi uma ótima mentora. A melhor que eu poderia ter. –eu disse ela abriu um sorriso largo e animado, parecido com o que apareceu em seu rosto quando lhe pedi aulas particulares.

Enquanto estava falando com ela e pensando no palácio, não notei os muitos repórteres ao meu redor. Eles falavam meu nome e faziam perguntas sobre como eu estava me sentindo e o que iria fazer agora que voltaria para casa... Eu não estava disposta a responder nenhuma delas, isso porque todas as perguntas me deixavam triste ou mesmo confusa. Eu não estava me sentido bem com minha derrota, mas não sabia definir muito bem com palavras o grau de minha tristeza, muito menos estava com vontade de pensar no que faria agora... O que eu poderia fazer? Eram muitas questões e eu iria lidar com uma coisa de cada vez.

Entrei no carro e coloquei o cinto. Falei com o motorista, desejando-lhe uma boa tarde, mas ele não respondeu, me deixando constrangida. Resolvi me sentar e ficar quieta enquanto ele dirigia lentamente para longe do palácio. Não demorou cinco minutos para que notasse que havia algo estranho.

—Senhor... Não estamos indo para a direção errada? –perguntei preocupado ao ver que não estávamos seguindo para o aeroporto.

—Ah, minha cara... –ele disse com uma voz rouca e levemente animada. –Estamos indo para o lugar certo, senhorita América.

—O que quer dizer com isso? –perguntei começando a ficar assustada. Consegui olhar para o rosto do motorista, ele estava com um sorriso estranho de satisfação no rosto, era jovem e parecia sujo, mesmo com o uniforme muito bem passado e limpo.

—Quero dizer que a senhorita vai ser de grande valia para nossa causa...

Causa? Causa? Rebelde! Minha respiração acelerou. Se fossem do norte eu poderia ter uma chance se explicasse que era a favor da causa e que odiava as castas e que conhecia os líderes... Mas, se fosse do sul, o que eu poderia fazer?

—Qual causa? –perguntei engolindo a seco.

—A nobre causa do sul! –gritou e acelerou rapidamente. Se eu não estivesse usando o cinto de segurança, provavelmente seria arremessada para longe.

Por dois minutos ou dois fiquei paralisada, sem saber o que fazer. Quando voltei a raciocinar, tirei o cinto e comecei a tentar abrir as portas, mas estavam todas travadas. O homem que dirigia deu uma gargalhada, se divertia com meu desespero.

Os cortejos de dois ou três carros que deveriam me seguir estavam longe e meu sequestrador dobrava em ruelas estranhas e afastadas, tão estreitas que os retrovisores e portas arranhavam-se nas paredes, soltando faíscas.

—Eu preciso sair! –gritei tentando baixar o vidro. – Preciso de ajuda! –consegui abrir um pouco do vidro escuro e tentei e fazer ouvida, mas nada aconteceu. Foi quando vi que me apontava uma arma.

—Quieta ou então eu atiro! –berrou, me olhando com desprezo. –Não seja idiota, garota! Cale-se e eu não terei o prazer de matar uma sonsa como você.

—Por que eu? Qual o motivo de fazer isso?

—Não seja boba... Sequestrar você é uma garantia de sucesso...

—Por quê?

—Ora, você acha que o rei não vai pagar o preço que ditarmos para ter você de volta?

—Não faz sentido! Eu não sou a escolhida!

—Você não precisa entender, basta cooperar e prometemos não machucar você... –ele disse e um silêncio de dois ou três segundos, até ele continuar:

—Prometemos não machucar muito...

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado
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