07h30min

Que ótimo! Primeiro dia de aula, e Louis Weasley estava atrasado. O garoto tinha se mudado para Inglaterra para recomeçar, e recomeçou com o pé esquerdo. Ele se perguntava de onde vinha toda essa má sorte. O Weasley se arrumou rapidamente e desceu as escadas correndo, dando de cara com uma Fleur com um sorriso maior que a lua.

— Mon fils, é seu primeiro dia!

— Sim mãe, e eu estou atrasado! Então eu já vou indo, tudo bem? – Louis perguntou com um sorriso forçado.

— Eu lhe levo. É seu primeiro dia, e você não vai caminhando Louis.

— Mãe, não precisa. Eu já vou indo, ligo para a senhora mais tarde. – Dizendo isso, o louro pegou a mochila e saiu, deixando Fleur pensativa.

— Je t'aime mon prince...

 Louis se perdia nos seus pensamentos durante a caminhada. Será que ele conseguiria esquecer tudo? Talvez sim, todos não falam que, o que vale é o esforço? Sim, mas a maioria das vezes, todos estão errados. Por que a vida tinha que ser tão complicada para Louis? Ele sempre tinha sido um bom garoto, mas parece que isso não importava.

Depois de quinze minutos de caminhada, o Weasley estava na frente de Hogwarts High. A escola tinha uma aparência agradável, na visão de Louis. No gramado da frente, havia alguns alunos sentados e conversando, outros – que ele supôs serem jogadores de futebol, pelas jaquetas que usavam – jogavam uma bola pelos ares. Ele ficou observando a escola por mais alguns minutos e decidiu entrar. Logo quando o Weasley adentrou o prédio principal, avistou duas pessoas que ele sentia falta, assim como de todos os Weasley.

— Lucy e Rox...? – O Weasley disse um pouco envergonhado. Por que ele estava com vergonha de falar com suas primas?

— Quem é...

— OH MEU DEUS! – Roxanne gritou no meio do corredor, fazendo alguns alunos lançarem olhares curiosos para ela. — LOUIS WEASLEY!

— O quê? Louis é você mesmo? – Lucy falava enquanto analisava seu primo.

— Em carne e osso queridas!

— E o que você fez com seu cabelo?! Eu adorava aquele louro natural! – Roxanne disse, depois de perceber o que o primo havia feito.

— Desculpe Rox, mas eu quis mudar um pouco... Não gostaram do meu castanho? – O Weasley falou, com um sorriso.

— Você ficou um gato Louis, se não fossemos primos, poderíamos sair qualquer dia.

— Lucy com qual menino você quer não sair qualquer dia? Mas você está mesmo. Por que não veio nos visitar, Louis? Sentimos sua falta, falo isso em nome de todos os Weasley.

— Me desculpem, mas agora ficarei com vocês por mais três anos, e depois faculdade.

— Vai voltar para França? Garanto que Inglaterra é muito melhor. – Depois de dizer isso, Lucy suspirou. A garota obviamente preferia a França.

— Nada de Europa. Vou para América.

— Que garoto chique! Mas enfim, eu e Lucy temos que organizar algumas coisas, nos vemos por ai? E claro, temos que botar muita coisa em dia, vamos marcar alguma coisa.

— Claro meninas, até logo. – O garoto respondeu com um sorriso forçado.

— Boa sorte Louis, talvez você esbarre com outro Weasley por ai.

Ele esperava por isso, encontrar outro Weasley seria ótimo.

—---X----

Todos os alunos quando começavam a estudar em Hogwarts High, eram sorteados para as quatro casas. E que casas? Grifinória, Corvinal, Lufa-Lufa e Sonserina. Isso só era um detalhe, mas Rose odiava ser da grifinória e Lorcan ser da corvinal. Se eles fossem da mesma casa, passariam todas as aulas juntos e ela não teria que aguentar horas de chatice sozinha. Rose gostava de estudar algumas matérias, mas química... Quem gosta de estudar química com o Snape? Definitivamente, ninguém.

— Já pegou seu horário, Rosie?

— Ainda não, espero que tenha poucas aulas com a Sonserina. Mais um ano com Scorpius Malfoy enchendo o saco? Deus me livre disso! – A Weasley respondeu enquanto via um louro de longe.

— Vou fingir que acredito nesse papo. Você já se esqueceu daquela festa do Albus? Querida, então preciso lhe relembrar... – E o Scamander foi interrompido por uma Weasley parecendo um pimentão.

— NEM PENSE EM TOCAR NAQUELE ASSUNTO! Foi um erro, e erros ficam no passado!  Eu já disse de quem eu gosto...

— Rose não me faça rir! – Lorcan falou enquanto abria o seu armário. — Você não gosta do Jason Harris. Ele é um idiota, Rosie.

— Você não o conhece, Lorcan. Já teve pelo menos cinco minutos de conversa com ele?

— Você está falando como se já tivesse tido. Falou com ele no dia que ele sem querer jogou uma bola na sua cara. – O Scamander respondeu com um sorriso irônico.

— Você está falando que foi de proposito? Que idiota de sua parte, Lorcan! Quer saber, eu vou embora! – E antes de sair, empurrou com força o armário do louro, que só riu.

—---X----

Catherine Malfoy se perguntava como fora possível eles chegarem tão rápido. Talvez tenha sido o jeito que Fred dirigiu, parecia que eles estavam em uma corrida, mas a verdade era que eles estavam; Em uma corrida contra o tempo. Depois de quase atropelar várias pessoas, bater em vários cones e quase sofrerem um acidente, eles estavam na frente de Hogwarts High.  

— Sabem quem está morto? Exatamente, eu. Se eu levar mais alguma multa, eu vou perder minha carteira. – Fred falou irritado.

— Na verdade é somente se você levar mais duas multas, mas creio que você não vai Fred. Você dirige muito bem, James até confiou o carro dele em suas mãos. – Dominique comentou, tentando acalmar o Weasley.

— Pois é cara, se acalma. Dominique e Catherine devem agora a vida delas á você, veja pelo lado bom. – O Potter falou, terminando a frase com um sorriso irônico.

— É Weasley, e eu lhe agradeço muito, mas agora eu tenho que falar com o Potter. – Catherine disse enquanto encarava Dominique com aquele olhar, “Sai e leva ele”.

— Tenho que encontrar Louis, e vem Fred. – Dominique disse, e depois saiu puxando o primo pela camisa, que só resmungava algo como “Sério mesmo, Dominique?”.

Existem vários silêncios no mundo. Existe aquele silêncio de adeus, que sempre está misturado com vários sentimentos como amor, saudades, medo e etc; Tem também o silêncio de resistência emocional, é o que mostra a dificuldade, o bloqueio do individuo em se expressar; E quem ainda não viu esse em filmes românticos? O silencio de amor, de onde um encontro essencial, palavras são desnecessárias; E um dos mais famosos, o silêncio de expectativa que tem um misto de tensão e curiosidade.

Naquele momento, Catherine e James compartilhavam todos esses silêncios. Eles teriam que adeus para tudo, mas como quando eram os seres mais orgulhosos do mundo? Ao mesmo tempo, palavras eram desnecessárias para falar o que os dois sentiam, pois os dois sabiam muito bem. Mas o que eles também esperavam daquilo tudo? Era uma curiosidade.

— Então é isso? – Catherine se pronunciou.

— Quando o verão acabasse, você disse que tudo voltaria ao normal. O normal, você tem um namorado que me odeia, você me odeia, e continuamos assim. – James disse com um sorriso, ele sabia que não ia conseguir continuar odiando a menina.

— Acho que não precisamos nos odiar, podemos ser aceitáveis na escola.

— Claro amiga, mas você sabe que vai ser tipo nos filmes românticos né? Isso não acabou por aqui. Depois poderíamos até cantar Summer Nights. – James proferiu com um sorriso.

— E obviamente no final de tudo, vamos cantar You’re the one that I want. Acho melhor eu ir, se Amber colocar alguma coisa sobre mim e algum garoto que não seja Jason e meu pai ver, eu irei ser deserdada. Até depois James. – A Malfoy saiu do carro, deixando James com um sorriso apaixonado.

—---X----

Albus Potter sempre havia sido apaixonado por uma única garota, Alice Longbottom. Desde o jardim, quando ele colocou os olhos na morena, se interessou por ela. Ao passar dos anos, todos sempre falavam que a mesma correspondia o Potter, e antes do verão ela tinha deixado bem claro que era verdade, depois de gritar na festa de Amanda Wood, “Eu gosto você, Albus Severus Potter” e puxar o garoto para um beijo. Depois daquilo, ele havia preparado quase toda a vida ao lado da garota, mesmo que isso soasse estranho, ele gostava de pensar o nome de seus filhos, cachorros, e etc. Mas isso tudo mudou, logo quando entrou no colégio e Amber Brown chamou o garoto para conversar.

— Hey Albus, podemos sair qualquer dia, não é? – A Brown disse, enquanto dava um sorriso sedutor...? Isso era um mínimo estranho, pensava o Potter.

— Sair?

— Já que Alice foi para Argentina fazer intercâmbio, vocês dois vão ficar um ano separados e vocês tem que aproveitar não é? – Quando o Potter ouviu aquilo, ele não sabia o que sentia. Ele estava triste, mas com tanta raiva. Por que Alice não podia ter falado para o garoto? Por que ela teve que dar falsas esperanças para ele? Albus só queria sair dali, mas Amber continuava esperando uma resposta.

— Claro Amber, só é marcar.

— Te mando uma mensagem mais tarde, até depois Albus. – Por que diabos ele tinha aceitado sair com Amber Brown?

Depois daquilo, ele foi até a única pessoa que ele poderia falar tudo. Scorpius Malfoy ia o encher de xingamentos, de como ele tinha sido idiota e que Alice Longbottom também era uma idiota, o de sempre. Ele aceitava aquilo, pois só aquilo podia fazê-lo voltar para a realidade. Ele avistou o Malfoy irritando sua prima, Rose, que gritava coisas como “Hyperion você pode fazer o favor de se jogar de um barranco?”, ele não sabia por que aquilo era o passatempo favorito do amigo.

— Ei Scorpius.

— Albus muito obrigada! Leve esse demônio que você chama de melhor amigo para longe de mim. – Dizendo isso, Rose saiu quase correndo.

— UM DIA VAMOS CASAR WEASLEY!

— Por que tão escandaloso Malfoy? Mas enfim, Alice foi embora. – O Potter falou com um tom pensativo.

— A Longbottom te deixou? Que idiota! Cara, não sei nem o que dizer, sinceramente.

— Pode me xingar a vontade, você sempre faz isso. Lembra?

— Faço, quando não é Alice Longbottom. Precisamos encher a cara, tenho umas identidades falsas e vai funcionar. – O Malfoy disse com um sorriso. Ele sabia que o amigo tinha uma queda, quase um penhasco pela Longbottom.

— Encher a cara? Sério Malfoy?

— Álcool resolve tudo, vai por mim.

— Já que você diz.

— E claro que outra garota, mas isso não é problema.

—--X---

As aulas pelo período da manhã haviam passado rápido. E naquele momento, a maioria dos alunos estavam almoçando, como sempre. A rotina de Hogwarts High tinha voltado, e como Lorcan Scamander odiava aquilo. Ele via, o pessoal do clube de matemática sentados afastados, os intercambistas que ficavam quase do outro lado da cantina, o pessoal da banda que só pegavam a comida e iam embora, e claro os jogadores de futebol e algumas meninas – Como Dominique e Catherine, ele não gostava nem um pouco daquelas duas. – que sentavam nas melhores mesas. Também tinha ele e Rose, que na cabeça deles eram a exceção à regra.  Ninguém ligava para onde eles iriam sentar, para nada. Algumas vezes, haviam vantagens em ser invisível.

— Eu vi Louis hoje, na minha segunda aula. Ele está diferente, com um cabelo castanho e carregado de sotaque francês. – Rose comentava, enquanto brincava com o seu purê de batatas.

— Nunca conheci esse Weasley, ele é que nem a irmã?

— Ele é diferente de Dominique, ele é legal. Mas Dominique nem sempre foi um porre, sabe? Ela era bem legal. – Rose disse em meio de risos.

— Não consigo acreditar nisso. Sabe é impossível.

— É serio! Pode perguntar para Lysander, ele a conheceu quando ela era legal. Ele era tipo melhor amigo dela e da Malfoy.

— Meu irmão era amigo das duas? Que estranho. E falando no Lysander, ele está adorando Los Angeles. – Lorcan disse, lembrando-se do grande e-mail que recebeu do irmão.

— Ele deveria ter ido fazer intercambio só na faculdade ou quando você fez, ai eu teria os meus dois gêmeos aqui.

— Agradeça porque ainda tem a mim, Weasley.

— Eu amo você, Scamander. – Rose disse, com um sorriso sincero.

— Eu também, Rosie. Agora, tenho que pegar um livro que deixei no meu armário, até depois.

No outro lado da cantina, Louis se sentia perdido na conversa dos amigos da irmã. O garoto ouvia de tudo, quanto tinha sido o resultado do jogo de Chelsea contra Liverpool, sobre um filme que tinha lançado, e ouviu alguma coisa sobre Justin Bieber, mas o que interessou o Weasley foi à conversa de Jason e Catherine. Louis não era xereta, mas aquela conversa estava meio estranha. 

— Meu pai tinha mesmo que me fazer namorar com você? – A Malfoy falava em um tom baixo, mas que Louis conseguia ouvir perfeitamente do lugar que ele estava.

— Catherine você nunca reclamou, mas desde quando voltou dessa viagem...

— Está insinuando alguma coisa, Jason? Ah, você é um idiota.

— O Potter não parou de olhar para você, isso é perfeitamente estranho. – Jason falou enquanto dava uma olhada rápida para James.

— Meu pai e seus negócios, mas será que eu não poderia namorar com outro? Luke Zabini é muito melhor que você, e é um universitário.

— Até eu sei que ele é gay, e pare com isso Catherine.

— Idiota.

Louis achou tudo aquilo muito estranho, mas decidiu esquecer, era problema deles e talvez de Draco Malfoy. Depois de um tempo observando todos naquela mesa, o Weasley se despediu de sua irmã, e saiu. Ele particularmente não tinha gostado da maioria das pessoas naquela mesa, mas ele não estava podendo escolher naquele momento.

Os corredores de Hogwarts High estavam vazios, a maioria dos alunos estavam do lado de fora, mas alguns não. Lorcan Scamander amava ler, e sempre tinha vários livros no seu armário para quando o garoto ficasse entediado, e como a próxima aula seria química, ele precisava de um bom livro. A escolha foi rápida, sem dúvidas Os miseráveis era um ótimo livro. Estava tudo perfeitamente bem, até o Scamander ver quem estava se aproximando dele. Nada menos que Ian Greengrass e Michael Nott, para sua infelicidade.

— Scamander, não te vimos por ai hoje.

— O que vocês dois querem?

— Nada, mas por que você continua aqui? Achamos que como deixamos claro que não era pra você voltar.

— Ian, a escola é publica. Quando você a comprar, pode me expulsar. – Lorcan respondeu, com um pouco de receio.

— Nós lhe recomendamos aquela escola de meninos, aposto que você iria adorar Lorcan. Só queríamos ajudar você.

— E você acha que vou agradecer vocês, Michael?

— Seu viadinho idiota. – E o garoto puxou Lorcan pela camisa. – Você deveria morrer! Sua bichinha! – Dizendo isso, cuspiu no rosto do garoto.

— É o melhor que vocês podem fazer?

— Ah seu viadinho, você não disse isso! – Dizendo isso, o Nott deu um soco no rosto do garoto que cambaleou para trás.

Os dois garotos começaram a darem socos, e depois chutes no garoto que continuava sofrendo calado no chão. E era terceira vez que isso acontecia, desde que tinha resolvido ir em uma boate com Rose, e resolveu ser ele mesmo, ele não gostava de garotas, e como Rose sabia, ele viu que não tinha problema nenhum dançar ou ficar com um garoto naquela noite. Teria sido uma noite perfeita, se Michael Nott e Ian Greengrass não estivessem lá. Depois disso, o inferno tinha começado na vida do garoto, e claro sem Rose saber.

— O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO? – Uma voz despertou o garoto que continuava deitado no chão enquanto os outros dois o chutavam.

— Hey irmão da Domi, só estávamos acertando umas contas. – Ian se pronunciou.

— Já estamos saindo, e fique calado Weasleyzinho. E você, Scamander, já sabe. – Dizendo isso, os dois se retiram do corredor.

— Hey, você está bem? Que pergunta estupida, obvio que não! Temos que levá-lo para enfermaria. – Louis Weasley falou rapidamente. Ele estava preocupado com o garoto.

— Então você é Louis Weasley? Claro que sim, “Irmão da Domi”. Eu não vou para enfermaria, vou para casa. – O Scamander disse enquanto tentava se levantar.

— Você vai andando para casa?

— Não, dirigindo. Avise para Rose Weasley que eu passei mal, e talvez volte para aula daqui a dois dias.

— Você não vai falar nada? Eles estavam te espancando.

— A escola não vai fazer nada. Da última vez que falaram, os garotos foram expulsos e o outro mudou de escola. Eu não quero mudar de escola.

— Você está sendo covarde, e não está com condições de dirigir. – O Weasley disse enquanto olhava para Lorcan que tinha dificuldade até de ficar de pé.

— Não posso falar para Rose, e eu não vou falar para minha mãe. Então, foi um prazer conhecer você, Louis Weasley. – Lorcan disse, e começou a mancar, deixando o Weasley para trás.

— Eu levo você, e depois volto para cá. Talvez perca a aula de geografia, mas tudo bem. – Louis afirmou com um sorriso. Ele tinha gostado do garoto.

— Só não entendo o porquê, mas tudo bem. Não posso negar ajuda agora.

— Eu também não sei explicar o porquê, mas vamos. – Louis respondeu com um sorriso, que foi correspondido.

E assim os dois saíram caminhando. Louis esperava que isso fosse o início de uma nova amizade.