ANASTÁSIA STEELE

Depois de conversar com Grace ela acabou me levando para conhecer a biblioteca de sua casa, e também me presenteou com um livro, e isso sim eu adorei. Agora nós duas estamos sentadas no chão da biblioteca lendo.

—Que tal nós duas sairmos? —Grace pergunta distraindo-me.

—Para onde? —Pergunto curiosa.

—Nós podemos ir tomar um sorvete e depois ir visitar a sua mãe.

—Ok. —Sorrio com entusiasmo.

—Eu vou pegar minha bolsa.

Grace se levanta e me deixa sozinha, enquanto ela vai eu aproveito para continuar lendo, mas ela logo volta com sua bolsa e uma Mia não tão alegre. Confesso que ver Mia triste me deixou mal.

—O que houve? —Pergunto levantando-me.

—O Elliot puxou meu cabelo. —Mia diz fazendo bico.

Olho para Grace e depois para Mia.

—Por que os meninos Grey são tão bobocas? —Pergunto e Mia abre um sorriso.

—Você tem razão, eles são muito bobocas. —Mia diz sorrindo.

—Vamos agora? —Grace diz sorrindo.

—Vamos. —Eu e Mia dizemos juntas.

Saímos da biblioteca e vamos para a saída, vemos Elliot na escada e Grace lhe dá um olhar de ‘depois conversamos’. Elliot encolhe os ombros e faz careta para Mia que mostra língua para ele. Vamos para o carro e seguimos para a sorveteria.

Assim que chegamos em frente à sorveteria o motorista desce do carro e abre a porta para nós. Grace desce e depois eu e Mia descemos, nós entramos na sorveteria e vamos até o balcão.

Uma mulher loira vem nos atender, ela é toda sorridente e supergentil.

—Que sabor vocês vão querer? —Grace pergunta.

Olho para o balcão e vejo vários sorvetes com cores e sabores diferentes. Fico um pouco confusa na hora de decidir. Até mesmo porque eu nunca podia comer coisas como essas, e agora não sei qual sabor é realmente bom.

—Limão e chocolate... —Mia sussurra no meu ouvido.

—Limão e chocolate. —Repito depois de alguns segundos.

—Ok... E você Mia?

—O mesmo. —Ela diz sorrindo.

Depois de escolhermos o sabor e acrescentarmos mais alguns ingredientes, nós três sentamos em uma mesa em frente à janela e começamos a tomar o sorvete.

Até que Limão e Chocolate foi uma boa ideia, isso é muito bom.

—Gostou? —Mia pergunta sorrindo.

—Sim. —Sorrio e mordo o lábio.

—Você tem um sorriso tão lindo Ana. —Grace diz emocionada.

—Obrigada. —Sussurro com timidez.

Terminamos de tomar o sorvete e seguimos para o hospital. O caminho até lá é divertido, Mia e eu vamos ouvindo músicas altas e rindo com algumas piadas secretas sobre Elliot e Christian. Assim que chegamos, eu desço do carro e entro correndo. Vou direto para o quarto da minha mãe e paro na porta ao ver que ela está dormindo. Fico observando-a dormir tranquilamente.

Aproximo-me lentamente e dou um beijinho na ponta do nariz da mamãe.

—Olá filha. —Mamãe diz enquanto abre os olhos e um largo sorriso.

—Oi mamãe. —Sorrio.

Grace e Mia entram no quarto.

—Olá Carla. —Diz Grace sorrindo.

—Dra. Trevelyan. —Diz mamãe.

—Me chama de Grace, por favor.

—Grace. —Mamãe sorri. —Como a Ana está se comportando?

—Muito bem, ela é uma menina maravilhosa.

—É sim. —Mamãe sorri e acaricia meus cabelos.

—Quando nós vamos voltar para casa mamãe? Eu quero ficar com você. —Pergunto sentando em sua cama e fico mexendo em seus cabelos.

—Nós não podemos voltar para lá querida.

—Por que não? —Pergunto confusa e vejo mamãe olhar envergonhada para Grace e Mia.

—Mia, vamos deixa a Carla e a Ana conversarem. —Diz Grace, ela segura a mão de Mia e as duas saem do quarto.

—Amor, nós vamos comprar outra casa, tudo bem?

—Quando?

—Assim que eu sair daqui. E ai nós vamos ser bem felizes juntas.

—Promete? —Pergunto levantando meu mindinho.

—Prometo. —Mamãe entrelaça seu mindinho no meu. —Nada vai nos atrapalhar mais querida, eu prometo.

Sorrio e deito ao lado de mamãe, ela me abraça e eu fecho os olhos sentindo seu cheirinho e logo adormeço.

—Querida, acorde... —Gemo frustrada quando mamãe me acorda. Remexo-me e lentamente abro os olhos. Olho para mamãe e depois Grace. —Está na hora de você ir. —Mamãe diz e eu balanço a cabeça.

Dou um beijo nela e desço na cama. Grace estende sua mão e eu seguro-a, olho para mamãe e aceno, logo em seguida vou embora com Mia e Grace.

—Tia Grace. —Pergunto enquanto caminhamos até o carro.

—O que foi querida?

—A que horas o Christian volta?

—Eu acho que ele já está em casa.

—Hmm... —Murmuro.

O motorista abre a porta do carro e nós entramos, encosto a cabeça na janela e fecho os olhos pegando no sono novamente.

Abro os olhos e me vejo em uma casa suja, as paredes estão com mofo e o chão é todo pegajoso, há um rastro de sangue e eu o sigo, - o que me leva até o quarto - empurro a porta e vejo a cena que faz meu coração parar. Mamãe está caída de bruços no chão, seus olhos estão abertos, mas parecem sem vida. Uma única lágrima escorre pelo meu rosto e eu me aproximo com cuidado. Abaixo-me em sua frente e acaricio seu rosto gélido com as pontas dos dedos.

—Olá Anastásia.

Viro-me e vejo papai parado, ele está com as mãos sujas de sangue e segura uma arma.

Meu coração acelera e eu me levanto dando alguns passos para trás.

—Vamos brincar querida? —Ele sorri e eu sinto ainda mais medo.

—Mamãe... —Sussurro com medo. —Por favor. Ajude-me.

—Sua mãe se foi querida, agora é a sua vez. —Papai aponta a amar para mim e eu aperto meus olhos.

—Mamãe, me ajuda. Mãe. —Grito encolhendo-me.

—Anastásia, acorde. —O grito de Grace me traz de volta ao carro. Abro os olhos assustada e vejo Grace na minha frente, começo a chorar com a respiração ofegante. —O que houve querida?

Ignoro a pergunta de Grace e abro a porta do carro sem dizer nada, saio correndo e entro na casa de Grace. Quando passo pelo hall acabo esbarrando em um homem e caio de bunda no chão chorando mais ainda.

—Ei, o que houve? —O homem abaixa na minha frente e levanta a mão para me tocar.

—Não me toque! —Grito assustando-o.

—Ana! —Grace entra com Mia. —O que houve querida?

Fico em silêncio e me levanto, envolvo meus braços ao redor do meu corpo e encaro o homem na minha frente.

—Ele não vai te machucar Ana, é apenas meu marido Carrick. —Explica Grace, mas eu continuo em silêncio. —Ok querida. Pode ir para o seu quarto se quiser. Mia acompanhe a Ana.

—Vem Ana. —Mia estende sua mão e eu cogito, mas seguro-a.

Olho para Grace e encolho os ombros, ela sorri e acaricia meu rosto dizendo estar tudo bem. Balanço a cabeça e vou com Mia. Nós subimos a primeira escada e encontramos Elliot beijando uma garota contra a parede.

—Uh... —Mia Diz e os dois se soltam.

—Eca. —Digo com meu nojo total.

—Saiam daqui pirralhas. —Elliot diz vermelhinho.

—Uh, ele ficou vermelhinho. —Mia provoco e Elliot dá um passo ameaçador em nossa direção.

—Lelliot boboca. —Mia fala rindo e a garota ao lado de Elliot começa a rir.

Mia segura minha mão novamente e nós subimos a outra escada, andamos pelo corredor, mas paramos em frente a outro quarto que está com a porta aberta. Vejo Christian deitado (jogado) na cama.

—Christian! —Mia exclama toda sorridente.

Christian se senta e nos olha, fico horrorizada ao vê-lo, ele tem um olho roxo e um machucado no lábios. Olho para o criado mudo ao lado da sua cama e vejo que há uma garrafa de bebida. Balanço a cabeça negativamente para Christian.

Mia solta minha mão entra no quarto indo abraçar Christian que a recebe com cuidado.

Fico parada na porta encarando-os.

—Oi Ana. —Christian diz, mas eu não digo nada, apenas me viro e vou para o outro quarto.

Abro a porta e assim que entro fecho-a e caminho até a cama, deitando-me sobre a mesma.

Alguns minutos se passam e Christian entra no quarto todo nervosinho.

—O que você quer Grey? —Pergunto sem nem ao menos olhá-lo.

—Por que você me ignorou criança?

—Porque eu não sou obrigada a falar com garotos idiotas.

—Agora eu sou idiota?

Sento-me na cama e fito-o brava.

—Se você bebe e se mete em brigas, sim, você é um completo idiota!

—Como você é birrenta! —Ele me provoca sentando ao meu lado e bagunça meus cabelos.

—Como você se machucou? —Pergunto tocando seu olho roxo e ele estremece.

—Eu briguei com um menino. —Christian segura meu pulso e abaixa minha mão.

—Mentiroso! —Falo empurrando-o e me levanto cruzando os braços. —Por que está mentindo para mim? —Pergunto brava.

—Quem disse que eu estou mentindo criança? —Christian levanta e fica de frente para mim.

—Você não brigou com um menino. Você nem estava com amigos, estava na casa da amiga da sua mãe. Foi ela quem fez isso com você não foi?

—Ana, isso não é assunto para você. —Christian começa a andar de um lado para o outro e passa as mãos pelos cabelos.

—Ah, eu não acredito. Foi ela mesmo? Ela te bateu? —Concluo.

—Isso não é assunto para criança Anastásia. —Ele diz parecendo estar bravo.

—Você é um idiota! Não deixa sua mãe te dar um abraço, mas deixa uma mulher estranha te bater. Isso é patético!

—Cala a boca! —Ele ordena.

—Não! Não me mande ficar calada. —Grito. —Você tem o que na cabeça Grey? Como consegue ser tão estúpido?

—Fica quieta menina! —Christian rosna.

—Você é um idiota!

—E você uma menina birrenta que quer ter a boca maior que tudo! Eu já te mandei ficar calada.

—Você não manda em mim, seu idiota!

—Anastásia para com isso! —Alerta.

—Não. Você se importa em ouvir a verdade?

—Me importo! Porque a minha vida não é da sua conta.

—Ótimo! E por que você está aqui discutindo comigo? Saia daqui Christian! Vai embora!

—E você quem está na minha casa.

Fico calada e encaro Christian.

Uma lágrimas escorre pelo meu rosto, e eu não sei por que estou chorando.

Empurro Christian e saio correndo. Eu não preciso ficar de favor na casa de ninguém. Desço as escadas e o ouço me chamar, mas ignoro-o completamente, passo correndo pela sala e vejo Grace e Carrick, os dois se levantam, mas eu passo correndo por eles e vou para a porta.

—Ana. —Grace me chama, mas eu a ignoro.

Abro a porta e saio correndo pela a mesma, vou para o portão e aproveito que ele está aberto para fugir. Tudo que eu menos preciso agora é ficar com estranhos, principalmente pessoas que não se importam comigo. Eu não vou deixar esse maldito bastardo me humilhar.

Nunca!