Mute escrita por MBrícia, Myllene Bianca


Capítulo 2
Capítulo 2 - 12 anos


Notas iniciais do capítulo

Hey, esse capítulo vai dá uma adiantada na história, não deixem de comentar e dizer o que acham.



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(ANIVERSÁRIO DE 12 ANOS) 
Juntei todas as minhas forças e decidi falar, eu precisava falar. Desde aquela noite não havia parado, ele continuava a me visitar madrugadas a dentro e me ameaçar. Hoje é novamente a noite do meu aniversário e tudo que me passa na cabeça são as lembranças de seus olhos e suas palavras. No dia seguinte aquela noite mamãe me obrigou a ir a escola, não me sentia muito bem, mas não tinha coragem de falar o que havia acontecido, meus professores logo notaram algo errado, não sai para brincar aquele dia, já não tinha vontade de brincar, fiquei sentada no pátio apenas vendo as outras crianças brincarem, achei que fosse melhorar, mas simplesmente não conseguia esquecer, ele não me deixava esquecer.
Tem sido assim desde então, fico apenas sentada pensando no que a palavra silêncio significa e que a qualquer momento tudo pode voltar a acontecer. Mamãe fez uma festinha para comemorar meus 12 anos e chamou alguns amiguinhos da escola, a grande maioria compareceu mas eu estava muito dispersa para demostrar alguma reação, todos sorriam e brincavam, eu deveria fazer o mesmo, afinal era minha noite, mas, toda vez que olhava para os lados conseguia ver seus olhos sobre mim. Mamãe nunca entendeu porque parei de sorrir ou mudei tanto, talvez agora ela finalmente entenda, eu só preciso falar.
Não muito tempo depois, cortaram o bolo e vi meus colegas me abraçarem e irem embora, já sentia o coração acelerar, estava tarde e mais hora ou menos hora iria acontecer, quando todos finalmente foram embora mamãe veio até mim e me mandou ir tomar um banho e descansar, pois, havia sido um longo dia para todos, obedeci.
Tomei meu banho e deitei, mamãe havia ficado sozinha em casa terminando de arrumar a bagunça que a festa ocasionou, quando a festa acabou o Paulo havia saido junto com alguns amigos convidados para beber ou algo do tipo, então não consegui dormir. Horas ou minutos depois tudo estava em silêncio, mamãe já estava dormindo, ela havia passado em meu quarto para me dá um beijo de boa noite. Consegui ouvir o carro estacionando e sabia que em alguns segundos tudo iria acontecer.
Aconteceu como eu imaginei, ele apareceu bêbado em meu quarto e abusou de mim como das outras vezes. Essa noite eu não dormi, estava apenas a pensar em como contar a mamãe, amanhã quando eu levantar e ele não estiver em casa vou finalmente falar. Adormeci sem notar, quando abri os olhos novamente já era dia. Fiz tudo o que tinha para fazer e me juntei a mamãe para o café da manhã. Não queria enrolar, simplesmente comecei a falar.
– Mamãe, faz algum tempo que estava juntando coragem para falar. - Fui interrompida por sua dúvida sobre o que havia acontecido.
– O que aconteceu? Você está me deixando preocupada. - Respirei fundo e então falei, contei tudo desde o inicio e a quanto tempo isso estava acontecendo, mamãe ficou um tempo calada e então começou a gritar coisas que eu não esperava.
– NÃO FALE BESTEIRAS, VALENTINA, QUEM ANDA TE ENSINANDO ESSAS COISAS? SÃO SUAS AMIGAS DA ESCOLA? - vi ela se aproximar e agarrar meu braço com muita força.
– VOCÊ NÃO PODE SAIR INVENTANDO MENTIRAS POR AÍ, EU VOU NA SUA ESCOLA HOJE MESMO E VOCÊ VAI VER O QUE ACONTECE COM GAROTAS MENTIROSAS, VOCÊ NUNCA MAIS VAI VER SUAS AMIGAS. - Após falar me jogou em qualquer lugar e foi embora ainda com muita raiva.
Não fui para escola depois disso e no dia seguinte tudo estava diferente, fui para a nova escola e antes mesmo de chegar já havia tomado decisões fortes demais para minha idade. Finalmente descobri o significado de melhor escolha e o silêncio realmente é a melhor delas, palavras podem ferir e eu havia decidido que não seria mais ferida da mesma forma e nem muito menos machucaria alguém com as minhas.
Não demorou muito até mamãe descobrir que eu não estava mentindo,então, o Paulo teve que ir embora e nada voltou a acontecer, mas, isso não mudou minhas escolhas. Perdoei a mamãe, mas se minhas palavras um dia viessem a machucar a única atingida seria ela, pois seria a única que escutaria a minha voz.

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