A Torre de Astronomia escrita por Li


Capítulo 47
Capítulo 46


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez tenho de vos pedir desculpa :) Eu sei que o capítulo devia ter sido postado ontem, mas eu estava demasiado cansada para o escrever. Muito trabalho e poucas horas de sono, espero que compreendam :)
Boa leitura :)



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Scorpius não deixou Diana chegar ao seu destino. Agarrou-a ali mesmo, no corredor do comboio.

—Ai, quem… - Diana voltou-se vendo Scorpius. A sua expressão amenizou – Ah és tu. – Scorpius agarrou-a com mais força – Scorp estás a magoar-me.

—Está calada. Nós os dois vamos ter uma conversinha.

Scorpius entrou no compartimento mais perto de si e arrastou Diana. No seu interior encontravam-se quatro alunos dos Hufflepuff, entre eles, Molly e Roxanne Weasley.

—Saiam. – gritou Scorpius. As raparigas olharam para ele, assustadas, e saíram sem dizer nada.

Scorpius largou Diana fazendo-a cair nos sofás. Esta levantou-se rapidamente e aproximou-se de Scorpius, sussurrando.

—Eu sabia que ficarias com saudades minhas. Por mim podemos fazer algo mais selvagem.

—Está calada. – disse Scorpius no mesmo tom que tinha falado antes – Muffliato. Agora nós vamos ter uma conversinha.

—Pensei que não gostasses muito de falar comigo quando estávamos juntos. Anda lá, Scorp. Estamos aqui sozinhos. Eu estou aqui à tua disposição.

—Tu estás sempre à disposição para toda a gente. Eu sei bem disso, Anderson.

—Agora começamos com os apelidos? Não estou a perceber o que se está aqui a passar.

—Eu passo a explicar. Aliás, eu vou fazer uma única pergunta e não volto a repeti-la. Porque raio é que a Rose afirma, convictamente, que nos viu a beijar?

—Porque isso aconteceu. – respondeu Diana com um sorriso malicioso. Scorpius voltou a agarrá-la no braço, com força.

—Tu não brinques comigo.

—Vais dizer que é mentira? Vais dizer que nós nunca nos beijamos? Provavelmente a Weasley viu um desses momentos.

—Eu não estou a falar de antes! Estou a falar da última noite em Hogwarts, no ano passado. Eu não te beijei nesse dia! Aliás, eu já não estava contigo há muito tempo.

—Se calhar a sem sal da Weasley fartou-se de ti e decidiu arranjar essa desculpa. – desdenhou Diana.

—Já te disse para não brincares. – ameaçou Scorpius tirando a varinha do bolso e apontando-a a Diana. Esta apenas se riu.

—Meu querido, tu podes ter muitos defeitos, mas atacar raparigas indefesas não é um deles. Eu sei que não vais fazer isso.

—Tu não me testes. Tu não me conheces.

—Conheço-te o suficiente para saber que não o farias. És demasiado certo para o fazer.

Apesar de não querer dar parte fraca, Scorpius sabia que Diana tinha razão. Tanto ela como ele sabiam que Scorpius não faria nada. Ele só atacaria Diana se este a atacasse. E ele sabia que ela não faria isso.

—Até podes ter razão nisso, mas isso não me impede de ir atrás da verdade. Eu não sei o que a Rose viu, mas eu sei que tem dedo teu. Eu nunca te beijaria. Eu estou apaixonado pela Rose e sei que ela também gosta de mim. Achas mesmo que, sabendo disso, eu te beijaria? Nunca!

—Nunca digas nunca. E agora é culpa minha se ela te deixou? Eu sempre soube que ela não sabia escolher. Preferiu deixar-te. Mas lembra-te, eu estou aqui para ti.

—Tu metes-me nojo. – disse Scorpius – Ficas avisada, eu vou descobrir o que andaste a tramar. Tu não me vais conseguir separar da Rose.

—Pelos vistos já consegui. – respondeu Diana soltando-se de Scorpius e saindo do compartimento.

Scorpius começou a pontapear os sofás. Ele sentia-se completamente frustrado. A sua tentativa tinha saído completamente fracassada. E sentia-se completamente frustrado porque quase perdera o controlo. Quase que atacara Diana sem esta o ter atacado.

Scorpius saiu do compartimento e deu de caras com Albus.

—O que é que estás aqui a fazer? – perguntou Scorpius confuso.

—A Molly e a Roxanne disseram que te viram. Disseram que levavas a Diana arrastos.

—As tuas primas são umas exageradas. – respondeu Scorpius tentando amenizar a situação. Ele sabia que o que tinha feito tinha sido grave – E a Anderson só teve o que merecia.

—Não estou a perceber.

—Eu já te contei. A Rose afirma que me viu a beijar a Anderson. Eu tenho a certeza que não o fiz, ou seja, ela está metida nisto. Eu estou convencido que ela fez alguma coisa. Só não sei o quê.

—Como podes ter tanta certeza disso? – perguntou Albus duvidoso – Tu próprio afirmaste que não te lembras de nada daquela noite.

—O que é muito estranho, não achas? – perguntou Scorpius já irritado.

—Tu podes ter abusado na bebida.

—E não ia lembrar-me que dancei com a tua prima? Que estive com ela mal cheguei à festa?

—Eu só estou a colocar todas as hipóteses em cima da mesa. Também é verdade que a dado momento eu deixei de te ver na festa. Mas posso afirmar-te que estiveste lá.

—Eu só quero descobrir o que se passou. – lamentou-se Scorpius. O seu tom tinha suavizado. Albus não o culpava pois também já esteve no lugar de Scorpius. Aliás, ainda está.

—E eu vou ajudar-te a descobrir o que se passou. – garantiu Albus – Nós vamos pensar em alguma coisa. Agora… - Albus hesitou antes de continuar – Tu ias contar-me o porquê da Ro…

—Eu sei e vou fazê-lo, Al. – respondeu Scorpius interrompendo Albus. Ele sabia perfeitamente o que o amigo queria. Ele já tinha esperado aquele tempo todo e, apesar de Scorpius estar com a cabeça em Diana, ele iria contar a Albus a verdade por detrás de todo aquele mistério - Acordo foi acordo.

Albus sentou-se no sofá mais perto de si. Tanto o malão dele como o de Scorpius estavam no compartimento em que estiveram antes, mas ele não queria saber. Aquele era o momento. O momento em que finalmente saberia toda a verdade.

—Al, tu sempre soubeste como era a tua prima. Uma pessoa introvertida, completamente fechada, alguém que dificilmente deixava entrar alguém na sua vida. Eu senti isso quando me aproximei e tenho a certeza que tu sentiste o mesmo quando criança. Como ela própria disse, tu foste o primeiro amigo dela. A primeira pessoa em quem ela confiou. E vocês eram da mesma idade. Iriam viver a experiência em Hogwarts juntos. Pelo menos foi o que ela pensou. E, apesar do que ela me contou, também acho que foi o que tu pensaste. – Scorpius fez uma pausa antes de continuar – Vocês foram selecionados para casas diferentes e começaram a afastar-se. Não só pela casa diferente, mas também pela incompatibilidade de horários. Isso é uma coisa normal. Ela confessou que, no início, tinha ciúmes da nossa amizade, mas depois compreendeu que tu tinhas mais amigos e estavas a dispensar o mesmo tempo com todos. Mas houve uma noite em que ela te ouviu. Ela ouviu-te a dizer a alguém que ela era simplesmente tua prima e que te davas com ela apenas porque não a gostavas de ver sozinha.

—O quê? Eu não acredito que foi isso. – disse Albus pouco convicto das suas palavras.

—Al, não querendo defender a tua prima, mas ouvir alguém que tu consideras amigo dizer que apenas se dá contigo porque não te gostava de ver sozinho não é propriamente bonito.

—Eu sei que não. Eu concordo contigo. A questão é que eu nunca me daria com a Rose por pena. Ai Merlin, foi isso que ela ficou a pensar não foi? – perguntou Albus desesperado – Ela ficou a pensar que eu era amigo dela por pena. Por isso é que ela deixou de falar comigo. Ai Merlin. Eu tenho de ir falar com ela.

Antes que Scorpius dissesse alguma coisa, Albus saiu disparado em busca de Rose. Percorreu os diversos corredores, olhou em diversos compartimentos em busca de Rose, mas sem sucesso. Parecia que ela se tinha evaporado.

Mais ao fundo, Albus reparou que um dos compartimentos estava com as cortinas fechadas. Decidido em encontrar Rose e como ela não estava em nenhum dos compartimentos com as cortinas abertas naquele lado, Albus abriu a porta do compartimento. Qual não foi o seu espanto quando deu de caras com a sua irmã e Hugo a beijarem-se.

—O que é que se está a passar aqui? – perguntou Albus num tom elevado.

Hugo e Lily afastaram-se rapidamente ao ouvir a voz de Albus. Ambos tinham os cabelos desalinhados e os lábios inchados. Para além de estarem completamente corados.

—Vocês são primos! – afirmou Albus já recomposto do que tinha acabado de assistir.

—A Domi e o James também são e eles são namorados. – respondeu Lily em tom firme. Por dentro, ela estava totalmente assustada por ter sido descoberta logo quando ganhara coragem de beijar Hugo.

—Isso não vem ao caso. E, para além de primos, vocês são umas crianças.

—Eu tenho quinze anos. – afirmou Lily – Já não sou nenhuma criança. Além do mais, lembro-me perfeitamente de te ter apanhado aos beijos com a Alice quando estavas no terceiro ano. Acho que seria uma ótima história para o Neville ouvir. Um Potter a roubar a inocência da filha aos treze anos. – Albus nada pronunciou. Sabia que aquela discussão estava perdida - Agora sai daqui.

—Isto não fica assim. – respondeu Albus saindo do compartimento e continuando em busca de Rose.

Até aquele momento, Albus nunca tinha percebido o quão grande era o expresso de Hogwarts. Percorreu-o praticamente de uma ponta à outra. Só num dos últimos compartimentos é que deu de caras com Rose.

Rose encontrava-se sozinha. A sua atenção estava completamente voltada para o livro que segurava nas suas pequenas mãos.

Albus abriu a porta do compartimento fazendo com que Rose desviasse a sua atenção do livro.

Rose assustou-se com aquele barulho que afetou o seu silêncio. Olhou, viu Albus e ficou receosa sobre o que ele poderia estar ali a fazer, sozinho.

Apesar de já ter passado algum tempo, Rose ainda se lembrava do que Albus lhe tinha feito. Ela queria esquecer, ela tinha tentado esquecer, mas aquilo não saía da sua memória. Na Toca, em casa dos Potter e na sua casa, ela conseguia falar civilizadamente com Albus. Mas isso só acontecia porque ela sabia que haviam pessoas em redor. Aqui não. Ela estava ali completamente sozinha.

—Olá Rose. – cumprimentou Albus sentando-se no sofá à frente de Rose.

—Olá Albus. – cumprimentou Rose tentando disfarçar o nervosismo – Passa-se alguma coisa?

—Bem…eu queria falar contigo sobre…sobre o porquê de teres deixado de falar comigo.

Rose apertou, com força, o livro contra si. Mais uma vez, ali se encontrava Albus em busca de resposta. Mais uma vez, ele estava ali para a fazer falar. E ela tinha receio do que ele poderia fazer desta vez.

—Albus, eu já te disse…

—Que não queres falar sobre isso. Eu sei. Só que há aqui um fator novo. Eu descobri tudo. 

Rose olhou para ele incrédula. Como assim ele tinha descoberto a verdade? Como é que era possível? Só havia uma pessoa, além dela que sabia. Claro que tinha sido Scorpius a contar-lhe, quem mais poderia ter sido.

—Foi isso que o Scorpius te ofereceu em troca de o colocares dentro da Toca, naquele dia? – deduziu Rose. O seu coração acelerava de uma maneira desconhecida. Não era da mesma forma que batia quando esteve com Scorpius. Era ritmado, mas totalmente acelerado. Tudo provocado pela ânsia. Pelo medo do que se seguiria.

—Não o culpes por isso. Ele faria de tudo para falar contigo. Para explicar o que aconteceu.

—O que aconteceu foi que ele andou aos beijos com a Anderson. Não houve mais nada. Ele anda aos beijos com quem quiser, ele é solteiro.

—Rose não digas disparates. Ele já não se considerava solteiro há muito. E eu acredito que ele é inocente nesta situação toda.

—É normal acreditares nisso, ele é o teu melhor amigo.

—E também o teu. – respondeu Albus, tentando que esta visse as coisas.

—Era. Amigo meu não me trai desta forma.

—Rose, eu acho que lhe devias de dar uma oportunidade de falar contigo. Só tu e ele. Sem o James a importunar. Eu sei que queres. Dá-lhe a oportunidade que não me deste a mim para me explicar.

Rose olhou para ele, perplexa. Como o assunto se tinha desviado para Scorpius, Rose pensou que Albus poderia não mencionar aquele assunto. Mas claro que aquilo aconteceria. Claro que o passado tinha de voltar para assombra-la.

—Eu só vim aqui para me explicar. Para te dar a explicação que devias ter exigido anos atrás.

—Eu não quero. – respondeu Rose agarrando ainda mais o livro.

—Rose, eu não me dava contigo por andares sozinha. – declarou Albus ignorando o que a prima tinha dito – Eu nunca faria isso. Eu realmente gostava de ti. Tu eras a minha melhor amiga. – Rose nada disse e Albus assumiu que podia continuar – Naquele dia, o Thomas veio ter comigo e começou a reclamar de eu ter faltado a uma coisa qualquer. Eu disse que estava contigo e ele começou a reclamar que eu passava demasiado tempo contigo e que me esquecia dos compromissos. Eu afirmei sim que eras minha prima, mas o contexto foi completamente diferente do que tu entendeste. Além disso, é verdade que eu disse que estava contigo para não ficares sozinha. Mas não foi no contexto que entendeste, também. Eu disse aquilo no sentido de não gostar de ver uma amiga passar tanto tempo sozinha. Eu tinha feito amigos, é verdade, mas eu sabia da tua dificuldade com isso. Eu apenas queria ajudar-te. Somente isso. Nunca houve pena da minha parte que me fizesse dar-me contigo. Eu dava-me contigo porque tu eras a minha melhor amiga.

Rose não soube o que responder. As palavras de Albus rodopiavam na sua mente. A história dele era completamente plausível. Claro que ela poderia ter apanhado uma conversa a meio e entendeu as coisas diferentes.

Rose não sabia o que sentir. Sentia-se estúpida por ter pensado que Albus só se dava com ela por pena. Sentia-se aliviada por realmente ser um mal-entendido. Sentia-se mal por todos aqueles anos em que deu para trás a Albus, não o deixando aproximar-se de novo.

Albus olhava para a prima na expectativa que esta dissesse alguma coisa. Ele tinha sido o mais sincero possível com ela. Sabia que aquilo poderia ficar resolvido ali. Sabia também que as coisas que aconteceram posteriormente poderiam continuar na mente de Rose, afinal, e ele admitia para si próprio, ele tinha feito muitas asneiras. A pior de todas, ter levado Rose à força.

—Eu sei que isto não perdoa todas as asneiras…

Mas Albus não terminou a frase. Rose aproximou-se repentinamente dele e abraçou-o. Albus não conseguia ver Rose, mas sabia que ela estava a chorar. Sentia o seu ombro molhado.

—Desculpa Al. – sussurrou Rose entre soluços.

—Está tudo bem, pequena. Eu é que tenho de pedir desculpas. Apesar disto ter sido um mal-entendido, eu fui um canalha pela forma como me portei depois. Eu não tinha direito a fazer o que fiz. Eu deixei levar-me pelo ciúme de te ver amiga do meu melhor amigo. Todas as parvoíces que fiz, mais a manipulação que sofri por parte da Diana levaram-me a isto. Eu assumo a totalidade das minhas culpas.

Rose afastou-se de Albus e encarou-o. Este não estava a chorar, mas Rose sabia que ele apenas se estava a conter. Bastava olhar para os seus olhos.

—Eu não posso dizer que tudo vai ser como antes. Eu mudei, tu mudaste, muita coisa aconteceu nestes anos todos. Muito coisa que, eu admito, poderia ter evitado. Se eu ao menos tivesse… - mas Rose não conseguiu terminar a frase. As lágrimas voltaram com toda a força.

Albus voltou a abraçá-la. Rose deixou cair as suas lágrimas livremente.

—Eu sei que não vai ser tudo como antes, pequena. Eu fui completamente cruel contigo, passei limites que não devia ter passado. Espero que um dia me perdoes. – sussurrou Albus ao ouvido da prima

—Eu já te disse que ia tentar, apesar de ser um pouco difícil. Mas eu quero. Agora tenho a certeza. Eu quero ultrapassar isto.

—Então vamos fazê-los juntos.

Rose afastou-se e sorriu. Aquilo era um começo. Como Rose disse, nada voltaria a ser como antes, mas Albus sabia que poderia ter a amizade de Rose de volta e isso era tudo o que lhe bastava, naquele momento.

O resto da viagem foi passado com conversas entre os dois primos. Afinal eram seis anos de novidades que tinham um para o outro.


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Notas finais do capítulo

Que acharam da conversa entre o Scorpius e a Diana? Acham que o Scorpius devia ter tido uma atitude diferente? E o Scorpius contou ao Albus toda a história. E não é que o Hugo e a Lily foram apanhados em flagrante? Que acharam deste momento? E por fim...a conversa entre Albus e Rose...que acharam?
Contem-me tudo nos comentários :) Beijos :)