Scorpius encarou Rose sem saber o que dizer. Como assim ela sabia que ele estava apaixonado por alguém? Flashes da noite anterior vieram à sua memória. Ele comentara isso com James, mas ele estava tão bêbado que Scorpius pensou que ele não se lembraria dessa conversa no dia seguinte. Engano o seu. E pelos vistos, James tinha comentado com Rose.

Rose continuava a encarar Scorpius à espera de uma resposta. Ela conseguia ver no seu olhar o medo que ele estava a sentir naquele momento. Ela só não percebia o porquê disso. Porquê que Scorpius estava com medo de lhe contar por quem estava apaixonado.

Scorpius voltou a levar a sua mão à face de Rose. Esta, sem se aperceber, fechou os olhos. Ela adorava aquilo. Adorava sentir o toque de Scorpius.

—A sério que não consegues perceber, Rose? – perguntou Scorpius baixinho.

—Do que é que estás a falar? – perguntou Rose abrindo os olhos e encarando o mar cinzento à sua frente. Só naquele momento é que Rose se apercebeu que os tinha fechado. 

—É isso que eu adoro em ti. A tua ingenuidade. – Scorpius calou-se por breves momentos. Ele queria ganhar coragem para continuar o que estava a dizer – É por ti que eu estou apaixonado.

Rose encarou Scorpius sem saber o que dizer. Naquele momento, ela sentia-se feliz. Naquele momento, o seu coração batia a mil que Rose até tinha receio que ele lhe saltasse. Naquele momento, Rose só conseguia pensar que não havia outra mulher na vida de Scorpius. Naquele momento, Rose só conseguia pensar que a pessoa por quem Scorpius estava apaixonado era ela. Ela, Rose Weasley.

—Scorp…

—Não digas nada, Rose. Eu sei que me precipitei a contar-te isto, mas eu não conseguia esconder mais. Eu sei que provavelmente não sentes o mesmo e vais fugir de mim ou fazer outra coisa qualquer, mas, apesar disto tudo eu não me arrependo porque eu estou realmente apaixonado por ti. – Scorpius, mais uma vez, levou a sua mão ao rosto de Rose, acariciando-o - Eu, Scorpius Malfoy, que nunca me apaixonei por nenhuma rapariga estou apaixonado por ti. Eu não consigo deixar de pensar em ti. Os teus cabelos macios que eu estou sempre ansioso por tocar. Os teus olhos azuis que brilham sem parar. O teu rosto…o teu belo rosto que não sai da minha memória. Rose Weasley, eu não consigo deixar de pensar em ti.

Uma lágrima desceu pelo rosto de Rose. Nunca ninguém tinha dito algo assim a Rose. Ela não sabia o que dizer. Ela não sabia o que fazer.

Scorpius, com a mão que ainda se encontrava no rosto de Rose, secou-lhe a lágrima. Os olhos de Rose brilhavam. Aquele azul intenso com que Scorpius sonhava estava ali.

—Rose fecha os olhos. – pediu Scorpius sussurrando.

—Por…

—Por favor Rose. Fecha os olhos.

Rose fechou os olhos. Ela conhecia Scorpius. Ela confiava nele. Ela sabia que ele nunca lhe faria mal.

Scorpius encarou os lábios carnudos de Rose. Isso também era algo que tinha reparado nos últimos tempos. Os belos lábios de Rose. Scorpius aproximou-se ainda mais de Rose. A sua mão continuava na face dela.

A distância cada vez era menos. O coração de Scorpius palpitava rapidamente. Os seus lábios estavam cada vez mais próximos dos lábios de Rose. Desesperado por acabar com aquela distância, Scorpius uniu os seus lábios aos lábios de Rose. A primeira reação de Rose foi o susto. Ela não estava à espera que Scorpius fizesse aquilo. Mas isso logo passou. A suavidade com que Scorpius a agarrava, a leveza com que a beijava, só fez com que Rose se deixasse levar pelo momento. Rose correspondeu ao beijo. Porque, mesmo que não tivesse admitido nada a Scorpius, também ela não parava de pensar nele. Também o rosto dele aparecia nos seus sonhos.

Scorpius separou os seus lábios dos de Rose e abriu os olhos. Aquelas pequenas orbes azuis encaravam-no.

—Está a ficar tarde. É melhor irmos andando. – comentou Rose ao ouvir as badaladas.

Scorpius concordou e, em silêncio, saíram da torre. Scorpius decidiu acompanhar Rose até à entrada da sala comunal da Ravenclaw. Mesmo que nenhuma palavra fosse trocada, pelo menos, Scorpius teria a companhia de Rose.

O assunto beijo não foi tocado. Nem a declaração. O caminho foi marcado pelo silêncio e quando chegaram à entrada da sala comunal da Ravenclaw apenas murmuraram um boa noite a cada um. Depois disso, cada um seguiu o seu caminho.

Scorpius estava prestes a chegar à entrada da torre da Gryffindor quando uns braços o impediram. Sem que ele contasse, alguém o empurrou para a parede e começou a beijá-lo. Scorpius tentava afastar, mas quem quer que fosse, não parava.

De repente, Scorpius conseguiu ver os cabelos loiros de Diana. Então era ela que o beijava sem parar. Scorpius agarrou, com força, os braços de Diana, afastando-a de si.

—Estás louca? – perguntou Scorpius esquecendo-se completamente que estava, a meio da noite, nos corredores de Hogwarts.

—Estou louca? Estou louca? Tu é que andas para aí aos beijos à Weasley, a dizer que estás apaixonado por ela e eu é que sou louca?

Scorpius encarou Diana sem saber o que dizer. Como é que ela sabia daquilo?

—Co…

—Vais perguntar-me como? Meu querido, eu descobri já há algum tempo que te encontras com aquela sem sal na torre de Astronomia. Nunca pensei que pudesses trocar isto aqui por aquela. – disse Diana apontando para sim própria.

—Adeus Diana. – disse Scorpius, murmurando em seguida a senha para a Dama Gorda e entrando no salão comunal da Gryffindor.

Ele não queria acreditar. Diana estava louca. Diana estava obcecada. Andar a espiá-lo, a ele e a Rose. Ele sempre lhe disse que o que havia entre eles não era nada, mas parecia que Diana não achava o mesmo.

Scorpius decidiu deixar esses pensamentos de lado e focar-se no que aconteceu antes. Naquela noite, Scorpius beijara pela primeira vez Rose. O sabor a menta ainda estava na sua boca. Aquele tinha sido o melhor beijo da sua vida. E Scorpius já tinha beijado muitas raparigas.

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Como habitual, Rose acordou cedo. Arranjou-se rapidamente e seguiu para o salão principal. Para seu espanto, a comida ainda não tinha sido servida. Rose chegara mesmo cedo.

A verdade era que Rose mal conseguira dormir na noite anterior. O beijo que Scorpius lhe dera não saía da sua cabeça. As palavras que ele proferiu repetiam-se sem parar na sua memória. E a verdade era que Rose tinha gostado de ouvir aquelas palavras. Rose tinha gostado de saber que Scorpius gostava dela. Isto também porque quase de certeza que era correspondido. Mesmo que ela não lhe tivesse dito nada, ela deixara-se envolver. Ela queria envolver-se. Mas agora, ela não sabia como iria reagir na presença de Scorpius. Depois do beijo, eles mal falaram. Rose estava completamente envergonhada, ela não sabia o que dizer a Scorpius. E, depois desta noite em claro, ela continuava sem saber. Ela não sabia como iria reagir quando o encontrasse. Se calhar, o seu subconsciente fê-la acordar mais cedo para não encontrar Scorpius.

Rose encostou a cabeça aos seus braços, que estavam em cima da mesa. Quando deu por si, estava a dormir.

Cabelos loiros e olhos cinzentos predominavam no seu sonho. Scorpius fugia. Quando Rose estava prestes a apanhá-lo, Scorpius escapava-lhe entre os dedos. De repente, o seu nome foi chamado. Era uma mulher que a chamava. Rose não percebia de onde vinha essa voz.

—Rose, acorda. – disse Dominique abanando a prima.

Rose abriu os olhos e olhou à sua volta. O salão principal começava a encher. E foi aí que Rose percebeu. Ela tinha adormecido. O cansaço era tanto que até no salão principal Rose adormecia.

—Anda tomar o pequeno-almoço connosco. – convidou Dominique.

Rose aceitou e seguiu com Dominique até à mesa da Gryffindor. Só quando avistou um certo loiro é que se apercebeu do que tinha feito. Ela estava tão distraída que não se lembrou que Scorpius também estaria ali.

—Então bela adormecida? Não te deixaram dormir esta noite? – perguntou James quando Rose e Dominique se aproximaram.

—Bom dia também para ti, Sirius. Bom dia a todos. – disse Rose, sentando-se.

Dominique sentou-se ao lado dela. Rose conseguiu notar que o clima entre James e Dominique ainda estava pesado. Eles mal se falavam. E eles eram daqueles casais que estavam sempre a provocar-se.

Lily estava a contar algo que lhe tinha acontecido numa aula de Herbologia quando Rose olhou pela primeira vez para Scorpius. Este também a encarava. Scorpius sorriu para ela. Rose sorriu brevemente e baixou a cabeça, envergonhada.

Ninguém parecera notar o que tinha acabado de acontecer ali. Ninguém, exceto James. Este encarava Rose e Scorpius. Alguma coisa se tinha passado ali e James queria saber o que era.

—Rose, antes da primeira aula começar, será que me podias explicar uma coisa de Transfiguração? – pediu James.

—Sim. Qual é a dúvida? – perguntou Rose, olhando para o primo.

—Não tenho aqui o livro e não me lembro do nome do que queria saber. O livro está no meu dormitório. Para não perdermos tempo, vens comigo.

—Está bem. – concordou Rose, inocentemente.

Rose e James despediram-se dos restantes elementos e saíram do salão principal. Mas, ao contrário do que Rose pensava, James não a levou até ao sétimo andar. James levou-a até aos jardins.

—Sirius, nós não íamos buscar o teu livro? – perguntou Rose confusa.

—Não, eu preciso de falar contigo, mas não queria que os outros fizessem perguntas.

Rose não disse mais nada. Provavelmente, James queria falar sobre Dominique e por isso tinha inventado aquela desculpa.

Perto do lago existiam uns banquinhos e James e Rose sentaram-se num deles.

—Rose, tu consegues explicar-me o que se está a passar? – perguntou James encarando a prima. Rose olhou para ele, confusa. Como assim o que se estava a passar?

—Não estou a perceber. Tu não querias falar sobre a Domi?

—Não. Eu estou a falar de ti e do Scorpius. O que é que se passou entre vocês os dois?

—Como assim o que se passou entre nós os dois? – perguntou Rose a gaguejar. Ela começava a perceber aonde Sirius queria chegar. Ela só não percebia como é que ele sabia.

—Rose, eu vi-vos há pouco. Vocês nem se falaram. Já para não falar das trocas de olhar.

Rose corou. Sirius tinha visto. Será que mais alguém tinha reparado? Ela não sabia o que dizer.

E foi então que James percebeu. Aquilo estivera sempre à sua frente. Como é que ele não tinha reparado? Aquilo era claro como água.

—Tu és a rapariga por quem o Scorpius está apaixonado? – perguntou James falando um pouco alto demais.

—Fala baixo. – protestou Rose – Sim sou. – sussurrou Rose.

—Aquele filho da mãe. Eu avisei-o! Ele vai ter de se a ver comigo. – James preparava-se para sair dali, mas Rose impediu-o.

—Tu não vais fazer nada, Sirius. – disse Rose.

—Eu não acredito! Tu também estás apaixonada por ele! – concluiu James. Rose baixou a cabeça. O seu rosto queimava. Ela devia estar pior que um tomate. Naquele momento, James teve a certeza. Rose estava apaixonada por Scorpius – Rose!

—Eu não sei, Sirius. Eu realmente não sei. O que eu sei é que senti um aperto no peito quando tu disseste que o Scorpius estava apaixonado. Eu nunca tinha sentido nada assim.

—Oh pequena, não fiques assim. – disse James abraçando a prima – Estas coisas acontecem.

—Mas eu não sei o que fazer, Sirius.

—Vive um dia de cada vez. Deixa as coisas andarem. Se ele disse que está apaixonado por ti, eu acredito. Ele pode ter andado com muitas raparigas, mas eu não acredito que ele te usasse. Ele não faria isso contigo. 

—Mesmo? – perguntou Rose olhando para o primo.

—Mesmo. – respondeu James, sorrindo – E se por acaso ele se atreve-se a fazer isso, eu mato-o. Porque ninguém se mete com a minha priminha favorita.

Rose abraçou o primo com força. Ela sabia que ali estava alguém com quem ela podia contar sempre.

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Albus estava a caminhar em direção à sala em que iria ter aula, quando foi puxado. Diana tinha-o puxado para um armário de vassouras.

Antes que Albus pronunciasse qualquer coisa, Diana falou: - O Scorpius confessou que está apaixonado pela Rose.