Remexi-me na cama diversas vezes, enquanto ouvia meu ressoar na minha cabeça, como se o som viesse de longe.

― Lauren. ― o som ressonou pela décima vez e novamente, só que dessa vez foi um grito estridente.

Minha madrasta estava ali em pé, ela usava uma das suas camisolas de linho fino, no qual ela se orgulhava de ser importada, seus cabelos que outrora foram pretos, depois foram tingidos de loiros, ligada na nova “moda” ela tingiu de ruivo, o que deixou uma consistência e cor estranha nos fios dela, o nariz dela era muito fino, devido as plásticas, chegava a ser doentio, ela tinha bochechas também afinadas por plástica.

Ela tinha uma cintura fina, também vinda das plásticas, ela havia feito muitos implantes, até nos lábios e ela já estava com suas lentes de contato, azuis.

A intenção dela era parecer bonita com toda plástica, mas isso só a deixou um pouco monstruosa.

― Lauren, erga-se dessa cama. ― a voz parou de ser um ruído distante, cocei a cabeça e eu soube, estava ferrada, minha madrasta quando vinha pessoalmente me chamar, significava apenas uma coisa, deu merda.

Ergui-me da cama, já passando minhas mãos pelos meus cabelos, peguei um elástico de cabelo em cima do meu criado-mudo e Andrea a minha amorosa madrasta já tinha se mandado do meu quarto e gritando algo sobre eu ter que colocar a mesa do café da manha.

Verifiquei a hora, eu estava atrasada pelo menos a quarenta e cinco minutos.

Não dava tempo de tomar banho, troquei a camisola por um jeans e uma camiseta azul.

Desci as escadarias e me dirigi até a cozinha, minhas meias irmãs Arianna e Leah já cercavam a mesa e Andrea estava na ponta, abri a geladeira, peguei o pão integral, leite e etc...

Coloquei tudo na mesa e elas foram se servindo, Arianna tem cabelos pretos azulados, nariz arrebitado e olhos verdes e uma covinha na bochecha, ela é muito magrela e me odeia, já Leah é um espírito muito bondoso, nem parece que é filha da Andrea.

Os cabelos de Leah são castanhos e os olhos também, ela é mais sardenta e tem mais corpo, os lábios são mais bonitos e cheios e ela é muito gentil.

Peguei uma fatia de pão e fui comendo no caminho até a sala, depois que terminei já comecei a varrer o cômodo e dar uma ajeitada nas almofadas do sofá, tirei o lixo para fora.

Espere Lauren, você não estava atrasada? Está limpando a casa?

Sabe, eu tenho que arrumar pelo menos parte da casa antes de ir para escola.

Assim que terminei corri para a cozinha e recolhi tudo da mesa e já deixei a pouca louça matutina limpa.

Verifiquei o relógio pendurado na parede, umas das poucas lembranças do meu pai que ainda persistia naquela casa, fiquei assustada quando faltava apenas 3 minutos para o ônibus da escola passar.

Larguei tudo e corri para o meu quarto, peguei minha mochila, por sorte meus livros estavam no armário da escola e eu tinha uma muda de roupa extra no armário.

Pulei de dois em dois degraus, assim que estava fora da residência corri o mais rápido que pude as até duas quadras da onde o ônibus parava.

Assim que cheguei no ponto desejado o ônibus já dobrava a esquina, ele parou ali trinta segundos depois e eu embarquei, assim que sentei-me, relaxei, eu não chegaria atrasada, mas o pensamento de sempre veio.

Minha vida é uma merda.