Pov Dallas

Durante a volta o carro está totalmente em silêncio. Depois de largar aquele homem lá e ter entrado no carro, Mike resolveu que era melhor levar a Sky para a emergência para dar uma olhada no corte em seu braço. 

—Você está bem?

Olho para o lado e vejo Mike olhando para mim com o lado dos olhos.

—Sim, estou.

Respondo. Não estou mentindo, eu realmente estou bem, mas acredito que uma certa pessoa no banco de trás não compartilha do mesmo estado.

—Acha mesmo que levar ela para a emergência vai ser uma boa?

—Por que não seria?

—Não sei, Mike! E se em algum momento acharem que fomos nós os responsáveis?

—Graças a Deus a Sky não morreu, logo, quando acordar, ela vai poder dar o depoimento caso perguntem o que aconteceu.

Balanço a cabeça concordando e viro novamente para frente.

Ele dirige por mais alguns minutos até que paramos em frente ao hospital. Ele vai até a emergência e fala com algumas enfermeiras que passavam por ali. Uma mulher, aparentemente na casa dos 40 anos sorrir para mim e pede que eu vá buscar a Sky que uma maca chegaria ao carro junto comigo.

Um homem vem logo atrás com a maca que a enfermeira informou e eu ajudo a retirar a garota no fundo do carro. Está pálida, suas mãos estão geladas e eu vejo sua respiração fraca.

—Ela vai ficar bem!

Como se pudesse ler a minha mente o rapaz sorrir e leva Sky até um dos leitos da emergência.

—Ela está com algum responsável? 

A enfermeira pergunta para mim e para Mike.

—Não...

—Sabem alguma coisa dela?

—Eu consegui pegar o RG dela, serve?

—Com certeza! Bom, podem ficar naquela salinha por enquanto? Chamo vocês quando ela estiver bem, ok?

—Obrigado. 

Respondo e ela pisca um dos olhos. 

—Vamos, você está horrível!

Olho para Mike e ele devolve o olhar com um sorriso no rosto. 

(...)

—Dallas, acorda!

—O que foi?

Sento com uma certa dificuldade na cadeira. Passei tanto tempo deitado que a minha coluna deve ter parado em outro corpo

—Aquele ali não é o pai da Sky?

— O que?

Ele aponta para a recepção da emergência e com um pequeno esforço consigo reconhecer o homem ali parado. Sim, com certeza aquele é o pai da Sky! 

—Aonde você estava durante esse tempo todo, hein? - Grito

—Dallas, está louco?

Pergunta Mike

—Louco? Eu? 

Vou até o homem ignorando todos os chamados de Mike.

—Por acaso está falando comigo? 

Pergunta ríspido.

—Se estou aqui parado olhando nos teus olhos acho que a resposta é meio óbvia. 

—Quem você pensa que é, moleque?

—Aonde esteve? Sabia o que aconteceu com a sua filha? 

—E o que você tem a ver com isso? 

—Eu sei muito bem que está por trás de tudo isso... 

Coloco o dedo em seu peito e olho no fundo dos seus olhos

—Segurança, por favor!

Um homem enorme vem até mim e me puxa pelo braço.

—Me solta! 

Ele coloca um braço contra o meu corpo e vai me arrastando até a sala onde eu estava. 

Com o canto dos olhos percebo um sorriso cínico do pai da Sky. 

—Por acaso você é idiota assim mesmo ou fez curso?

—Não enche, Mike!

—Não enche o caralho! Se você quer ajudar por que fica fazendo essas palhaçadas? Dallas, acorda! 

—Por acaso você tem alguma outra ideia?

—Que tal esperar a Sky acordar e perguntar tudo o que aconteceu? Não percebe que isso não é briguinha de escola e muito menos roteiro de filme? Olha aonde ela está, olha o que aconteceu por ela achar que seria mais esperta, se toca!

Então eu cruzo os braços e me jogo na cadeira. 

Eu sei que estou fantasiando demais algo que com certeza não vai acontecer do jeito que eu quero, mas isso não significa que eu tenha que me dar por vencido sem ao menos tentar alguma coisa! Não faço isso apenas por gostar da Sky, mas quantas pessoas passam por isso e até acabam de uma maneira pior por não ter aparecido ninguém com vontade de mover se quer um dedo? 

—Oi? O senhor está acordado? 

Abro os olhos com uma certa dificuldade por conta da luz em meus olhos. 

—Oi, o que aconteceu?

—A sua amiga acordou! 

Ela sorri enquanto acorda Mike ao meu lado.

—Podemos vê-la? 

Pergunto sorrindo e ela responde com um pequeno sorriso nos lábios. Arrumo a roupa em meu corpo e termino de chamar Mike, que só conseguia pensar em dormir cada vez mais. O leito em que ela estava não era muito longe, e pelo horário que demos entrada a emergência não estava muito movimentada, e por sinal isso me surpreendeu bastante! Achei que a noite o movimento era maior.

—Bom, ela está logo aqui! Agora eu preciso ir! Meninos, não façam muito barulho, ok? Temos pacientes aqui que precisam descansar bastante!

—Tudo bem!

Respondemos sérios.

Mike abre a cortina para que eu pudesse entrar primeiro e vem logo atrás

—Oi... 

Falo meio sem jeito ao entrar. Ela estava sentada com um pequeno copo de suco nas mãos. Seu braço estava enfaixado e estava com o acesso em um dos braços.

—Oi, rapaz! 

Ela sorri e o meu coração acelera no mesmo minuto. 

—Bom dia, senhora encrenca! 

—Bom dia, Mike! 

—Como a senhorita está?

Ele senta na cadeira ao lado e coloca uma das pernas no braço da cadeira.

—Bom, estou meio enjoada, mas continuo forte.

—E viva.

Respondo e ela olha para mim com uma expressão séria e sem jeito. 

—É...

—Bom, acho que precisa saber que o seu pai está aqui

Mike resolve quebrar o silêncio e ela arregala os olhos.

—O que?! Como conseguiram achar ele?

—Eu peguei o seu celular e entreguei aos responsáveis pelo hospital. Como você ainda é menor de idade era necessário a presença de um responsável legal.

Respondo e ela concorda com a cabeça.

—E aonde ele está? 

Fala deitando com uma expressão de dor.

—Está sentado lá fora. Mas esse não é o ponto principal que devemos conversar...

Falo e sento ao seu lado.

Mike olha para mim como se quisesse dizer: '' Estou aqui para você, vai nessa!''

—E sobre o que deveríamos conversar?

Ela pergunta séria olhando para mim e para Mike.

—Sobre o que você fez, sobre o que pensa em fazer e sobre Paul.

No momento em que eu termino de falar o último nome ela segura uma de minhas mãos e aperta contra seu corpo. 

—Como você soube?!

—O que importa, Sky, é que você precisa de ajuda! 

—Eu tenho escolha?

Olho em seus olhos e respondo no mesmo segundo:

—Não.