Como Treinar o seu Dragão Interior 2 escrita por Kethy


Capítulo 12
Mamãe


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁÁÁ, DRAGÕES!!!!

Tive que escrever esse cap correndo por causa da prova da Uerj, vou passar essa semana inteira só estudando física, matemática e química. Espero que vocês, vestibulandos que me acompanham, tenham um tempinho para ler esse cap super emocionante.

Boa leitura!



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O dragão, não era muito grande, mas era maior que o Soluço. A forma de dragão do varetinha nunca foi do mesmo tamanho que a de Olavo, Soluço sempre foi maior, então isso já bastou para me assustar. O dragão misterioso voou para de baixo das nuvens, deixando nós dois com muito medo.

Soluço pairou sobre o ar e ficou aguardando o momento em que ele iria aparecer de novo. Os poucos segundos pareceram horas, até que ele saltou em nossa frente; depois ele ficou nos rodeando, como se fosse um tubarão, e por fim, também pairou, frente a frente com Soluço. Os dois ficaram rugindo um para o outro. Eu nunca quis tanto falar a língua dos dragões quanto naquele momento. Soluço parecia estar tendo uma discussão muito séria, ambos tentavam mostrar sua força espalhando as nuvens. Porém, tudo acabou quando outro dragão, vindo de trás, apanhou Soluço com as patas.

 

Nesse momento, eu caí.

 

Foi uma grande queda até o gelo que estava abaixo de nós. – Ou, pelo menos, me pareceu. – quando alcancei o fim do caminho, foi uma dor imensa, tanto pelo impacto quanto pelo frio.

 Aquele sentimento foi um dos piores que eu já senti... Era como mil faca me atravessando. Eu não conseguia pensar, pelo menos em nada além da dor. Eu não conseguia nem mesmo nadar direito, só ficar segurando um bloco escorregadio de gelo enquanto eu tentava balançar as pernas. Mesmo assim, eu continuava lutando, ainda que sem conseguir respirar direito, e eu até tentei gritar para eles voltarem.

P-po-por favor...! V-vol-voltem aqui...! — Eu, incrivelmente, não estava preocupada por causa de mim, não do jeito que alguém ficaria, mas... Desde que o Menino-Dragão voltou para casa, eu tinha uma coisa muitíssimo importante para dizer... Contudo, meu medo bobo me impedia, eu tinha medo de que aquilo fosse tornar tudo muito real. Independente de tudo, eu não podia morrer sem dizer nada antes. – N-não... N-não me deixem... Fi-ficar... Longe dele... — Eu não estava mais aguentando. – So... Cor... rro... – Desmaiei e comecei a afundar.

 

Mas, graças a todos os deuses de todas as religiões do mundo todo, um dragão marinho conseguiu me resgatar. Eu estava desmaiada e não pude agradecer, mas acho que pude sentir as escamas. Devíamos ter ido por baixo da água, por que parecia que eu estava dentro de uma bolha de ar feita com as asas do meu salvador. Ouvi um rugido misturado com bolhas, ele devia estar dizendo algo como “Você vai ficar bem!” ou outra coisa.

***

Longe dali, Stoico e os outros levaram Eret e seus homens como prisioneiros e os trancaram na antiga Arena de Dragões. Do lado de fora, enquanto o resto do pessoal checava os prisioneiros, Olavo, o líder e Bocão discutiam sobre Soluço e sua "malcriação".

— Teimoso! Igual à mãe dele! Ela também não conseguia ficar quieta! – Bravejava o líder.

— Pois é! Lá nas ilhas onde treinávamos erra assim mesmo! – Continuava Olavo.

A discussão, ou melhor, reclamação, continuava assim por um longo tempo. Bocão nem dava muita atenção e já estava sem paciência.

— Ah, parem com isso! Ele só tem vinte anos... E é viking... E um dragão. Três ingredientes para o desastre. – Disse Bocão na esperança de eles ficarem quietos. – Eu me lembro de como Stoico era teimoso e insensato naquela idade. E nem mudou tanto assim.

— Do jeito que ele é, ele não vai desistir. – Falou Stoico, sem dar muita atenção para o amigo.

— Se esses dois se encontrarem antes de acharmos... – Olavo foi interrompido, mais uma vez, pelo Bocão.

— Gente! Se o Soluço for como todos dizem que é, não temos nada com o que nos preocupar. É o Soluço, um sup... – Bocão se interrompeu quando viu Olavo com uma expressão estranha.

— O que foi? – Stoico foi para frente do filho mais velho tentando não demonstrar medo.

O Soluço tá com problemas! Preciso ir atrás do meu irmão!

Eu também senti, estou logo atrás de você! — Melequento gritou ao fundo.

Voltem aqui, os dois, eu...!— Stoico não conseguiu terminar a sua frase, pois os dois já estavam no céu. Mas não havia tempo para broncas. – Helga, me dê uma carona!

— Sim, senhor.

— Eu também vou! – Disse Perna-de-Peixe, ele e Helga trocaram sorrisos bobos.

— Todos vão. Sigam aqueles dragões! – Ordenou Stoico.

***

Longe dali, Soluço gritava e esperneava desesperado, falando na língua dos dragões que eu ia me afogar e que precisava me salvar, mas só recebia silêncio. Soluço apenas não foi me salvar porque as garras que o prendiam o estavam impedindo. Ele mal conseguiu reparar no "castelo de gelo" a sua frente; era igual ao que estragou o navio de Eret e deve ter sido feito pelo mesmo dragão. Ao entrarem, o dragão que o tinha capturado jogou o Menino-Dragão no chão. Soluço voltou a forma humana, fez uma acrobacia e ficou agachado como um animal, mostrando sua Expressão de Fera com os dentes, as escamas e os olhos com pupilas em linha fina para ameaçar. Soluço sibilava tentando dar medo nos presentes. – Que eram muitos! – Sem se importarem, um circulo de fogo foi acesso nas bocas dos que ficaram na forma de dragão. Soluço os ignorou de volta e continuou a fazer exigências.

Ubi Astrid ...?! Ubi est illa? {Cadê a Astrid...?! Onde ela está?!}— Soluço e Dragão dividiam o corpo e a raiva naquele momento. Ambos, dispostos a matar se não houvesse resposta. – Non reliquit in ea moriar! Et poenas! {Vocês a deixaram para morrer! Pagarão muito caro!}.

Tranquilla, puerum, tranquilla. {Calma, garoto, calma.} – Alguém, uma mulher ruiva, se aproximou tentando mostrar pulso firme. Um silêncio reinou durante alguns segundos, até que Soluço se levantou e foi confronta-la.

— Quomodo possum ad me sit Tranquilla? Astrid: Ubi est? {Como posso ficar calmo? Onde está a Astrid?} – Soluço continuava com o sua Expressão de Fera, ainda cheio de fúria.

— Nos salvos fieri. {Nós a salvamos.} – Soluço continuou ameaçando. – Nemo crediderunt? Bring it! { Não acredita? Tragam-na!}

Assim que ela disse isso, fui trazida os pés de Soluço nos braços do dragão que me salvou. Eu estava encolhida, azul e gelada. O Dragão foi embora e Soluço foi correndo me ver. Ele me segurou e deu tapas no meu rosto para eu acordar.

— Vamos, Astrid, acorda!

Abri os olhos, tudo apareceu turvo até que pude ver o rosto preocupado do Menino-Dragão. Consegui sorrir apesar de sentir dor.

— Soluço...

— Shiii... Vai ficar tudo bem... – Soluço me beijou.

Esse beijo não era tipo uma despedida ou para me confortar, era um beijo de cura.

Soluço expeliu fogo dentro de mim, me aquecendo de dentro para fora. Era uma sensação calorosa e boa, todo o frio que eu sentia foi embora. Senti meus músculos derretendo e pude me mexer de novo. Senti meus pulmões derreterem também e consegui respirar melhor. Tudo o que estava doendo ou congelado dentro de mim tinha se curado. Até a água gelada foi substituída pelo suor.

E o beijo também não era ruim...

— Melhor? – Soluço perguntou depois de se separar, de volta com o seu sorriso.

— Hu-hum... – Murmurei cobrindo a boca.

— Mais calmo? – Perguntou a ruiva com um sorriso malicioso.

Soluço se levantou e me ajudou a fazer o mesmo.

— Quem é você e o que estamos fazendo aqui? – Interrogou Soluço, calmo e ainda firme.

— Eu sou Ský, a segunda em comando deste ninho. Sinto muito ter que trazer vocês aqui desta maneira, mas aposto como vai me agradecer muito por isso. – Ficamos mais uma vez em silêncio enquanto Ský sorria. – Venha cá, Valka. Ele está aqui.

A multidão abriu passagem para uma mulher tímida que se arrastava. Ela estava de cabaça baixa e se apoiava em um homem que devia ser seu cuidador. Com certeza ela passou por algo terrível, pois parecia que sua sanidade tinha a deixado. Ela devia estar selvagem ou coisa do tipo.

A mulher também era parecida com Soluço, cabelos castanhos presos em trancinhas e grandes olhos verdes, a pele, mesmo com a luz do fogo, era mais bronzeada que a dele, fora isso...

Ela largou o homem e foi até o garoto conseguindo ficar ereta, porém, no segundo passo, caiu. Soluço a segurou, a mulher olhou para cima e tocou seu queixo, onde uma pequena cicatriz se encontrava.

— Soluço... – Sussurrou ela.

— Você... É mesmo... – Soluço pareceu emocionado.

— Quem é? – perguntei sem aguentar o suspense.

— Mamãe... – Os dois disseram juntos.


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Notas finais do capítulo

Ský (Pronuncia-se: Isqui) - Nuvem em Islândes.



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