Sociedade dos Corvos escrita por Raquel Barros


Capítulo 2
Capitulo Um – Arya


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capitulo sadiznhas. Eu sei que demorou um pouco, mas ainda estou no meu prazo. Esse capitulo é um pouquinho maior do que o do primeiro livro. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/669594/chapter/2

–Ok! Arya, eu fico melhor de vermelho vinho ou de azul marinho?

Pergunta Emma pegando os dois vestidos que Janet Kyser, a estilista pessoal do meu tio e de toda a sua parte da família, fez. Olho por cima do meu livro super entediada. Fui arrastada para essa tortura por que todas as outras foram ver seus respectivos três vestidos. Sim, três vestidos de festa super caros para os três dias de festa que os pais delas vão dar. Emma, Gwen e Zoey fazem aniversario na mesma semana, uma atrás da outra, então meus tios resolveram dar uma super festa de três dias, um para cada uma. A desculpa deles é que assim poderiam fazer rodízio de convidados, todos se divertiriam e se Great atacasse dois terços de Onyx estariam preparados para nós defender. Genioso, eu sei. E desnecessário também. Mas, meu tio Alef queria comemorar o aniversario de dezoito da Emma e acabou que Dexter e Cam também queriam comemorar o aniversario das filhas dele, por que se um Garden pode, os outros podem também. Já eu dispensei essa coisa de festas. Odeio festas. São barulhentas e irritam profundamente meus ouvidos e os homens ficam mais soltos por conta da bebida e não tem medo de chegar a mim. Não comemoro meu aniversario, e eu também não queria presentes, mas meu tio ignorou completamente o meu desejo e me deu uma casa. Uma casa lindinha, não muito grande, apesar de parecer enorme para uma pessoa. As paredes do lado de fora são brancas, as portas e janelas são em estilo colonial cor de vermelho vinho, o chão é de madeira nobre envernizada. Tem uma varanda coberta e dois andares. No andar de cima fica o meu quarto, onde tem outra varanda em que tenho a vista das montanhas. As montanhas é o lugar perfeito para mim. Por causa do silencio. Nas ultimas semanas para cá meus ouvidos estão cada vez mais sensíveis. E as montanhas de Onyx são lindíssimas. Talvez as mais belas do mundo se as pessoas ainda fizessem rankings de coisas assim. Os picos são brancos de neve e os vales verdes. Algumas montanhas têm florestas inteiras. São tão cheias de vida, misteriosas e perigosas. Tão lindas. As arvores trazem a chuva por conta da sua transpiração e chove todo dia, fico horas e horas paradas, olhando os pingos de água entrar em colisão com o vidro da janela, e levantando cheiro de terra molhada para dentro da casa. Onde as florestas convergem há uma leve neblina, assim como no alto das montanhas. É a inexplorável floresta negra.

Suspiro pesadamente e beberico o café com leite em uma caneca azul marinho entalhada como um urso sentado. E volto aonde eu parei de ler. Não sei por que Emma ainda pede minha opinião sobre essas coisas. Eu nem me importo. Obrigaram-me a encomendar três vestidos para festa. São todos simples, ou quase simples por que a Jenet não é capaz de simplicidade. Um é vermelho vinho e frente única, o outro é bege, cheio de brilhinhos, todo fechado na frente e com um grande e desnecessário decote no fundo e o ultimo é preto com recortes na região da cintura e com um corpete. Já a Emma vai ser a estrela nos três dias. A Emma sempre é a estrela, é um dos fardos de ser filha do Dark.

–Arya talvez você não saiba, mas existe algo chamado bom humor.

–Bater cara e coroa.

–Com vestidos?

–Um é cara o outro é coroa, quem der para cima vence e você usa no segundo dia.

Proponho cruzando as pernas e olhando pela janela imensa do quarto de Emma. Estava caindo uma chuva considerável. Os pingos batiam com força no vidro, se desmanchavam, e escorriam pelo vidro até se acumularem no parapeito da janela. O vidro ficava embaçado, deixando as pessoas que brincavam e se molhavam na chuva, como se não chovesse nas montanhas todos os dias, embaçadas também. A algo no som dos pingos de chuva caindo na terra que me deixa completamente paralisada. Talvez por que eu me sinta um pingo de água sendo absorvido pela terra. Ou por que o Aspen ficava extasiado quando chovia. Não sei, mas toda vez que chove em Onyx é a mesma coisa.

–A idéia é boa. Não sei por que não pensei nisso antes.

–Por que você quer parecer perfeita.

–Não quero, não.

Retruca sentando ao meu lado e colocando os pés na mesa de centro. Era a mesa de centro dela mesmo. Olho-a, desafiando-a a me retrucar de novo. Levanto uma das sobrancelhas para deixar claro que não acreditei. Depois que saiu em uma revista de Master Great que Hazazel estava procurando uma candidata promissora para se casar com o Ethan a Emma só falta ligar para o Hazazel e dizer, oi, eu existo está bem? Ethan não contou da Emma para Hazazel por um motivo obvio: Ele quer protegê-la da fúria do pai dele. A equação é que Hazazel odeia Beverly, que odeia Hazazel, e o rei de Master Great odeia os filhos de Beverly e Emma faz parte desse grupo, sendo assim não a menor possibilidade de acordo.

–Ok! Só um pouquinho. O Ethan não liga mais pra mim.

Choraminga fazendo beicinho e me olhando como se eu fosse resolver essa questão. Parece que ela esquecer que eu não estou resolvendo meus próprios problemas para resolver os delas. E falando em problemas é um milagre o Nico não ter aparecido por aqui. O Aspen o obrigou a assumir o Comando Central também, o que me da muita liberdade.

–Você sabe por que.

–Ele fala com você?

–Não.

Respondo bebericando meu café antes que ele ficasse frio. Não há nada pior do que café frio. Quer dizer, há, mas ultimamente Master Great se forçou umas férias e nos colocou de férias também. Estamos em trégua, o que não dá nenhuma preocupação extra para mim. Sobretudo, pro tio Alef, para Nico e o povo da Central não há férias enquanto a guerra não acabar.

–Precisamos de uma respectiva de vida, Arya.

–Eu tenho uma.

–Comer, dormir, acordar, lutar, comer e por aí vai. Isso não é viver, é sobreviver.

–Viver custa muito, Emma.

–O que é a dor perto de um gostinho de alegria?

–Está andando muito com o Henry.

–Fazer o que? Ele é meu irmão.

Retruca Emma com uma careta divertida. O Henry é uma graça. Acabei descobrindo que ele é o mais perturbado. Sempre que possível faz uma piada, solta uma sarcástica, ou ironiza com esperteza. Com ele se fica esperto ou vira piada. E é outro que tem um sorriso de deixar qualquer uma abobalhada. Qualquer uma exceto a Emma, por que ela é irmã dele. Henry também tem umas de filosofo. Parece que ele e Jonathan roubam as frases de efeito um do outro. Acho que é algo de família por que na casa do Alef todo mundo furta todo mundo. Furtam comida, roupas, livros... Tudo. E eu sou bem possessiva com o que me pertencem. Tanto que nós últimos meses ameacei de morte pelo menos sete dos meus nove primos. Só não ameacei Henry, por que ele me devolve mesmo quando pega meus livros sem me pedir e o Jeremy por que é tão cara de pau que não consigo brigar com ele. Primeiramente por que o Jeremy tem um sorriso torto adorável, segundo por que ele faz a melhor cara de inocente do pedaço, piscando os olhos com seus cílios de espanadores e me oferecendo as minhas guloseimas que ele me furtou descaradamente. É como brigar com um bebê sujo de chocolate, você tem que ser muito sem coração para conseguir.

–Oi, pessoas.

Diz Zoey entrando no quarto sem ser convidada. Ela parecia um menino, como seu estilo: roubei o guarda roupa dos homens da minha casa. Ela deve está usando pelo menos uma das peças de cada homem que mora em sua casa. Isso sem contar que cortou o cabelo em estilo Joãozinho de novo. Só foi o Cyrus ir embora para ela passar a tesoura naqueles cachos brancos lindíssimos. E eu fiz a mesma coisa por um motivo diferente. A Zoey fez por estilo, eu fiz por que se eu arranjar uma briga é provável que tentem puxar meu cabelo e com o cabeço tão curto meu oponente ficaria muito perto de mim e eu conseguiria nocauteá-lo. E por que eu gosto do meu cabelo tão curto. É atrevido e rebelde, e deixa meu rosto a mostra. E não é muito feminino.

–Se tem porta por um motivo, sabia Zoey?

–Jura? Não sei pra que?

–Oi, menin... é a ou o?

Alfineta Emma cruzando as pernas, e brincando com as ondas de seu cabelo. A Zoey senta em uma poltrona rosa florida e mostra os dois dedos para a Emma, que revira os olhos. Dou uma risada e fecho o livro. É impossível de ler quando há mais de duas de nós em uma sala.

–Ela tem que evitar que seu namorado mate os homens de Onyx.

Digo sorrindo com a cara de alivio. O Aspen não era ciumento comigo. Na verdade, ele distribuída dicas sobre mim por que não queria que eu ficasse sozinha depois que ele morrer-se. Nesses momentos eu mesma queria matá-lo. Ele só parou quando eu beijei outro homem na frente dele e ele resolveu que eu era só dele. Agora que eu estou livre queria está presa novamente. Eu gostava do meu humano e de todas as responsabilidades que isso implicava. Claro que não poderíamos ter uma vida sexual ativa por que o Aspen quase teve uma parada cardíaca depois de nossa primeira vez, mas o amor não é só sexo. Sexo faz parte, mas o companheirismo, o dialogo também são importantes. Já o namorado da Zoey. Bem, ele é muito ciumento e não é pro que acha que a Zoey vai traí-lo, nem nada do tipo, ele confia muito na Zoey só que Cyrus tem medo de que o Dexter consiga influenciar a Zoey e ela o largue. Não que ela vá fazer isso, a Zoey tem um mural de fotos do Cyrus para matar saudade. E eles mandam cartas um para o outro constantemente. Os dois parecem ter saído de um filme de época em pleno século XXIII.

–Tem noticias do Ethan?

–Não! Por quê? Você tem?

–Não, só do meu ciumento.

–Ah! Que maldade.

Resmunga Emma com uma careta de desgosto. Zoey dá seu melhor sorriso, sou uma menina traquina e meu namorado fala comigo, o seu não. Ok! É maldade esfregar na cara das amigas algo do tipo. Até por que, o meu namorado morreu há mais ou menos dois anos e eu não preciso lembrar que não vou poder vê-lo ou falar com ele. Tipo, nunca mais. Zoey olha para mim e pergunta:

–Que cara é essa, Arya?

–A única que eu tenho.

–Por que me chamou Emma?

Indaga Gwen entrando no quarto de Emma, toda encharcada. O cabelo dela estava escorrendo de água, a calça jeans tomou um tom de azul profundo, e a blusa branca estava transparente deixando o sutiã preto em evidencia. Ela pendura o guarda chuva de bolinhas e pega uma das toalhas da Emma no armário para enxugar o cabelo.

–Que bom que vocês vieram, preciso de suas opiniões.

Responde Emma em tom de reunião. Meu tio tem que da umas férias para ela, se não vai sempre falar conosco assim. Ou então devolver ela a enfermaria onde é seu lugar e onde ela ama ficar. Mas segundo ele a filha dele não vai trabalhar cuidado dos doentes. Darks são preconceituosos e impacientes então nem adiantava discutir com ele. Afinal, não queremos nós mudar para outra base novamente. A ultima base foi completamente destruída. Um cenário de desolação e tanto.

–Eu uso o azul ou o vermelho?

Pergunta levantando os vestidos e olhando para Gwen e para a Zoey. Gwen é a primeira a responder:

–O vermelho te deixa poderosa.

–O azul destaca seus olhos.

–Arya?

–Vai nua! Pronto! Problema resolvido.

–Arya, eu vou te matar.

–Provavelmente. Se continuar me perguntando que vestido eu prefiro é isso mesmo que vai acontecer. Vou ter um treco e morrer. E como os vestidos é seu, teoricamente você me matou.

Respondo fazendo uma arma com a mão e fingindo que atirei em mim mesma. A expressão de Emma é a de alguém que vai cometer um assassinato. E parece que eu sou mesmo a vitima. Termino de beber meu café e coloco a minha caneca no criado mudo. Mando um beijinho para Emma, levanto e pego meu suéter. Vou sentir melhor o cheiro de chuva, talvez até me encharcar.

–Aonde vai?

Pergunta Gwen me olhando como se eu fosse maluca por ir direto para a chuva. O restante me olhava confusa. Se eu ficar aqui mais um minuto eu vou morrer de tédio.

–Tomar um pouco de chuva. Divirtam-se.

Respondo com um sorrisinho, virando-me e caminhando para fora da casa calmamente. Pego meu guarda chuva e assim que saio o abro. Ando calmamente na chuva, olhando as crianças correndo uma atrás da outra. Outras rolavam na lama. Sinto um sorrisinho se esboçar em meu rosto. Amo ver crianças sendo crianças. São tão naturais e desinibidas. Em Fell, para sobreviver, as crianças tinha que crescer mais do que seu tamanho. Fingir, mentir e serem mais astutas do que sua idade permitia. Continuo andando em direção a minha casinha. Subi a trilha por agora seria difícil, se não impossível, mas eu já estou completamente suja de lama, me sujar mais um pouquinho não vai me fazer nem um pouco mal. Fui subindo minha ladeira de lama pisando nas poças de água que se formavam. Minha calça já estava toda suja de lama. Aí está uma das desvantagens de ser muito pequena. O chão está mais perto da sua cabeça. Fecho o guarda-chuva por causa do vento e começo a correr ladeira acima. A chuva estava me segando e minha camisa grudou em mim. Depois de um tempo as pancadas doloridas dos pingos gelados contra a minha pele quente pararam de doer para ser refrescante. A água escorria pela minha pele em pequenos rios. O cheiro de terra se impregnava em mim. Levanto os braços quando chego à campina e dou uma rodopiada. Ok! Vou ficar aqui para sempre e me misturar à chuva. Continuo correndo na chuva. Minhas pernas doíam com o esforço e meus pulmões pediam ar. Eu continuo a correr por que a sensação é boa. Isso até esbarrar em alguma coisa no meio da estrada.

Meus braços são segurados fortemente antes que eu caísse. Ele me segura pela cintura para que meus pés se firmem. Mesmo na chuva consigo sentir o seu perfume caro sendo diluído pela água e o odor natural de sua pele aparecendo, ficando cada vez mais forte. Era um cheiro tão bom que parecia até crime. Levanto a cabeça para olhar para o homem de uns quinze centímetros (estou sendo muito eufêmica) maior do que eu que me segurava com as duas mãos sem nenhuma dificuldade. As mãos quentes dele contra aminha pele fria fizeram minha pele se arrepiar toda como se tivesse uma corrente elétrica percorrendo meu corpo. Fito aqueles olhos cinza azulados irritados por está na chuva. Parecia uma mistura de cinza tempestade, da mesma cor do céu em cima de mim, e aos poucos ia azulando nas bordas. Olho para minha mãos sujas no terno preto e caro dele. Sinto quase que instantaneamente um calor subindo para meu rosto.

–Cuidado por onde anda.

Resmunga o desconhecido de pele de mármore quente, irritado e mal educado. Ok! Deve ser uma característica de gene. Todo moreno de azuis ou cinza é mal humorado e educado. Será que está no gene que define o cabelo preto ou os olhos? Tanto faz, só sei que não gostei do desconhecido. Retruco cruzando os braços:

–A onde eu ando não é da sua conta.

–A partir do momento em que algo esbarra em mim no meio da chuva é sim, por acaso não me viu?

–Estamos no meio de um morro alto com neblina e você é branco de mais.

–Olha quem fala.

–Eu sou corada.

Digo sabendo que não é exatamente verdade. A estatua da chuva esboça um sorriso irônico. Se eu o esganar, será que sentirão falta dele? O posso simplesmente empurrá-lo ladeira abaixo e dizer que foi sem querer.

–Como mármore.

–Quem é você?

–Quem é você?

–Essa pergunta é minha.

–Ela não tem seu nome assinado em baixo.

–Fica parado no meio da estrada e ainda é mal educado.

–Eu estou tomando chuva e esperando pacientemente a dona da casa em que vamos nós hospedarmos chegar.

–Que casa?

Pergunto com uma pulga atrás da orelha. A única casa por essas bandas é a minha. A propósito esse terreno é meu. E se ele está aqui no meu terreno esperando a dona da minha casa significa que o mundo vai acabar e que em breve cometo um assassinato. A estatua diz franzindo uma sobrancelha com o meu tom:

–Só tem uma casa aqui.

–Está falando da minha casa?

–Então a casa é sua?

–É! Eu não vou te hospedar! Nem te conheço.

Esbravejo aumentando o tom de voz. Como? Como meu Deus! Que castigo! Hospedar um estranho mal educado na minha casinha? Sacrificar minha privacidade por causa de um bruto que fica parado no meio da chuva esperando alguém esbarrar nele? Eu não. Não vou mesmo.

–Então vá falar isso com o Alef.

Retruca o desconhecido, cruzando os braços e me olhando com cara de poucos amigos. Cruzo meus braços e dou meia volta logo avisando:

–Vou mesmo.

–Antes me da à chave, se o príncipe resfriar vão me matar.

–To nem aí pro príncipe e muito menos para você.

–Já achei!

Avisa pegando a chave que estava enganchada em minha calça. Tento pegar a chave de volta da mão dele, mas parece que ser alto tem suas vantagens.

–Devolve minha chave, seu ladrão.

–Só depois que eu abri a casa.

–Não pode entrar na casa de outra pessoa sem a permissão dela, é invasão de domicílio.

–Ah! Não? Só observe.

Retruca enquanto começa a andar em direção a minha casa. O sigo pisando firme e com tanta raiva. Que metido! Esnobe! Ahhhh! Vou matá-lo. Como se rouba a chave alheia? Vou matar meu tio também por mandar o problema para mim. Onde já se viu mandar um homem desconhecido para se hospedar na casa da sobrinha. E o Nico nem está aqui.

–Cadê o Nico quando eu preciso dele.

–Nico é seu namorado?

–Não é da sua conta. E não, é meu guardião.

–Nossa! Com seu humor não precisa de guardião. O que foi que esse cara fez para receber tal castigo? Vinte e quatro horas perto de você. Que horror!

–O que foi que eu fiz para receber você de castigo?

–Continua assim e vai morrer solteira.

–E eu estou me lixando para isso.

–Seu namorado te deixou ou o que mesmo?

–Ele morreu! É um tipo de abandono. E por que eu estou falando isso para você?

–Não sei.

Responde dando de ombros. Minha casa aparece finalmente ao longe e o ladrão começa a correr em direção dela. Ao longe eu conseguia ver dois homens em minha varanda. Um homem estava sentado em meu balanço. Eu conseguia ouvir o rangido daqui. E o outro estava sentado na parte de cima da escadaria da varanda. Começo a correr em atrás do ladrão. Minha casa, minha chave, minha escadaria e meu balanço. Esbarro com toda a força no desconhecido e começamos a rolar. A maldita chave cai longe. Olho para o ladrão em cima de mim e ele olha para chave. Enquanto ele engatinha por cima enfio uma das adagas minúsculas em sua panturrilha e engatinho para minha chavinha. Ele puxa minha perna e eu caio com tudo em cima da lama. Dou um chute nele e começo a engatinhar para minha chave. Ele puxa meu pé e eu tento lutar.

–Stephan, quer parar de lutar contra minha irmã?

Interrompe Baelfire meu embate com o ladrão Stephan. O Greateano (só podia ser mesmo) me olha como se eu fosse uma alienígena e olha confuso para Baelfire que faz um gesto para ele soltar meu tornozelo.

–Esse animal selvagem é sua irmã?

Pergunta Stephan. Eu rosno para ele em resposta. E Ethan suspira pesadamente. O Ethan estava mais alto, parece que ganhou massa muscular no ultimo ano, e o rosto estava mais adulto do que da ultima vez que o vi. Parece que ele teve seu pico de crescimento esse ano. Meu irmão é um homem feito e muito lindo. Mais trabalho para a Emma. Cyrus sentado na escadaria estava vermelho de tanto rir. Mostro o dedo para ele. O Cyrus parecia que sofreu do mesmo mal que Ethan. O cabelo dele ainda estava um pouco acima dos ombros como da ultima vez que eu o vi. Ele me mostra os dois dedos em resposta.

–Coisa feia, Arya.

Adverte Ethan, esboçando um sorriso e encostando-se à coluna da minha varanda. Ele coloca as mãos no bolso da calça caqui.

–Ele roubou minha chave.

Resmungo levantando e caminhando para minha varanda. As marcas da minha bota ficam no chão da minha varanda.

–Por que é que você está toda suja de lama?

–Está chovendo não percebeu ainda, Bael?

–Viu! É uma selvagem.

Afirma Stephan apontando para mim enquanto mancava em direção a varanda. Ele tira a arma minúscula de sua panturrilha e faz uma careta de dor. Bem feito! Isso é que dá se meter onde não foi chamado.

–Ladrão.

Respondo abrindo a porta. Eles entram e ficam olhando para minha humilde casa com um tanto de fascínio. Tiro minhas botas para não sujar meu piso de porcelanato branco. Vou na ponta dos dedos para o banheiro e Ethan pergunta da sala:

–Essa casa é sua mesmo?

–Claro, por quê, Bael?

–Eu imaginaria que fosse bem bagunçada.

–E é melhor continuar arrumadinha, se bagunçarem a minha casa podem se preparar para arrumarem.

–E imagino que esse seja seu animal de estimação.

Comenta Stephan chamando minha atenção. Que animal de estimação? Eu não tenho animal de estimação. Primeiro por que dá trabalho e segundo por que precisa de cuidados. Vou para a cozinha e vejo um corvo de olhos azuis e com um papel em rolo no bico em cima da bancada da minha cozinha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem e beijocas para vocês.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sociedade dos Corvos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.