The five dreams escrita por Yasmin


Capítulo 9
Capitulo 9 — Livre


Notas iniciais do capítulo

Boa noite amadinhas!
Estou de volta com mais um capitulo fresquinho para vocês.
Informo que nunca estive tão segura postando um capitulo.
Consegui uma beta, ela ja betou o capitulo e ja adianto que fez um ótimo trabalho.
Falando nisso obrigada Pâmela, tanto pelo trabalho como pela agilidade, não sabe como fiquei satisfeita.
Enfim, vou parar de falação e como sempre atualizo mais esse capitulo desejando imensamente que vocês gostem e não deixem de comentar.


Bom domingo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/669531/chapter/9

—O que fez aí ?—Já estamos na casa dela, a acordei cedo pra usufruir um pouco mais do nosso tempo juntos e depois viemos para cá, visto que ela precisa estar na igreja daqui a uma hora. E vale dizer que está linda! Na verdade, Katniss é uma metamorfose ambulante. Nesse momento não se parece nadinha com a mulher que estava na minha cama ou o dia todo comigo, quer dizer, ao menos na aparência.

—Panquecas! —seus olhos brilham igual os de uma criança.—Está linda! —Me aproximo beijando seus lábios, sinto o doce de sua boca, misturado com o batom rosa. —Parece ate uma moça comportada! —falo olhando para ela da cabeça aos pés. Seu vestido tampa quase todo o corpo, vai até o joelho, mas evidência generosamente sua cintura fina.

—Eu sou!— Ela então envolve seus braços no meu pescoço. —Geralmente sou bastante comportada, mas você me desvirtuou ontem o dia todo. Rezarei pelos meus pecados e pelos seus também .— Ela sussurra.

—Sei!—Beijo sua boca novamente. Todo, segundo com ela é importante.

—Vou me atrasar!—Diz se separando, pega um pedaço de papel toalha e limpa o batom, que ficou no meu rosto.—Pronto, agora sim não corro perigo do Gale te ver com esse batom e querer roubar você de mim.

—Sabe muito bem do que gosto dona Katniss.—Aperto suas nádegas , fazendo com que um suspiro saia dos lábios.—Deixa eu ver aquele pangaré... vou quebrar a cara dele por falar essas coisas.

—Já disse que é brincadeira. Não entendo esse amor que sente um pelo outro. Sei que sou linda, mas não precisam começar uma guerra por mim. —Ela se solta, serve o café e ataca as panquecas. —Pode me contar se quiser, ainda tenho quinze minutos. —Ela arrasta a cadeira próxima a sua e faz sinal para que eu me sente.

—Quinze minutos é pouco tempo!—Não queria falar, mas pelo jeito que ela me olha, sei que não terei saída, então começo:—Nós éramos amigos no ensino médio. Meu irmão mais velho, ele e eu fazíamos praticamente tudo juntos, futebol, garotas... Não deixávamos passar uma. Ele não saia lá de casa. Nossa amizade durou até a faculdade. Quando terminamos o ensino médio, Cato e eu fomos para a Georgia, estudar lá e Gale ficou em Releigh, onde fez o curso de oficial de polícia. Mas ainda nos víamos nas férias. Nossa guerra começou no verão do segundo ano de faculdade, eu tinha dezenove eu acho. Cato veio primeiro, dando inicio a confusão, porque Gale estava dando em cima de Sabrina, minha irmã, que só tinha dezessete anos. Ele já era um homem e, como amigos, sabíamos o que cada um aprontava. Então Cato começou a intervir na relação, tentava desqualificá-lo, dizia tudo que fazíamos com as garotas. E o pior de tudo foi quando ele usou a  condição social do Gale, que era inferior a nossa, para diminuí-lo ainda mais perante os olhos do meu pai. Para minha família isso nunca foi relevante, mas, por causa da forma que Cato contou, é como se Gale não fosse digno para namorar Sabrina. Quando cheguei, o circo já estava armado. Gale veio falar comigo pedindo ajuda, dizendo que gostava de Sabrina e que nenhum mal faria a ela.

—Você ajudou?

— No começo sim. Mas o ciúme fraterno começou a ficar mais forte. Meu pai não permitia que Sabrina fosse a festas, o que não impedia Gale de ir sozinho e com certeza ficar com outras garotas, o que me deixava irado. Então passei a ser indiferente a ao relacionamento dos dois. Avisei Sabrina somente uma vez, mas não me escutou, então decidi não intrometer.

“Assim que terminou o ano letivo, já estávamos preparados para passarmos um tempo em Releigh. Sabrina logo iria para a faculdade, então quase não ficaríamos juntos, porém ela se negou a ir. Implorou para que eu ficasse, e assim meu pai a deixaria aqui também. Mas, eu não fiz, sabendo que sua resistência em não ir, era para não ficar longe do namorado. Ela foi contrariada, praguejando por cem quilômetros, até que o acidente aconteceu. Amanhã fará sete anos, que ela se foi”.

—Eu...eu sinto muito! Mas por que ele te odeia?

—Ele me acusa de tê-la matado, diz que, se eu tivesse ficado, ela ainda estaria aqui.

—Ele não pode dizer isso pra você, ninguém pode controlar isso. Sabe que não tem culpa, não sabe?

— No início  eu me culpei, porque Sabrina se foi levando com ela os meus pais e minha consciência. Depois que me formei, passei dois anos trabalhando em uma plataforma de petróleo no meio do oceano pacífico.  Estava emocionalmente fraco demais para ter de aguentar as dores da minha mãe. Só voltei de lá, depois que meu pai saiu de casa. Não dava mais pra fugir e ficar me culpando pela vida de alguém que já não existia. Então nesse começo difícil eu achava que sim, que a culpa era minha, mas agora sei que não. Como eu poderia saber?

Ela não responde com palavras, e sim com gestos de carinho.

.Concentro-me no café, para amenizar o clima melancólico que se instalou sobre nós, ela conta resumidamente suas atividades do dia. E a pior hora é a despedida.

—À noite estarei de volta! Meu irmão deve estar enlouquecendo sozinho com minha mãe. Acordei com mais de trinta chamadas dele, mas sei que não é nada grave. Pensando bem, dizer isso é um grande eufemismo, pois ela ainda não se recuperou e tudo que se refere à  dona Evelin é mais que grave. Ainda mais que o aniversário  do falecimento de minha irmã é amanhã.

— Imagino como ela deve se sentir! —A forma que ela fala é como se soubesse e sentisse dores parecidas com de minha mãe. Ontem ela estava diferente, mas calada que o normal e o choro no farol, parecia um choro de saudade.

Beijo o topo de sua cabeça e encosto minha testa na sua, a cor dos seus olhos é de um cinza sem definição.

 — Também preciso ir! Devia me soltar!—Ela diz manhosa.

—Eu devia tanta coisa, mas nem tudo é possível!

—Algo em que eu possa te ajudar Mellark?—Katniss é charmosa, provocativa e mesmo nos seus piores momentos ela tem um sorriso no rosto. Consegue atiçar qualquer um, sua beleza é natural, deixando todos seus atributos ainda mais evidentes. De longe a mulher mais intrigante e interessante que conheci. Tenho medo de perdê-la .

—Só continue me amando!—Falo isso inalado seu cheiro de lavanda, que me deixa inebriado. Tanto como o seu sorriso.

—Tentarei fazer outras coisas, além disso no meu dia! Não quero te sufocar.—Suas mãos dançam no meu rosto. Parece que quer gravar, meus traços.

—Eu te amo.—falo a  soltando de uma vez.

Ela entra no seu carro e eu no meu. A acompanho até ela entrar na cidade e eu seguir meu caminho. Meu percurso até nossa casa na capital não dura mais que três horas. Já estou acostumado com o trajeto, visto que antes o fazia de três a quatro vezes na semana.

Chego à capital na hora do almoço, liguei para Katniss, assim que o celular voltou a ter sinal.

Viro a esquina de casa torcendo para que nada tenha dado errado, que Beatrice não tenha voltado e enchido a cabeça da minha mãe com essa história de casamento, que  resolverei hoje.

Depois que fiquei com a Katniss, só penso nela. Em como quero estar perto, mostrar para todos que estamos juntos e viver esse amor sem reservas. Sem interferências.

—Bom dia, Arnold!

No pátio vejo um carro diferente e logo penso ser alguma amiga do Cato, porque ele sempre as traz para cá.

— Me diga que entrarei por essa porta e não terei nenhuma surpresa indesejável. —  Sempre faço isso, lhe pergunto como está, pois quero me antecipar aos fatos. Quero saber se minha mãe deu a louca, meu pai apareceu fingindo se importar conosco ou se é  algo com Cato, que vive se metendo  em confusão por garotas. Acho que sou o único normal dessa família.

—Temos visita!—Ele fala.

—Quem?

—A senhorita Clark! Não conseguimos impedi-la de entrar!—Sua fala sai decepcionada.

—Tudo bem, Arnold, não é sua obrigação. Mas o Cato vai ver comigo! —  apressadamente atrás de Cato, que já está a minha espera.

—Que porra, nunca te peço nada! Por que deixou essa desgraçada entrar?— falo aos berros.

—Ela veio com a mãe dela, Peeta! O que queria que eu fizesse? Não consegui impedir. E não venha me cobrar, a culpa disso é sua. Deixa essa doida fazer o quer, porque essa história já está fugindo de controle. Entre logo, pois elas já estão marcando a data e escolhendo os convites do casamento.—Assim que escuto isso, entro decidido a pôr fim nessa farsa.

—Amor! Que saudade!—Beatrice vem em minha direção e me abraça por uns segundos, mas a solto delicadamente dos meus braços. Nossas mães nos olham, admiradamente.

—Filho, ainda bem que chegou. Assim pode ajudar na escolha do convite! —Minha mãe fala eufórica. Abro um meio sorriso e cumprimento a senhora Clark, que é uma boa mulher, não tem culpa das loucuras da filha.

Estava decidido a acabar com tudo nesse momento, ridicularizar Beatrice, mas mudei de opinião, vou lhe dar apenas mais uma chance de encarar isso civilizadamente.

—Quero falar com você! —Seguro seu antebraço até estarmos longe o suficiente, para que nossas mães não escutem os gritos que com certeza ela dará, pois apesar da pose de mulher bem sucedida, descrição nunca foi seu forte.

—Onde você estava? Esse batom, esse perfume barato. Onde você estava, seu filho da mãe?—Diz assim que a solto e tenta me bater, porém sou mais forte que ela.

—Como você disse: estava com uma mulher!—Poderia negar, como sempre fiz, mas não mais. Quero que ela saiba.

—Porque esta fazendo isso, Peeta? Eu te amo! Eu não menti, olha. —Ela então tira do bolso um papel e começa ler. Parece o tal termo de confidencialidade que assinou quando começou a trabalhar com meu pai. —Está autenticado, eu não podia falar, porque ele poderia me processar e eu nunca mais conseguiria outro trabalho. Vamos passar uma borracha nisso. —Ela não entendeu ainda que esse é só um dos motivos, tudo nela me incomoda, até sua voz. Ela infernizou  tanto que me fez sentir isso.

—Não, Beatrice, não tem volta! Você poderia ter dito o que estava acontecendo! Que estava sendo pressionada. Mas não fez, por que será? Lembrei, você recebeu uma boa comissão por seu silêncio . — Ela sabe que não é só isso, temos tantos outros motivos para cada um seguir sua vida separadamente..., mas esse é o mais convincente para o caso dela.

—Eu não toquei naquele dinheiro, está na minha conta. Já tentei devolver, mas seu pai não aceita. —Ela me abraça e suas lágrimas  molham minha roupa. Ainda tento buscar algum resquício de sentimento por ela, mas não encontro. Nem compaixão, nada. É como se meu cérebro tivesse apagado todos os nossos momentos juntos.

—Eu não te amo! Não posso ficar com você. Pela milésima vez, eu suplico. Aceite o fim Beatrice, não só por mim, mas por você, olha no que você se transformou. Lembra disso? —Levanto a manga da blusa, mostrando a cicatriz que ela deixou em mim, quando me atacou com uma faca. — Quero que vá naquela sala e fale da farsa do noivado, invente  que terminou comigo, sei lá. —Ela me solta, começa gritar, usa os nomes mais pejorativos existentes no mundo e no final apela para a doença da minha mãe.

— Quem é essa mulher, Peeta? — Ignoro sua pergunta e digo mais uma vez:

— Você não vai falar?

— Não! —Bate o pé feito uma criança mimada.

— Tudo bem, eu falo! —Saio do quarto disposto a isso, porém logo ela vem atrás.

—Espera, Peeta, eu direi. Me de só uma semana, por favor!—ela diz, colocando as mãos na frente do peito.

—Não vai me enrolar! Faça isso agora ou faço eu!

—Não, Peeta, meu pais tiveram gastos, com buffet e outras coisas. Não posso chegar assim do nada e dizer que não terá casamento. Por favor, Peeta, por tudo que já vivemos, me dê esse tempo. Contarei a verdade daqui uma semana.

Então acabo cedendo, não deveria, mas farei isso, levarei em consideração o fato da família ter tido gastos com essa palhaçada.

—Como pode chegar a esse ponto Beatrice? Fez seus pais gastar por algo de mentira. Acorda pra vida! Uma semana, te darei uma semana. Se quiser, pode dizer que foi você que terminou, sei como é importante para seu ego sair sempre por cima.

—Por que está falando assim, Peeta? Antes, o meu jeito não te incomodava. Mas agora até minha respiração é motivo pra me odiar.

—Eu não te odeio! —falo de forma sincera. —Mas você é umas das maiores decepções da minha vida. Nunca pensei que faria essas coisas. Seis meses da minha vida fugindo de você, vendo você se transformar nessa maluca que é hoje! —digo tudo que sempre quis dizer, mas ela não me dava espaço. Sempre gritava, não me deixava falar. O único lugar que tinha sossego era na praia. Lá ela não ia de jeito nenhum. É urbana demais para se meter naquele fim de mundo, e também porque eu a amedrontava dizendo que lá tem furacão todos os dias, fazendo-a morrer de medo.

Assim que consigo, voltamos à  sala e minha mãe logo percebe que tem algo de errado. Começa a questionar nós dois e Beatrice joga algumas indiretas, me fazendo ficar arrependido por ter aceitado seu prazo.

—Mãe, precisamos ir! Uma tempestade se aproxima e se não sairmos agora, você terá de passar mais um noite aqui! —Falo isso sabendo que contestara, ela odeia vir pra cidade. Ficou aqui porque estava dopada com os remédios. O médico também pediu para deixá-la em observação. Ela me parece melhor, seu rosto está mais corado. Sua estrutura corporal não é a mesma de antes, mas ainda continua linda.

—Não, nem pensar!— diz rapidamente e logo se despede de Beatrice, a convidando para ir até lá. Ao que reajo no mesmo instante, lançando um aviso silencioso, dizendo pra negar, o que ela faz rapidamente, para meu alívio .

Minha mãe sobe para se arrumar, enquanto fico na sala, torcendo para que Beatrice Clark cumpra o disse:Em uma semana me deixará livre.

Logo elas se vão, embora Beatrice ainda tenha tentado na despedida barganhar um abraço. Mesmo contra a gosto faço isso. Ela demora a me soltar, tenta me beijar, mas não permito. 

Depois que elas partem, vou para cozinha, faço um lanche, converso com Arnold e lhe dou o bônus, pela ajuda que com Beatrice, digo que ele perderá sua renda extra, visto que daqui uma semana estarei definitivamente livre da maluca. Quando termino meu lanche subo para o quarto e tomo um novo banho com intuito de me livrar do cheiro de Betrice.

—Conseguiu se livrar da louca? —Cato entra no quarto e se joga na minha poltrona!

—Pediu uma semana pra contar tudo! Precisa preparar o terreno com os pais! Acredita que fez os pais gastarem uma fortuna com os preparativos?

—Acredito, mulher é um bando de bicho doido. Quando está tudo bem, a coisa é diferente. Mas se você não faz o que elas querem? Infernizam sua vida até sugar sua última gota de sangue. Umas “demônias”!—Rio de sua expressão. Relacionamento para ele é como uma doença, não assume ninguém de jeito nenhum. Não me lembro se ele teve alguma decepção amorosa. Só sei que age como se fosse alérgico a esse tipo de rotulação.

—Como foi aqui? —pergunto, ainda estranhando não ter escutado nenhuma de suas reclamações.

—Foi tranquilo! A mãe não para de falar da veterinária e daqueles cachorros.

—O que ela falou?

—Fica a todo momento falando das semelhanças coma Sabrina! Elas se parecem fisicamente?

—Não, nenhum pouco! Mas sorri igual, dança igual e come igual. —Ele ri.

—Trator? — Sabrina era muito ativa, andava pela praia o dia todo, cavalgava, surfava. Era livre como os cavalos selvagens. Só aparecia no final da tarde. Comia tudo que via pela frente. A apelidamos de trator, porque ela destruía a geladeira, parecia um menino. Até nisso ela e Katniss se parecem! Não sei como não engorda.

—Sim, trator! —Tiro minha camisa para colocar outra, pois lembrei que essa foi  um presente de Beatrice.

—Preciso dar uma volta na cidade. As mulheres lá estão mais selvagens. Dormiu com uma leoa foi? — Ele diz jogando uma camisa na minha direção.

No espelho vejo minhas costas bastante arranhadas pela unha da Katniss. Lembro de nossa tarde que virou noite! Ficamos juntos! Ela se declarando, depois negando, inventando aquela história de ritual que me fará rir por muitos dias. Aí, me declarei usando seu ritual para não parecer tosco. Mas com nossa visita ao farol tudo mudou. Lá em cima ficamos mais expostos um ao outro. Vulneráveis e propensos a falar besteiras. Então eu disse essa besteira de amor. Disse que a amo, se tornando a besteira mais bem dita na minha vida. Amo aquela mulher, como se fosse minha vida. Como se eu só tivesse vindo pra esse mundo com essa tarefa. É louco e sem sentido, mas é assim que me sinto.

Assim que consigo mudo de assunto, pergunto dos remédios  e o que ficaram fazendo. Ele conta que ao contrario do que ele imaginava, minha mãe não deu trabalho algum, foram no shopping, teatro e em momento algum tocou no nome de Sabrina, me deixando mais tranquilo. Porém, amanhã o dia será difícil e já estou me preparando para consolá-la. Logo ela aparece e de modo desesperado me apressa para pegarmos a estrada.

—Vocês não estão bem, não é filho? —Já estamos a caminho da casa de praia e minha mãe a todo momento quer falar de casamento, estou a horas dando volta no assunto, evitando falar a verdade, pois está aqui na minha garganta, como um sapo que engoli.

—Vocês? —pergunto me fazendo de bobo.

—Beatrice, você e o noivado. Ficou na praia ontem, também dormiu fora de casa que eu sei. Isso não é coisa que se faça, Peeta. Criei um homem, não um moleque. — Sua voz é calma, porém bastante acusativa. —Está traindo sua noiva? —Fico em silêncio, enquanto ela aguarda minha resposta. Penso em dizer tudo de uma vez. Mas me contenho.

—Conheci outra pessoa! —Me assusto quando ela puxa minha orelha.

—Enlouqueceu de vez, mãe? —falo sem pensar, mas ela não fica ofendida e sim furiosa.

—Está  fazendo igual ao cafajeste do seu pai. Não vou aceitar isso, Peeta. Armou esse circo todo de casamento pra nada?

—Não armei coisa nenhuma. Quer saber a verdade?

—Que verdade?

—Não existe casamento nenhum, é tudo mentira daquela doida. Já tem meses que estamos separados.

—Como assim? Ela comprou o vestido, a família gastou com os preparativos. Que história é essa, Peeta?

—Beatrice enlouqueceu, inventou isso pra me chantagear!

—Com o que, Peeta? Como ela pode te chantagear?

—Com seu tratamento. —Paro o carro no acostamento, para terminar de falar o que já comecei. —Quando você foi diagnosticada com o câncer e não queria se tratar, ela inventou que estávamos noivos, para que você aceitasse. Eu só soube disso quando voltei da plataforma. E desde então estava mantendo essa mentira, pro seu bem, mãe. Só não posso mais continuar com isso.

—Eu...eu não sei o que dizer, filho! Fez isso por mim? —Confirmo com a cabeça.

—Não precisa dizer nada, só continue o tratamento! Não pare de querer viver, por favor. Eu preciso da senhora. Por favor, não desista agora.

—Eu só te darei trabalho, daqui a pouco começa hemodiálise, meu cabelo está caindo. Nem andar sozinha conseguirei com esses remédios. Vou definhar meu filho, mais do que já estou há anos.

Eu sinceramente não sei mais o que dizer, essa é outra luta constante que estou tendo na minha vida, tentar convencer uma pessoa a querer viver não é fácil. Ainda mais quando se trata de alguém tão importante.

—Por favor! —Suplico, segurando seu rosto envelhecido, mas que ainda há muita jovialidade escondida ali. —Precisa estar bem para conhecer a mulher que eu amo.

—Eu nunca ficarei bem! Sabe disso, não sabe?—Confirmo, aceitando isso temporariamente, mas de forma alguma desistirei dela, assim com ela nunca desistiu de mim. —Mas, vou continuar por você! Só prometa que não vai mais se enfiar naquela plataforma imunda de petróleo. —Confirmo que não farei mais isso, por ela e pela Katniss.

—Essa moça é a tal da batata? —Madge e eu namoramos na adolescência. Ela tinha doze anose era louca por batata frita. Só cedia beijos se eu levasse a batata no lanche da escola. Tereza, nossa cozinheira,as fazia todos os dias para que eu pudesse me dar bem na hora do intervalo .Mas nosso namorico de criança não passou disso, ela terminou comigo dizendo que de loira já bastava ela. Partiu meu coração aquele dia, mas aí comecei a pensar igualmente a ela, minha meta era traçar as morenas da cidade e região.

—Não!

—Quem é então ? Eu conheço? —perguntou curiosa.

—Sim.

—Sim, não, sim, não! Está parecendo um robô. —Rio de sua fala, gosto de vê-la assim, interagindo e sorrindo por nada. É uma raridade que vem acontecendo há alguns dias e me alegro por  saber que não é pelo casamento forjado por Beatrice.

—Conhece, Dona Evelin!Irá vê-la em breve, garanto que vai gostar. —falo isso encerrando o assunto e logo depois ela começa a dormir, em virtude dos remédios fortes.

Nunca me senti tão bem em minha vida, antes parecia que toda estrada não tinha fim, eu era como uma estrela perdida no espaço. Nada estava bome a busca pelo desconhecido era constante, nem nos  primeiros meses de namoro como Beatrice me sentia completo. Cato tem razão, tudo aconteceu por minha culpa, essa obsessão que ela passou a ter por mim, tudo aconteceu por minha falta de disponibilidade. Meu corpo estava presente, mas minha cabeça estava sempre focada no trabalho, nos problemas familiares ou nos meus demônios que sempre voltam para me assombrar pelas escolhas que fiz. Ela nunca estava em primeiro lugar! Então sempre pensava que eu tinha alguém nas viagens que fazia até a plataforma, que ainda faço consultoria. Demorava pra vir em casa. Só parei com isso há alguns meses, agora só trabalho na parte industrial na montadora da família, que fica em Releigh.

Assim que cruzo a cidade, minha mãe acorda e pede para dar uma volta pela cidade, dizendo que quer um sorvete. Atendo seu pedido rapidamente e sigo rumo à  orla onde ficam  os quiosques .

— Pare o carro, filho. Olhe, é a Katniss! —Então ando um pouco mais devagar, já quase parando. A morena está sentada em um dos bancos da orla, na sua mão direita uma casquinha de sorvete de morango e na outra uma de creme branco. Se Maia não estivesse bastante empenhada no sorvete de creme branco, juraria que os dois seriam da Katniss, pois ela vive faminta.

Assim que paro definitivamente na beira da calçada minha mãe desce, indo na direção de Katniss. E eu?Eu não sei como agir, tenho receio que minha mãe ainda toque nesse assunto de casamento e coloque tudo a perder.Até eu explicar que 2x2 são quatro, Katniss já estará pensando besteira e um monte de coisa naquela cabeça fértil que tem.

—Venha, filho, quero te apresentar formalmente à Katniss.—Minha mãe bate no vidro e Katniss me olha sem entender, também parecendo envergonhada.

—Oi!—falo nervoso, assim que me aproximo delas.  Maia pula em mim, apoiando suas patas no meu peito.

—Para com isso, Maia, está  sujando a camisa do moço. —Katniss tira ela de mim e dá uma piscadela.

—Ela gostou de você, filho.

—É uma assanhada!—Katniss fala, arrumando seu cabelo que teima em voar para todos os lados.

— Vai querer o sorvete, mãe?

— Sim, vou comprar, preciso me movimentar, enquanto isso fiquem aí se conhecendo.

 Aproveito a distância que minha mãe nos deu e prenso a Katniss na porta do carro e  beijo sua boca por alguns segundos, até ela nos interromper.

—Senti saudade! —falo bem perto do seu ouvido.

—Eu também, achei que só voltaria à  noite!

—Já é quase noite.—Me concentro ainda no seu pescoço.

—Sua mãe, Peeta, sua boca só tem meu batom.—diz nervosa e coloca o sorvete de morango na minha mão.—Vai, tome esse sorvete. Se ela disser algo, fale que é do corante do morango.

— Por que está nervosa assim?—falo estranhando seu jeito.

—Porque sim.

—Porque não disse que queria um sorvete, Peeta?Não acredito que pegou o da Katniss.—Minha mãe retorna ao nosso encontro.

Minha vontade é de rir, porque a boca de Katniss também está toda manchada de batom.

— Tudo bem, Evellin, eu que ofereci, já estava satisfeita. Não gosto de jogar fora.

As duas iniciam uma conversa de comadre, enquanto termino o sorvete. Maia a todo momento corre atrás de algumas pombas e como pelo visto a conversa ainda demorará, então sento no banco de concreto logo atrás delas. Quer dizer, exatamente atrás de Katniss, que usa uma saia curta, deixando suas pernas torneadas e bem bronzeadas na minha visão. Nem acredito que ela é minha!

—Segura a baba, Mellark!—Madge chega jogando uma bola de papel no meu rosto.— Quanto tempo?—Ela me abraça forte.

— Muito tempo, você engordou, hein ?—falo lhe provocando, mas ela ainda continua com os braços em volta de minha cintura. Katniss fica vermelha no mesmo instante. Então me desvencilho dela, apresentando-a a minha mãe. Não que elas não se conheçam, mas já faz um bom tempo que minha mãe não anda pela cidade.

—Peeta, nunca diga sobre o peso de uma mulher! E ela está muito bem! Não está, Katniss?—Minha mãe intervém .

— Sim, ela está ótima —Ela responde caminhando até nós, passando entre meu braço e o de Madge e então pegando o papel no chão.—Não devia jogar lixo no chão, senhorita.—Sua fala sai séria e faz com que Madge fique bem longe de mim.

Sei que ela ficou enciumada ontem, quando batata disse sobre nosso namoro que aconteceu há tanto tempo. Eu era praticamente uma criança, acho que isso nem conta como namoro, mas estou adorando seu bico de ciúmes.

—Desculpe, amiga! Que saudades que estou de você. Nossa, você tá ótima, nem parece uma aranha. Ouvi dizer que estava na praia ontem com um loirão. —Ela abraça Katniss, que tenta se soltar e minha mãe fica confusa com as duas.— Não a viu por lá ontem, Peeta? Vocês moram tão coladinhos.

— Solta a moça batata, tá amassando ela! —Tento ajudá-la.

—Desculpa,Kat! Estou morta de fome, querem nos acompanhar?— Ela pergunta para mim e para a minha mãe. —Vamos no Sr. Green. Estou doida por umas ostras frescas.

—Vamos,Evelin? Será bom pra se distrair um pouco.—Katniss se dirige carinhosamente para minha mãe.

—Não querida, vão vocês. Estou um pouco cansada.— Minha mãe diz, mas Katniss não se dá por vencida, quando quer é bastante insistente.—Tudo bem, eu vou!— Ela fala por fim! Sete anos que não via isso, anos que não a via se socializando assim. Mais um motivo para amar a Katniss.

O restaurante do senhor Green é aqui na orla, então vamos caminhando. Madge vai ao meu lado falando da cidade, e coisas do tipo, enquanto Katniss conversa com minha mãe logo à  frente, com Maia sempre ao seu lado esfregando seu focinho na perna dela. Eu tenho que dizer: as duas ficam lindas juntas, é impossível não associá-las.

Assim que chegamos ao local, Não entramos de imediato, porque Katniss inicia uma conversa com sua labradora, pedindo que se comporte e não cause confusão.

O restaurante foi construído em cima de um morro, contemplando os visitantes com uma linda vista da cidade e seus arredores. Logo Madge e minha mãe sobem as escadas, deixando katniss e eu a sós novamente, aproveito isso e a puxo pelo braço.

—Quero te beijar!—falo  isso, porque tentei, mas ela desviou o rosto.

—Vai beijar sua batata!— Seu bico está  lindo, me deixando ainda mais doido.—Pare ,Peeta, sua mãe!

—Não precisa ter ciúmes da batata. Eu só tinha doze anos.—Esclareço de uma vez isso, não quero mal entendidos.

—Doze anos? Na sua época, pessoas com doze anos namoravam?—pergunta debochada.

—Namoram e fazem muitas coisas, quer ver?—Ela afirma balançando a cabeça. Aproveito esse momento e a beijo intensamente. Como eu, gosto de sentir seu corpo colado no meu! Um simples beijo não é possível, pois com ela a necessidade sempre fala mais alto, me deixando ainda mais cheio de vontades que tenho dela.

Assim que nos tocamos de nossa demora, subimos procurando a mesa, que as duas escolheram. Ficamos horas conversando, quer dizer, não tem muito espaço para mim nessa roda, as três estão centradas demais falando das fofoqueiras da cidade ou do quanto está  difícil ter um relacionamento sério(fala de Madge).

Depois de algumas cervejas, me levanto para ir ao banheiro, mas demoro mais que o normal, porque  no caminho até a mesa, esbarro em um conhecido e conversamos por alguns minutos. Do local onde estou, vejo minha mãe mostrando seu celular para Katniss e logo me apresso para  ver do que se trata.

—Esse é o seu filho solteiro?—pergunta  olhando pra minha mãe e depois pra mim.

—Sim, ele é perfeito pra você.

—Katniss...—chamo seu nome.

—Então quem está noivo?—pergunta sem tirar os olhos de mim.

E quando penso que minha mãe vai dizer“ninguém”...

—O Peeta!— Ela responde e Katniss imediatamente se levanta.

—Eu não estou noivo!—ela fica parada assim que me escuta e espera a resposta de minha mãe.

—Até hoje cedo você estava, querido!—Minha mãe fala  sorrindo.

Katniss não me deixa explicar e sai do restaurante. Madge me olha sem entender e minha mãe mais ainda.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sogrinha Evelin, porque fez isso?
Comentemmmmmmm.
Bjs



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The five dreams" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.