The five dreams escrita por Yasmin


Capítulo 11
Capitulo 11 — Culpa


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!
Como vocês estão?
Eu estou bem...lindamente bem, visto que recebi uma linda, maravilhosa e entusiasmante recomendação da Paulinha, minha diva.
Flor, esse capitulo é dedicado a você.
Obrigada pelo carinho mais uma vez e as outras leitoras, agradeço pelos comentários...
Obrigada flores....
Capitulo sem mel, mas bastante revelador...



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 Ele tem uma noiva, ele tinha uma noiva!

Desço a escadaria apressadamente segurando no corrimão, tudo o que eu quero é sair daqui. Olho para trás e vejo Peeta, me alcançando.

— Katniss, por favor! Me escuta! — Ele diz segurando meu braço assim, que chego a calçada. Tenta pôr tudo falar comigo, mas eu não consigo escuta-lo.

— Escutar o quê? Que me enganou? Lembra que te perguntei se você tinha alguém e você disse que não?—Grito furiosa e com um puxão me liberto.—Não toca em mim! — Fico parada o encarando por alguns segundos fazendo um grande esforço para não me debulhar em lagrimas, pois o que posso fazer? Meu signo não me ajuda, sou emotiva e sofro por qualquer coisa. Apesar de não ser qualquer coisa, eu ter me apaixonado por um cara que tem ou tinha uma noiva.

— Katniss, eu não tenho noiva nenhuma! Minha mãe se enganou. —Ele fala assim que volto a andar.

— Se enganou? Agora quer culpar sua mãe pelos problemas que tem para justificar? — sua tentativa de defesa me deixa ainda mais irritada. Como a mãe dele se enganou? — Esquece o que eu disse, não tenho tempo para as suas mentiras. — Minha voz sai grave e dura, bem diferente do normal.

— Alguém pode explicar o que está acontecendo? —Evellin, aparece na companhia de Madge e Maia.

Peeta responde para ela, algo que não entendo e a mesma  me olha confusa. Muito confusa. Então, agora entendo todo aquele teatro que ele fez agora pouco. Fingiu que estávamos nos conhecendo naquele momento. E boba como sou, agi igual, mas, fiz isso porque achei que era muito cedo para falar do nosso envolvimento. Pois, nem conversamos sobre isso. Sobre como seria daqui para frente. Aconteceu rápido demais.

— Não está acontecendo nada, Evellin, eu só preciso ir—me aproximo dela com a voz mais calma, seguro suas mãos e lhe dou um abraço, sei de suas angustias então não quero causar aborrecimentos com o filho. Mesmo ele sendo um idiota.

— Eu falei demais querida, mas, como eu poderia saber? Aceite conversar, só ele poderá lhe explicar. —Ela fala sorrindo, mas não é isso que quero, não existe explicação para ele ter me enganado.

— Outra hora. —Respondo para ela e lhe abraço mais uma vez.

Assim que consigo localizar meu veículo, entro nele e espero Maia e Madge fazerem o mesmo.  Não olho para trás uma vez se quer. Dou a partida e minha cabeça começa duelar com meu coração; que num primeiro momento sentiu dor em saber que ele tem ou teve alguém, e agora dói em saber que ele não foi sincero comigo desde o princípio. E se ele tinha alguém até essa manhã. Eu me sinto usada e que sua declaração de amor não passou de mais uma jogada para me ter na palma da sua mão até o final do verão.

— Conversa com ele, katniss. — Madge se pronuncia pela primeira vez, assim que estaciono em frente à sua casa. — Ele pareceu verdadeiro, quando negou o compromisso.

Penso nisso. Verdadeiro? Será mesmo? Dou uma risada nervosa. Lembrando, da vez que ele me abordou na praia e disse que ela filho de Evellin. E automaticamente meus olhos se voltaram para seus dedos buscando algum anel de compromisso. Mas ele deve tirar quando está longe da namorada.

— Ai que ódio, como fui burra, Madge. — trovejo bastante irritada, diminuindo meu descontentamento no volante. — Eu devia ter imaginado que ele era o noivo. —Lembro da tarde que estive com Evellin, e ela desabafou sobre os seus problemas, mas disse que a única coisa que a deixava feliz, era o casamento do filho.

Ela estava feliz com esse casamento. Consentia com esse relacionamento. Então a suposta noiva deve ser uma boa mulher.

Droga, droga, droga.

Peeta foi tão desleal comigo.

— Eu, não quero mais pensar nisso. —digo cansada..

— Ele pareceu sincero, Katniss. E outra a mãe dele mesmo confirmou...  Ele tinha uma noiva. Não tem mais. E se ele a deixou por você? — Devo considerar isso? Ficar feliz por isso?

Balanço a cabeça negando e me despeço dela, dizendo que ficarei bem, que só preciso de um tempo para clarear as ideias.

Durante o tempo que dirijo, digo a mim mesma que está tudo bem, que eu devo seguir em frente e deixar isso para trás e todas essas coisas que pensei em ter com Peeta, só ficarão na vontade. Então, sigo meu caminho e fico olhando pela janela, atordoada e com um enorme desassossego. Mas, tento ficar firme, ainda não é a hora de chorar.

Quando passo em frente à sua casa, lembro de tudo, de como insistiu, driblou e até ousou para poder ficar comigo. Parecia tão obstinado, apaixonado e afeiçoado.  Ou será que era pura imaginação minha?

Logo meu celular começa tocar insistentemente.

 É ele e com certeza já está em minha casa, me esperando com suas velhas desculpas. E apaixonada do jeito que estou, acabarei cedendo assim que ele me olhar. Mas, não posso permitir que faça isso, que deixe minha vida do avesso e quando bem entender organize sem minha permissão.

Portanto dou a ré,  volto para a cidade; sigo rumo ao supermercado, pois com a agitação do final de semana não consegui fazer minhas obrigações rotineiras. Mas, como já passa das nove da noite, dirijo até Beuafort; cidade vizinha, que fica a 12 quilômetros de Morehead City. Pois somente lá tem um supermercado vinte quatro horas.

— Uau, a próxima ação de graças será na sua casa? — Escuto uma voz conhecida. Quando me viro vejo  Gale.

Ele olha para meu carrinho que realmente está sobrecarregado de comida. Exagerei dessa vez.

—Não, é tudo pra mim, sou bastante gulosa. —Falo sem emoção.

Ele estava sorrindo, agora não mais. E desde o episódio em minha casa, não tínhamos nos encontrado. Então, agora ele me olha envergonhado. Pensa que estou sendo rude, por aquele dia.

—Katniss, eu queria pedir desculpas. Eu bebi demais. Fui inconveniente, pode me desculpar? —Ele fala de uma vez, confesso que nem lembrava mais da cena de homem dispensado, que fez.

— Sem problemas, só espero que a cena não se repita. Amigos, certo? — Falo isso lhe estendendo a mão e quero deixar claro para ele que nossa relação não passará disso.

— Amigos! — Confirma sorrindo.

— Preciso ir! Se não, meu sorvete vai derreter. —aponto para os dois potes no carrinho.

— Claro! Quer dizer, posso escolta-la? Já está tarde pra pegar a estrada sozinha. — Olho no relógio, já é quase meia noite. Fiquei tanto tempo pensando no nada que que nem vi a hora passar. Mas não vejo motivo para ele me acompanhar, sempre venho sozinha, e nossa essa região é bastante tranquila.

— Não está de serviço? —Pergunto porque ele está fardado.

— Sim, mas estou no meu intervalo, passei aqui para comprar um lanche. Sabe como é, são muitas ocorrências, que mal tenho tempo de comer.

—Sei!— Respondo sorrindo, lembro que em nosso encontro ele fez piada dizendo que seu trabalho é tão pacato que o único detento da delegacia era um esquilo que tentou roubar a fruta de uma criança no parque da cidade. — De verdade, não precisa. —nego novamente, preciso e quero ficar sozinha.

Ele não insisti e logo se despede indo para a sessão das bebidas. Eu, empurro meu carrinho até o caixa. Acho que todos os meus movimentos estão no modo automático.

—O que foi aquilo? Noivo? —volto a pensar em Peeta, naquele mentiroso.

Você está apaixonada por um mentiroso, repito silenciosamente.

Penso nos meus pais, como a relação deles era linda, forte e impactante. As juras de amor, a lealdade que dedicavam um ao outro, era admirável, invejável, até. Sempre sonhei em ter algo parecido. Viver um amor sublime, que tirasse meus pés do chão. Alguém cujo rosto se ilumina como as estrelas do céu. Achei que tinha encontrado. Peeta, ele ofusca tudo ao seu redor. Não consigo enxergar mais nada, além de daqueles olhos azuis turquesa, que estão sempre me penetrando.

— Aquele filho da mãe. — praguejo em voz alta, chamando a atenção da caixa do supermercado.

— O que disse senhora? — Ela pergunta enquanto masca seu chiclete.

— Quanto deu? —ignoro sua pergunta com a voz mal-humorada. Agora ela me olha com um olhar fulminante e com certeza me xingando internamente.

— Cinquenta e dois dólares e dois centavos. —ela diz de forma ríspida, sacudindo seus ombros.

Dois centavos? Quem ainda cobra dois centavos. O correto seria ela arredondar para menos. E se ela soubesse como estou. Não ia querer me irritar. Estou louca pra descontar a raiva que estou sentindo em alguém, então ela que não comece.

Entrego o dinheiro a ela e sigo para o estacionamento enquanto empurro eu carrinho.  Tive que deixar Maia presa a uma corrente. A última vez que viemos aqui, o que não costumo muito. Ela me deu um prejuízo de 500 dólares, por ter derrubado uma pilha de taças de cristal.

—Vamos garota. —tiro a corrente e abro a porta para que ela entre. O percurso não dura mais de trinta minutos. Mas, não vou direto para casa, sigo para o farol tentando tirar Peeta da cabeça. Talvez lá, eu consiga pensar em outra coisa além dele.

Desço do carro com as sacolas de sorvete. Assim que chego fico próxima a mureta, olhando a lua cheia que está incrivelmente prata. Observo também as ondas se chocando violentamente nas partes rochosas. Depois disso me aninho com Maia, ao chão de concreto. Abro um pote de sorvete com sabor de morango e outro de creme.

Me dedico ao creme rosa e Maia no de creme branco.

— Viu, eu falei que eles eram encrenca. Eu disse a você que os dois seriam nossa perdição, mas, você não me escutou. Ficou me olhando com aquela cara de sabe tudo. E olha só no que deu? — suspiro fundo aguardando sua opinião, mas ela não me dá a mínima.

 — Estamos apaixonadas, Maia, pôr aqueles dois. Peeta tem a noiva e Rufuss tem a Bee. Como você pode ficar tranquila, tomando esse sorvete.

Parece que agora ela entendeu a gravidade da situação, pois deita a cabeça no meu colo e abaixa as orelhas indicando tristeza.

Então, começo a chorar silenciosamente, enquanto ele continua quieta. Fecho os olhos e encosto minha cabeça no concreto.  Volto a me lembrar dos nossos beijos no show do Bruce. A sensação do cabelo dele no vão dos meus dedos. E a forma como ele me fez dormir nos seus braços, seu corpo coberto só em parte pelo lençol. E também suspiro ao lembrar de sua pele branca, charmosamente bronzeada.

— Oh, Peeta, porque vai se casar? —sussurro entre lagrimas.

  Fazia tanto tempo não sentia isso. Ou acho que nunca tinha sentido isso. Quando chorei pelo Bruce do ensino médio, pensei que era amor. Que ele era meu primeiro amor, mas, não. Eu só fiquei arrasada por ele ter ficado com a vaca da Delly. Tudo bem que ela era da turma dele e incrivelmente sexy, tinha uma coleção de vestidos floridos, deixando a mostra seus seios fartos.

Hoje sou eternamente grata pela Delly, ter roubado ele de mim, pois a última vez que ouvi falar de Bruce, fiquei sabendo que os dois se casaram e ele constituiu uma enorme barriga de cevada e um habito horroroso por apostas em cavalos. Fiquei tão feliz quando soube disso, até sai para comemorar.

Mas, depois veio o Jason. O surfista dourado. Suspirava tanto por ele na faculdade.  Ele definitivamente era meu sonho de consumo. Porém, fui trocada por uma arvore e um pouco de entorpecentes. Ele preferiu ficar doidão a manter nosso relacionamento. Tudo bem, me livrei de uma enrascada. Sei disso, agradeço aquela arvore. Não sei como seria meu futuro com ele.

Já, Richard Franklin, meu mais longo relacionamento. Eu sempre soube que não seria com ele o meu “felizes e discutido para sempre”. Sabia que nosso relacionamento era por puro comodismo. E pelas compatibilidade da profissão.

Eu falava da anatomia animal e ele de humanas. Nossas noites de amor não eram intensas, eram boas, mas...não acontecia “aquilo”, que aconteceu com Peeta.

 E agora? E se ele escolher a noiva? O que eu ainda estou fazendo aqui?

— Vamos Maia?— Vou falar com ele e dizer com mais clareza tudo que sinto. E que se ele não ficar comigo. Irei até a África e pedirei para a tribo que conheci fazer um trabalho bem pesado para que ele fique feio, gordo e barrigudo. É isso. É isso que farei.

Rapidamente me levanto, ajeitando minha saia. E quando ia descer as escadas, quase caio para trás por colidir com a parede. Quer dizer, com o Gale, que obviamente, não deveria estar aqui.

— O que faz aqui a essa hora, katniss? — Ele fala assustado. Não, não ele está com um ar de preocupado.

— Eu que te pergunto. O que faz aqui? — coloco as mãos na cintura, para que ela saiba que não gostei de sua presença.

Será que ele me seguiu? Espero que não, porque se for, achei em quem posso amortizar minha raiva.

— Sempre venho aqui. —ele disse —  Quer dizer, desde que me entendo por gente. —sua fala é comedida. E o olhar bem distante.

Lembro de Peeta, do que ele falou sobre a irmã. Que Gale e ela foram namorados. E amanhã é a aniversário de sua partida. Será, que é por isso que ele também está aqui? Será que ainda nutri sentimentos por ela?

— Nossa, achei que aqui fosse o meu refúgio. Mas vejo que me enganei. —Tento soar brincalhona, porém ele não sorri. Caminha bem devagar, ficando próximo a mureta. Olha para o nada, assim como fiz agora pouco.

E de todas as coisas que aprendi nessa vida. Que a melhor forma de esquecer nossos problemas é focar na vida alheia. Não é correto, mas pode funcionar. Ao menos por hora.

—Quem mais vem, aqui? —ele pergunta assim que me aproximei

— A Maia. —respondo olhando para trás. Ela voltou a se empenhar no sorvete. — E o Peeta...  — respondo seu nome,  que sai automaticamente da minha boca. Querendo ou não ele ainda faz parte da minha vida.

— Hum... — Gale balbuciou—Então, o banana ainda vem aqui? —Agora ele me olha e parece irritado. E o banana com certeza é Peeta.

— É lindo o carinho que um sente pelo outro. —suspiro parecendo encantada. —É quase invejável... —cantarolo um pouquinho e depois concluo de forma séria. — O que realmente aconteceu entre vocês?

—Nada.

—Nada?  Tem certeza? Bom, ele me disse algumas coisas.

— Ele disse?

— Disse. — respondi olhando para ver seu grau de curiosidade. —Que eram amigos, no ensino médio e...

— E que namorei a irmã dele? —ele me interrompe zangado.

— É, ele falou sobre ela, sobre vocês... — Mordo os lábios, decidindo ou não se devo tocar nesse assunto. Pois não é nada fácil falar sobre a morte, e muita gente não sabe nem como abordar a questão. Mas evitar o assunto porque você não se sente à vontade para falar sobre ele não ajuda a nos sentir melhor. Tudo bem que Gale, não é meu amigo. Mas. Se, esse é um assunto que ainda pesa na vida dele.  É melhor tomar coragem e conversar sobre esse tabu. Sobre Sabrina..

—Ele falou da Sabrina. — respondo incerta. E assim que fecho minha boca um vento frio passa entre a gente. E todos os meus pelos se arrepiam.

Será que é o fantasma da garota? Quer dizer, a alma dela que ronda essa praia. Ou ela apareceu por que estou aqui sozinha com o ex namorado dela.

Ai, meu Deus, morro de medo de assombração. Fecho os olhos e entorno uma breve oração silenciosa.

Querida, Sabrina.

Só estou conversando com o Gale, não se preocupe. Meu grande interesse é o cretino do seu irmão, quer dizer. No xucro do seu irmão. Você consegue ver daí de cima que estou completamente apaixonada por ele, não consegue? Tudo bem que já dei uns beijinhos no moreno aqui, mas, juro que não farei isso de novo. E se puder me ajudar aí de cima espantando a tal noiva ou ex -noiva que quer roubar seu irmão de mim; ficarei agradecida. Orarei por sua alma, assim como oro por minha família.

I love you cunhadinha.

Amém!

Termino minha prece fazendo o sinal da cruz e sinto meu corpo mais leve.

— O que está fazendo, Katniss? — Gale pergunta e me olha bastante confuso.

— Apreciando a brisa, horas.

— Você é engraçada. — ele diz rindo e tira do bolso uma cartela de cigarros.

— Quer se matar? Por que não pula daqui de cima logo. Assim, não dará tanto trabalho a sua família. —falo tomando o treco de sua mão.

— Me dê isso aqui. — retruca tentado pegar o cigarro.

— Não, Gale, isso acaba com seu pulmão.

Ele ignora minha fala e logo consegue prender-me em seus braços, me deixando imóvel. Seu olhar é penetrante. Penso que ele vai me beijar, e  não quero isso. E por ele ser mais forte que eu, não consigo me soltar. Então, logo Sabrina nos surpreende novamente, quer dizer, o vento forte interrompe seus pensamentos, fazendo ele voltar a si.

— É melhor me soltar. —digo sem graça.

— Me desculpa. — Ele diz atordoado, e finalmente me liberta.

— Eu que não devia ter me metido na sua vida. —falo constrangida. Pensando em como fui intrusa, falando sobre Sabrina ou quando tentei intervir nos seus hábitos. Que são péssimos. Mas, o vício é dele. Gale é um homem feito, não tenho nada com isso. Ele sabe o que está fazendo.

Há tenho sim, como uma boa defensora dos sofredores e oprimidos então disparo a falar:

— Quer dizer, eu devo sim, sou uma quase médica então devo alerta-lo. Que você está estragando sua vida—Pego de vez a cartela de sua mão e jogo cigarro por cigarro, mar abaixo, enquanto listo uma série de consequências causadas por essa droga. —E ai, vai continuar?

— Noventa por cento do meu pulmão? —ele arregala os olhos. — Não, acho que posso diminuir meu consumo.

—Sei. — falo o descrente, enquanto me viro, querendo saber se Maia ainda está entre a gente, pois ela permanece quieta demais.

— Está com frio?— ele diz tirando a jaqueta, pois passei as mãos no braço freneticamente  tentando esquenta-lo.

— Não, eu já vou. —recuso sua oferta

— Achei gostaria de saber mais sobre ela. —ele coloca a jaqueta no meu corpo. Penso nisso.  Não, vou mentir que estou bastante curiosa sobre o assunto.

— Você ainda a ama? —pergunto com cautela.

— É! — ele me olha— Acho que amo... alguém que não existe.

Quero dizer a ele, que ela existe. Que ela está aqui o observando. Mas é tão inútil.

— Mas ela está aqui, não está? —Ele fala, como se tivesse lido meus pensamentos, e então continua. — Ela está aqui e  agora você está aqui para me assombrar. — ele me encara de lado.

 Penso, em como posso fazer isso. Como posso assombra-lo.

— O que eu...tenho com isso?

— Aquele dia! — penso de que dia, ele está falando — Do nosso encontro. Fiquei bobo, nervoso, não sabia como agir. Tudo que pensei, foi: Ela voltou.

— Gale..

— Não, me deixe terminar Katniss.—me interrompe novamente— Eu pensei: Sabrina voltou! Se materializou dos meus sonhos. Sorrindo, rindo... teimando...exalando alegria. Ela sorria até nos seus piores dias. Assim como você, Katniss.

Fico muda com seu desabafo, sem saber o que dizer. Então, assim que consigo pensar em algo coerente, me ponho a dizer.

—Eu, não sou ela, Gale. —Falo firme odiando a ideia de ser o fantasma de alguém.

— Eu sei. Mas, talvez com você eu poderia tentar ser feliz de novo.

— Você só precisa superar. — falo de forma sensata, tentando, colocar um ponto final na conversa.

— Superar o quê? Que ela não vai voltar? Que aquele desgraçado tirou ela de mim e agora você.

Agora ele acusa Peeta. E isso me irrita.

— Ele não tirou ninguém de você. Nem Sabrina e muito menos eu. O que aconteceu foi uma fatalidade. Não pode culpa-lo.

 Lembro da minha vida. Do golpe que a vida me deu.

 Do último dia de aula. De como eu estava eufórica, porque  minha família  e eu viríamos para nossa casa de praia. Prim, não estava tão enlouquecida como eu, a verdade que ela nunca foi louca como eu.

 Eu queria vir naquele mesmo dia. Não me importava com a hora. Queria amanhecer aqui. Seria o primeiro sábado das férias de verão. Mas, meu pai estava cansado, tinha trabalhado por horas na empresa. Chegou em casa dizendo que só íamos no dia seguinte, me deixando enfurecida.  Mas, implorei tanto. Então, ele cedeu. Colocamos as malas no carro. E seguimos rumos a nossas primeiras férias em família.

Ter a casa de praia, era o sonho do meu pai. Ele tinha economizado tanto para isso. Para ter sua própria casa na praia. E assim, como ele, eu estava empolgadíssima. Queria voltar para Nova York, com o bronzeado, mais deslumbrante que alguém poderia ter. Só pensei em mim, nas minhas vontades. Não, me importei se meu pai tinha trabalhado mais de doze horas sem parar, não me importei se ele estava cansado para dirigir por mais de oito horas.

Fui tão fútil e irresponsável.

Só pensei nisso quando acordei numa cama de hospital. Quando me toquei que estava órfã. Quando soube que alguém me tirou do carro antes que ele se explodisse.

Passei anos amaldiçoando o infeliz que me salvou. Eu deveria ter morrido junto. Era minha culpa, não era?

Penso, que se eu não tivesse insistido. Estaríamos todos bem. Estaríamos todos vivos.

Diante de tudo isso, sei como Peeta se sente. Carregando uma culpa imaginaria.  E nós, já nos culpamos o suficiente pelas escolhas erradas que fazemos. Principalmente quando essas escolhas destroem quem mais amamos.

Não precisamos de mais ninguém dizendo isso a todo momento. Julgando e nos condenando. Nossa consciência faz isso todos os dias, involuntariamente.

— Você precisa parar de culpa-lo por isso. Não, vê que ele já sente dor demais sozinho. Não seja egoísta, Gale. Ele, também perdeu a irmã. Se você sofre, imagine ele.

— Sofre...? —ele ri sarcasticamente. — Você, não conhece esse cara, Katiniss.  Ele teve duas chances e desperdiçou as duas. Então, não peça compaixão por esse cara. Ele não merece.

— Do que você está, falando. O que ele desperdiçou?

— A vida da irmã dele. —balanço a cabeça discordando dessa fixação idiota de Gale em acusar Peeta.

— Você, não sabe de nada, Gale.

— Eu sei e a cidade toda sabe. O quão egoísta é esse cara.

— Cala a boca, Gale. Você não sabe nada da vida dele. Ele é um bom homem, cuida da família dele como poucos homens de verdade ainda fazem.

— Bom homem? A culpa é dele se a mãe está assim. — ele insisti nisso, vejo que essa conversa não vai a lugar algum. Então tento sair, porém ele  segura meu braço.

—Me solta... — olho para suas mãos.

— Só pergunte a ele porque ela não está mais aqui. — sua voz está embargada e lágrimas escorrem dos seus olhos. —Pergunte porque ele não tirou ela do carro? Por que ele preferiu salvar uma desconhecida, ao invés de poupar a vida da própria irmã. Pergunte a ele, katniss...


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Notas finais do capítulo

Deixem seus comentários ... e quem quiser e achar que mereço uma recomendação... ficarei muito feliz e posso até voltar mais rápido....



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