Londres - 1878.

— Você realmente não tem um plano B? - Perguntou Will para Jace. 

Eles estavam dentro de uma carruagem, seus braços estavam amarrados as costas, Will havia feito um escândalo quando chegaram e os demônios não queriam deixa-lo ir junto. Jacer insistiu para que ele deixasse essa ideia maluca de lado, mas ele havia dito que alguém precisaria se certificar que Lilith cumprisse sua parte, assim Jace teve que concordar. Ele havia intimado os demônios, dizendo que se Will não fosse junto para que Lilith cumprisse sua parte da barganha ele também não iria. Assim sem saída os demônios concordaram, mas os amarraram por precaução. 

 - Não, meu plano é simplesmente ir até Lilith e faze-la soltar Izzy e os outros.

— Hum, você é meio louco, sabe disso não é? - Disse Will calmo.

— Não, apenas vou salvar minha irmã e o melhor amigo da minha namorada, além é claro de salvar a ancestral dela, afinal sem ela como a mulher da minha vida nasceria?

Will deu um sorriso de lado, Jace não negava ser seu parente.

— Sabe que não vou deixar você para atras não é? A ruivinha lá nunca me perdoaria.

— Você tem que tirar Izzy, Simon e Charlotte daqui, eu me viro sozinho. 

— Você acha que eu sou trouxa? Acha que não sei que você está desistindo? 

— Não sei do que está falando. - Desconversou Jace.

— Você sabe sim, quer se entregar sem ao menos lutar, sabe o que isso vai fazer com seus amigos? O que isso vai fazer com a mulher que você diz amar? Deixe de ser um mártir Jace, para de fazer as pessoas que te amam sofrer desse jeito! Eu vi a cara da ruiva quando você saiu, ela parecia que tinha perdido a alma, seu parabatai estava destruído! Você sabe que isso vai destruí-los, deixe de ser egoísta Jace! Suas ações afetam outras pessoas também, para você acabaria ali, mas para os que ficam a dor é imensa! 

— Você não é a pessoa mais indicada pra me dizer isso. Você vive magoando as pessoas a sua volta, nem seu próprio parabatai escapa. A mulher que você ama só leva patada de você. Então não me venha com sermão de banca de jornal! - Disse Jace exasperado.

— Pode até ser, eu realmente sou veneno para as pessoas que ficam perto de mim, tudo o que faço é afasta-las, e eu faço isso consciente, mas saiba Jace que eu daria tudo pra ter uma chance de conviver com eles sem precisar machuca-los, sem me preocupar se eles vão amanhecer mortos no outro dia, eu realmente os magoo muito, mas faria tudo de novo se isso garantir que ficarão bem! Você acha que não tenho o direito de dizer isso, mas eu tenho, se quer se um mártir a escolha é sua, mas se quer viver como um homem de verdade, um caçador de verdade, que carrega meu sobrenome, lute por sua vida, não vá igual a um cordeirinho manso para o abate! Cresça, deixe de ser criança! 

Jace abaixou a cabeça e respirou fundo, Will tinha razão, o que ele pensava que estava fazendo? Desistindo assim tão fácil? Como ele podia se achar digno de amor de Clary se desistia de tudo assim tão fácil? 

— Olhe, não me entenda mal, se sacrificar por aqueles que amamos é um feito muito nobre, mas entenda Jace, sempre pode haver outra solução, foi isso que aprendi, com Jem, com Tessa, com Magnus, com Charlotte. Sei que você é mais forte e inteligente que isso Jace, posso ver em seus olhos que você já viveu no inferno e que sobreviveu a ele, não deixe que uma mera mulher demônio leve a melhor sobre você. - Disse Will com o sembrante mais suave.

— Obrigado, acho que eu precisava ouvir isso. 

Will sorriu como resposta.

— Mas me diga. por que você afasta as pessoas a sua volta? 

O sorriso de Will morreu, respirou fundo e cogitou não dizer o motivo, mas Jace merecia saber a verdade, ele havia aceitado o sermão que lhe dera, era justo que ele lhe dissesse a verdade.

— Quando eu tinha 12 anos  e ainda morava em galês, eu abri uma caixa pyxis e libertei um demônio, ele me amaldiçoou, todos que me amarem morreriam, na hora eu não acreditei, minha irmã mais velha que estava comigo enfrentou o demônio e o afugentou, mas no outro dia Ella amanheceu morta, então eu fugi, fui para o instituto e pedi para ser um caçador de sombras, eles foram lá para me buscar, mas eu não fui com eles, era o melhor que eu podia fazer para protege-los, desde então eu vivo nesse inferno de magoar a todos para que nunca possam me amar. - Disse Will, ele tinha um aspecto doente, sua pele estava esverdeada e o garoto suava frio, falar de sua maldição sempre mexia com ele.

Jace olhava para ele sem saber o que dizer, estava pasmo, não sabia que Will carregava tamanho fardo dentro de si. 

— Mas e Jem? Você age diferente com ele, por qu. . . Ah, entendi, James Carstairs já está morrendo. 

— Jem é meu grande pecado, ele foi a única coisa que me permiti, ninguém pode viver sozinho Jace, Jem foi minha única exceção. - Disse o garoto desesperado.

— Não estou te julgando Will, você é uma pessoa muito honrada. Ninguém sabe da sua maldição? Nem Jem? 

— Que bem faria a ele saber? Isso é um fardo que devo carregar sozinho. Ele apenas sofrera mais vendo eu magoar as pessoas de propósito. A única pessoa que sabe além de mim e você agora é Magnus, pedi a ajuda dele para quebrar a maldição, mas ele não anda tendo sucesso em achar o maldito demônio. - Disse cabisbaixo.

— Will, sabe que isso tudo é um absurdo não é? 

— Do que está falando? - Perguntou confuso.

— Will, você ainda não percebeu? Essa maldição está muito mal contada, será que não percebe que Jem te ama e ainda está vivo? Tessa te ama, Charlotte também e todos estão vivos! 

— Jem é meu grande pecado e quanto aos outros, eu tenho sido mal o suficiente para que eles me detestem. 

— Will, entenda . . .

— Não me de falsas esperanças Jace, não posso brincar com esse assunto, são a vida das pessoas que amo em jogo. 

Jace não disse mais nada, mas não estava engolindo aquela historia, algo não se encaixava, jurou a si mesmo que se saísse vivo dessa, e ele lutaria para sair, afinal Will havia aberto seus olhos, jurou que tiraria essa historia a limpo. Seu tatatara avô merecia uma vida feliz.

                                            * * * 

 - O que faremos agora? Eles estão numa carruagem! Nnca os alcançaremos, eles já devem ter uma bela distancia de nós! - Disse Jem aflito.

Alec analisou o lugar a sua volta, estavam a margem do rio Tamisa, mas não havia sinal de Jace e Will. Como Jem havia previsto Will não deixara Jace ir sozinho. Olhou mais uma vez ao redor, o e avistou alguns cavalos bebendo a água escura do rio. 

— Você sabe montar Jem? - Perguntou com um sorriso maroto.

— Sei, mas sabe que nunca vamos alcança-los, nem ao menos sabemos que direção tomaram.

— Pra que saber a direção se sabemos para onde estão indo? 

— Você sabe para onde eles estão indo? - Perguntou Jem pasmo.

— Sei, Magnus adora me contar historias dessa época, uma vez ele me contou como deu trabalho para eles acharem Mortmain, que minha tatatara-avó foi quem decifrou a charada. 

— Pelo Anjo! Então diga logo onde eles estão Alec! 

— Eles estão em Cadair Idris. 

Alec não precisou dizer mais nada, Jem se voltou em direção aos cavalos e montou em um garanhão negro mesmo sem cela, Alec fez a mesma coisa com um belo corcel branco. 

— Vamos salvar nossos parabatais Alec! - Disse Jem com firmeza. 

Nem parecia o garoto franzino que necessitava de yin fen para sobreviver. Estava decidido salvar Will e os outros, não voltaria atras. Mesmo que lhe doesse deixar Tessa para atras. Olhou para o lado e viu o sorriso sacana de Alec.

— O que foi? 

— Nada, só estava aqui pensando quantos apelidos carinhosos Clary já deve ter me xingado. - Disse maroto e arrancando um sorriso de Jem.

                                                    * * * 

— Maldito seja você Alexander Gideon Lightwood! Vou te torturar quando você voltar! Como pode me deixar para atras?! 

Magnus olhava para Clary que andava de um lado para o outro amaldiçoando até a décima geração de Lightwoods. A garota só faltava puxar os cabelos de frustração, Magnus a entendia, também estava irritado por Alec o ter deixado para atras. Mas entendia o namorado, já devia ter ficado preparado pra isso, Alec jamais deixaria Jace ir assim.

— As coisas mudaram Magnus, você disse que não podíamos falar demais para não mudarmos a historia, mas ela já mudou, então por favor diga onde aquele demônio está escondido! - Disse Clary irada.

 - Como Lightwood? Aquele garoto não pode ser da nossa família, nunca o vimos antes, ele está mais para um Herondale! - Disse Gabriel. 

— Longo papo e eu não estou com humor para explicar, tudo o que precisa saber é que Alec veio do futuro assim como nós e é um descendente seu, pronto não precisa saber mais nada! Para onde eles foram Magnus! - Disse Clary.

A garota estava num humor terrível desde que percebera que fora deixada para atras. 

— Ela parece até a Lottie quando está irritada. - Sussurrou Henry para Jessamine. 

— Eles estão em Cadair Idris. - Disse Tessa do futuro calmamente.

— Maravilha! E como vamos chegar até lá? - Perguntou jogando os braços para o céu.

— Você sabe que aquilo é uma carruagem não é? - Perguntou o Magnus do passado com a sobrancelha arqueada. 

— Não arqueie a sobrancelha para mim! - Retrucou irritada.

— Clary você ficar descontando sua raiva em nós não vai traze-los de volta e nem nos levar até eles! - Disse Magnus do futuro. 

A menina respirou fundo tentando se acalmar. 

— Não estou descontando em ninguém, ainda! Estou guardando para aquela maldita demônio, vou faze-la se arrepender por ter mexido com a gente!

— Então guarde sua ira para quando chegarmos em Cadair Idris.

— Vamos demorar muito para chegar lá. - Disse Tessa do passado.

— Posso abrir um portal. - Disse Magnus do futuro. 

— Acho melhor não! - Disse Clary depressa e Magnus a olhou com cara de poucos amigos. 

— Vamos de carruagem então. - Propôs Henry. 

— Eu não vou, lá é um lugar selvagem, não é lugar para uma dama. - Disse Jessamine.

— Muito ajuda quem não atrapalha. - Retrucou Clary.

Eles seguiram para a carruagem, Magnus do futuro foi para o lugar do cocheiro, enquanto seu eu do passado e Henry se sentavam ao seu lado. Ambas as Tessa, Clary e os irmão Lightwood foram dentro da carruagem. 

— Você vai ficar bem? - Perguntou Henry para Jessamine. 

— Sim, vou ficar em alguma igreja até voltarem.

— Ótimo, então nós já vamos. 

Dizendo isso Magnus do futuro incitou os cavalos a andarem, enquanto seguiam para fora de Londres, uma nova preocupação não saia da cabeça do bruxo. A historia estava toda embaralhada! Fatos foram pulados e outros acrescentados, ele tinha medo de não conseguir fazer tudo voltar de volta nos eixos.