Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca


Capítulo 17
E os Problemas Voltam


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas :3 Como vão vocês? Espero que gostem, até mais :)



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  Meu tornozelo ficou melhor bem rápido. As horas sozinha sentada na cama tinham a ver, mas não reclamei. No fim de semana, Rosalya e Alexy me levaram para comemorar minha recuperação. Pura desculpa para me arrastarem para o shopping.

  – Hum, já pensou no vestido que vai usar? Digo, nos três. – Rosalya falou, parando na frente de uma vitrine.

  – Três?

  – Um da recepção, o da valsa e o da festa. Três. Eu não sei qual cor usar. Estava pensando em usar lilás. Ou roxo.

  – Tem que ser tudo da mesma cor?

  – Não, boba. – Alexy comentou. – Só que tem que ser tudo lindo.

  – Eu preciso decidir com minha mãe. Ou pelo menos conseguir dinheiro. – Dei de ombros, com os braços cruzados. Ela disse que queria minha opinião, mas que já estava tarde. Fui embora sabendo que já tinha outra tarde presa dentro do shopping.

  – Mãe. – Ela parou de fazer a planta no computador, esperando eu falar. Fechei a porta e me sentei de frente para ela. – Precisamos escolher os vestidos para a festa.

  – Ah, é verdade. Quer escolher sozinha?

  – Não, preciso de opiniões. Várias. Posso ir com Rosa, se não puder.

  – Tudo bem, eu vou ver se estou livre essa semana. – Ela me mandou um beijo e voltou ao trabalho. Subi para o meu quarto, sem querer atrapalhá-la.

  Acordei atrasada para a aula no dia seguinte. A segunda feira já parecia estar dando errado. Eu estava tomando café de pé, enquanto amarrava o cadarço dos tênis.

  Estava todo mundo com pressa. Meu pai estava no celular com meu tio, prestes a ir limpar a loja. Glória, aquela loja ia estar pronta em dias. E minha mãe estava com alguma ligação que parecia importante.

  – Já vou, Lucia. Um beijo, filha. – Meu pai comentou, saindo da casa. Fiz que ia seguí-lo, mas minha mãe cobriu o celular e perguntou.

  – Amor, precisam do nome do seu par na festa, rápido. – Eu quase engasguei com meu biscoito. Par. O momento infeliz da tal festa. O plano desde sempre era dizer o nome de Viktor, mas agora não tinha mais Viktor. – Anna.

  – Fala que eu respondo de noite, estou atrasada. – Só não tinha quem falar. – Beijos.

  Sai da casa quase correndo, indo para o colégio. Respirei fundo, tentando ignorar o tal assunto. Eu ia pedir Nathaniel e tudo ia ficar bem. É, ele ia aceitar, claro. Fui para a aula, mais tranquila. Logo depois dos horários, eu fui para o grêmio, em pleno desespero.

  – Nath. Nath, meu amor, preciso de ajuda. – Quase cai numa cadeira, aproveitando e me sentando. – Preciso que seja meu par na festa de debutante.

  – Oh, não vai rolar. – Meu sangue até gelou. Fiquei esperando ele me dar uma explicação. – Minha mãe chamou algumas colegas para ver Ambre na festa e disse que irmãos precisam aparecer juntos, mesmo que ela não quisesse.

  – Vai ser par da sua irmã?

  – É. E ela nem reclamou tanto.

  Tive vontade de chorar. Eu podia pedir para os outros meninos, pronto. É, com sorte algum deles ia estar livre. Peguei minha mochila e agradeci, correndo. Ok, quem poderia ser? Kentin estava de volta. Ele podia não ser apaixonado, mas era meu amigo. Eu esperava.

  – Kentin. Hey. Preciso de ajuda. – Ele me olhou, fechando o pacote de biscoito. – Preciso de um par para...

  – Eu vou com a Peggy.

  – Como é?

  – Ela disse que precisava de alguém e que por eu ser novato, as outras não iam pensar em mim. Desculpa.

  – Não, tudo bem. Eu ainda tenho opções. Ainda.

  Devia estar divertido, me ver correndo pela escola. Todo mundo me olhava, enquanto eu atravessava o pátio. Eu consegui encontrar os gêmeos numa sala, discutindo sobre o videogame de Armin.

  – Um de vocês precisa estar livre. Sério, preciso muito de um par. – O desespero estava estampado na minha cara, enquanto eu ofegava.

  – Hum, eu vou com a Melody. Rosalya pediu por ela. – Armin resmungou, parecendo distraído. Olhei para Alexy.

  – Amor, não fique com raiva, mas eu jurei que não ia fazer isso com nenhuma das meninas. Para não precisar escolher.

  – Ok, me dê alguma sugestão. Pelo amor de Deus.

  – Eu não sei, eu quase não tenho falado disso. – Alexy deu de ombros. Sorri, agradecendo, e voltei para procurar alguma chance. Rosalya me encontrou dentro da sala e me fez a tal pergunta.

  – E ai, quem vai ser seu par? Eu fiquei chocada que Leigh aceitou quase que de imediato. Ele deve estar ansioso para me ver de vestido. Ouviu?

  – Ouvi. Só não tenho resposta.

  – Como não? Para com isso. – Eu estava começando a roer uma unha. Soltei o dedo, respirando fundo. – Calma, pra quem já perguntou?

  – Kentin, Nathaniel, os gêmeos...Castiel?

  – Iris o chamou. Hum...Já sei. – O sorriso dela foi daqueles bem “Rosalya”. – Não chamou Lys-fofo.

  – E depois do micão que eu passei na floresta, nem vou.

  – Prefere ir sozinha? Pode ir então. Anda logo, para de doce. – Ela me segurou pelo pulso e saiu me arrastando. Eu tentei me soltar, mas ela continuava apertando a mão.

  Lysandre estava sozinho numa sala, rabiscando no bloco de notas. Rosalya me empurrou para dentro e fechou a porta, segurando do lado de fora. Tentei sair, mas ela era mais forte que eu. Lysandre me encarava, fechando o bloquinho.

  – Lys, oi.

  – Olá. Já está melhor, sim?

  – É, o repouso foi eficiente. – Comentei, tentando achar a brecha para fazer o pedido.

  – Precisa de algo?

  – Olha, foi ideia da LOUCA da Rosalya. – Falei alto, olhando na direção da porta. Ele não parecia surpreso, só esperou eu continuar. – Eu preciso de um par na festa de debutante. E seria legal se você pudesse ir.

  – Sou sua última opção?

  – Não. Digo, é que eu não sabia se você ia aceitar e digamos que eu já te coloquei numa roubada na última vez.

  – Fui eu quem te levou para fora da trilha.

  – Porque Castiel estava te irritando, falando de mim. Ele comentou, veio pedir desculpas porque eu acabei com o pé numa bolota. E, de todo jeito, eu não sabia se eu tinha a intimidade para te chamar, mas...

  – Eu vou. – Ele me interrompeu. Calei, esperando para ver se ele tinha mais algo a dizer. – E somos amigos, não?

  – É. É. Obrigada, Lys. Valeu, mesmo. – Sorri e sai da sala, Rosalya tinha soltado a porta. Na verdade ela tinha saído e ido embora. Eu estava radiante, pronta para ir embora, nem Ambre podia atrapalhar minha alegria.

  E ela até tentaria, assim que apareceu no corredor, parecendo uma invocação. Respirei fundo, sem tirar o sorriso do rosto.

  – Olá, Ambre, Li, Charlotte. Como vão?

  – Olha só, que bicho te mordeu?

  – Um inseto que se chama satisfação, minha querida. Licença. – Eu nem dei tempo para ela pensar em como me atacar. Simplesmente me desviei do trio e voltei a caminhar na direção do pátio.

  Fui embora, coloquei os exercícios em dia, tomei um bom banho, e fui esperar meus pais chegarem. Minha mãe chegou antes que meu pai, carregando um amontoado de pastas com plantas. Eu a ajudei a colocar tudo na mesa e comentei sobre meu par.

     – Lysandre? Não é o menino do cabelo branco?

  – Normalmente lembram dele pelos olhos diferentes, mas é. – Comentei, sentando sobre uma perna na cadeira.

  – Hum, você convive bastante com ele, não? – Ela perguntou, organizando seus arquivos. Dei de ombros.

  – Tanto quanto com qualquer outro colega. Os outros já têm pares...

  – Entendi. Bom, eu vou informar Julia e pedir os horários. Ela disse que as reuniões não vão demorar a começar agora. – Concordei, apoiando o rosto sobre uma mão. – Quer me ajudar a preparar uma surpresa para o seu pai?

  – Fala ai.

  – Ele sempre faz a janta. A gente podia cozinhar hoje. Ele não deve demorar a chegar. – Sorri com a ideia. Meu pai merecia um agradinho de vez em quando. Fiquei de pé, indo para a cozinha.

  A ideia tinha sido boa, mas a execução nem tanto. Eu nunca fui fã de cozinhar, só de brincadeira. A gente ia fazer cozido, mas no final ninguém sabia o que fazer direito. Puxei da minha mãe a falta de habilidade com as panelas. Pelo menos, a quantidade de risos foi um bom pagamento.

  Meu pai chegou quando estávamos tentando abrir a panela de pressão. Ele ficou rindo. Naquela família, eram os homens quem sabiam cozinhar bem. Meu pai nos ajudou a colocar a mesa e foi o primeiro a comer aquela aberração que a gente chamava de jantar.

  – Hum, eu não vou ter uma intoxicação alimentar. – Ele sorriu, comendo outro pedaço. – Nem vocês.

  – Muito bem. – E fomos comer. Realmente, não era o pior prato do mundo. Nem o melhor. Não reclamei, mas não comi muito. Subi pro meu quarto e deixei o casal feliz sozinho na sala.

  Fui arrumar minhas folhas de escola, separando o que eu tinha que guardar, o que eu podia jogar fora, as que eu nem sabia o que eram. Até que naquele monte de folhas eu encontrei uma pasta importante. Costumava ser de Viktor, ele me deu quando comecei a me interessar em música. Digo, música fora dos fones.

  Partituras. Tinha de tudo ali. Música clássica, versões de músicas famosas nas rádios, até umas versões de músicas de metal. Ri. Eu parecia ainda lembrar como se lia aquelas coisas. Fiquei de pé e, com uma das folhas nas mãos, desci as escadas de novo.

  Coloquei a folha na minha frente e, com um certo receio, comecei a tocar. Eu me sentia com doze anos de novo, sentada do lado de Viktor, enquanto ele ia me mostrando cada tecla.

  E agora eu estava ali, sozinha, apertando tudo por conta própria. Ao mesmo tempo que era uma ótima sensação conseguir me virar sozinha depois de tantos anos, era sufocante estar num lugar que costumava ser dele antes.

  Minha mãe e meu pai vieram ver o que estava acontecendo. Foram tantos anos de silêncio e agora não. Agora o som voltava a se espalhar pelos cômodos, carregando consigo a alegria da melodia.

  Apertei os lábios um no outro, respirando fundo. Eu podia até estar tocando a Ode à Alegria, mas não era bem o que eu sentia. Sorri, mas minha cara já estava toda molhada.

  E o climão estava instaurado. Ainda assim, eu conseguia notar um pouco de orgulho nas feições dos meus pais. Parei, sem conseguir enxergar as notas seguintes. Minha mãe me deu um abraço por trás, calada. Ela devia sentir falta do som daquele piano tanto quanto eu.

  Fui dormir, deixando a folha para trás. E, mesmo depois das horas de sono, eu ainda acordei com os olhos inchados. Minha vontade era esperar até meu rosto voltar ao normal, mas eu tinha aula. Respirei fundo e troquei de roupa.

  Raramente eu me maquiava para a aula, mas eu não queria passar a manhã tendo que explicar que eu chorei por tocar piano. Nem acho que alguém ia entender. Lavei o rosto e me maquiei.

  – Olha, alguém está arrumada hoje. – Minha mãe riu e tomou um gole do café em sua xícara. Sorri e me sentei para tomar um copo de suco e comer biscoito. Ela me deu uma carona para a escola, aproveitando que tinha que ir lá perto. Desci do carro e entrei na escola ainda vazia.

  – Bom dia, Anna. – Nathaniel falou, acabando de escrever algo no caderno. Estranhei ele estar fazendo dever de último momento, deixando minha mochila na cadeira.

  – Fazendo dever?

  – Hum? Ah, não. Você me conhece, os deveres dessa semana já estão todos feitos. – Ele riu, me estendendo o caderno. Ele anotava algo sobre a escola, sobre a corrida de orientação. – A diretora está quase botando fogo na própria cabeça. Acabou que com a confusão da corrida de orientação, tivemos alguns gastos a mais que planejados. Não deu pra juntar muito dinheiro, como ela queria.

  – Ai, Deus. Ela deve estar bem nervosa.

  – Ah, nem tanto. Sabe, ela é estressada, mas no fim ficou feliz de ver vocês dois bem. Só que agora ela tem que atrasar outros projetos. Enfim, ela só queria alguma ideia para um projeto em substituição do antigo. – Olhei a lista que ele fazia na escola, mas nenhuma parecia tão grandiosa quanto a corrida tinha sido.

  – Eu posso tentar pensar em algo. Agora, a gente precisa prestar atenção nas aulas. – Suspirei, devolvendo o caderno. Ele concordou e foi comigo até a sala de aula, depois de guardar o caderno na mochila.

  Durante a aula, Castiel jogou uma bolinha de papel em mim. Eu já ia jogar de volta, xingando-o sem fazer som, até abrir e ver que era um bilhete.

  “Ainda temos aula de música, se não se lembram. Ensaio hoje.”

  Guardei o papel no estojo e voltei a anotar a matéria do quadro, com um suspiro.


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Notas finais do capítulo

Até mais, espero que tenham gostado :) Digam-me se tiverem alguma sugestão :3



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