Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca


Capítulo 16
De Volta Ao Meu Habitat Natural


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas :) A fic até tem andado num ritmo bom (estou trabalhando mais nessa do que em algumas outras >.< ) Enfim, espero que gostem e lembrem-se de deixarem a opinião de vocês :3



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  – Você viveria numa floresta se te deixassem. – Ele zombava de mim, bagunçando meu cabelo recém penteado.

  – Vai me falar que não deve ser a melhor vista do céu? Ou entre as árvores, ou no alto de uma montanha. – Rebati, apontando a tela. Minha mãe sorriu, pintando o azul do céu na tela.

  – Você é uma pessoa noturna, até durante o dia. Bom, eu não vou discordar.

  – Sabe que eu tenho razão.

  – Sei, claro. Acredite no que quiser. – Ele ficou de pé e pegou a mochila dele, olhando o relógio de pulso. – Bom, eu já vou, garota. Mãe, bença.

  – Deus te abençoe, vá com Deus. – Ela esperou o beijo na testa e voltou a pintar. O céu. O céu da noite na floresta. O céu que eu adoraria ver de perto.

  E que eu estava vendo. Acordei, piscando. Conseguia vislumbrar resquícios de laranja e rosa no céu que aparecia entre as várias folhas. Meu tornozelo ainda doía, Lysandre estava de olhos fechados perto de mim, no meio da floresta, sem mãe e nem Viktor, e com a boca seca.

  Respirei fundo. O sol logo estaria alto no céu. E, com sorte, logo nos encontrariam. Com sorte. Naquele minuto, eu só queria chegar até o lago e tomar água. Muita água.

  E sem acordar o rapaz ao meu lado. Aproveitei minha proximidade com a árvore e fui me apoiando, até conseguir ficar de pé. E o tornozelo tinha inchado mais do que eu esperava.

  Respirei fundo antes de soltar a árvore e jogar o peso do meu corpo sobre a perna sã. Ainda assim, só de encostar o outro pé no chão, me dava vontade de chorar.

  Fui mancando pelo caminho, tentando achar apoio. Mais dois passos e eu podia me sentar de novo. Ou cair deitada no chão, era uma opção. Cair doeu muito, mas consegui não gritar, só arfar. Olhei por cima do ombro. O sono leve não era tão leve.

  Tomei o tanto de água que aguentei e continuei lá, deitada com o rosto no chão. Estava cansada, quase dormindo. Achei que fosse sonho, até a voz ficar mais próxima.

  – Anda, Velho, cadê você? Anna, simpatia, onde estão?

  – Castiel? – Falei baixo, mas ele gritava. Lysandre acordou, franzindo o cenho para a cena patética em que eu estava caída no chão. – Castiel!

  – Anna? Anna, chama de novo. – Nathaniel, com certeza. Ele tinha ficado em dupla com Castiel para nos procurar.– Anna.

  – Aqui, perto do lago. Nath, oi.

  – Achei. – Nathaniel gritou na direção do grito de Castiel e se aproximou de mim. Lysandre também já estava de pé, indo para o meu lado. – Minha nossa, que coisa horrenda.

  – Parece um melão roxo. – Comentei, puxando a perna da calça e exibindo o tornozelo inchado.

  – Estão bem? Sua mãe está louca.

  – Argh, eu imaginei. Ela vai me prender por um mês ou mais em casa.

  Castiel apareceu na cena, assoprando um apito. Devia estar informando os professores que tinham nos encontrado. Checou se Lysandre estava vivo e se abaixou ao meu lado.

  – Caramba, como conseguiu isso? Quebrou?

  – Parece que não. – Lysandre comentou, se abaixando para tomar água. Nathaniel me ajudou a me sentar, segurando o tornozelo.

  – Ainda vai precisar ir ao médico. Bom, vamos. Sobe. – Nathaniel me ofereceu as costas e eu aceitei, muito menos relutante do que com Lysandre. E minha dupla notou, mas não disse nada.

  Tínhamos nos afastado bem da trilha original, mas não mais do que uns quinze minutos. Faraize e sra. Shermansky estavam numa clareira, junto de uma ambulância e dos meus pais e de Leigh.

  – Minha filha. – Assim que Nath me deixou sentada na maca, minha mãe abraçou minha cabeça. – Meu amor, eu fiquei tão preocupada. Nunca mais faça isso, nunca mais. Entendeu?

  – Desculpa, mãe, foi idiota.

  – Lysandre, certo? – Ele parecia assustado ao ouvir minha mãe falando, ainda segurando minha cabeça contra seu peito. – Obrigada, por tomar conta dela. Aposto que foi mais fácil passar a noite com sua companhia que sozinha.

  – Mãe... – Tentei falar, mas ela abafava os sons que eu emitia ao me apertar ainda mais.

  – Foi erro meu, senhora, eu tenho que me desculpar. Sinto muito, não queria assustar ninguém.

  – Bem, vamos. Ainda temos que ir ao médico e depois ir para casa. Podem se resolver quando voltarem para a escola. Sra. Shermansky, obrigado pela ajuda. – Meu pai estava sério, mas com aquela preocupação bem disfarçada dele. Estava sendo forte pela minha mãe. Sorri.

  A tarde no hospital não foi divertida. Fiz um raio-x só para confirmar que nada tinha se quebrado. Ainda assim, meu pé foi parar numa tala e de repouso total. Na volta para casa, meu pai comprou sorvete para mim e uns salgadinhos. Ele me carregou para o quarto e me ajeitou na cama, enquanto minha mãe ligava para tia Ágatha.

  –Ei, meu bem. – Olhei para ele, enquanto a tela do computador sobre meu colo se acendia. – Fiquei preocupado com você. Eu te amo.

  – Eu te amo também. Foi mal.

  – Não se preocupe. Acho que o repouso já é um bom castigo. – Ele riu, me fazendo rir junto. – Bom, e esses roxos.

  – Hum, é. Bom que eu tenho tempo para me livrar deles antes da festa.

  – Quer sorvete?

  – Agora não. Te ligo se quiser. – Sorri, mostrando o celular. Ele concordou e fechou a porta.

  Meu computador chegou a travar com o tanto de chamadas que Rosalya tentava fazer. Esperei um pouco até atender uma, esperando a bronca. Ela me olhava séria através da webcam, ainda de camisola.

  – Você é demente. Sinceramente, eu esperaria esse tipo de situação com o Lys-fofo, mas você?

  – Faz parecer que ele só faz burrada.

  – Ha, se você ouvir bem vai ouvir a bronca que ele está levando do Leigh.

  – Leigh briga com o Lysandre?

  – Não desvia do assunto. Garota, você parece uma beringela, sem ofensas.

  – Fala uma cor que combina para eu ir para a escola.

  – Ridícula. Fiquei preocupada de verdade. Nem dormir eu conseguia, Alexy e eu ficamos esperando até Nathaniel ligar e avisar que estava tudo bem. E Leigh chegar com o Lys, mas enfim.

  – Estou bem, apenas ferimentos leves. – Falei, olhando o tornozelo inchado. – E meio feios, mas nada grave.

  – Hum, você é louca. Na próxima faça dupla com o Nathaniel.

  – Tadinho, Rosa. O Lys foi super legal comigo, quer levar a culpa todo.

  – Criou intimidade para chamar de Lys, é?

  – Lysandre é grande, Lys é prático. Amigos tem apelidos.

  – Uhum, vocês dois são realmente muito amigos.

  – Ahn, você quer mesmo me arrumar um crush, minha nossa.

  – Ainda mais se for o Lys, a gente vira uma super família. – Ela sorriu. – Sério, parei. Alexy deve te ligar também, fica ligada. E bom repouso.

  – Valeu, bom fim de semana.

  O fim de semana foi, bom, parado. Minhas costas estavam doendo de tanto ficar sentada na minha cama, digitando um milhão de contos e historinhas. E devo ter engordado também, de tanto sorvete. Pelo menos consegui ver umas novelinhas e séries.

  Na segunda, meu primeiro compromisso era uma reunião com a diretora, junto com Lysandre. Ele estava me esperando para entramos. Desejei bom dia, segurando a muleta que meu pai me arrumou.

  – Ficou tão ruim?

  – Não, mas eu deveria estar de repouso total. Então, melhor não forçar.

  – É, faz sentido. Vem. – Entramos na cova do leão, prontos para ouvir o xingo.

  E não deixou nem um pouco a desejar. Sra. Shermansky estava de pé, batendo a ponta do pé no chão. Lysandre e eu ouvíamos, os dois quietos.

  – OS DOIS SIMPLESMENTE ACHARAM QUE SERIA UMA BOA IDEIA, É? ACHAM QUE A DROGA DA TRILHA FOI FEITA POR VONTADE DE DEIXAR O AMBIENTE MAIS BONITO E LIMPO? RESPONDAM UMA DÚVIDA, DE QUEM É A CULPA, A IDEIA BRILHANTE?

  – Inteiramente minha, senhora. – Lysandre ergueu o rosto, sério.

  – Não, eu aceitei ir de livre e espontânea vontade.

  – Anna, obrigado por tentar me defender, mas um homem precisa assumir as consequências de seus atos. – Ele falou, firme. Fiquei chocada com a determinação dele em assumir toda a culpa daquele jeito.

  – Muito bem. Por sorte sua... – A diretora respirava fundo, mais calma. – Os professores e eu concordamos que passarem a noite perdidos deve ter sido uma punição à altura. E os ferimentos, senhorita. Os dois estão dispensados, sob a única condição de que peçam desculpas ao professor Faraiza pela irresponsabilidade.

  – Sim, senhora. – Concordei, satisfeita. Posso não ter convencido nem minha unha com a tentativa de ajudar, mas fiquei feliz por ele não ser punido. Nós dois deixamos a sala calados. – Já vai falar com o professor?

  – Já, prefiro resolver tudo de uma vez.

  – Deixo pro horário que temos com ele. Até mais. – Acenei, ajeitando a muleta debaixo do braço. A aula já ia começar. No passo mais rápido que consegui, fui para a sala.

  Alexy nem disfarçou quando me viu. E eu realmente estava deplorável com aquele monte de hematomas aparecendo pelas mangas da camisa e no pescoço. Sorri para ele e fui me sentar, com o pé apoiado na mochila.

  A aula passou até bem rápida. Depois da aula com Faraize, antes do almoço, eu fui até sua mesa e me desculpei pelo problema em que eu o meti. Ele disse que estava tudo bem, com aquele sorriso bondoso dele. Sorri também e me desculpei mais uma vez antes de deixar a sala.

  E, claro, eu fui o assunto na mesa do almoço. Rosalya e Alexy, depois de se certificarem de que eu estava mesmo bem, só sabiam me irritar. Eu ignorei, acabei rindo de algumas que eu não devia, mas tudo bem.

  – É, garota, essa sua fugidinha te rendeu alguns comentários. – Peggy comentou, dando de ombros. – Meus também, óbvio.

  – Não vai falar disso no jornal, vai?

  – Vou, claro que vou. O assunto mais comentado do momento é a escapada romântica dos amantes secretos. Ou falo disso ou da vitória da Ambre.

  – Ela venceu? Como?

  – Olha, eu chuto que foi trapaça. – Ela comentou, brincando com o canudinho do suco. – E relaxa, eu não falei que vocês tinham fugido. Falei que se perderam.

  – Por acidente. Obrigada. – Reforcei. Ela deu de ombros de novo. Kim riu, dizendo que eu não faria uma coisa dessas de fugir, mesmo que fossemos um casal. – Não somos.

  – Aham.

  – Gente, sério. Eu só o chamei porque achei que Melody ia mesmo com Nathaniel. Só isso. Eu que não ia empatar.

  O assunto fluiu bem. Eu simplesmente ria daquilo tudo, ou fingia que estava irritada. A verdade é que elas faziam parecer que eu gostava de Lys. E gostava, mas não daquele tanto.

  Eu acho.

  Fui para os outros horário de aula, sem prestar muita atenção. Por sorte, o trabalho de música daquela semana tinha sido cancelado por causa da corrida. Sorte ou por mim mesma.

  A parte ruim de estar naquele estado era que eu ficava por último na sala, esquecida. Peguei a mochila debaixo do pé, com o cuidado de não apoiar no chão e guardei os cadernos.

  – Hey. Belo estrago. – Castiel. Eu devia imaginar. Sorri para ele, fechando o zíper da bolsa. Ele continuou parado, com os braços cruzados, me encarando.

  – Que foi?

  Ele não respondeu. Tomou a mochila da minha mão e colocou no ombro livre. Estendeu a mão e me ajudou a ficar de pé. Segurei a muleta, olhando para ele.

  – Você está bem?

  – Para de chorar e vem. – Nem me ajudando ele era simpático. Pelo menos não nas falas. Ainda meio surpresa, segui-o pelo corredor. Calado, sem me esperar, Castiel foi andando na direção da minha casa.

  – Por que está me ajudando? – Falei, tentando alcançá-lo. Ele parou, me esperando. – Você nunca foi tão legal comigo.

  – E não pretendia ser. A questão toda é que eu tinha apostado com Lysandre que você só ia atrasá-lo na corrida. – Castiel realmente gostava de falar mal de mim daquele tanto? Meu Deus. – Só que eu não imaginei que ele faria tanta questão de mostrar que eu estava errado. E muito menos que você ficaria estropiada por isso.

  – Está fazendo por culpa?

  – Acho que é uma palavra que se encaixa bem. Aproveita que já vai passar a boa vontade, viu?

  – Castiel, por que você me odeia assim?

  Sem resposta. Ele voltou a andar, quase correndo, só para me deixar para trás. Suspirei e o segui, com o auxílio da muleta. Ele parou e me estendeu a mochila, quando viu que eu precisava pegar minha chave. Agradeci a ajuda, mas ele simplesmente foi embora.

  Subi direto pro meu quarto. Nem tranquei a porta. Simplesmente me joguei na cama e deixei a muleta caída no meio do chão. Lembrei de uma vez que Viktor tinha quebrado o pé jogando futebol com os amigos. Eu tinha que ficar mandando ele deitar e ficar quieto.

  Eu tinha que fazer aquilo sozinha, ficar sozinha no quarto, matando meu tempo sozinha. Suspirei, ouvindo a porta se abrindo. Esperei minha mãe subir e vir me ver, mas ela não apareceu. Sentei na cama, tentando ouvir.

  – Mãe? – Chamei, ouvindo-a responder. Fiquei tranquila. Ela finalmente subiu as escadas, parando na minha porta.

  – Oi, querida. Só um minuto. – Ela mandou alguma mensagem e veio se sentar na cama. – Como foi o dia?

  – Tranquilo. Castiel me trouxe em casa, não tive que carregar peso.

  – Castiel? Oh, o que implica com você?

  – É, eu fiquei meio confusa. Parece que ele estava irritando Lysandre, só por isso entramos naquele mato...Enfim.

  – Bom, eu pedi seu pai para trazer sushi. Trago quando ele chegar.

  – Obrigada. – Sorri, me endireitando na cama. Ela sorriu e desceu, atendendo uma ligação de tia Ágatha.

  No dia seguinte, quando fui para a aula, encontrei Alexy todo animado com o irmão. Armin não parecia prestar atenção, mas pelo menos murmurava respostas em certos espaços de tempo.

  – O que é isso tudo?

  – Amiga, isso tudo e bem mais. – Alexy sorriu, olhando para mim. – O menino novo, meu Deus. Ele é lindo.

  – Kentin?

  – Uhum. Já tinha o visto?

  – Ah, já. – Peguei meu celular, sorrindo e peguei uma das fotos antigas. Do velho Ken. – Vi antes de ele deixar a escola.

  – Isso era ele?

  – É, o boy magia já foi sapo. – Sorri, guardando o celular. – De todo jeito, devia falar com ele. Ken é uma gracinha de pessoa, aposto que vão se dar bem.

  – Armin, vem comigo.

  – Ocupado. – O moreno respondeu, com o jogo em mãos. Alexy tomou o console e berrou a mesma frase. Armin suspirou e ficou de pé, seguindo-o. Ri, deixando a mochila na cadeira.

  – Boa sorte. – Falei, enquanto ele saia da sala. Sentada, sozinha na sala, esperando o sinal bater, eu peguei o caderno e passei a tentar inventar um enredo para usar as frases soltas que eu já tinha.

  – Bom dia, garota. – Rosalya entrou, sorrindo. – E então, quando sai dessa tala?

  – Daqui uns dias. Mais uns três dias e eu me livro. Já está desinchando.

  – Sorte sua. Ninguém merece.

  – Não mesmo. – Concordei, guardando o caderno. Fiquei ouvindo sobre a noite dela num jantar romântico com Leigh, num restaurante italiano. Acho que nunca vi uma menina falar tão bem do namorado quanto Rosa. E fiquei feliz por ela.

  A aula começou pouco depois. Alexy e Armin já pareciam bem acostumados à presença de Kentin, que por um acaso comentou na hora do almoço que não queria mais ser chamado pelo apelido, e os outros estudantes se recuperavam bem do choque da evolução pokémon.

  Ken...tin se ofereceu para me levar até minha casa, como Castiel fizera no dia anterior. Aceitei, vendo Alexy esperando que eu o convidasse também. Comentei que tinha chamado os gêmeos e partimos os quatro, conversando. Eles pelo menos andavam no meu ritmo.

  – Obrigada, Kentin. – Sorri para ele, abrindo o portão para os gêmeos. Eles entraram, se despedindo de Kentin. Abri a porta para eles, vendo-os estudando a casa.

  – Qual o seu quarto, miga? – Alexy perguntou. Passei por ele, subindo as escadas. Abri minha porta, soltando a muleta e caindo na cama. – Nossa.

  Os dois estavam lado a lado, encarando a parede pintada. Sorri. Sentei na cama, falando para eles se sentarem também.

  – Minha mãe pintou para mim. Eu adoro a lua.

  – Sua mãe é talentosa. Minha nossa. – Alexy murmurou, sorrindo. Ri dele, olhando a pintura também. – Hum, desculpa vir assim. Eu só queria aproveitar para caminhar com o boy. Podemos ir.

  – Relaxa, estou sozinha o dia todo, e presa aqui. Fiquem a vontade, meu computador ali, meu DS dentro da gaveta, e minha geladeira lá embaixo. – Armin abriu a gaveta e pegou o video game, vendo o que eu tinha de bom.

  – Tudo bem. – Armin se deitou ao meu lado e foi jogar, Alexy foi fuçar minhas fotos do computador. Até a tela acender e a pergunta clássica aparecer. A foto minha com Nathaniel e Viktor brilhava, rodeada de ícones.

  – Quem é esse? – Alexy perguntou, apontando para Viktor. Armin olhava também, curioso. – É o tal Viktor?

  – Uhum. Nós três andávamos sempre juntos. – Comentei, lembrando das brincadeiras na rua na frente de casa.

  – Por que um cara mais velho andava com vocês dois? – Armin perguntou, olhando a foto. Respirei fundo, pensando naquilo. A resposta não parecia justificar muito, mas era a que eu sempre dava.

  – Hum, por ser meu irmão.

  – Opa, você tem um irmão lindo maravilhoso desses e não me apresenta? – Alexy riu, chocado. Só que eu acho que minha cara transpareceu o que vinha em seguida.

  – Eu tinha um irmão lindo, Alexy.

  – Ai, desculpa. – Ele veio quase correndo me dar um abraço. Sorri, tristonha. Armin não sabia muito o que fazer, só voltar a jogar. – Desculpa.

  – Relaxa. Já tem quase quatro anos. – Comentei, me soltando. Sorri, tranquilizando-o. A tarde passou rápido. Alexy nos arrastou lá para baixo e arrumou um filme qualquer pra gente assistir. Fiquei no sofá com ele, apoiando o tornozelo numa almofada. Armin ficou no tapete, com o DS.

  Assim que os créditos do filme começaram a passar, Alexy foi correndo ao banheiro, querendo disfarçar o choro. Eu ri, junto com Armin. O moreno me olhou, sorrindo.

  – Aposto que ri da cara dele quando isso acontece.

  – Por que acha que ele correu? – Ele deu de ombros, subindo para o sofá. Ri, enquanto ele desligava o video game. – Valeu por nos deixar ficar.

  – Tranquilo. O dia fica bem chato sozinha com esse pé assim. – Ele olhou para o tornozelo, concordando. A porta se abriu, assustando-o. Meu pai parou na entrada, com duas sacolas de papel nos braços.

  – Ei, pai. Esse é o Armin. Armin, esse é meu pai.

  – Oi. – Foi o aceno mais parado do planeta. Armin nem parecia que respirava. Alexy ressurgiu no corredor, acenando para o homem na entrada.

  – Bom, querida, obrigada pela tarde. Vem, Armin, vamos.

  – Ah, claro. – O moreno saiu do sofá e subiu as escadas para buscar a mochila. Minha mãe apareceu, acenando para eles. Não fiquei de pé para me despedir. Os dois foram embora quase correndo.

  – Quem são?

  – Os gêmeos, Armin e Alexy.

  – G e g?

  – Eles mesmo.

  – O que é g e g? – Meu pai fechou a porta, com a cara fechada. Eu chegava a achar fofo quando ele ficava com ciúmes.

  – Gay e gamer. – Respondi e complementei. – O gay é o de cabelo azul, o Alexy.

  – Eu imaginei isso, apesar do outro não passar muito longe. – Ri, vendo o climão se desfazer. – Bom, vamos aproveitar que está aqui e vamos jantar juntos.

  – Ebaa. Você vai fazer o que?

  – Aquele macarrão que você gosta. – Sorri, desligando a TV e esperando meu prato chegar até meu colo.


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