A perna dela tremia ansiosamente, batendo o calcanhar contra o chão repetidamente, o som seco e contínuo se espalhando pelo Hall vazio da estação subterrânea. Ainda era cedo demais para a usual agitação da manhã, quando dezenas de pessoas entravam ombro-a-ombro nos trens, lotando cada um que passasse. Não, a essa hora era apenas ela e o ar confortavelmente frio, que lhe arrepiava a pele sob o casaco e dava vontade de espirrar.

Sentada no banco de mármore, com a mochila entre os pés e os fones de ouvido no último volume, ela começou a divagar. Preocupava-se um pouco, é claro. Perder o trem estava se tornando uma rotina - E sabia que ouviria muitas reclamações por isso. Pondo isso de lado, ela estava feliz. Essa rotina estava lhe causando problemas, de fato, mas esse atraso era a melhor parte de seu dia, algo no qual ela pensava antes de dormir e ansiava ao acordar.

Voltou subitamente ao presente, enrijecendo sua postura ao ouvir os passos agitados se sobreporem à música, correndo em direção à linha e ao banco. O menino parou, ofegante. Percorreu o ambiente vazio com seus olhos de relva e encontrou a menina o encarando, seus lábios finos se abrindo em um sorriso.

— Perdeu o trem de novo?

— E você? - A resposta dela foi rápida e fez o rapaz encolher os ombros, rindo.

Eles não sabem o nome um do outro e, pelo uniforme dele, não são da mesma escola. Tudo que ela sabe sobre ele é que ele sempre se atrasa.

E ela adora se atrasar para conversar com ele.