Vida e Morte de Zachary Walker escrita por Florels


Capítulo 9
Capítulo VIII




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/668365/chapter/9

Era sábado de manhã, e Zachary acordou mais cedo do que pretendia. A tv de seu quarto estava ligada na mtv passando um clipe de alguma banda de garotas, e ele apenas desligou e vestiu uma enorme camiseta cinza antes de descer as escadas.

Vestia na parte de baixo apenas uma samba canção, deixando à mostra suas tatuagens. Suas pernas pálidas tinham um tom levemente avermelhado. Chegando na sala, serviu sua xícara com café. Seus pais conversavam na mesa trivialidades, e a tv da sala estava ligada passando algum comercial, para variar. Quando ele se sentou na mesa, os dois pararam de conversar e o olharam.

—Que foi? - Zac perguntou alguns segundos depois após dar um gole em seu café.

—Precisamos falar com você, meu filho - Lenore quem começou.

Zac afastou um pouco sua cadeira e cruzou as pernas em posição de índio. Ele ergueu as sobrancelhas para que continuassem.

—Sua mãe e eu decidimos lhe marcar consultas no psicólogo - Peter quem disse, tentando soar descontraído.

—Psícólogo? - Zac endireitou a postura e descruzou as pernas. - Vocês acham que eu sou louco ou algo do tipo?

—Zachary, psicólogos não tratam loucos, estes são os psiquiatras...

—Não importa, não vou - decretou, voltando a beber seu café.

Peter retomou ignorando a resposta do filho:

—Suas consultas começam nessa segunda, serão duas vezes por semana durante um semestre. A Dra. Marie é muito conceituada, você certamente vai acabar gostando dela. Ao menos ela fará um ótimo trabalho.

—Preciso repetir que não vou? - Zac dizia baixo.

—Filho... - Lenore começava a dizer.

—Você vai sim, e eu já paguei por isso - o pai interrompeu, pondo um ponto final na discussão.

—Só com isso que você se importa não é? - Zac provocou, mas seu pai já havia se levantado e ido até a sala, o ignorando novamente.

—Essa é a nova estratégia dele, me ignorar? - perguntou Zac à mãe.

—Por favor menino, dê uma chance à essa situação, não vai ser de todo o ruim - ela pediu com jeito.

—Você conhece essa Marie? - ele perguntou.

—Ela é nova na região, parece que veio da Irlanda, veja só.

E dizendo isso entregou o cartão da doutora. Irlanda? Aquilo despertou a curiosidade de Zac.

—Bem, se ela me contar algo sobre a Irlanda não será um total tempo perdido - sorriu Zac, fazendo Lenore sorrir também.

Naquela mesma semana Zac visitou a psicóloga. Na sala de espera, ele observava o relógio e batia seus pés, incerto do que lhe esperada. Quando a secretária finalmente chamou seu nome, ele levantou-se e caminhou em direção a porta que lhe fora indicada. Ao adentrar a sala branca, deparou-se com um rosto já conhecido. Aquela era a mesma garota ruiva da clareira.

xxxx

As suas consultas com Marie decorreram durante cerca de cinco meses. Ela era muito gentil e compreensiva, e Zac segurou seu segredo sobre tê-la visto na floresta até onde pôde. Ele sentia que ela era especial, que pensava diferente da maioria, e que por isso podia compreendê-lo. E ela de fato o fazia. Sentia-se do mesmo jeito que ele quando era mais nova, mas havia sido persistente e hoje sabia muito vem que é normal estranhar-se. Tentava passar isso da melhor forma para Walker. Somente nos últimos meses de consulta Zac insinuou sobre os Tenebris. Ao ver que ela não manifestou nenhum sinal, resolveu revelar o que tanto lhe instigava:

—Marie, vi você na floresta um dia, em algum tipo de ritual. Admiro muito você por isso, bem, você é minha psicologa e tudo mais, entendo que nao queira envolver sua vida privada nisso, mas se quiser compartilhar algo sobre, eu ficarei eternamente grato.

Marie levantou uma das sobrancelhas ralas por alguns segundos e então, soltou a respiração ruidosamente, relaxando em sua cadeira. Sua expressão era de perspicácia, de fato não estava surpresa.

—Sabe Walker, eu me senti observada mutas das vezes que estive lá. Já imaginava que logo alguém se revelaria para mim como observador... mas de certa forma fico feliz que seja você - ela relaxou a expressão séria e abriu um leve sorriso. - muitas outras pessoas não saberiam como lidar com esse tipo de coisa.

Alguns segundos de silencio seguiram-se, até que ela cruzou as pernas e disse:

—Infelizmente não posso mais lhe atender. Você transpassou a barreira profissional — disse usando aspas, carregando ainda mais o sotaque irlandês.

Uma pontada percorreu o corpo de Zac enquanto ele se dava conta do que tinha feito. Ela fora sua única companhia dos últimos meses, quem ele podia dizer tudo o que se passava em mente. Mas Marie fez sinal para que ele se acalmasse, e como se lesse sua mente, disse:

—Bem, mas isso não nos impede de tomar bons cafés juntos. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vida e Morte de Zachary Walker" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.