After Midnight escrita por Mare


Capítulo 9
Find a little Peace




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POV Amaya

Viajamos por longas horas até encontrarmos um hotel barato de estrada. Deixei que Blade cuidasse do check in e do pagamento enquanto eu me direcionei para o quarto com as nossas malas. O quarto era menor do que o do outro hotel, mas pelo menos esse tinha duas camas e eu não teria motivos para ficar neurótica em ter um agente assassino dormindo na mesma cama ou em uma cadeira bem em frente a ela.

Blade entrou minutos depois com uma caixinha plástica e jogou na minha direção antes de pegar algumas roupas e ir para o banheiro. Olhei atentamente e percebi que havia um cabo preto dentro da caixa. Retirei-o com cuidado e percebi um plug. Fone de ouvido?

—-Você me deu um fone de ouvido?—Eu gritei em direção ao banheiro, ainda sentada na cama.

—-Considere como uma oferta de paz. É pro seu novo mp3.—Blade respondeu, sua voz ecoando contra as paredes e o barulho de água caindo. Ele falou “novo mp3” com tanta ironia que fui obrigada a revirar os olhos.

Era verdade, eu não tive muitas chances de contato com tecnologia, meus pais julgavam a maioria da tecnologia uma distração para o meu cérebro, e que eu absorveria muito mais informações com o uso dos bons e velhos livros, usando computadores o mínimo de tempo possível. Musica também era considerado descartável, eu e meu irmão ouvimos musica pela primeira vez quando nossa mãe cantou na cozinha, enquanto preparava o jantar de natal. Nós tínhamos 5 e 6 anos na época e aquela era minha melhor memória de Natal.

Deixei os fones de ouvido e o mp3 na cama assim que Blade saiu do banheiro, seus cabelos estavam úmidos e ele usava uma roupa que parecia bem mais confortável do que a Preta de couro que ele usava antes.

—-É bom se livrar daquela roupa de agente secreto, não é?—Eu ri enquanto pegava minhas roupas para finalmente tomar um banho.

—-É como tirar um peso das costas.—Ele disse se jogando na cama ao lado da minha.

—-Minha vez, então.—Dei meu melhor sorriso e corri para o banheiro. Liguei o chuveiro e assim que me despi de minhas roupas, pulei para a água quente e deixei que ela me acalmasse.

Eu queria que tudo isso fosse só minha imaginação, que no momento que eu saísse do banho, eu seria recebida por Dorian e nós dois bolaríamos nosso plano de fuga novamente. Mas... Talvez isso tivesse seu lado positivo, não é? Até porque, se eu salvasse meu irmão e meus pais, teríamos a chance de fugir cada um para seu lado. Talvez Blade pudesse passar um tempo nos protegendo antes dele fugir por si próprio pelo mundo.

Eu não conseguia ver um homem mal em Blade, ele me dava medo, sim, mas ele parecia ser obrigado a vestir essa ideia de ser aterrorizante. Mas o que eu sei sobre pessoas? Convivi tão pouco em sociedade que nem consegui identificar de primeira um mp3. Talvez ele fosse até mesmo antigo demais para essa época, o que mais podem ter criado enquanto eu vivi trancada dentro da casa Merrick?

Meu sobrenome ecoa com peso em minha mente, seu som me aterroriza mais do que qualquer arma que possa ser apontada em minha direção. Eu era parte de uma monstruosidade, eu era uma monstruosidade. Os Merrick eram os estranhos da vizinhança, seus filhos não ultrapassavam o quintal e os pais davam aulas para eles. Mas ninguém imaginava o que acontecia lá dentro. Os alimentos eram especiais para que nossos músculos se tornassem mais resistentes, aprendemos a escrever antes da idade normal e a partir desse momento tínhamos que registrar momentos do dia para que não perdêssemos o habito, nosso sangue era coletado e testado e passávamos por testes lógicos. Comparado a outras crianças, passamos uma infância terrível. Nossa brincadeira era ler livros e ver quem resolvia um teste de lógica primeiro, tudo isso aos 8 anos de idade.

Enxuguei algumas lágrimas e terminei de lavar meu corpo e saí do banho. Coloquei uma calça moletom e uma regata preta, roupas que eram idênticas a do Blade sem querer, e saí do banheiro. Blade estava deitado na cama mexendo no mp3.

—-HEY! Meu!—Eu disse e puxei da mão dele, ele levou um tempo me encarando e riu.

—-Sempre original na escolha de roupas?—Ele disse puxando um celular do seu bolso.

—-Conforto é o que conta. Não sabia que tinha celular.—Eu disse enquanto brincava com o mp3 na mão.

—-Eu uso pouco, na verdade é pra você saber que existe tecnologia mais avançada que seu mp3. —Ele riu e colocou os fones no celular dele.

—-Você escuta musica?—Olhei torto para ele, em resposta ele revirou os olhos.

—-Missões levam dias e eu fico entediado. Mas se você quiser seu mp3 talvez tenham músicas do século passado. —Ele disse e eu me agarrei imediatamente no fone.

—-Só me deixa ouvir logo. —Eu disse pulando na cama dele e ajeitando os fones de ouvido. Por alguns segundos apenas observei ele mexer no celular, então ouvi alguns acordes. Talvez violão? Não, era um pouco mais pesado...

—-Não gosta de solos de guitarra?—Blade perguntou e estava pronto para trocar de musica.

—-Não, é que... Não to acostumada. —Eu disse e comecei a prestar atenção na música, uma voz masculina começou a cantar calmamente, o som era melodioso e eu gostava daquilo. Dei um meio sorriso e fechei os olhos e fiquei assim pelo resto da música, até finalmente a voz do vocalista sumir e os acordes pararem.

—-Gostou?—Ele disse tirando os fones para mim.

—-Sim, parece melhor do que qualquer outra coisa que eu tenha ouvido. —Eu disse e pulei de volta para minha cama.

—-Eu vou passar algumas pro seu mp3, assim você pode ficar escutando alguma coisa nova na sua velharia.—Ele disse rindo e colocando um dos fones no ouvido.

—-Meu mp3 está ofendido.—Eu ri e ele sorriu de volta.

—-Ah! Quase esqueci—Ele disse pulando em direção à mesa e pegando um saco de papelão. —O jantar está servido. Hambúrgueres e batatas fritas e... É só isso mesmo.

Pulei da cama e peguei um dos hambúrgueres, me sentando ao lado dele.

—-Você sempre faz isso durante suas missões?—Perguntei enquanto pegava uma das fritas.

—-Não, nossa comida tem que manter nossa energia.—Ele respondeu de boca cheia.

—-Obviamente a agência não ensina bons modos, fecha a boca.—Eu disse rindo. Ele engoliu o hambúrguer e se virou para mim.

—-E você parece bem acostumada com hambúrgueres, parece que seus pais deixavam você escorregar um pouco não é?—Ele disse enquanto pegava um pouco de refrigerante.

—-Na verdade, meu irmão fazia pra mim de madrugada. Não eram gostosos como esses, mas parecia. —Eu ri um pouco e senti uma das mãos de Blade tocar meu ombro.

—-Nós vamos encontrar sua família, garota.—Blade disse.

—-Eu sei que vamos.—Eu dei um meio sorriso que ele retribuiu.—Amaya.

—-O que você disse?—Blade parecia confuso.

—-Meu nome, você parece não gravar bem. É Amaya.—Eu respondi.

—-Não estou acostumado com nomes, ainda mais nomes estranhos. Somos identificados por números.—Ele disse mordendo mais um pedaço de hambúrguer.

—-Não é estranho, e tem até um significado. Significa chuva da noite.—E u disse imitando a ação dele e comendo um pouco mais.

—-Uau, mais uma informação que vou anotar em “coisas que eu não preciso saber”.—Ele disse irônico e eu me fingi de ofendida, dando um tapa no braço dele.

—-Saiba que chuvas noturnas são as coisas mais calmantes do mundo, portanto, sou especial.—Eu ri e ele me acompanhou. Passamos mais algumas horas desse jeito até não sobrar mais o que comer. Arrastei-me em direção a minha cama e me joguei nela em direção a um sono tranquilo. Mas antes disso olhei pelo meu ombro e percebi que Blade me observava assim como noite passada, mas dessa vez eu sabia que não devia ter medo dele. Não agora.

POV Dorian

Meus olhos pareciam pesados, mas me forcei a abri-los. Era a terceira vez que eu era transportado para um lugar diferente, todas as vezes eu era amarrado como um animal e jogado em um lugar escuro.

—-Dorian Merrick?—Uma mulher se aproxima de mim, mas não o suficiente para que eu identifique seu rosto.

—-Infelizmente sou eu.—Eu respondo, tentando erguer meu rosto. Toda aquela falta de alimentação e ser tratado como um animal me fazia ficar cada vez mais fraco.

—-Você sabe o porquê está aqui? Trancado e amarrado?

—-Porque me recuso a fazer parte da sua agência suja e dispensável.—Eu respondi e ouvi algo que parecia um som de desaprovação.

—-Dorian, quero que me ouça com atenção agora.—Ela disse e se aproximou, abaixando-se para ficar frente a frente com meus olhos.

—-Nada que você falar vai funcionar.—Eu respondi.

—-Eu tenho uma proposta que pode salvar sua vida.—Ela disse e finalmente ganhou minha atenção.


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Notas finais do capítulo

OPA eae lindxs mais um capitulo pra jogar no colo de vocês monamours.
E pra quem achou que Dorian ia ser simplesmente sequestrado R I S O S não é a toa que ele ta ali na descrição da fic queridinhxs
E não esqueçam de comentar,deixar opiniões ou apostarem no que vai acontecer com o Dorian.



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