After Midnight escrita por Mare


Capítulo 3
23:59




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Amaya era treinada em artes marciais, sabia melhor defensivas do que ataques. O contrario acontecia com seu irmão, que, por ser mais forte, aguentava alguns socos sem desequilibrar. Eles passaram horas treinando, não tinham escola no dia seguinte e não tinham planos em sair. A não ser que o plano envolvesse não voltar. Amaya ganhava alguns rounds, mas Dorian era melhor, mais habilidoso, mais forte. Apesar de suas habilidades com as pernas e agilidade, Amaya não conseguia alcançar o ponto fraco do irmão.

–-Não se preocupe, monstrinha. Nem todos que te atacarem vão ser incríveis como eu.—Dorian disse com um sorriso esnobe no rosto. Amaya deu um sorriso debochado e pulou nas costas do irmão com facilidade, prendendo suas pernas na cintura do garoto.

–-Senhor Incrivel, eu to cansada, sinceramente não quero saber sobre como você é melhor que os outros. Então por favor, me deixa no meu quarto.

–-Ok, mandona.

–-Respeite-me, escravo.—Amaya disse antes de chutar levemente Dorian para que ele começasse a andar.

POV Amaya

Devo ter caído no sono enquanto estava nas costas de Dorian, pois agora não me lembro que horas vim parar na minha cama. Estou dentro de um casulo de cobertor e com um urso de pelúcia preso entre meu braço direito e o cobertor.

Dorian.

Alguns poderiam pensar que nosso relacionamento de irmãos é um pouco carinhoso demais, mas nós somos a única coisa que mantém a sanidade do outro intacta.Ainda me lembro quando Dorian acidentalmente quase me atacou, poucos dias depois de ter seu soro aplicado. Ele nunca foi do tipo agressivo, muito menos comigo. Mas por alguma razão, um dia ele saiu do seu quarto e correu para a sala,onde eu estava. Ele tentou varias vezes me acertar um soco, mas minha agilidade me salvou a tempo dele recuperar a consciência. Ele se trancou no quarto por 4 dias, desde então seu quarto se tornou nosso porto seguro.

Livro-me dos cobertores e do bichinho de pelúcia. Minhas roupas de treino estão amassadas e cheirando a suor. Arrasto-me para o banheiro, arranco minhas roupas e deixo que a água quente do banho me acorde.

Eu e Dorian fomos privados de contato social, apenas nós e nossos pais. Nunca namorei, mas Dorian conseguiu quebrar a regra por 2 meses enquanto estávamos na escola, mas assim que nossos pais descobriram, nos trocaram de escola e passaram a ser próximos demais. Eu não sei o que é ter amigos, ou o que é uma festa, tudo que eu sei vem dos poucos programas que nossos pais liberam.

Tornamos-nos especialistas em coisas químicas e biológicas, já que são as únicas coisas que conseguimos para nos distrair. E aprendemos a lutar com alguns vídeos que escondemos dos nossos pais, a academia que era antes apenas para exercícios virou nosso centro de treinamento.

–-Monstrinha?—Ouço Dorian do lado de fora do meu quarto, saio do banho e me troco rapidamente. Meu cabelo ainda estava molhado quando abro a porta. Dorian está mais pálido que o normal.

–-Ah meu...O que aconteceu Dorian?—Eu pergunto e ele me empurra para dentro do quarto.

–-A Agência, estão vindo.—Dorian sussurra.

–-Dorian, você está estressado. A Agência não sabe sobre nós.—Eu digo e ele puxa do bolso um papel amassado.

–-Então leia, o email que o nosso “pai” mandou.—Dorian sempre se referia a nosso pai com raiva, a palavra sendo cuspida com veneno.

Desamasso um pouco o papel e consigo decifrar algumas palavras.

O experimento foi um sucesso, as cobaias não demonstram nenhum problema psicológico ou físico.

Pedimos a Agencia atenção para nossos estudos.

A evolução humana está a alguns passos.

Eu não preciso ler mais nada, sei o que aquilo significava para mim e para Dorian. Era o fim da nossa paz, nossa vida acabaria assim que a Agencia chegasse.

–-Quando eles chegam?—Perguntei sem tirar os olhos do papel.

–-Não sei, mas também não quero esperar. Arrume suas coisas.—Dorian sussurrou e eu olhei para ele.

–-Pra onde nós vamos,Dorian?—Perguntei, minha visão se tornou turva, as lágrimas estavam chegando.

–-Eu não sei, mas não vamos esperar pra sermos levados para a droga de um laboratório. Vá pegar suas...

–-Dorian.—Nosso pai apareceu na minha porta, Allegra estava bem atrás dele, parecia tão assustada quanto eu.

–-Não comece “pai”. Já sabemos seus planos.—Dorian se posicionou na minha frente.

–-Não é o que você pensa, garoto. Vamos conversar.—Eu consigo ver meu pai, rosto tenso, uma veia saltando em seu pescoço. Era exatamente o que Dorian pensava.

–-Conversar? Claro, comece pelo assunto da semana: você transforma eu e minha irmã em uma dupla de super-humanos e agora está pensando em quanto a Agencia vai pagar por alguns litros de sangue. Ou melhor, por nosso corpo inteiro.—Dorian saiu do meu quarto e conseguiu fazer meu pai seguir ele, gritando sei lá mais o que.

–-Mãe.—Eu falo sem olhar pra ela.

–-Sim,querida.—Ela responde, sei que ela também não tem coragem para me olhar.

–-Eu sei que você não é má, e sei que te amo.—Eu disse e corri para a porta para trancá-la. Foi a ultima vez que vi o rosto da minha mãe, ela parecia surpresa, mas seus olhos eram cheios de carinho materno.


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